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  • Porque não encontro o meu propósito de vida?
    Iniciado por Puca
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Puca
"A mais profunda forma de desespero é escolher ser outro que não si mesmo."
Soren Kierkegaard (1813-1855)

O significado de propósito e sentido de vida aqui está nos moldes dessa afirmação do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard mas também lembra, talvez ainda mais, a máxima do clássico indiano Bhagavad Gita (cap III, v.35), que diz que "Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem". A psicóloga Shelley Prevost, terapeuta do Lamp Post Group, listou cinco razões pelas quais "nos perdemos" no caminho e entramos nessa crise de não enxergar mais sentido ou propósito, num post publicado na revista Inc intitulado "5 Razões Pelas Quais A Maioria das Pessoas Nunca Descobre Seu Propósito" (5 Reasons Why Most People Never Discover Their Purpose).

A maior parte do texto está traduzido abaixo, com observações, comentários e links a respeito de cada item. Não é intenção apresentar a lista da Shelley como "a" lista de razões para isto ou aquilo, mas é uma visão interessante que pode adicionar aos passos do nosso (verdadeiro) caminho. Segundo o sábio indiano Sri Ramana Maharshi, o que nos faz encontrarmos nosso próprio caminho e sentido é apenas uma coisa: investigarmos profunda e verdadeiramente quem somos.
 
Eis a lista:
 
1. Você vive de fora pra dentro e não de dentro pra fora:

Esse é o primeiro e o principal de todos eles. Os outros praticamente decorrem desse. Aqui está o conceito de Matrix, do filme de 1999. "Quem olha pra fora, sonha; quem olha pra dentro, acorda", já disse Carl Jung.

Diz a Shelley Prevost no seu artigo:


"Desde a infância as pessoas são ensinadas a procurar outras pessoas para se guiarem. As normas sociais são uma parte importante da infância – você imagina como deve agir em relação aos outros — mas o problema começa quando você estende esse processo e inclui algo tão pessoal quanto o propósito da sua vida. Algumas pessoas tem nossa confiança e a capacidade de nos ajudar a encontrar nosso real propósito único. Se você é uma dessas pessoas que tem essas companhias, você tem sorte! Mas a maioria das pessoas, mesmo as bem intencionadas, escolhem nos colocar dentro de compartimentos que fazem mais sentido pra elas. Para ganhar a aprovação delas, você se dispõe a entrar dentro do compartimento. Para manter a aprovação delas, você aprende a negar seguidamente quem você é. Em situações demais você vive num roteiro de outra pessoa".



2. Você procura uma carreira antes de ouvir seu chamado:

Esse na verdade é uma consequência do primeiro. No caso do propósito de vida, essa é a pior (consequência). Isso já foi muito bem tratado num vídeo do psiquiatra chileno Claudio Naranjo, onde ele diz que "É normal não encontrar sentido na vida quando se está muito condicionado pelo mundo". Já com 15, 16 ou 17 anos você já está sofrendo toda a pressão dos pais, amigos e da sociedade inteira por uma carreira definida e que, de preferência, dê um longo e financeiramente estável futuro.

Como diz o filósofo zen-budista Alan Watts em um outro vídeo, "E se o dinheiro não fosse a finalidade?".

Diz a Shelley no artigo dela:


"Nossa sociedade reduziu o sucesso a uma lista de itens a serem preenchidos: formar-se no colégio, conseguir um(a) companheiro(a), ter filhos, sossegar num caminho profissional bem definido e ficar ali até que os cheques da aposentadoria comecem a chegar. Esse caminho bem costurado coloca as pessoas na direção do conformismo, não do propósito. Estamos tão ocupados evitando medos auto-impostos de não sermos suficientemente (preencha aqui alguma qualidade) – espertos o suficiente, criativos o suficiente, bonitos o suficiente – que raramente paramos e nos perguntamos "Estou feliz e satisfeito? E se não, o que eu deveria mudar?"

Encontrar seu propósito tem a ver com ouvir essa vontade interior. No livro "Deixe Sua Vida Falar", Parker Palmer diz que deveríamos deixar nossa vida falar a nós, e não dizer à vida o que vamos fazer com ela. Um chamado é apaixonado e compulsivo. Começa com uma curiosidade ("Eu gostaria de tentar isso") e então se transforma num mandato que você simplesmente não pode mudar. Um chamado não é um caminho fácil, e é por isso que a maioria de nós nunca o conhece. Tememos o esforço, a idiotice, o risco e o desconhecido. Então escolhemos uma carreira porque preenche os itens que fomos convencidos a preencher."



