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  • Memórias de Padre Germano- Livro Mediunico
    Iniciado por misticopt28
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O Padre Germano arrebanhou muitas ovelhas desgarradas, guiando-as pela senda estreita da verdadeira religião, que outra não é senão a do bem pelo bem, e amando — não só o bom, que por excepcionais virtudes merece ser amado ternamente, como também o delinquente — enfermo d'alma que, em gravíssimo estado, só com amor se pode curar.

A missão desse Padre em sua última encarnação foi, de fato, a mais bela que porventura possa ter o homem na Terra; e visto como, ao deixar o invólucro carnal, o Espírito prossegue no espaço com os mesmos sentimentos humanos, pôde ele sentir, liberto dos seus inimigos, a mesma necessidade de amar e instruir o próximo, buscando todos os meios de completar tão nobilíssimos desejos.

À espera de propícia ocasião, encontrou, finalmente, um médium falante puramente inconsciente, ao qual dedicava, contudo, esse achado: — importava que tal médium tivesse um escrevente capaz de sentir, compreender e apreciar o que o médium por si dissesse.

A isso me prestei eu, de boa vontade, e no veementíssimo intuito de propagar o Espiritismo, trabalhamos os três na redacção destas "Memórias", até 10 de Janeiro de 1884.

Não guardam elas perfeita ordem com relação à existência do Padre, sendo que, tão depressa relatam episódios verdadeiramente dramáticos da sua juventude, como deploram o isolamento da sua velhice; em tudo, porém, que diz o Padre Germano, há tantos sentimentos, religiosidade e amor a Deus; admiração tão profunda das leis eternas e tão grande adoração à Natureza, que, lendo estes fragmentos, a criatura mais atribulada se consola, o mais céptico espírito conjectura, comove-se o maior criminoso, cada qual procurando Deus a seu modo, convencido de que Ele existe na imensidade dos céus.

Um dos fundadores de A Luz do Porvir, o editor João Torrents, teve a feliz idéia de reunir em volumes as Memórias do Padre Germano, às quais adicionei algumas comunicações do mesmo Espírito, por ter encontrado nelas imensos tesouros de Amor e de Esperança — esperança e amor que são frutos sazonados da verdadeira religiosidade por ele possuída de muitos séculos.

Sim, porque para sentir e amar como ele, conhecendo ao mesmo tempo tão profundamente as misérias da Humanidade, é preciso haver lutado com a fonte nunca estanque das paixões, com a tendência dos vícios, com o estímulo indômito das vaidades mundanas.

As grandes e inveteradas virtudes, tanto quanto os múltiplos conhecimentos científicos, não se improvisam porque são a obra paciente dos séculos.

E sejam estas linhas — humilde prólogo às Memórias do Padre Germano — as heras que ocultam o ramo de violetas, cujo delicadíssimo perfume há de ser aspirado com prazer pelos sedentos de justiça e famintos de amor e verdade.

Amalia Domingo Soler

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Quando surgiu a obra Memórias, ditada pelo Padre Germano? Quem a organizou? Quais editoras a publicam?

Trata-se de uma obra muito antiga. Publicada inicialmente como artigos fragmentados, em periódicos espanhóis, foi transformada em livro no ano de 1900. Estes fragmentos de memórias foram ditados pelo Espírito do Padre Germano a um médium falante chamado Eudaldo Pagés e registados por Amália Domingo Soler, que fora um ícone do Espiritismo na Espanha no final do século XIX e início do século XX. No Brasil, o livro Memórias do Padre Germano foi traduzido para o português e publicado pela primeira vez em 1917 pela Federação Espírita Brasileira. Depois disso foi reeditado várias vezes pela FEB e ainda passou a ser publicado também pelo Instituto de Difusão Espírita (IDE) de Araras e pela Editora 3 de Outubro.

Para situar o leitor, informe quem foi Padre Germano.

