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  • O Fantasma da Estrada do Guincho
    Iniciado por flor123
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A maior parte das histórias de fantasmas são isso mesmo, histórias. Mas por vezes... de vez em quando, surge algo que nos deixa a pensar.
Esta história que vos quero contar, entra nessa categoria, de histórias verdadeiras de fantasmas, se é que podemos considerar algumas histórias verdadeiras.
Penso que tem já uns poucos de anos, visto lembrar-me de a ouvir em 1997. Foi-me contada pelo meu amigo Manuel Almeida, após o período em que trabalhou em part-time no Hospital de Cascais, um lugar já de si assustador, quanto mais com fantasmas à mistura.
É escandaloso o estado de miséria em que está esse hospital. Insuficiente em área para servir a população a que é suposto servir, encurralado na zona velha de cascais, no meio dos labirínticos acessos, apertados e de faixas e de sentidos únicos, chegar lá já é difícil, quanto mais sair com vida...
Felizmente que o novo parece finalmente concretizar-se.
Mas se falo no hospital, isto tem uma razão. Foi no hospital de Cascais que surgiu à luz do dia esta história.
Foi o Manuel Almeida que a contou a mim pela primeira vez, e a mãe dele, que lá trabalhava, estava também a par da situação.
Um dia, ou melhor, uma noite, daquelas longas noites dos bancos de urgência dos hospitais, surgiu um casal aflito e angustiado a perguntar nas urgências se tinha dado entrada uma senhora com uma criança pequena doente.
Responderam-lhe que não, não havia registo de nenhuma criança doente acompanhada de uma senhora. O casal pareceu perturbado e confundido, mas desistiram e foram-se embora.
Até aqui não há nada de especial, apenas uma acontecimento banal e corriqueiro de todo e qualquer serviço de urgências, dos mais diversos hospitais. Repare-se no entanto que são factos, realidade comprovável e de fácil constatação e aceitação.
Pronto, terá sido uma confusão, um mal entendido talvez. Um acaso fortuito, sem nada de relevante.
No entanto... a situação voltou a repetir-se, dias depois. Alguém voltou a aparecer no banco de urgências perguntando por uma senhora carregando um bebé ao colo...
Mas mesmo assim, a situação não levantou suspeita de nada. As pessoas que atenderam esta procura não eram as mesmas do caso anterior, visto ter recaído sobre outro turno de serviço, e não havia registo de nada, pois era apenas um pedido de informação, e não uma entrada registada de doentes.
Ninguém sabe exactamente quantas pessoas e em quantos dias terá aparecido alguém a perguntar pela senhora do bebé, mas estima-se hoje que devem ter sido muitos.
Até que um dia... quem está de serviço, recebe perante si mais um perturbado casal perguntando pela senhora que deve ter entrado com um bebé doente. Vem a dar-se o normal acaso de quem atende ser alguém que já tinha apanhado a mesma questão dias antes...
Parecendo demasiada coincidência, chama o chefe de serviço, e resolvem interrogar com mais detalhes o casal que ali se apresentou.
A história que eles revelam é a seguinte: tendo jantado em Colares ou Almoçageme, já não me lembro, decidiram depois descer a volta da serra, fazendo a estrada do Guincho a caminho de Cascais, direito a um dos diversos bares locais, para passarem parte da noite.
Nada de anormal neste usual percurso de lazer nocturno. No entanto... ao passarem na noite escura, perto do Farol do Cabo Raso, uma figura fugidia parecia acenar da berma da estrada...
Instantes apenas, mas inesperado o suficiente para sentirem um arrepio de susto. Seguiram um pouco mais devagar, comentaram o caso entre eles. Parecia uma senhora, e acenava aflita. Parecia carregar algo nos braços.
A jovem dentro do carro pediu ao condutor para voltarem para trás. Naquela hora tardia, num local onde nunca anda ninguém sozinho a pé, podia ser alguém a precisar de ajuda.
