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  • Digam Não à Adopção por Casais do Mesmo Sexo
    Iniciado por Gens
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Pergunta:  Com relação à homossexualidade, eu entendo que nós renascemos duas vezes durante cada fase do Zodíaco de aproximadamente 2.000 anos, uma em corpo feminino e outra em corpo masculino,  para ter uma ampla experiência em cada tipo de corpo. Ocasionalmente, podemos nascer duas vezes como mulher e, então, na próxima vez, nós podemos ser um homem afeminado e vice-versa. Isso tem relação com o fato de certas pessoas serem atraídas a outras do mesmo sexo? Qual é a razão esotérica que está por trás dessas práticas e relacionamentos homossexuais e o que estas pessoas estão fazendo com o crescimento e com a evolução de suas almas?



Resposta:  Max Heindel, o fundador da Fraternidade Rosacruz e autor de muitos livros sobre os Ensinamentos Rosacruzes, não fez nenhuma referência explícita ao homossexualismo.

Podemos, no entanto, conjeturar sobre suas visões com relação a esta prática, citando sua resposta à pergunta "O que significa pecar contra o Espírito Santo?" Lembramos que o Espírito Santo é o poder criador de Deus e "um raio daquele atributo de Deus... é usado pelos homens para a perpetuação da raça. Quando há abuso, isto é, se é usado para a gratificação dos sentidos, como vício solitário ou associado, com ou sem casamento legal, ele é pecado contra o Espírito Santo. A humanidade como um todo está sofrendo por causa deste pecado. Os corpos debilitados e a doença que vemos em torno de nós têm sido causados por séculos de abuso e, enquanto não aprendermos a vencer nossas paixões, não haverá verdadeira saúde entre a raça humana. (Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. 1 – pág. 219)

Como a atividade homossexual envolve membros do mesmo sexo, é, por definição, improdutiva e estéril; existe só para gratificar os desejos dos participantes. O mesmo, naturalmente, pode ser dito da atividade heterossexual que deliberadamente evita a fertilização e é empregada somente para desejos egoístas.

A afirmativa do interlocutor de que várias vidas consecutivas de mesma natureza (masculina ou feminina) ocasionam a predominância daqueles traços, quando o Ego renasce no sexo oposto, não necessariamente acontece. As lições e atitudes aprendidas durante uma ou várias vidas recentes são integradas na totalidade da experiência que o Ego ganha enquanto habita todos os seus corpos terrenos, produzindo um efeito equilibrado total.

A pessoa que nos escreveu sugere que um homem afeminado ou uma mulher masculinizada identifica a pessoa homossexual. Este não é o caso, já que, proporcionalmente, tanto pessoas heterossexuais como as homossexuais mostram estas qualidades de gênero variantes.

Pode-se observar, de passagem, que, como a humanidade se aproxima da Idade de Aquário, os indivíduos vão cada vez mais mostrar uma maior gama de expressão pessoal e comportamentos tradicionalmente associados com o sexo oposto.

A "atração" entre pessoas do mesmo sexo é universal e natural, baseada nas inumeráveis características e qualidades que fazem uma pessoa atrativa, seja física, moral, intelectual ou espiritual. Se esta atração degenera para a esfera sensual e especificamente procura ou responde à gratificação do desejo despertado, então  esta atração se torna aquilo que os padres da antiga Igreja chamavam de concupiscência e que os anglo-saxões chamam claramente de luxúria.

Relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo não são de maneira nenhuma sinônimos de homossexualidade (como a palavra é normalmente interpretada) já que, na maioria das vezes, a expressão sexual não faz parte da relação. Mesmo em relações íntimas, a apreciação mútua e o compartilhamento de interesses, muito mais do que físicos , são o primeiro foco de atenção e atração.

A erosão da disciplina moral, ocasionada pela crescente secularização da sociedade e pelo enfraquecimento da autoridade religiosa tradicional, se manifesta geralmente em grande aumento da liberdade sexual e licenciosidade, incluindo a homossexualidade.

Quanto ao karma gerado pela atividade sexual sem entraves, de qualquer tipo, Max Heindel deixa claro que "cada pessoa é dona de seu próprio corpo e é responsável, ante a Lei de Conseqüência,  por qualquer mau uso resultante do abandono do corpo a outrem, por fraqueza da vontade" (Conceito Rosacruz do Cosmos – pág. 417).

