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  • Monges de Sintra
    Iniciado por xseven
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Viva
Alguém sabe de uma "história" ocorrida entre os sec XI e XII (teoricamente) e que envolveu um grupo de monges sediados na Serra de Sintra (Cintra) e um nobre que habitava a zona?
Segundo creio, o tal cavaleiro nobre perseguiu os monges até os conseguir expulsar.
A história pode não ser bem assim, mas não disponho de mais dados, daí procurar toda a informação possível.
Obrigado

Retirado do site da Camara Municipal de Sintra.
"Lisboa foi pouco depois da sua entrega a Afonso VI conquistada pelos almorávidas, assim como Sintra, só resistindo Santarém devido aos esforços empreendidos por D. Henrique de Borgonha, que Afonso VI nomeara conde de Portucale em 1096, em substituição de Raimundo de Borgonha. É neste contexto de manutenção da fronteira do Tejo que, em julho de 1109, o conde D. Henrique reconquista o Castelo de Sintra. Esta fortificação foi, ainda, alvo de surtidas esporádicas, caso, no ano anterior, do assalto comandado pelo príncipe Sigurd, filho do rei Magnus da Noruega que, de passagem em cruzada à Terra Santa, desembarcara na foz do Rio de Colares.

Mas é só após a conquista de Lisboa, em outubro de 1147, por D. Afonso Henriques auxiliado pelos cruzados, que Sintra - cuja guarnição do castelo se entrega ao rei em novembro — é definitivamente integrada no espaço cristão, no contexto da conquista de outras duas cidades: Almada e Palmela. Logo após a tomada de posse do Castelo, D. Afonso Henriques aí funda a igreja de São Pedro de Canaferrim.

Em 9 de janeiro de 1154 D. Afonso Henriques outorga Carta de Foral à Vila de Sintra com as respetivas regalias. A Carta de Foral estabelece o Concelho de Sintra, cujo termo passa a abranger um vasto território, pouco mais tarde dividido em quatro grandes freguesias: São Pedro de Canaferrim, com sede paroquial junto ao Castelo; São Martinho, com sede paroquial no centro da Vila; e Santa Maria e São Miguel, ambas com sede paroquial no Arrabalde.

Nestes primórdios da vida municipal de Sintra, existia na Vila uma significativa comunidade de sefardins, que dispunha de sinagoga e de bairro próprio, a Judiaria - designação que chegou aos nossos dias no âmbito da micro-toponímia do Centro Histórico. Referem, por outro lado, os documentos, a existência de mouros-forros dos quais existia uma comunidade importante, por exemplo, em Colares, cuja subsistência ainda é referida no reinado de D. Dinis. Outra documentação assinala numerosos antropónimos de tipo godo, reminiscências, decerto, dos cruzados ou das gentes do Norte da Península chegados com a reconquista de D. Afonso Henriques. Alguns nomes de cariz moçárabe, menos frequentes, ou mesmo latino, apontam para antigas populações autóctones.

Ao longo dos séculos XII e XIII, fazendo jus à fertilidade das terras do termo de Sintra, vários conventos e mosteiros, assim como ordens militares, aqui possuem casais, herdades, azenhas, vinhas. Existe, no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Sintra, notícia documental de um grande número de doações. Assim, logo em 1157 ou 1158, D. Afonso Henriques (1139-1185) faz doação, ao mestre da Ordem do Templo, D. Gualdim Pais, de várias casas e herdades no termo de Sintra e de umas «casas de morada» nas proximidades do Paço.

Em 1210, o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra afora quatro casais que detinha em Pocilgais, tornando a aforá-los mais tarde, em 1230. 0 mesmo cenóbio coimbrão possuía, em 1264, vinhas e casais em Almargem. O Mosteiro de São Vicente de Lisboa detinha, em 1216, uma vinha na várzea de Colares e, em 1218, herdades em Queluz e Barota. Em data situada entre 1223 e 1245, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça possuía vários privilégios nesta área. A Ordem militar de Santiago possuía, em 1260, uma herdade na Arrifana, a qual afora nesse ano.

As doações régias ocorridas no século XII e XIII a conventos, mosteiros e ordens militares - assim como os próprios privilégios outorgados pelo foral de D. Afonso Henriques e confirmados em 1189 pelo seu filho D. Sancho I (1185-1211) -, correspondem a uma estratégia de organização estrutural de carácter político, social e económico do território sintrense pós-Reconquista. É assim que, logo a partir de 1261, Sintra possui uma administração local constituída por um alcaide que representa a Coroa e por dois alvazis ou juízes eleitos pelo povo.

No contexto das conturbadas relações entre a coroa e a igreja durante o reinado de D. Sancho II (1223-1248) — que levaram à deposição deste pela Santa Sé em 1245 e à nomeação do seu irmão, o infante D. Afonso, Conde da Borgonha, regente do reino , as igrejas de São Pedro e de São Martinho, que pertenciam ao rei, são cedidas, respetivamente, a título de reparação, ao bispo de Lisboa e ao cabido da Sé.

O tecido social da Vila e do seu termo, após a Reconquista e durante a fase de estruturação do poder régio que se prolonga, nos seus aspetos fundamentais, até ao reinado de D. Dinis (1279-1325), soube assimilar, no âmbito de uma tradição secular, cristãos e mouros. Há notícia documental, em 1281, de a comunidade de mouros-forros de Colares se ter queixado ao rei do elevado teor das contribuições que sobre si recaíam e de D. Dinis as ter reduzido para o quarto das colheitas em troco de trabalho no Paço da Vila."

Sei que não responde a sua pergunta, mas espero ter contribuído...
"Sabemos o que está certo, sabemos o que está errado, fazemos o que esta certo e evitamos o que está errado"

Obrigado
De facto não responde e por acaso já tinha lido o texto, mas é sempre bom dá-lo a conhecer a outros interessados, só por isso já valeu a pena.
Sei que não é fácil, já fiz alguma pesquisa e não encontrei nada, por isso a esperança não é muita, mas nunca se sabe, (talvez haja por aí algum Adrião ou Mendanha escondido...)