Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.509
Total de mensagens
369.625
Total de tópicos
26.967
  • [A.O.D.] Soul Of Xyneeze/Fallen Phoenix
    Iniciado por Fallen Phoenix
    Lido 6.330 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
#15
"Este texto é algo que fiz de brincadeira e acabou por ser um projecto engraçado. Espero que gostem."


A Ninfa



Lembro-me da nossa primeira troca de olhares. Um belo dia de primavera... Eu tinha ido passar uns dias às montanhas com os meus tios. A paisagem era tão bela. Os pássaros cantavam. O sol batia nas folhas dos carvalhos criando uma sombrinha agradável. As borboletas dançavam de flor em flor. Sem nenhuma preocupação. Aquele ar puro, limpo enchia-me o peito e revelava a preguiça que havia em mim. Admirava eu o lago pacato desde o alpendre da cada de meus tios quando de repente surge meu primo eufórico perguntando se eu gostaria de os acompanhar à cidade vizinha enquanto compravam provisões. Recusei pois fui hipnotizado com o clima de paz que nunca presenciara. Limpou de imediato todos os problemas que consumiam a mente. Avancei até ao lago e sentei-me à sombra de uma cerejeira em flor, absorvendo todas as emoções que me rodeavam. Tirei da mochila um pequeno caderno que tinha e com um lápis deixei-me levar pelas emoções escrevendo vários poemas e as palavras pareciam ganhar vida naquele preciso local. Cansado e já com metade do caderno preenchido, fechei-o para não me deixar levar mais pela fantasia.
Olhei ao longo da margem com um sorriso na cara mas não durou muito tempo... O sorriso rapidamente se convertera em espanto.
Lá estava ela... Sorrindo... Com um vestido branco que lhe acariciava a pele, descalça, com uma coroa de flores brancas em seus cabelos negros, sentada num tronco... Sempre sorrindo...
Seus olhos possuíam um tom amarelado parecendo brilhar tanto como o sol... Senti-me confuso com o que sentir e incómodo pois meu desejo era falar com ela...
Estava imóvel, não sabia o que fazer. De repente ela olha para mim e sorri. Eu desvio o olhar, que tolo que fui. Pois quando voltei a olhar ela tinha-se ido embora... Que desgosto...
Fiquei a olhar para o caso de ela voltar a aparecer em vão. Eis que então surgiu uma dor enorme na parte lateral da cabeça. O meu primo tinha-me atirado com uma bolota, eu fui ter com ele quase sem tirar os olhos de cima do tronco onde a "ninfa" estava. Sim, ela parecia uma ninfa. Meu primo questionava-me várias vezes o porquê de eu estar com um olhar dito "aparvalhado".
- Nada, nada... - Respondi.
Sentei-me no alpendre sempre a olhar para o local exacto onde ela estava sonhando acordado, com o seu sorriso, aquele olhar... Simplesmente bela...
Acordei desta fantasia com minha tia chamando-me para jantar, mas no entanto quase nada comi e limitei-me a responder sim e não às perguntas que me faziam sem olhar para eles.
Regressei eu ao alpendre uma vez mais tentando ver se a via... A paisagem nocturna era maravilhosa... Os pirilampos iluminavam as margens... Os grilos cantavam e dava gosto ouvi-los. E ao longo, distinguia-se uma velha coruja que provavelmente se preparava para sair.
Deitei-me na cama e pus-me a apreciar a luz da lua que entrava pela janela. Veio-me a imagem da "ninfa" uma vez mais à mente mas, enfim pensei eu. Virei-me nos lençóis e tentei adormecer.
Acordei com uns sons. Sons estranhos. Vinham lá de fora parecendo risos. Meio sonolento deixei-me levar pela curiosidade e fui em direcção à janela. Não podia crer. Era ela.
Dançando e rindo, a lua parecia focar-se nela... Estava como a tinha visto de tarde. Descalça, vestido branco, coroa de flores brancas no cabelo Mas desta vez segurava margaridas brancas na mão. Seu sorriso era lindo, sua voz melodiosa. Meu coração batia cada vez mais depressa.
Mais uma vez não sabia como reagir. Ignorei todos meus medos e sai a correr do quarto e fui em direcção ao alpendre. Desaparecera. Mais uma vez ela se tinha ido embora. "Raios!" pensei eu. Não podia acreditar no meu azar. "Mais uma vez a deixei escapar".
Eis que reparei em algo estranho. Algo brilhava no meio do chão, exactamente onde ela estava. Segui o feixe de luz e deparei-me com uma das margaridas que ela segurava. Cheirei.
O seu aroma era algo como nunca sentira. Não existe palavras para descrever. Nem mil rosas se comparavam ao que senti naquela altura. Apreciei a beleza de suas pétalas e fiquei com o seu sorriso na minha mente. Mas estaria a dar em doido? Parecia que ela estava lá. Dançando e rindo-se em torno de mim. Eu senti o seu aroma, eu ouvi o seu riso, eu senti a sua presença mas ela não estava. Olhei para a lua uma vez mais e os risos cessaram. Tornaram-se numa voz ruidosa.
- Acorda pá! Dorminhoco! – Meu primo barafustando, para variar.
-O quê? Onde estou?
- Estás no Vale dos Lençóis! Malandro, perdeste o pequeno-almoço mas não faz mal que a minha mãe deixou algo para comeres.
-Foi tudo um sonho...
-O que é que foi um sonho?
-Nada, nada...
-Primo desculpa lá, mas tu és muito estranho...
Sonho? Parecia tão real... A curiosidade aumentava à media que recordava o que pensava. Estava completamente despistado com aquela rapariga misteriosa ao ponto de entornar o café por cima do jornal do meu tio.
-Peço imensa desculpa tio!
-Não faz mal rapaz! Também era só misérias e não precisamos disso aqui. – Riu-se ele.
Pedi licença e saí da mesa. Fui para o quarto pensativo, sentei-me na cama e em cima da mesinha estava uma margarida branca. Levantei-me repentinamente e peguei nela. Senti o seu aroma mas, não era nada fora do comum. Fui até à cozinha e perguntei quem é que pôs a flor no quarto. A minha tia com um sorriso responde que tinha sido ela. O meu primo tinha-lhe dito que enquanto dormia falei sobre uma margarida branca e tinha um sorriso na cara, então por algum motivo que me fizesse sorrir, quis que eu a visse. Explicou que eu andava um pouco estranho e quis que eu me animasse. Envergonhado simplesmente disse que são tolices da idade. Ela riu-se e pediu que fosse andar de barco. Fui em direcção ao lago e num pequeno cais perto da casa vi meu primo atrapalhado com as amarras ao ponto de tropeçar nelas e cair ao lago. Fui a correr em seu auxílio e tirei-o da água. Olhamos um para o outro e desatamos às gargalhadas. Que triste figura a dele, todo encharcado. Entramos no barco e fomos dar uma voltinha pelo lago. Estava tudo tão calmo, tão relaxante. Vi uma família de patos sair de trás de uns juncos e para não os incomodar, remamos na outra direcção apreciando-os. Que lindo de se ver. Este ambiente é mesmo contagiante. É impossível não ser feliz aqui. O meu primo, brincalhão como é, atira-me água para a cara. Eu atiro de volta. Com esta guerra de atirar água um ao outro viramos o barco e caímos ambos ao lago. Agarramo-nos e mais uma vez olhamos um para o outro e rimo-nos. Mas enquanto me ria, pelo canto do olho reparei...
Ela estava ali! Exactamente no mesmo sítio mas desta vez sem a coroa de flores. Estava a fazer uma com flores amarelas, mas sempre com o seu belo sorriso. Apressei-me a virar o barco e subimos para ele. Ela já não estava lá. Lá voltei eu para o meu estado pensativo. Pedi que remássemos de volta a terra. Confuso, o meu primo aceitou. Quem será aquela rapariga? Vou começar a investigar melhor quem ela poderá ser. Terei que recorrer aos meus tios. Chegamos ao cais, amarramos o barco e a minha tia chamou-nos para almoçar. Após tanto esforço estávamos famintos.

