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  • A Não-Acção e o Taoísmo
    Iniciado por AndreiaLi
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AndreiaLi
A Não-Acção e o Taoísmo

Há um conto taoísta na China que nos ensina um pouco sobre o conceito de "não agir" que tanta confusão nos faz, a nós ocidentais, que tendemos a não aprofundar as ideias além da impressão imediata que elas nos transmitem. Estar quieto e não fazer nada, é agir.

Uma acção pressupõe um propósito. Uma pedra não age quando cai, porque não lhe vemos um propósito. Porque não lhe atribuímos uma consciência. Assim este conceito prende-se essencialmente com "consciência" e "propósito".

Então, porquê não-agir? Toda a consciência que estamos habituados a experimentar, é uma micro-consciência, porque limitada a uma visão parcial do cosmos. A nossa consciência divina, por assim dizer, principia onde a consciência centrada no Eu, enviesada pela polaridade a que se encontra apegada, cessa. O mesmo se poderá dizer-se a respeito do propósito. Toda a acção de motivação egocêntrica é objectivamente tanto má quanto boa. Por muito boas que sejam as nossas intenções elas encontram-se fora de uma consciência holística: estão inevitavelmente centradas no Eu. Muitas vezes procuramos esta super-consciência nos nossos actos, de acordo com a nossa ideia do divino, mas nunca a criaremos dessa forma. Se, por exemplo, acreditamos que a atingiremos fazendo o bem, a verdade é que nos desiludiremos ao observar que algum mal resulta sempre das nossas acções, como se não existisse perfeição possível para nós. Mesmo que não tenhamos consciência disso, todos sentimos a frustração de sentir que a utopia em que acreditamos nunca se realiza ou se aproxima, pois sempre existirão pessoas que acreditam que a nossa ideia de bem, é o mal delas. A polaridade é a lei do mundo.


Assim, o taoísta encontra na cessação do princípio egocêntrico de consciência o início de uma nova consciência. Desta forma, como se agisse sem um propósito, isto é, sem desejo dos resultados, ele preenche a sua consciência somente com o divino, servindo a este como canal. Isto porque a sua preocupação reside unicamente na sintonia com o Todo, o Tao, e não mais nos seus desejos ou idealizações. Este silenciar do ego edifica-se através da meditação, que deve ser cultivada no dia-a-dia, para que se atinja a simplicidade dessa perfeição, que não é a excelência dos nossos atributos ou características, mas tão-somente a consciência permanente da nossa ligação primordial com a Fonte.


A Não-Acção significa simplesmente desligar o nosso motor individual, para fluírmos com o Fluxo Universal, cessando gradualmente de resistir a este pela prática da meditação. Quando meditamos devemos esvaziar a mente de todos os pensamentos e imagens, incluíndo aqueles que aparentemente nos elevam o espírito, pois se os seguirmos, estaremos mais uma vez agindo, e reforçando o nosso ego. Meditar é penetrar profundamente na sensação de Estar, num estado de repouso, mas desperto, de puro silêncio interior. Para tal devemos sentar-nos confortavelmente, de costas direitas, pelo menos uma hora após as refeições, que devem ser equilibradas em qualidade e quantidade. Para meditar, observamos a nossa respiração, que deve ser lenta, abdominal, e deixamos que os pensamentos se dissipem, se tornem cada vêz mais ténues, para se tornarem simplesmente impressões. Estas acabarão por cessar, à medida que a nossa consciência se torna cada vez mais pura e radiante. Não devemos praticar mais de 15 minutos de cada vez, mas devemos guardar tempo para a praticarmos mais do que 1 ou 2 vezes por dia, para que o novo estado de consciência que assim criamos, possa tomar estrutura para se sobrepor ao nosso estado anterior.

o conto

"Era uma vez uma vila, onde certo ano não choveu durante meses seguidos. Os habitantes assustados com as consequências que a seca traria para as suas colheitas, caso continuasse, decidiram procurar o auxílio de um sábio de uma aldeia vizinha onde a chuva não tinha cessado.

O sábio viajou até à aldeia e as pessoas logo o observaram, esperando toda a espécie de artifícios e fazeres misteriosos que produzissem algum milagre. Mas ele nada, simplesmente pediu que o deixassem ficar sozinho numa casa afastada da aldeia, o suficiente para poder estar à vontade sem ser perturbado.

Concederam-lhe imediatamente o seu pedido. E durante alguns dias ninguém teve sinais do sábio. Então certo dia começou a chover, e as pessoas saíram para as ruas felizes e contentes. As suas colheitas estavam salvas! Também o sábio apareceu, e perguntaram-lhe o que fizera, ao que ele respondeu: Nada. Muito espantados os aldeões replicaram: como assim? Alguma coisa terá feito para produzir chuva com tanta abundância. Ao que o sábio respondeu: simplesmente descansei e recuperei do cansaço da viagem e então meditei por alguns dias. Foi o Tao que se encarregou de trazer a harmonia da minha para a vossa aldeia."

fonte electrónica.

é uma boa filosofia de vida, óptima para pôr em pratica.
"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana." Teilhard de Chardin

O taoismo têm muito que se lhe diga...

A procura do equilíbrio em todas as coisas, dentro e fora de nós é algo que nunca deve ser posto de parte.

Fueled by Satan