Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.508
Total de mensagens
369.625
Total de tópicos
26.967
  • [Almada] Lenda da Caparica
    Iniciado por IceBurn
    Lido 8.028 vezes
0 Membros e 6 Visitantes estão a ver este tópico.
Sobre a origem do topónimo "Caparica" existem duas lendas, ambas provenientes de Capa-Rica. Tanto uma como outra têm na sua génese dois idosos, cujo traço comum residia justamente numa velha e gasta capa que os acompanhava permanentemente e suscitava enorme curiosidade por parte de todas as pessoas.


A primeira lenda remonta a tempos bastante remotos, quando toda a extensão litoral a sul do rio Tejo era praticamente deserta, existindo aqui e ali pequenos casais e habitações isoladas, para além de dois povoados: o "Monte", localizado no interior, e a "Costa", junto ao mar.
No interior as pessoas dedicavam-se à agricultura, à produção de vinho e à exploração dos recursos provenientes dos vastos pinheirais próximos; no litoral predominavam as actividades ligadas à faina piscatória.
De geração em geração, através da tradição oral, passou uma velha história acerca de uma senhora bastante idosa que viveu na área interior, sem conhecimento de qualquer família, origem ou rendimento. A idosa habitava um velho casebre, afastada da população do povoado, especulando esta sobre os possíveis motivos do seu surgimento e mesmo sobre a sua alimentação, nunca tendo exercido qualquer ofício nem adquirido quaisquer géneros alimentícios a ninguém.
Todos os dias a idosa fazia longas caminhadas na zona, eternamente envolta numa longa capa que envolvia por completo a sua pessoa e qualquer possível detalhe da sua figura física. Este modo de vida, a inexistência de laços de amizade com alguém e as pouquíssimas palavras proferidas geraram um rumor de que esta personagem devotava-se à bruxaria e à prática de outros ritos bizarros.
Na Primavera, as ausências aumentavam, e as crianças pensavam que o interior da capa ocultava uma vasta fortuna em moedas de ouro, dizendo-se que esta capa era rica, uma capa-rica.
Numa Primavera que o tempo não recorda o ano, a idosa sentiu que os seus dias estavam a terminar e transmitiu o desejo de que a sua capa fosse entregue ao Rei de Portugal, utilizando-a da melhor forma possível em prol da população local.
Finados os seus dias, pouco tempo depois, a população apressou-se a cumprir o seu último desejo, atendendo à sua reputação de feiticeira.
O Rei de Portugal, ao abrir tal capa, deparou-se com um recheio de douradas flores de acácia, colhidas no vasto acacial que ainda hoje existe na zona litoral localizada entre a Trafaria e a Fonte da Telha. Pasmo e profundamente emocionado com esta história, o Rei proclamou a riqueza daquela capa única, uma capa-rica, dando origem ao topónimo Caparica, e ordenou igualmente que fosse erigida uma igreja, a Igreja de Nossa Senhora do Monte, conferindo a toda a área a designação de Caparica.


A segunda lenda reporta-se a um velho pescador que vivia sozinho numa pequena cabana na praia, construída por ele próprio. Quando o tempo o permitia, dedicava-se à faina da pesca, vendendo o pescado na aldeia, onde era uma pessoa bastante estimada. Quando o tempo mudava de feição, o velho pescador consertava as suas redes e, se o tempo arrefecia, embrulhava-se e protegia-se numa velha capa, já muito remendada.
Certa vez, o pescador dirigiu-se à povoação mais próxima e procurou um notário para ditar o seu testamento, legando, após a sua morte, a capa à sua aldeia e, com a quantia por esta conseguida, que fosse erigido um monumento aos pescadores.
Com o correr do tempo, esta ideia, lavrada em papel, caiu no esquecimento geral, mas com o falecimento do velho pescador, um seu vizinho foi buscar a capa mas encontrou-a por demais pesada e, verificando tal estranho acontecimento, descobriu que por debaixo de cada remendo estava uma moeda de ouro. Tantas eram as moedas, que foi possível construir um excelente monumento em honra dos pescadores, como tinha sido determinado pelo idoso pescador.
Os habitantes da povoação afirmavam que o bom pescador não tinha escarnecido deles e que, ao invés de uma capa pobre, ele possuía uma capa-rica.
Este acontecimento marca o surgimento do topónimo Caparica, e assim foram designadas a aldeia e a praia desde esse momento.



Fonte: CM Almada

por acaso já conhecia esta lenda,é mesmo bonita

ja ouvi pessoas que afirmavam saber lendas da caparica e eram todas de terror!

mas essas sao muito bonitas :angel:

DiogoM
Há muitos, muitos anos, quando a Caparica era apenas um local ermo, com meia dúzia de casas,
apareceu uma criança muito bonita, pobremente vestida que ninguém sabia donde vinha. Um velho da
freguesia da Senhora do Monte tomou conta dessa menina que não sabia nada sobre a sua origem,
apenas sabia que possuía aquela capa que trazia. O velho reparou que a capa, apesar de muito velha,
era uma capa de qualidade, provavelmente pertencente a uma família rica ou mesmo nobre. Passaramse
muitos anos até que a menina se tornou numa bela jovem. Estando o velho às portas da morte pediulhe,
como última vontade, que pusesse a sua capa por cima dele para o aquecer naqueles últimos
momentos, dizendo à jovem que aquela capa velha era uma capa rica. A jovem fez-lhe a vontade e,
quando o velho morreu, juntou o pouco dinheiro que restava para lhe dar uma sepultura digna. Passou
dias sem comer e noites sem dormir mas tinha a consciência tranquila de ter retribuído tanto em vida
como na morte a bondade do velho. A jovem ficou naquele casebre e envelheceu sozinha. O povo, que
a achava estranha e lhe chamava bruxa, reparou que ela tinha o ritual de subir ao alto do monte e, num
ar de êxtase, rezava a Deus pedindo-lhe que quando morresse o Manto Divino de Nossa Senhora do
Monte cobrisse com a sua bênção todos aqueles que naquela localidade a veneravam.

Ao terminar aquelas palavras ela pegava na sua capa velha e erguia-a ao céu. Este estranho
comportamento chegou aos ouvidos do rei que a mandou vir à sua presença, acompanhada da
famosa capa que todos diziam ter feitiço. A velha senhora disse ao rei que nada tinha a ver com
bruxedos e que o que fazia era apenas rezar a Deus. Comovido, o rei mandou-a embora com uma
bolsa de dinheiro e a velha continuou a sua vida solitária até que um dia morreu. Junto do corpo da
Velha da Capa, que era como o povo a designava, encontraram uma carta dirigida ao rei. A Velha
da Capa tinha descoberto na hora da sua morte que a capa era afinal uma capa rica porque tinha
encontrado uma verdadeira riqueza escondida no seu forro. Pedia ao rei que utilizasse aquele
tesouro para transformar aquela costa numa terra de sonho e maravilha onde houvesse saúde e
alegria para todos. Reza a lenda que foi assim que surgiu a Costa da Caparica, em homenagem de
uma menina de origem desconhecida que tinha como único bem uma capa velha que afinal era uma
capa rica.

fonte: lendasdeportugal

ILYM