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  • O Meu Pai - II
    Iniciado por Arph
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Já vos contei o que se passou durante o tempo em que o meu pai esteve internado até que faleceu. Depois, naturalmente, veio o funeral. Após o funeral, a minha Mãe ficou em casa do meu irmão. A agência funerária tinha colocado uns cartões pequenos de duas folhas, com uns 15 cm x 10 cm, pouco mais ou menos, à disposição das pessoas que assistiram ao funeral, e que tinham na primeira página (folha de rosto) uma vela acesa em fundo escuro, e na segunda página uma espécie de oração; na 3ª página a foto do meu Pai. Todos nós trouxemos um a cada um.
Como vos havia dito, a minha Mãe, no dia do funeral, foi para casa do meu irmão, onde pernoitou durante uns dias. Logo que chegaram a casa (ela, o meu irmão e um filho do meu irmão, já maior de idade) colocaram os 3 cartões metidos uns nos outros (como folhas de um livro) e em pé, em cima de uma pequena mesa de entrada existente no hall, junto à parede. Por volta das 23h 40m, eu terminei a minha oração por intenção da alma do meu Pai, para que estivesse bem. Pedi ainda que Deus permitisse que, se ele estivesse bem, que nos desse um sinal. Curiosamente, como vim a saber mais tarde, em casa do meu irmão e por essa hora sensivelmente, os três também tinham feito uma oração no mesmo sentido e com o mesmo pedido.
Eram 23h 51m (confirmei agora mesmo no meu telemóvel), o meu irmão ligou-me a dizer-me que tinha acontecido uma coisa que eu não ia acreditar. Naturalmente que relacionei logo isso com algum sinal do nosso Pai. Então tinha-se passado o seguinte: estavam todos na sala, e a minha Mãe, que estava sentada numa posição em que via à sua frente, pelo seu lado esquerdo, a porta que dava para o hall e a referida mesa, teve a percepção de que aquela mesa, e o espelho por detrás da mesma, se haviam deslocado e estavam agora na parede da sala à sua esquerda; ou seja, como que houvesse uma mudança de paredes. E gritou para o meu irmão e o meu sobrinho a dizer que a casa estava ao contrário, mas eles nada viram de anormal. Logo de seguida, ouviram um barulho seco e pesado, muito sonante, que os fez sobressaltar, e que eles compararam ao de uma carteira a cair no chão, vindo do hall. O meu sobrinho levantou-se e foi ver o que se tinha passado e, nisto, chamou-os, dizendo que o Avô estava ali. Levantaram-se e foram ver. No chão, encontrava-se caído um dos cartões, aberto com o rosto do meu Pai. Os outros dois estavam em pé e na mesma posição inicial. A seguir, o meu irmão ligou-me a contar o que se passou. Perguntei-lhe se havia alguma janela aberta ou porta por onde pudesse ter passado uma corrente de ar, e ele disse-me que não, que já tinha ido verificar para não haver dúvidas, e que estava tudo fechado. E ainda deixaram cair o cartão para o chão, no qual havia um tapete, e o som era quase imperceptível.
Para que não hajam dúvidas, trata-se de um apartamento, no 3º andar, e a porta de entrada do mesmo tem uma borracha junto ao chão para impedir entrada de insectos, e é calafetada com fita de borracha em toda a volta da batente da porta, pelo que nenhuma corrente de ar por ali passaria.
Para os descrentes, mesmo que houvesse uma corrente de ar que fosse a causa do cartão ter caído, como se justifica que ele tivesse saltado de dentro do empilhamento dos demais sem que estes fossem atingidos, permanecendo no exacto lugar? Como se justifica o barulho despropositado feito pelo cartão inicialmente, que os fez sobressaltar, quando depois quase que nem se ouviu cair? E, por fim, que fenómeno foi aquele que antecedeu a tudo isto e que foi o facto da minha Mãe se ter apercebido de que a parede da mesa do hall tinha trocado de lugar com a parede da sala que estava ao seu lado esquerdo?
A minha Mãe dormiu a noite toda como já há anos o não fazia, e sem tomar qualquer medicamento. Na noite seguinte, por volta da meia-noite, pôs-se a rezar, de joelhos, junto à cama, e sentiu, sem qualquer dúvida, uma mão a acariciar-lhe a cabeça e os cabelos. Parou de rezar e, pensando que era o meu irmão, disse "vai dormir, que eu estou bem". Estranhando não ouvir passos a afastarem-se, olhou para trás e não viu ninguém. Não tinha sido o meu irmão, e o meu sobrinho já não se encontrava em casa.


Bem-haja a todos.

Arph