3. Você odeia o silêncio:

Bom, não conheço muitas pessoas que realmente odeiem o silêncio, mas muitas que "não suportam". A justificativa é que o silêncio ou é angustiante ou uma perda de tempo. Aqui não há muita discussão, pois apenas no silêncio de si mesmo é que se descobre a essência da vida, por mais subjetivo e deconhecido que isso parece, então se não houver isso, não há mais muito o que fazer. Apesar de algumas pessoas irem bem em seus caminhos e carreiras sem o tal silêncio, se você prestar atenção vai perceber que muitas delas cultivam o silêncio e os longos momentos contemplativos pessoais com bastante frequência. A experiência de estar preenchendo seu próprio propósito é calmante e satisfatória, inclui e se deleita no silêncio, enquanto que a experiência (ainda que bem sucedida) de estar fora do seu caminho traz angústia e inquietação, coisa que o silêncio acentua e que, por isso, se rejeita.

No texto da Shilley:


"Vivemos numa sociedade que não valoriza o silêncio. Valoriza a ação.

Mas viver sem silêncio é perigoso. Sem ele, você acaba acreditando que seu ego – e tudo que ele quer – é seu propósito. Se você imaginar bem esse cenário, sabe que ele não termina bem. Viva uma vida onde o Ego está no comando e você encontrará o esgotamento – e uma questão: "Eu tenho uma ótima vida. Porque não estou satisfeito?".
 
O silêncio abafa o barulho e cria um espaço para a autenticidade aparecer. Em silêncio, você pode se perguntar como sua vida ou seu trabalho realmente está indo e pausar para esperar a resposta. Em silêncio, você dá tempo para que as informações da sua vida convirjam em algumas lições. Geralmente, entretanto, antes que as lições tenham tempo para penetrar você já foi para a próxima distração."



4. Você não gosta do lado sombrio de si mesmo:

A não ser que você tenha nascido um iluminado, o que neste caso não estaria lendo esse blog (rs), as chances de você não gostar ou não ter gostado da sua sombra são de 100%. O trabalho de conhecer e aceitar e crescer com o próprio lado sombrio é geralmente uma consequência do trabalho esmerado e profundo sobre si mesmo, seja em terapia, em meditação, em outras práticas, ou tudo isso junto. Aqui, de novo, aparece nossa cultura que não vê nenhum valor em não rejeitar ou em aceitar algo "ruim", "negativo", traços de fraqueza ou maldade ou escuridão. É a sombra, como definiu Carl G Jung.


"A sombra é o lado da sua personalidade que você não quer que os outros vejam. Representa suas deficiências, suas falhas, suas motivações egoístas. A maioria de nós evita isso antes que qualquer um possa ver. Mas há uma coisa: a parte de você que é a mais escura tem a maior quantidade de coisas para lhe ensinar sobre seu propósito. Se descobrir seu propósito é realmente sobre auto-conhecimento, sua escuridão lhe mostra onde você mais precisa crescer. Mais importante ainda, mostra de quem você mais precisa aprender. É das pessoas que você menos gosta que você tem mais a aprender sobre si mesmo. Mas a maioria ignora o lado sombrio. Em vez disso, você busca relacionamentos confortáveis que reforcem as imagens gastas e obsoletas de si mesmo."



5. Você ignora a mente inconsciente:

Diz a Shelley:


"No livro "The Social Animal", David Brooks fala sobre o preconceito de nossa cultura que diz que "a mente consciente escreve a autobiografia da nossa espécie". Assim como Brooks, acredito que nossa cultura tem um relativo desdém pela mente inconsciente e tudo que ela representa – emoções, intuição, impulsos e sensibilidades. Para descobrir nosso propósito, temos que estar confortáveis com nossa mente não-lógica. Você deve se acostumar em não ter as respostas. Você deve tolerar a ambiguidade e aceitar as lutas.
 
Deve se permitir sentir – profundamente sentir. Planejar intelectualmente seu caminho em direção a uma vida com propósito não funcionará nunca. Mas isso é pedir demais para a maioria das pessoas. Elas vão negar, despistar, ridicularizar ou simplesmente ignorar. E essa é a razão pela qual a maioria de nós viverá sem saber qual o verdadeiro propósito."


Parece lógico e sensato que deveríamos ter o controle de tudo (ou da maioria das coisas) e estarmos plenamente conscientes de todos os nossos passos e não sofrermos com fraquezas nem obstáculos. Mas a vida simplesmente não é assim. "Há muito mais coisa entre o céu e a Terra, Horácio, do que imagina vossa vã filosofia", já dizia Shakespeare. E a mesma coisa vale nosso universo interior. O ser humano é uma manifestação da forças e energias múltiplas, dinâmicas e inteligentes, e reconhecer e viver isso é apenas um dos passos no caminho do auto-conhecimento e do próprio propósito. Não é a toa que várias técnicas terapêuticas levam em conta todo esse compêndio que a vida humana expressa, e é assim que entendem e curam e integram o ser em si mesmo.
 
(por Nando Pereira | Via: Dharmalog)


Sempre ouvi dizer que o propósito da vida é fazer a vida ter propósito :)
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Puca
Ahahaha!