Outro fator adicional sobre o relacionamento homossexual é que ele previne a função essencial e a razão para a coabitação e casamento  -  a procriação. Novamente voltando ao Conceito Rosacruz do Cosmos – pág 417, "é tanto um dever quanto um privilégio (que deve ser exercitado com gratidão pela oportunidade) das pessoas de corpo e mente saudáveis fornecerem veículos para tantos seres quantos forem possíveis, de acordo com sua saúde e com sua capacidade de cuidar das mesmas".

Embora a adoção de uma criança por um casal homossexual (nos lugares onde isto é permitido) é louvável, se o motivo é com intenção altruísta de prover um ambiente o melhor possível para o seu desenvolvimento, tanto a criança quanto a sociedade recebem um pobre modelo a seguir porque é biologicamente estéril, oposto à perpetuação da raça humana.

Esta é uma era na qual a busca da liberdade espiritual é confundida com a liberdade de fazer aquilo de que se gosta, enquanto que, simultaneamente, procura-se a isenção da responsabilidade por nossas ações.

O que, no presente, parece ser uma onda na prevalência da atividade sexual pode ser visto como uma fase transitória num grande processo. A dissolução das estruturas e normas sociais (família) e institucionais (religião) está criando revoltas culturais que se manifestam como crises de identificação, experimentação conturbada, busca de prazer sem alegria e insegurança disfarçada de rebeldia. Estes sintomas de mudanças cultural e religiosa levarão, a seu tempo, à reforma e reformulação de estruturas relacionais mais inclusivas, fundadas em práticas mais altruístas e regenerativas.

À exceção do serviço, não há tema que Max Heindel recorra com tanta freqüência e seriedade quanto ao pré-requisito  principal para o desenvolvimento esotérico. Em "Iniciação Antiga e Moderna" (pág. 47), sua mensagem é sucinta e direta: "Pureza é a chave com a qual  ele (o aspirante) pode ter a esperança de abrir a porta para Deus". Em "Cartas aos Estudantes" (nº 13), ele é mais abrangente, imparcial e enfático: O ponto essencial do "simbolismo da Cruz de Rosas [e] o enigma do ensinamento da Sabedoria Ocidental" são a mesma coisa  -  "Pureza geradora". Ao "espírito ocidental é permitido testar sua força vivendo em relações conjugais e talvez em realizar uma imaculada concepção como esta simbolizada pela rosa de beleza imaculada que dispersa sua semente sem paixão e vergonha".

Aqueles indivíduos que despertaram ao chamado do Ser sagrado, em breve encontrarão o que pode, à primeira vista, parecer uma desanimadora senão arbitrária revelação: "A ciência oculta ensina que a função sexual não deveria nunca ser usada para a gratificação dos sentidos, mas só para a propagação da espécie". (Conceito Rosacruz do Cosmos -  pág 416 ). O uso das energias criadoras para a gratificação pessoal retarda o crescimento da alma porque estas energias não estão mais disponíveis para construir o luminoso corpo-alma.

"Como o Espírito Santo é a energia criadora na natureza, a energia sexual é seu reflexo no homem e o mau uso ou abuso deste poder deve ser expiado na eficiência debilitada dos veículos. Para nos ensinar a santidade da força criadora". O que exatamente constitui o mau uso ou abuso da energia criadora? Outra vez, Max Heindel  não economiza suas palavras, repetindo: "A função sexual está designada somente para a perpetuação da espécie e sob nenhuma circunstância para a gratificação do desejo sensual". (Conceito Rosacruz do Cosmos – pág. 261)

Quais são as conseqüências de ignorar este aviso? Max Heindel nos informa em Cartas aos Estudantes nº 34 : " A condição daquele que tem a luz do conhecimento superior dado à humanidade hoje e transgride a lei pelo abuso da força criadora pode-se tornar mais séria do que a da classe de seres incorporada na forma antropóide (resultante do abuso das forças criadoras) ... No presente estágio, a força vital (excetuando a quantidade insignificante requerida para propagar a espécie) deve ser transmutada em força de alma.

