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  • Porque e que somos os unicos com uma linguagem?
    Iniciado por Legan
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Legan
Por que somos o único bicho com linguagem?
Os idiomas humanos deixam os pios, latidos e outras formas de comunicação animal no chinelo em termos de complexidade. A razão desse exagero pode ser a capacidade infinita de combinar informações
por Texto Giovana Girardi
Porque só a gente é capaz de se expressar como em tantos poemas que conhecemos. Bem... em termos. Na verdade, poesia assim é para poucos, como Carlos Drummond de Andrade, mas os seres humanos se destacam entre outras espécies consideradas inteligentes, como chimpanzés e golfinhos, porque, entre outras coisas, são capazes de encaixar uma idéia na outra, formando frases quilométricas, sem fim. Esse componente, presente apenas na linguagem da nossa espécie, é chamado de recursividade.

Anos de trabalho para ensinar outros animais (como os internacionalmente famosos papagaio Alex e bonobo Kanzi) a se comunicarem com a linguagem humana serviram para provar que, por mais que possam avançar, há um limite, bem distante do mínimo que um ser humano pode fazer.

Órgão especial

Para o lingüista americano Noam Chomsky, que há mais de 5 décadas estuda esse assunto, o que nos torna diferentes é que temos uma espécie de "órgão da linguagem" no cérebro, que talvez nem tenha surgido com esse fim, mas para realizar cálculos combinatórios. Daí a idéia de que a recursividade seja o fato que torna a linguagem humana única, como propõem Chomsky e seus colegas Marc Hauser e Tecumseh Fitch.

No começo deste ano, durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, Hauser comparou a comunicação humana com a dança das abelhas, considerada uma forma de linguagem. Após acharem comida, esses animais voltam para a colméia e informam onde está o alimento por meio dessa dancinha. "É uma linguagem simbólica e separada da ação no tempo e no espaço. O problema é que as abelhas só conversam sobre comida", afirma o pesquisador da Universidade Harvard. Já a recursividade permite que nosso uso da linguagem seja praticamente infinito – basta combinar unidades menores para formar frases nunca ouvidas antes. Esse potencial inesgotável é ideal para comunicar todo tipo de informação e idéia, o que torna óbvia a vantagem trazida por essa capacidade aos seres humanos.

Mas o que dizer das capacidades do papagaio cinza africano Alex, morto no ano passado aos 31 anos? O trabalho feito pela psicóloga Irene Pepperberg ao longo de toda a vida do animal mostrou que a ave era capaz de entender alguns conceitos. Ele aprendeu a separar palavras por categorias, a contar pequenas quantidades e sabia até reconhecer algumas cores e formas. E, apesar de haver relatos de que às vezes ele ajudava outros papagaios do laboratório a falarem melhor e que de vez em quando ele se mostrava aborrecido com exercícios repetitivos, ele não mostrava sinais de lógica ou capacidade de generalização tal como nós.

Para Hauser, estudos com outros animais "falantes", por mais que mostrem que eles têm capacidade de reagir emocionalmente e de discriminar algumas percepções, acabam por comprovar que "essas habilidades não interagem no cérebro como a cognição humana". Ao juntar tudo isso, criamos a linguagem.

Poética sem fim

O poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, é um exemplo de recursividade – mecanismo único da linguagem do homem que permite que encaixemos uma frase na outra indefinidamente.

Crioulos são línguas com gramática e regras muito precisas que surgem espontaneamente quando falantes de idiomas diferentes tentam se comunicar.


Fonte: super.abril



Hiperligação removida e substituída pela fonte. Consultar por favor as Regras Gerais do Fórum, alíneas 2 e 3. Obrigado.


