Ó tu que me magoaste

Vocês são quatro irmãos. Quatro que para mim eram meus irmãos. Tu és o mais velho, pelo que contigo não houve grandes brincadeiras. Mas fazias-me partidas e quando nos juntávamos, eram as tuas piadas que nos faziam rir em coro. No dia do teu casamento acompanhei-te desde a saída de casa até à entrada da igreja. Ia muito orgulhosa, estavas tão bonito e feliz! No dia do meu casamento fiz-te uma surpresa, pois era o teu aniversário também.

Foste um grande amigo quando me deste um apoio importantíssimo no meu primeiro ano de faculdade. Se não fosses tu, não sei se me safava... fiquei eternamente grata por isso, mas sei que já nem te lembras.

Quando vi uma oportunidade de te retribuir esse apoio, não hesitei! Que contente que estava por te ser útil e ajudar-te! Não precisavas tanto como eu precisei, mas estava contente, pronto! E sei que continuo a fazê-lo, uma vez que ainda te surgem oportunidades através dos meus contactos. Ainda bem para ti.

O que eu nunca pensei é que tu, o mais velho, o mais brincalhão, o que me ajudou, me espetasse assim uma faca tão grande e com tanta facilidade. Incrível como me deste uma bofetada tão grande sem pestanejar!

Quero que saibas que te odeio por isso. Odeio-te porque foste meu sangue, meu amigo, fizeste-me rir e agora fazes-me chorar. Odeio-te porque achava que, por muito que os anos pudessem passar sem nos vermos, no reencontro era como se nada tivesse mudado. E que seríamos sempre uns para os outros.

Odeio-te porque passo tanto tempo a pensar no que me fizeste sabendo que tu não passas um segundo sequer a pensar em mim. Odeio saber que afinal não havia assim tanto amor e consideração por mim, eu que achava que estava sempre protegida. Não estou. Não tens consideração por mim e não queres saber se fiquei bem ou mal.

Odeio não conseguir odiar-te. Odeio-te porque gostava que apagasses o que está feito e abraçássemos uma pedra no assunto. Queria querer-te mal, mas não quero. Espero sinceramente que a pessoa que originou esta ferida no meu peito te seja tão leal como tu lhe foste, ao ponto de me espezinhares em prol de outro e de ti próprio.

Eu vou ser sempre do teu sangue. Não serei mais tua amiga.

Desta que era Céptica em relação à tua lealdade e agora é Crente que, magoada, se tornou mais forte.

Adeus

Lindoooo. Parabéns pela inspiração.

Parabens!

Tenhos os olhos em lágrimas (das alergias obviamente )

Ainda bem que são só alergias, Cody

muito profundo, pessoal, íntimo e maravilhosamente escrito.

curvo-me.

muito profundo, pessoal, íntimo e maravilhosamente escrito.

curvo-me.

Oh, silknet, obrigada, até corei. 

"odeio não conseguir odiar-te" é uma expressão muito marcante. gostei particularmente.

"odeio não conseguir odiar-te" é uma expressão muito marcante. gostei particularmente.

Pois... até enerva...

Nunca tinha feito isto, nunca me tinha dado para escrever. Mas quando soube de notícias da pessoa em questão, fiquei nervosa, a tremer, estava com o fórum aberto... e olha saiu isto, na hora.
Curiosamente, acabei de escrever bastante mais calma.

Muito bonito.. mas triste... É como se a dor fosse bem vinda, para a usar como forma de manter em pé... Adorei!

Muito bonito.. mas triste... É como se a dor fosse bem vinda, para a usar como forma de manter em pé... Adorei!

Interessantíssima essa observação. Ela não é bem-vinda, mas é usada sim, para seguir em frente.

Foi mais ou menos isso que tentei dizer, e foi o que percebi, porque também o faço assim algumas vezes

Wow, a isto chamo uma catárse... partilhada!! Amei

Bem-hajas cepticooucrente, pois é partilhando e libertando a "dor" que começamos a cura!

Ao mais velho, sei que ainda deve ser difícil para ti, mas se não fosse ele, talvez nunca conseguirias experimentar alguns sentimentos que mencionaste como odiar, chorar, ficar muito tempo a pensar no que te fizeram, saber que há alguém de sangue que não pensa em ti, saber que não havia assim tanto amor, consideração, saber que é difícil apagar coisas do passado que magoam, etc... etc...

Talvez a ele, um dia terás que agradecer, pois foi ele que te permitiu ser uma Crente forte! Bem-hajas por isso, novamente!

Obrigada faty. É maravilhoso como consegues ver sempre o copo meio cheio...

E tens razão! Se não fosse ele, ainda esta altura estava completamente "tapadinha"... Mas para já ainda doi, aguardo pacientemente que passe. Sempre que me der os "5 minutos", parece que escrever ajuda.

Bem hajas!

Sabes que escrever é mesmo uma forma de catárse?

Por isso sugiro sempre que o façam quando há emoções intensas contidas... se não o desiquilíbrio será teu... isto, claro está, na "impossibilidade" de se pegar numa caçadeira e resolver-se de outra forma

Ficava do género: "ó tu que me magoaste, levaste com um tiro no meio dos olhos. Desta que te encontra do outro lado para terminar a conversa..."



(Que parvoíce! )