À vista do que foi dito, a pergunta e a resposta consideram amplamente a energia criadora como se manifesta na sexualidade humana. Neste contexto, o termo homossexualidade é usado para designar a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo. Fora desta atividade, ou de sua intenção, o termo estritamente não se aplica. Já que a indulgência ignorante do ato criador tem trazido enorme sofrimento humano e alienação dos mundos do espírito a ponto de necessitar o sacrifício salvador de Cristo Jesus, para que a alma da humanidade não se tornasse uma prisioneira eterna do mundo material, fica bastante claro que, qualquer expressão da sexualidade humana – seja homo, hetero, auto ou poliperversivo  -  para outros propósitos que não sejam o da procriação, é não só um "pecado contra o Espírito Santo" como "um mal espiritual [e] a maldade espiritual mais perigosa à sociedade". (Cristianismo Rosacruz – pág. 59)

Não menos categoricamente, Max Heindel escreve que a paixão que dá origem à esta atividade  sexual é "veneno". "Pela paixão, o espírito cristalizou-se em um corpo e só pela castidade podem os grilhões serem quebrados, pois o céu é a morada da virgem  e, só quando elevarmos o amor do sexo pelo sexo à categoria do amor da alma pela alma, poderemos desatr as algemas que nos prendem". (Mistérios das Grandes Óperas – pág 118)

Quão importante é a vida sem paixão? Uma vez mais, podemos prestar atenção às palavras escritas por um Iniciado em "a Teia do Destino" no capítulo intitulado "Métodos Práticos para alcançar o Sucesso": A força espiritual gerada desde a puberdade, usada para a geração, a degeneração ou para a regeneração "ofusca cada momento de nossa existência e determina nossa atitude em cada fase da vida entre nossos semelhantes", pois é a fonte de nossa existência, o elixir da vida.

Embora, como foi dito anteriormente, Max Heindel não tenha feito uso explícito do termo "homossexualidade", ele fez várias referências indiretas à sua prática. No artigo "Morte da Alma" em "Ensinamentos de um Iniciado",  ele se referiu ao Espírito Santo ou Jeová, "que é o guardião da força criadora lunar": Ele "infligiu a mais terrível punição aos  Sodomitas que cometeram sacrilégio por terem empregado mal o uso da semente [Trecho idêntico é também encontrado no capítulo 7 de "Coletâneas de um Místico" intitulado "O Pecado Imperdoável e as Almas Perdidas" onde Max  Heindel declara que Jeová, como "guardião das forças criadoras lunares... infligiu um terrível castigo aos Sodomitas que cometeram sacrilégio, empregando mal o uso da semente"] e o pecado de Onã que o usou mal é também um indicador na mesma direção ...  O abuso desta sagrada função (procriadora) para a gratificação da natureza passional, principalmente a perversão, é reconhecido pelos esoteristas como um pecado imperdoável.

Uma das primeiras referências aos anjos como "guardiões das forças propagadoras" está contida no livro "Mistérios Rosacruzes" no qual o autor menciona que os anjos que foram a Abraão para anunciar o nascimento de Isaac, posteriormente "destruíram Sodoma por causa do abuso da força criadora". (pág 33)

Em oposição à expressão carnal das paixões está o amor de alma para alma (independente do sexo), purificado de paixão na fornalha do sofrimento que será nossa pedra preciosa mais brilhante no céu, como sua sombra está na Terra.

Concluindo, repetimos as palavras do estudo de Max Heindel sobre a Imaculada Concepção (Coletâneas de um Místico – pág 55): "Será que uma vida de absoluta pureza ainda está fora de nosso alcance?  Não nos devemos desencorajar. Roma não foi construída em um dia. Continue neste propósito, mesmo que erre muitas vezes, pois o único fracasso é deixar de lutar. Que Deus fortaleça suas aspirações para a pureza" .

- Por um Estudante dos Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz


http://www.fraternidaderosacruz.org/homossexualidade.htm





Se prestarmos um pouco de atenção, seremos levados a verificar que nos encontramos numa época de indigestão de ideias. As palavras têm o seu genuíno sentido posto à prova. Comportam-se como objectos manejados irresponsavelmente por faladores que perderam por completo a noção de dignidade que aos conceitos compete. É que as palavras têm dignidade: a que lhe é transmitida por quem as utiliza para representar objectos, situações e fenómenos que possuem um sentido determinado.

O curioso é que esta indigestão acontece numa época que se afirma realística e farta de abstracções e em que todos se mostram ciosos de factos e comprovações. O que se nos impõe agora é dar exemplo de uma confusão que se generaliza e que pede uma rápida confrontação com a realidade.

