Cidade de Lisboa/Zona histórica/Baixa/metro...

Toda a baixa pombalina, praça do comércio, zona do Rossio, Belém, entre outros locais, de certeza que devem ser muito assombrados, por todos os acontecimentos chocantes e brutais que lá ocorreram... estes lugares merecem bem uma boa investigação, já para não falar no metro... muitas mortes chocantes, execuções de pessoas inocentes, maremotos, incêndios, tremores de terra, corpos enterrados à pressa e pisados no meio da argamassa de terra, fogueiras da inquisição, enforcamentos, um regicídio com várias mortes, uma área super povoada por romanos, muçulmanos e judeus, pleno de marcas nas suas profundezas... um castelo onde correu sangue e onde se lutou até às últimas consequências...um teatro romano onde a população ocorria em massa, um hipódromo romano na zona do Rossio onde corriam carros e cavalos (como no filme Ben-Hur)... uma execução em massa de milhares de judeus no Rossio, queimados vivos em fogueiras... uma execução, entre outras em Belém, de uma família nobre, inocente, a mando de um ministro pouco tolerante... o sofrimento dos escravos que chegavam nos navios negreiros, para serem vendidos como animais e usados... ficava aqui a escrever e nunca mais parava... as ruas de Lisboa são muito assombradas, não há dúvida, basta pararmos e olharmos com atenção, para que os ecos do passado voltem... no metro não me atrevo a olhar para a janela, enquanto ele circula nos túneis escuros... é que muitos corpos ficaram soterrados em 1755 e o espírito é uma energia que não morre... só apetece iniciar uma investigação!!! 

Olá

Também já pensei nisso. Desses sítios todos, há um que sempre me chama a atenção, sempre que lá passo: o Largo da igreja de São Domingos (ligado à condenação e execução de judeus e outras vítimas da Inquisição).

Não sei porquê, mas aquele lugar sempre me suscitou fascínio. Sinto sempre ali uma "carga" (à falta de palavra melhor). Passar ali faz-me andar mais devagar, respirar fundo, já me disseram que fico com ar misterioso e contemplativo...e sinto um impulso para entrar na igreja. De todas de Lisboa, é uma das que mais me atrai e que acho mais bonitas. Não sei se é por ter ardido e conservar as paredes com essas cicatrizes do fogo, não sei. Mas essa igreja (e a de São Nicolau) exercem um poder de atração e mistério sobre mim.

Não consigo passar no Largo sem entrar na igreja de São Domingos sem entrar e fazer uma oração, visitando as capelas laterais. Não sei porquê, sinto que fico "em falta" para com algo se não entrar. E não tem a ver com o me lado religioso e ensino católico: já fui lá à missa e não achei diferença de outras. É mesmo o sítio, a igreja, o Largo. Ali sinto calma, até fisicamente e um desacelerar nos pensamentos. Não percebo bem porquê, mas é isto :-)

Já o resto da Baixa, pelo contrário, desperta em mim um sentimento de boémio, de "bon-vivant". Sempre que ando na Baixa, vem ao de cima o meu "eu vadio", consumista, alegre, acelerado, energético, salta aminha veia de amante de esplanadas, de comer na rua, de beber e de passear.

É engraçado como sítios que estão tão perto me despertam sentimentos tão diferentes!