Eles estavam apenas a passear, tinham tempo livre, e a curiosidade era excessiva. Voltaram para trás, e de facto reencontraram a figura que acenava, demonstrando pressa e aflição.
Abrindo o vidro do carro, encontraram na noite fria e desagradável, com vento e prenúncios de temporal, uma senhora embrulhada em agasalhos que suplicava que a levassem depressa ao hospital de Cascais, pois o filho estava muito mal.
Carregava nos braços o que parecia ser um bebé cuidadosamente embrulhado, e bem apertado junto ao peito dela, não o largando por momentos que fosse.
Assustados com o pedido, baralhados pelo inédito da situação, acederam ao pedido, deixando a senhora entrar no carro, e seguindo de imediato direito ao centro da vila.
Podia acontecer a qualquer um de nós.
Se estivéssemos na mesma situação, com a curiosidade à flor da pele, ansiosos por responder a um pedido de ajuda, querendo brilhar perante a nossa acompanhante, mostrar serviço e disponibilidade para com os outros, auxiliando quem nos aparece, pode ser que também acabassem por dar boleia.
Não seria o melhor desejo para uma noite a dois, mas havia algo de insistente, de urgente naquele magnético pedido, que terá feito o casal aceder à boleia para o hospital.
E até aqui, o que há de mistério? Tudo parece real, nada surge de extraordinário. Apenas um improvável encontro com alguma situação de vida complicada, uma senhora aflita em local despropositado.
Mas cedo o assunto se revelou mais complexo... no caminho para o hospital, que a partir do Cabo Raso não são assim tantos km's, talvez uns dez, há um momento, que o casal não conseguia precisar exactamente, em que se viraram para trás, pois não ouvem os lamentos da senhora, e... não há ninguém mais dentro do carro...
Aqui sim, ficam extremamente perturbados, e não percebem o que se passou.
Como já estão próximo do hospital, decidem ir até lá, enquanto tentam perceber o sucedido.
Se calhar, ela saiu repentinamente quando eles pararam num semáforo. Ou terá saído numa momentânea paragem do trânsito? Terá apanhado outra boleia?
Como não percebem, dirigem-se ao serviço de urgência, e resolvem perguntar se ela eventualmente terá dado entrada noutro qualquer momento.
Como se percebe, nunca a senhora do bebé chegou a aparecer...
A história relatada no hospital gerou algum reboliço, passou de boca em boca, foram alertados os diversos funcionários, para estarem atentos, foi assim que o Manuel Almeida soube do caso, e me contou.
Dias depois, repetiu-se o sucedido, e de novo a história continha os mesmos elementos comuns... Um casal dentro de um carro, na estrada do Guincho, no sentido para Cascais. A figura na berma, acenando na noite escura. A decisão de parar, voltar para trás, a boleia concedida, e o misterioso desaparecimento da senhora, já no interior do carro, antes da chegada ao hospital.
Como a história se repetiu, a explicação parecia simples e lógica. Havia alguma engraçadinha, com a mania que era esperta, que arranjava esta história da urgência com um bebé, para apanhar boleia de borla para o centro de Cascais.
Ora isto é uma história de vigarice e resultado da malandragem que para aí anda na noite. Aproveitam-se dos casais ingénuos que andam a passear, para cravar boleias para ir para os copos. Parecia estar explicado o caso.
Mas outra noite, aparece de novo outro carro, com outro casal, nas urgências, apressados em busca da senhora a que deram boleia, mas que desapareceu, saindo algures do carro.
O funcionário, conhecedor do caso perguntou:
- Então a senhora vinha com vocês no carro?
- Sim, sim! Nós demos-lhe boleia, pois ela queria que trouxéssemos o bebé ao hospital.
- E entrou para o carro, e agora já lá não está?
- Exactamente.
- Portanto terá saído do carro?
- Sim.
- E o carro é aquele?