Confusão indesculpável e evidência contraditória com a aptidão para compreender a origem dos nossos problemas, remediar os prejuízos e reencaminhar o homem num sentido naturalmente correcto, é a que se identifica na linguagem imprecisa de certos "lóbis" e especialistas em técnicas de convencimento. Todos se comprazem em considerar coragem verbal, intelecto, cultura, génio, o que não passa de ideias vazias – ou esvaziadas à custa da prestidigitação das palavras e cabriolas mentais.

Estando assim a palavra ao serviço de uma ideologia ou escolha dogmática de um modo de pensar, que só em si mesmo encontra justificação, pode ser usada para o progressivo desmantelamento dos alicerces e dos conteúdos que constituem o complexo mundo dos valores em que vivemos.

São muitos e variados os exemplos que o choque destas tentativas de subversão de códigos tem provocado desde meados do século XX, no esforço de determinadas correntes para legitimar desvios e rejeitar convicções que, na falta de argumento consistente, chamam "preconceito", "tabu", etc.

Assiste-se agora à proclamação destas reivindicações por medíocres intelectualizados, sabendo sem nunca saber, exigindo justiças fundamentalmente injustas, invertendo sem cessar o sentido e a legitimidade de todas as coisas. Querendo transformar essas reivindicações em direitos e lançar novas convenções que visam uma suposta libertação da sexualidade e dos prazeres, a rediscussão da fidelidade conjugal, etc., desencadeia-se um processo de desconstrução da ética como norma ou regra exterior, em simultâneo com o ethos, o mundo interior de valores de cada pessoa. Promovem-se novas atitudes e condutas, psicológicas e sociais, em que se é levado a transformar as concepções de família, as relações afectivas, os hábitos e atitudes comportamentais, pelo menos como tendência ou possibilidade – senão mesmo como realidade.

Consideração especial merece a pretensão de as uniões de pessoas do mesmo sexo serem consideradas "casamentos". A apologia destas reivindicações insiste em argumentos vários: de "igualdade" de direitos de todos os cidadãos, sociodemográficos e até freudianos.

Que juízo emitir sobre o apelo à liberdade? Um juízo cultural, inclusivamente ético, não pode ser-lhe favorável. A bipolaridade sexual está inscrita na natureza. Não se pode dissociá-la da identidade pessoal, assim como a identidade pessoal não pode ser dissociada da corporeidade.

É evidente que, deste ponto de vista, é do mais elementar bom senso que só deve receber o mesmo tratamento o que for igual e diferente tratamento o que for diferente.

Com as justificações sociodemográficas passa-se algo idêntico. Elas são, por via de regra, baseadas em pressupostos fabricados a partir de dados viciados, truncados, recheadas de conclusões unilaterais e sem nenhuma contra-prova. E até o recurso à teoria freudiana da "bissexualidade psíquica" para fundamentar a fantasia dos desejos e das opções particulares revela profunda confusão de ideias.

Ora, "bissexualidade" não é o mesmo que "bipolaridade". Ser homem ou mulher não resulta apenas de determinadas identificações nem se baseia unicamente nas características físicas. E é no facto biológico da geração e da concepção que se define a identidade sexual e fundamenta o facto sociológico do casamento1.

Se em cada pessoa há algo de masculino e algo de feminino (animus e anima), como afirmam os psicólogos, para haver uma relação de equilíbrio saudável entre duas pessoas é preciso que ambas tenham alcançado certo nível de integração das suas dimensões masculina e feminina. Só essa integração ajuda a compreender melhor a origem dos estereótipos sexuais. E também só ela ajuda a evitar imagens distorcidas do que é um homem e uma mulher.

De facto, há no casal uma oposição, por contraste, que brota espontânea da oposição dos sexos – na essência, a base de coesão e unidade dos pólos positivo e negativo, ou do yang e do yin da cosmogonia chinesa – em face dos opostos da Natureza. Nestes contrastes, os contrários atraem-se, enquanto os iguais se repelem. Não se pode confundir, portanto, o instituto humano do casamento que casa os contrários (heteroi) com um simples pacto associativo entre semelhantes (homoioi).

Os conhecidos casos de condutas inadequadas, como a pederastia, vulgarmente chamada "pedofilia", caracterizados como patologias de natureza sexual, são exemplos quase diários de falhas na conquista dessa integração.

