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  • Como combater os espíritos mistificadores e obsessores?
    Iniciado por Moreno Wilson
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Como combater os espíritos mistificadores e obsessores???

Revista Espírita ANO 2  -  FEVEREIRO 1859 - Nº. 2 de Kardec

Se não quisermos ser vítimas de Espíritos levianos, É NECESSÁRIO JULGÁ-LOS, E PARA ISSO TEMOS UM CRITÉRIO INFALÍVEL: O BOM SENSO E A RAZÃO. 

Sabemos que as qualidades de linguagem, que caracterizam entre nós os homens realmente bons e superiores, são as mesmas para os Espíritos. DEVEMOS JULGÁ-LOS POR SUA LINGUAGEM. Nunca seria demais repetir o que a caracteriza nos Espíritos elevados: é constantemente digna, nobre, sem basófia nem contradição, isenta de trivialidades, marcada por um cunho de inalterável benevolência.

Os bons Espíritos aconselham; não ordenam; não se impõem; calam-se naquilo que ignoram. Os Espíritos levianos falam com a mesma segurança do que sabem e do que não sabem; a tudo respondem sem se preocuparem com a verdade.  Em mensagem supostamente séria, vimo-los, com imperturbável audácia, colocar César no tempo de Alexandre; outros afirmavam que não é a Terra que gira em redor do Sol.

Resumindo: TODA EXPRESSÃO GROSSEIRA OU APENAS INCONVENIENTE, TODA MARCA DE ORGULHO E DE PRESUNÇÃO, TODA MÁXIMA CONTRÁRIA À SÃ MORAL, TODA NOTÓRIA HERESIA CIENTÍFICA É, NOS ESPÍRITOS COMO NOS HOMENS, INCONTESTE SINAL DE NATUREZA MÁ, DE IGNORÂNCIA OU, PELO MENOS, DE LEVIANDADE. 
   
DE ONDE SE SEGUE QUE É NECESSÁRIO PESAR TUDO QUANTO ELES DIZEM, PASSANDO-O PELO CRIVO DA LÓGICA E DO BOM SENSO. Eis uma recomendação feita incessantemente pelos bons Espíritos. Dizem eles: Deus não vos deu o raciocínio sem propósito. Servi-vos dele a fim de saber o que estais fazendo. "Os maus Espíritos temem o exame. Dizem eles: Aceitai nossas palavras e não as julgueis". Se tivessem a consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz.

O HÁBITO DE PERSCRUTAR AS MENORES PALAVRAS DOS ESPÍRITOS, DE LHES PESAR O VALOR – DO PONTO DE VISTA DO CONTEÚDO E NÃO DA FORMA GRAMATICAL, COM QUE POUCO SE PREOCUPAM ELES – naturalmente afasta os Espíritos mal intencionados, que não viriam então inutilmente perder o tempo, de vez que rejeitamos tudo quanto é mau ou tem origem suspeita. Mas quando aceitamos cegamente tudo quanto dizem, quando, por assim dizer, nos ajoelhamos ante sua pretensa sabedoria, eles fazem o que fariam os homens, eles abusam de nós.

Se o médium for senhor de si, se não se deixar dominar por um entusiasmo irrefletido, poderá fazer o que aconselhamos. Mas acontece freqüentemente que o Espírito o subjuga a ponto de o fascinar, levando-o a considerar admiráveis as coisas mais ridículas; então ele se entrega cada vez mais a essa perniciosa confiança e, ESTRIBADO EM SUAS BOAS INTENÇÕES E EM SEUS BONS SENTIMENTOS, JULGA ISTO SUFICIENTE PARA AFASTAR OS MAUS ESPÍRITOS. NÃO, ISSO NÃO BASTA: ESSES ESPÍRITOS FICAM SATISFEITOS POR FAZÊ-LO CAIR NA CILADA, PARA O QUE APROVEITAM SUA FRAQUEZA E SUA CREDULIDADE. Que fazer, então? Expor tudo a uma terceira pessoa desinteressada, para que esta, julgando com calma e sem prevenção, possa ver um argueiro onde o médium não via uma trave.

Allan Kardec

Revista Espírita ANO 2  -  FEVEREIRO 1859 - Nº. 2

Wilson Moreno