Padre Germano foi um sacerdote da Igreja Católica que viveu provavelmente entre os séculos XVIII e XIX, na região norte da Espanha e/ou sudoeste da França, próximo ao litoral do Mediterrâneo. Nessa existência quis, por dever, viver o sacerdócio do Cristo, determinado a cumprir seu Evangelho entre os pobres e humildes, particularmente entre as crianças. Pela radicalidade de sua missão consciencial, não fora aceito pela Igreja-instituição/poder e, por isso, expulso para exercer o sacerdócio nos lugares mais simples, longe dos grandes centros urbanos. Mas seu carisma logo  se espalhou por toda a região, e as pessoas das grandes cidades passaram a procurá-lo em sua pequena aldeia, devido à fama de sua "santidade". Desses encontros, quase sempre ocasiões de confissões, padre Germano conheceu as misérias humanas e viu nestes seres, não pecadores, mas Espíritos doentes, necessitados, quase sempre, de orientações corretas e de oportunidades para reorientarem suas vidas.  

O que mais lhe chamou a atenção na obra? Por quê?

A postura de um Espírito cônscio de seu dever. Os grandes deveres são compromissos reencarnatórios assumidos no plano espiritual, mas esquecidos diante das conveniências da existência material. Muitos irmãos não se dão conta da importância de aproveitar a nova oportunidade de vida na carne e vivem todo o tempo a reclamar da vida ou a "passar férias". Os exemplos citados nos diversos fragmentos de memórias do Padre Germano situam muito bem que os grandes dramas humanos, as angústias e aflições mudam exteriormente, mas no fundo permanecem os mesmos. Aqueles que não querem uma existência restrita a um "passar férias" encontrarão nestes exemplos verdadeiras luzes a nos orientar nos trabalhos e decisões da vida, considerando nossa particular necessidade de progresso, de acordo com a eterna Lei.  

Nas palestras que tem proferido sobre a obra, como tem sentido a reação do público?

Silêncio profundo ...  Reflexão ... Vontade de ser melhor... Em todos nós que estamos presentes nestas ocasiões de reflexões tem sido uma experiência muito particular a cada comunidade por onde temos estado. Vivemos com o público ocasiões de reflexões mais profundas, dessas em que a alma se desnuda e põe-se pequenina diante dos feitos, mas esplendorosa diante das possibilidades do que podemos fazer.

Em suas palestras, é possível constatar que muita gente ainda não conhece o livro?

Oh, sim!  Poucas pessoas leram o livro Memórias do Padre Germano, geralmente pessoas mais idosas. Dentre os mais jovens é um livro quase desconhecido. Mas quem já leu guarda belas lembranças da leitura. E aproveitamos essas pessoas, durante a exposição, para nos auxiliarem contando os belos casos narrados pelo padre Germano. Temos conseguido que muitos que já leram sintam-se motivados a nova leitura e um número muito grande de pessoas que ainda não conheciam o livro que adquiram o livro e iniciem a leitura. Procuramos orientar para que seja uma leitura individual, nos momentos diários de silêncio e recolhimento.  

Há retorno do público após a leitura do livro?

Tem havido grande retorno. Pessoas que nos escrevem relatando o encantamento com a obra. Outras relatando que já tinham lido, mas não tinham compreendido a profundidade das lições e que agora, com uma nova leitura, ficaram perplexas.  

Destaque para o leitor um grande ensino do livro.

Citarei uma frase do padre Germano:  "Admiram o que vocês chamam de minhas virtudes e que, na realidade, não foram nada senão o estrito cumprimento de meu dever. Não pensem, filhos meus, que fiz nada de particular; fiz o que deveriam fazer todos os homens: dominei minhas paixões, que são nossos mais encarniçados inimigos".  

Dentre tantas narrações emocionantes constantes do livro, qual o marcou mais intensamente?

Certamente a passagem intitulada "As três confissões", onde padre Germano relata que amara uma mulher e que nunca nela tocara, por dever consciencial de compromisso com o sacerdócio nessa encarnação. Nesse fragmento ele divide com o leitor sua particular angústia de ter ouvido em três ocasiões a confissão de amor da "menina pálida, dos cachos negros", mas que se tratava de um amor que ele não tinha o direito de gozar, não no sentido matrimonial.

O que você diria para quem ainda não conhece o livro?

Que busque um e comece a lê-lo hoje ainda!  

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Repetir Emmanuel quando, prefaciando o livro Renúncia, afirma que existem livros que são de sentimentos, para serem lidos com o coração. Este,  Memórias do Padre Germano, certamente é um deles.

Fonte: orsonpetercarrara
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.