O encontro conjugal é o acto primário relevante da sociabilidade. É provocado pela força atractiva dos pólos opostos que se unem para fazer da sua oposição uma unidade nuclear biológica com extraordinárias e dinâmicas projecções sociais. A consequência "político-social" imediata de uma relação de Pai e Mãe é o aparecimento do Filho. A relação de pais para filho é uma relação de sangue e de lactação (lactação materna), em que nos treinos da adaptabilidade à vida exterior se vai transformando em relação social. A natureza "social" da família decorre desta essência conjugal; a "política" das suas relações externas com outras famílias.

Conclui-se que o instituto humano do casamento é, por si mesmo, um paradigma da sociedade que existe e se desenvolve no âmbito de uma sociedade maior. A família torna-se Gens; a gens, Tribo; a tribo Urbs, a Cidade, o Estado.

Quer isto dizer, em resumo, que não se pode misturar a ideia de igualdade com a de diferença. Tão-pouco se pode invocar aqui o espírito de tolerância no sentido de ausência de critérios e de abdicação de posição e iniciativa próprias. Sendo a tolerância uma condição para o progresso moral da humanidade, ela solicita, de facto, a disposição para reconhecer a diferença protagonizada pelo outro. Mas isto sem nunca abdicar dos nossos valores nem impedir, com a atitude passiva da indiferença, uma tomada de decisões firmes e convictas.

Por tudo isto, também neste assunto, como em todas as áreas do conhecimento, devemos usar uma linguagem clara e concisa, sem deixar que a exuberância linguageira venha a ocupar o lugar devido à realidade.

Não será demais lembrar que já em 1948 Orwell intuiu a conexão entre o Poder e a manipulação das palavras. A nova língua criada pelo "Partido" citado por Orwell servia para controlar e limitar o pensamento humano e, desta forma, aumentar o seu Poder fazendo desaparecer conceitos inconvenientes2. Quando "pais" deixa de significar "pai e mãe", e "esposo" deixa de invocar a ideia de "esposa", temos o resultado do trabalho de transformação do sentido das palavras, que perdem o seu apoio no real.

À luz das considerações precedentes verificamos que há toda uma informação sobre este assunto que é indispensável conhecer com profundidade espiritual, um conjunto de conhecimentos da mais diversa ordem que tem de ser seleccionado e digerido. Pede-se então à nossa consciência filosófica uma nova missão de que forçosamente tem de desempenhar-se sob pena de consentir-se a edificação de um mundo monstruoso, social e espiritualmente diminuídos. Em primeiro lugar, para ajudar no estudo das partes nos domínios essenciais do conhecimento do assunto em apreço. Isto pode implicar até um trabalho sobre a linguagem e sobre o sentido das palavras. Em segundo lugar, para aprofundar a dinâmica da ética rosacruz: por ser enriquecida com a permanente reflexão sobre o direito natural e a sua incidência nas ciências da cultura, ajuda a compreender melhor os fundamentos do direito positivo. E, por último, para trabalhar o conhecimento adquirido como abelha afanosa, para ajudar cada um a integrar estes princípios éticos na sua mundovisão de modo a converter-se, pela sua actividade diária, um agente da evolução do mundo a que tem acesso e sobre que exerce qualquer forma de influência.

http://www.rosacruz.pt/revistarosacruz/tema/edit/edit0904.html





A Falsa Família



O tecido cósmico é espírito puro — ou matéria-energia (1). Estes dois estados do espírito são intercambiáveis, visto não existir separação entre o sector das energias e o da matéria. Brotando espontaneamente nos pólos opostos da Natureza, ambas as categorias formam a base da coesão e unidade da matéria. Com efeito, os contrários atraem-se, ao passo que os iguais se repelem.

A propriedade dos pólos opostos da Natureza não é exclusiva da matéria: ela representa um princípio geral da vida. Todos os seres organizados, até os mais inferiores, sofrem a influência deste laço que permite a manifestação e o desenvolvimento da vida nos diversos reinos da Natureza. E, como tal, ao nível humano assume uma característica de que nos habituámos a considerar apenas o aspecto sentimental que denominamos "amor": a afinidade do ser pelo ser.

A multiplicação das espécies é um fenómeno biológico. Propagar a vida humana através das gerações é um acontecimento universal. O homem e a mulher procuram-se irresistivelmente a fim de realizarem a unidade primária do esquema do grupo social. Tal como na Natureza, os contrários atraem-se enquanto os iguais se repelem.