Chegamos à cozinha com a roupa toda encharcada. O meu primo só se ria enquanto os meus tios nos olhavam de alto a baixo abanando a cabeça. Eu mal me tinha apercebido porque uma vez mais tinha partido para o outro mundo. A minha tia diz-nos para irmos trocar de roupa e almoçar. O meu primo, trapalhão como é, vai a correr, escorrega no tapete e esbarra-se contra a porta da casa de banho. Apresso-me a ir ter com ele mas ele levanta-se e diz
– Estou bem! Hehehe. Que tombo... Ai... - Eu apenas consegui esboçar um pequeno sorriso enquanto ele se ria aparvalhadamente.
Voltamos para a cozinha e sentamo-nos à mesa. Estava eu a olhar para o bife enquanto mexia no arroz com o garfo e o meu tio dá-me uma palmadinha na nuca:
-Mas o que é que se passa contigo? A ideia de ficares connosco durante um mês no meio do nada incomoda-te? – Diz ele em tom de brincadeira.
-Haha. Não, não é isso... É... Digamos que... Bem...
-Continua?...
-Não o chateies. Deixa-o estar. É óbvio que ele se sente envergonhado com o assunto e não quer dizer. Quando ele se sentir à vontade ele conta se quiser. – Responde a minha tia.
-Mas eu queria saber agora... Estou curioso... É alguma rapariga? – Mais uma vez em tom de brincadeira.
- O quê? Quando? Eu? Não, não! Quer dizer... Eu...
-Ah! Apanhei-te agora. Como é que ela se chama? Tu gostas dela não é? Ela gosta de ti? Que idade é que ela tem? Onde é que ela vive? Como é que ela é? Diz!
Nesse instante a minha tia levanta o seu prato para lavar e mete um pão na boca do meu tio:
-Já te disse para o deixares em paz. Agora come e cala-te. Este homem... - Em tom de brincadeira.
-Mfff... Hum... Isto até que é bom. Eu não te chateio mais. Vou-me calar e concentrar-me a comer o pão. Há mais?
-"No que é que eu me fui meter..." Posso-me levantar? – Perguntei eu todo envergonhado
-Sim mãe? Podemos?

[continua, talvez.]




*P.S.: eu não consigo acabar isto. Tentei continuar com a terceira parte mas não gostei muito do que saiu. Isso é tudo o que fiz sobre a história da Ninfa.*
"Im on the Hype Train to Awesome City!! Choo Choo Motherfuckers!"

Tomei a liberdade de acrescentar mais uns textos que fiz à algum tempo e outro que fiz recentemente. Espero que gostem.  ;)
"Im on the Hype Train to Awesome City!! Choo Choo Motherfuckers!"