Olharam todos para o carro, e ficaram calados. O carro era de duas portas...
Foi a primeira vez que se falou em fantasmas neste caso. Claro que o casal foi sujeito ao teste do balão... mas não acusou nada. Ficaram transtornados, brancos e assustados. Um fantasma dentro do carro. Arrepiante...
Aqui a história alastrou rapidamente, toda a gente parecia de repente já ter dado boleia ao fantasma da estrada do Guincho. Todos se aproveitavam da fama do caso para mostrarem estar a par dos acontecimentos, e todos inventavam explicações bizarras para o misterioso caso.
Foi no entanto, uma jornalista que parece ter desvendado parte do caso, mas ampliando ainda o lado fantasmagórico da situação.
Pesquisando notícias antigas, em jornais velhos, sobre tudo o que possa ter acontecido ao longo dos tempos naquele lugar da estrada do Guincho, saltavam à vista, não só alguns acidentes rodoviários, mas sobretudo o elevado número de naufrágios acontecidos junto do Farol do Cabo raso.
Nem é preciso recuar muito no tempo, pois eu próprio me lembro de um navio encalhado nesse local, algures na década de 1970.
Mas o que veio ela a descobrir? Espantada, leu o relato de um naufrágio, em que numa noite se retiraram os passageiros do barco em perigo, com muito esforço, e perca de vidas humanas.
Entre as pessoas que pereceram, constava um bebé de colo... a respectiva mãe, implorava aos socorristas que a levassem o bebé com ela para o hospital para poder ser salvo, mas a verdade é que o pobre bebé já tinha morrido...
Por isso, e perante a necessidade de salvar e cuidar dos vivos, ninguém se prestava a levar a desvairada mãe com o bebé falecido.
Ela, no seu desespero, acreditava que o bebé tinha que estar vivo, tinha que ser salvo, não podia ficar ali naquela costa, chorava, gritava, pedia ajuda a todos, com o filho apertado nos braços, e ninguém a levava.
Para sempre aqueles gritos de desespero ficaram gravados na noite muda, e quando faleceu também ela, reunida de novo ao seu querido menino, mãe e filho persistem para sempre, encalhados naquele Cabo Raso, tragicamente à espera da boleia e da salvação que nunca tiveram, e nunca chegou.
Um dia talvez, o descanso chegue às almas daquela que por Amor de Mãe tanto sofreu, em vida e em morte, e possam talvez, enfim descansar em paz, embalados ambos nas ondas do mar, no Cabo Raso, à beira da Estrada do Guincho.
Quem por lá passar, que reze também uma oração por quem busca descanso eterno.
Claro que ainda hoje, este relato faz imenso sucesso, é uma excelente técnica de engate. É um modo de perturbar psicologicamente a nossa companhia, oscilando entre o receio e a vontade de se agarrar a nós, no andamento do carro clássico lançado pela noite escura, favorecendo meter a quinta marcha, no joelho dela, ao passarmos nesse mesmo local, numa qualquer noite escura, a caminho de Cascais.
É bom para quebrar aquele intervalo entre o restaurante do Porto de Santa Maria, ou Muchaxo, e o bar da Casa do Largo.
E depois? Bem depois, deixo ao critério e arte de cada um...
Cada um viva com os seus fantasmas...

In: Mysterium (Facebook)
Os dois testes mais duros no caminho espiritual são a paciência para esperar o momento certo e a coragem de não nos decepcionar com o que encontramos.
Paulo Coelho

#1
     Excelente história, porém não é plausível segundo as estatísticas.

    Ver e ouvir uma entidade está ao alcance somente de uma minoria da população.

    O relato fala de vários casais que viram e ouviram a senhora, o que a nível de estatísticas, torna a coisa ainda mais difícil de acontecer. Quantos casais haverá nessas condições cá em Portugal? 100? 200?.

    Será que os casais se tornam médiuns videntes e audientes ao passarem no Guincho?

    A ser verdade esta história, encaixa mais num contexto de alucinação que naquilo que é considerado de visão de entidades.