Pois...mas para haver um propósito tem de haver uma vida para ser vivida num determinado sentido e não sentar em baixo do chaparro a vê-la passar. ;)

Mesmo quem passa a vida debaixo dum chaparro, tem um propósito  :P
"Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber." - Albert Einstein

Puca

sofiagov
esperar que a vida passe, não é viver...é observação inerte....

talvez o propósito da própria vida é esse matrix conjugando entre saltitos de dentro para fora e fora para dentro, uma troca de energias e junções ....

Excelente!

Dá mesmo que pensar... qual o propósito da vida? Ser feliz, eu acho! E para isso percorremos um caminho, num determinado sentido, como referiu a Puca e bem. Um caminho com metas e objectivos, obstáculos, alegrias, tristezas, frustações, etc... tudo faz parte, é preciso é tirar proveito e lições, indo sempre de encontro ao nosso propósito!

Há quem seja feliz debaixo do chaparro...! :D ;D

Muitos escolhem a droga, violência álcool, etc, por falta de propósito de vida.
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

Puca
#8
Está-se aqui a falar de algo muitíssimo importante que é a nossa verdade interior.

Passamos a vida a representar papeis, muitas vezes mais em beneficio de outros de que de nós próprios: O simpático, o empresário, a dona de casa, o sociável, o patrão, o servil, etc.

Mas qual é a nossa verdade mais profunda? Qual ou quais destes papeis sou realmente eu e não um "boneco" de mim? Qual o sentido mais profundo da minha existência? Qual a minha real vocação? Em que momentos estou a ser verdadeira comigo ou a representar um personagem?

Exemplo: Dois médicos, um optou por esta profissão pelo status, pelo rendimento. O outro vela vocação, pelo impulso interno que sente em ajudar o outro. Ora o qual está realmente a servir o seu propósito nesta vida?

:)

Se calhar, ambos. Se ambos alcançaram aquilo pelo que lutaram, ambos servem o seu propósito na vida, independentemente de ser mais ou menos louvável.

Digo eu... ::)

Puca
Não concordo cepticoucrente.
O primeiro segue no caminho do "boneco" mais proveitoso para o próprio ego,  a sua realidade pessoal, da Alma, não passa pelo beneficio material e de reconhecimento pessoal, mas sim por algo muito mais profundo, aquilo que lhe toca o coração. Não estou a dizer que seja errado e pode ser óptimo naquilo que faz, no entanto seria certamente mais feliz se seguisse a voz coração.

Mas creio que é isto que acontece na maioria das vezes a nível profissional, por falta de opções e necessidade de sobrevivência. Mas pode-se compensar, podemos fazer da nossa verdade interna um Hobby. Se a grande vocação desse médico for, por exemplo, a expressão pela musica, pode dedicar-se a isso a nível pessoal. Assim a sua verdadeira essência não ficará aprisionada num canto uma vida inteira.

Compreendo o que dizes, Puca.

Eu peguei no exemplo que deste e imaginei os dois tipos de médicos. Porque já vi a trabalhar esses dois tipos de médicos, por acaso. E o meu comentário baseou-se no facto de, no caso do primeiro, não "dar mais" do que aquilo. Aquele ser que apenas vive para o status, estás a ver? E é feliz por ter bens e dar festas e ter uma clínica com o nome dele... há pessoas assim, como direi... mais vazias, entendes?

Mas pensando no que disseste, olha, isso acontece comigo. Não sou realizada profissionalmente, trabalho para viver e sobreviver e para ter dinheiro para poder dedicar-me à dança, onde sou realmente eu e onde sou verdadeiramente feliz!

Isto dá bem que pensar, de facto... ::)

Citação de: Puca em 01 julho, 2015, 00:32
Esperar que passe? ;)

Eu diria antes, que o propósito é evitar insolações. ;)
Nas regiões interiores o calor faz-se sentir com maior intensidade e ficar ao sol muito tempo pode trazer consequências graves à saúde.
Outro exemplo... Buda, também não fazia nada fisicamente, ou seja, passava os seus dias debaixo das árvores a meditar e em contacto com a natureza... Como vêem, a nossa existência neste mundo, nem sempre significa que temos de "rebentar" com o nosso corpo físico, a trabalhar que nem "mulas de carga". Podemos estar por cá, apenas para evoluir espiritualmente, tal como o Buda, Ghandi, e outros tantos :)
"Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber." - Albert Einstein

Puca
Claro que sim Indigo, mas isso não é "fazer nada", é "fazer muito" noutra dimensão. E claro, levar o chapelito e protector solar. :)

Infelizmente muitas pessoas ainda pensam que o propósito da suas vida, é trabalhar no duro para ter muito dinheiro para irem de férias para destinos tropicais, ou comprarem grandes luxos para as suas vidas... Infelizmente essa mentalidade leva a humanidade a trilhar caminhos obscuros. ;)
"Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber." - Albert Einstein