Ser homem ou ser mulher não é uma realidade secundária ou acidental na vida de alguém, mas sim algo que transcende a simples diferenciação sexual: generaliza-se a todo o ser, atinge as dimensões inconscientes do espírito e interfere nos comportamentos pessoais dinamizando-os constantemente.

Esta atracção dos contrários é a condição natural da procriação. A consequência social imediata de uma sociedade pai-mãe — formada entre um homem e uma mulher — é a que resulta do aparecimento do filho. A relação de pai para filho sucede à relação de marido para mulher. E é em virtude desta parentalidade natural que ambos têm algum direito sobre o filho e lhe possibilitam um importante treino de adaptação à vida exterior, conducente a uma relação social equilibrada.

O natural é o que corresponde às leis que fazem do ser humano parte integrante da Natureza, tornando-o expressão da lei moral natural. Estando a moral sexual, enraizada nas leis da Natureza, não constitui um simples código de regras mais ou menos convencionais e de dimensão relativa que possa variar de acordo com as características da época ou do lugar, por imposição ideológica ou transcendente. Trata-se, pelo contrário, de um perene e universal imperativo da Natureza.

O conceito de Natureza é objectivo e designa o que se oferece ao pensamento e à acção. Mas é também um conceito de valor e significa uma norma válida para esse pensamento e essa acção: o que é são, justo, sábio e perfeito, numa palavra, o que é "natural". A este conceito opõe-se o não-natural, o que é artificial, anormal, doente, corrompido.

Enquanto realidade corporal e espiritual, o homem pertence também à Natureza. Mas, também na medida em que se lhe opõe, separa-se dela, desencadeando uma crise capaz de atingir a ordem social.

Considera-se, por isso, que a Lei, ao regular sobre a estrutura das relações afectivas centrada no casamento e na adopção de crianças, não deve ser indiferente à ordem natural — nem permeável a focos de pressão social. Deve, sim, limitar-se a ordenar o bem comum copiando os procedimentos naturais, proporcionando um pai ou uma mãe, originais ou adoptivos, a quem não os tem e segundo o modelo da família natural.

No afã de estabelecer igualdade de direitos e de excluir qualquer discriminação, esquece-se que — como dizia um antigo professor de Coimbra — a verdadeira igualdade consiste em "tratar desigualmente as pessoas colocadas em situações 'naturalmente' desiguais".

Se a paternidade/maternidade responsável se prolonga muito para além dos actos inicias, a função educativa não é a única após o nascimento. O certo é que a vida afectiva dos esposos é fundamental para o equilíbrio do casal, mas os filhos precisam do amor dos pais para se estruturarem equilibradamente. Por outras palavras, é a relação triangular de equilíbrio afectivo dos esposos entre si e destes com os filhos que sobretudo importa para uma estruturação harmónica do núcleo familiar.

Privar uma criança da diferença sexuada entre o pai e a mãe é, desde logo, privá-la das aptidões individuais e dificultar-lhe a própria aceitação como homem, se é homem; como mulher, se é mulher. E, por isso, não tem o direito de gerar ou educar uma criança quem não esteja disposto e em condições de viver uma via de amor matrimonial segundo a ordem natural.

O mesmo se diga em relação à forma e aos argumentos como as confissões religiosas cristãs têm discutido a definição da família (2).

Não há dúvida de que o cristianismo autêntico deve abster-se de toda a mentalidade fixista e classificadora em compartimentos estanques.

Contudo, a simples mudança de uma linguagem "moralista" para outra mais "inclusiva e compreensiva", dando satisfação a reivindicações inéditas e controversas na área das relações familiares, sugere uma clara indulgência pelo conceito "moderno" de "família não natural", produto este essencialmente cultural e, portanto, condicionado por realidades sociais e políticas. Ora, não se vê como conciliar esta indulgência com a ordem moral que, estando intimamente ligada à ordem ontológica, não constitui um simples código de regras mais ou menos convencionais e passíveis de variar caso a caso — nem decorre de imposições ideológicas ou transcendentes.

Esta falsificação do conceito de família leva à "coisificação" da pessoa. Pior: rebaixa o "amor" à posição de mera função hedonista e compromete o esforço imparcial para alcançar o conhecimento científico de como se ordena o mundo.

