Sobre Ancestralidade

Em cada passo que damos carregamos conosco o peso de toda a ancestralidade.
Uma grande parte do que trazemos conosco, trazemos dos nossos mortos.
São cargas de conhecimento, de emoções e cargas genéticas.
Celebrar os nossos mortos no solstício de Inverno, altura em que os dias se tornam mais curtos é celebrar simultaneamente ancestralidade e a vida.
Que descansem no plano em que estão, porque a herança que nos deixaram em termos de valores, conhecimento e emoções vividas e partilhadas, está a ser bem gerida na continuidade da Vida.
Aqui em casa não seguimos a tradição de ir ao cemitério acender velas e por flores, mas não deixamos de recordar os nossos mortos homenageando a vida que tiveram e que partilharam conosco.
Um vela acesa junto a uma fotografia antiga, umas flores numa jarra postas com intenção são formas bonitas de celebrar. Mas uma simples conversa com os mais novos recordando quem eram os avós e bisavós que não conheceram e contar aos descendentes sobre as coisas boas que fizeram e as memórias boas que deixaram...é a forma mais antiga e sentida de homenagear.
Tal como um dia os nossos netos contarão histórias sobre nós a descendentes que não chegamos a conhecer. E isso vai deixar-nos muito mais felizes dos que uma lanterna de lata com uma vela lá dentro.
Porque "Até os mortos Caminham ao nosso lado" como diz o poeta.