Legan

muito bom ;D ;D
os golfinhos também tem uma linguagem bem complexa...
''A tradição é a personalidade dos imbecis"

Cuidado, pessoal. O que o Chomsky diz é apenas uma teoria, nada mais. Aquilo em que deveremos pensar é na dupla articulação da linguagem, no facto de a nossa linguagem ser articulada de forma a constituir um idioma. Imaginem, por exemplo, a palavra "gato". ora esta, embora nos pareça uma única palavra, é constituída por dois monemas: "gat-" e "-o". Podemos combinar o primeiro monema (de significação lexical) com outros (significação gramatical) de forma a criar várias distinções, como o género, diminutivos, aumentativos, etc. E é isto mesmo que nos distingue dos restantes animais, pelo menos aparentemente. Ao combinarmos vários elementos, estamos a economizar na produção de signos, ou seja, produz-se mais com menos. Se houvesse, por exemplo, um grito por cada ideia que pretendêssemos veicular, o nosso cérebro limitar-nos-ia o repertório de signos linguísticos devido a limitações biológicas. Pensem, por exemplo, no sistema binário. Se não se codificassem os bytes em zeros e uns, teria de haver uma enorme quantidade de informação e, subsequentemente, uma enorme quantidade de memória disponível. Nós, embora não sejamos propriamente binários, temos um número finito de fonemas (sons) que, por sua vez, dão origem a monemas (unidades mínimas significativas de um item lexical) cuja combinação (que, claro, obedece a regras e restrições) pode produzir um número quase infinito de signos. A ideia de Chomsky é simplesmente disparatada. Transcrevo abaixo uma passagem de um artigo escrito por mim e que, por sua vez, cita Carl Sagan:

"Esta questão [da relação entre língua e pensamento], aliada à do advento das evoluções linguísticas, torna-se bastante importante, uma vez que, sendo indissociáveis linguagem e pensamento, a sociedade, formada por instituições criadas por motivos que não são puramente instintivos (ao contrário da sociedade linear e hierárquica das abelhas e formigas, por exemplo) e, por isso, ponderadas e concebidas com um determinado fim, determina também a instituição da linguagem. Esta não deve, assim, ser tida como produto de uma pré-definição fisiológica, mas como uma faculdade adquirida por necessidade e por contacto com outros falantes. Carl Sagan, aliás, relata o caso de experiências com chimpanzés, cuja faringe e laringe, concluiu-se, não estavam preparadas para a linguagem humana vocal. No entanto, quando lhes foi ensinada a língua gestual Ameslan (American deaf and dumb language), não só conseguiram utilizar signos linguísticos, como também os produziram:

Há chimpanzés que não só possuem um vocabulário de 100 a 200 palavras, mas que também são capazes de distinguir entre modelos gramaticais e sintaxes bastante diferentes. Além disso, revelaram-se extraordinariamente inventivos na construção de novas palavras e frases.
Ao ver pela primeira vez um pato a grasnar no lago, Washoe [um chimpanzé] esboçou com gestos a palavra waterbird («ave aquática»), que é a mesma frase usada em inglês e outras línguas, mas que ela inventou nessa ocasião. Nunca tendo visto um fruto esférico que não fosse uma maçã, mas conhecendo os sinais para designar as diferentes cores, Lana [outro chimpanzé estudado], depois de observar um técnico que comia uma laranja, traçou com sinais a expressão orange apple («maçã cor de laranja»). [...] Lana, num momento de criatividade enfadada, chamou ao seu treinador «~porcaria~ verde». Os chimpanzés tinham inventado impropérios. Lucy conseguia distinguir nitidamente as frases «Roger faz cócegas a Lucy» e «Lucy faz cócegas a Roger» (SAGAN, Carl, Os Dragões do Éden (traduzido por Ana Falcão Bastos). Lisboa: Círculo de Leitores, 1986: 123-124).
"

Não somos os únicos com uma linguagem!
Há diversos tipos de linguagem, como por exemplo a linguagem gestual. Os animais também têm a sua própria linguagem: os cães, os gatos, os patos, as rãs, os sapos ... Todos eles se entendem com a sua própria linguagem. Podemos dizer apenas que somos os únicos que falamos. E, mesmo isso não é uma verdade universal, pois, tal como o expresso no excerto que aqui colocou, os chimpanzés podem fazè-lo. Para além disso, os papagaios também o fazem.

AndreiaLi
Concordo com o oculto. A linguagem não se traduz apenas em sons. O "não verbal" de alguém, já é uma linguagem por assim dizer. Sou da opinião que todos os seres vivos a têm.