Felizmente, as religiões tendem agora a convergir para o cristianismo autêntico e sempre renovado. Porém, tal convergência só poderá operar-se na linha de síntese da fé com uma visão científica do mundo. E esta via de espiritualização, que confere a dimensão cósmica ao cristianismo, passa naturalmente pelo rosacrucianismo, que confere um sentido supremo a tudo o que existiu, existe e existirá.

Sendo assim, impõe-se da nossa parte, com particular urgência, uma dinâmica que faça convergir e desenvolver todas as possibilidades da evolução ou, por outras palavras, todas as forças espirituais.

F.M.C.

(1) Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmo, 4ª ed.,  pp 98, 149, 254.
(2) Cf. Jean-Marie Guénois, Défense de la Famille Tradicionelle, in "Le Figaro Évenement – Le Pape François", Octobre 2014; João César das Neves, O Programa de Francisco, in "Nova Cidadania", Verão 2014.

http://www.rosacruz.pt/auditorio/index.php/138-revista-rosacruz/editorial/392-a-falsa-familia
C'est dans l'air.

" Speak no evil, see no evil & ear no evil "

Morgana32
#2
É um tema muito complexo, em todo o caso acho que todos temos o direito de ser felizes, seja com pais biológicos ou adoptivos.
Temos que pensar que as crianças que são abandonadas em instituições, ou deixadas com familiares foram concebidas por casais heterossexuais, logo se eles não os querem porque não serem adoptados por pessoas do mesmo sexo? O que importa é o amor que lhes é dado...

#3
Todos os seres humanos merecem ser tratados com dignidade e respeito. Não há excepções.
Como a Morgana32 disse é melhor que uma criança seja adoptada por homossexuais do que continuar institucionalizada.
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

O que conta é o amor.

E não vale a pena dizer mais nada. Quando casais heterossexuais falham como pais, esta tudo dito.

No comments...já vários aqui deram excelentes respostas, não é preciso dar mais uma, mas já que cá estou, pergunto, qual o mal de um casal homossexual adoptar? Já foste a alguma instituição onde estão as crianças á espera de adopção? Eu fui, e digo-te não são os melhores lugares do mundo para uma criança crescer...
"Um dia eu lhe disse para esconder o seu coração... Você deveria ter escutado"

A minha opinião neste assunto é um tanto ou quanto suspeita, sendo eu homossexual de qualquer forma o caminho que eu decidi seguir nesta vida não envolve eu ter ou adoptar crianças, nem por isso deixo de concordar com as opiniões dadas pelos restantes membros.

Se um casal heterossexual falha redondamente na sua função e procede à criação de um novo ser para seu próprio prazer e depois o descarta como se fosse uma peça de roupa, essa criança não escolheu ser colocada neste mundo sozinha e como tal merece todo o suporte devido e amor que lhe possam dar seja ele de que tipo for, as pessoas homossexuais não são diferentes das heterossexuais, não tem nenhuma deficiência e podem muito bem cuidar de uma vida.

Eu só sou contra a denominação de casamento entre casais do mesmo sexo. Chamar-lhe-ia contrato familiar, sociedade familiar ou qualquer outro nome. Quanto a esses casais poderem adoptar uma criança, porque não haviam de adoptar? As crianças apenas necessitam de amor, alimentação e educação. Se existem casais homossexuais que lhes podem dar isto tudo, porque privá-las? O amor não tem sexo, cor ou idade. Reside apenas no coração.

Mas digam não como? Onde?

A lei já foi aprovada, falta apenas a promulgação!

Em que mundo vives? ::)

E eu sou defensora que quem não tem vocação para educar, amar, ensinar não deve ter crianças nas mãos. Seja casal heterossexual ou homossexuais. Eu aqui não faço distinções.
Os dois testes mais duros no caminho espiritual são a paciência para esperar o momento certo e a coragem de não nos decepcionar com o que encontramos.
Paulo Coelho

Citação de: flor123 em 16 janeiro, 2016, 12:47
E eu sou defensora que quem não tem vocação para educar, amar, ensinar não deve ter crianças nas mãos. Seja casal heterossexual ou homossexuais. Eu aqui não faço distinções.

Aí está uma grande verdade! O problema e que pressionam tanto para termos filhos, que muita gente que não os quer acaba por os ter! Quem não quer ter filhos é porque não sabe o que quer, vai mudar de ideias mais tarde, é egoista, ou outra coisa qualquer. Não respeitam a decisão de não ter filhos.

#11
Citação de: Forbidden em 16 janeiro, 2016, 13:33
Aí está uma grande verdade! O problema e que pressionam tanto para termos filhos, que muita gente que não os quer acaba por os ter! Quem não quer ter filhos é porque não sabe o que quer, vai mudar de ideias mais tarde, é egoista, ou outra coisa qualquer. Não respeitam a decisão de não ter filhos.

Acho que não é por aí. Ter um filho é uma coisa muito séria e deve ser bem ponderada. Eu se não quisesse um filho podiam dizer o que fosse que não tinha um filho e mais nada, a vida minha eu é que sei e quero que se lixe o que os outros pensam. Ninguém vai ter um filho para agradar. O dinheiro que vai sustentar um filho não é o deles, por isso o que os outros dizem não interessa. E se nunca me meti na vida deles agradeço que não o façam comigo.

O problema é que há muita gente que anda aí na brincadeira com uns e outros e depois lá acontece e o que vai ser da criança ? Enquanto se divertem não pensam.
Falando de casais, há casais que querem muito ter filhos, e têm-nos, mas nem toda a gente que tem filhos tem capacidade para ser pai/mãe, depois tratam mal os filhos, descarregam as suas frustrações etc etc.
Eu não suporto andar na rua e ver uma mãe ou um pai a oferecer logo porrada ao filho, mas o que é isto ? Não lhe dá educação em casa depois vem para a rua fazer figuras.

Citação de: Amunet em 16 janeiro, 2016, 13:42
Acho que não é por aí. Ter um filho é uma coisa muito séria e deve ser bem ponderada. Eu se não quisesse um filho podiam dizer o que fosse que não tinha um filho e mais nada, a vida minha eu é que sei e quero que se lixe o que os outros pensam. Ninguém vai ter um filho para agradar. O dinheiro que vai sustentar um filho não é o deles, por isso o que os outros dizem não interessa. E se nunca me meti na vida deles agradeço que não o façam comigo.

O problema é que há muita gente que anda aí na brincadeira com uns e outros e depois lá acontece e o que vai ser da criança ? Enquanto se divertem não pensam.
Falando de casais, há casais que querem muito ter filhos, e têm-nos, mas nem toda a gente que tem filhos tem capacidade para ser pai/mãe, depois tratam mal os filhos, descarregam as suas frustrações etc etc.
Eu não suporto andar na rua e ver uma mãe ou um pai a oferecer logo porrada ao filho, mas o que é isto ? Não lhe dá educação em casa depois vem para a rua fazer figuras.

Eu nao vejo as coisas assim. Eu como homem nem sofre tanto com isso (embora também exista pressão sim "ai, e os netinhos quando veem?!!"), mas vejo bem a pressão que fazem a uma mulher com mais de 30 anos pra ter filhos, é desumano... se não os tiver é uma má pessoa, má mulher, egoista, etc. É isso o que eu vejo. Já pra não falar das vezes que engravidam e não fazem o aborto também por pressão... nem toda a gente tem força de vontade suficiente pra fazer valer os seus desejos.

#13
Citação de: Forbidden em 16 janeiro, 2016, 13:56
Eu nao vejo as coisas assim. Eu como homem nem sofre tanto com isso (embora também exista pressão sim "ai, e os netinhos quando veem?!!"), mas vejo bem a pressão que fazem a uma mulher com mais de 30 anos pra ter filhos, é desumano... se não os tiver é uma má pessoa, má mulher, egoista, etc. É isso o que eu vejo. Já pra não falar das vezes que engravidam e não fazem o aborto também por pressão... nem toda a gente tem força de vontade suficiente pra fazer valer os seus desejos.

Mas isto já tem a ver com a personalidade das pessoas. Preferes viver para agradar os outros ou para seres feliz ?
Uma pessoa se tiver capacidade de resposta e de enfrentar os outros , os outros com o tempo calam-se e não se metem mais.

Aliás, és casado , tens a tua vida, a tua casa, só estás com a tua familia(mãe, pai, tios, avos, irmãos) quando quiseres, eles só se metem na tua vida se tu deixares. Se se meterem corta-se , convive-se menos com eles.

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"