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  • Debate sobre o significado de existir.
    Iniciado por silknet
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Existir é uma palavra simples mas apenas na sua definição linguística. Temos bastante terreno para palmilhar quando tentamos justificar a nós próprios o que fazemos neste mundo.
É portanto alvo de acesos debates e contraponto de ideias quando se tenta tirar ilações do que conseguimos absorver durante a vida.
Eu por exemplo, já vi uma mulher possuída que me fez acreditar naquele dia que existem seres demoníacos. Já senti que sou protegido em muitas ocasiões que não podem de maneira nenhuma serem todas coincidências, porque as coincidências vivem no caos e até aí há ordem...isso fez-me acreditar que há seres revestidos de luz que nos guiam e outros revestidos de sombra que nos atormentam.

Penso logo existo, dizia Descartes que ao duvidar de todo o conhecimento apenas teve a certeza precisamente disso, que duvidava. E se o fazia teria de pensar para duvidar, logo existia forçosamente por essa razão. Daí nasce a famosa frase.
Mas nós temos termos e suposições bem mais simples que as do Sr. Descartes para pensar na nossa existência como seres.
Imaginem o que pensará um animal não humano sobre a sua existência. Dirão alguns que não é possível porque não é racional. Certo. Mas tem alma o animal? os que acreditam na reencarnação dirão que sim e que podemos um dia reencarnar em qualquer ser vivo. então esse espírito certamente pensa racionalmente, porque quando num "habitáculo" humano pensou racionalmente e evoluiu como ser. Não o deixaria de fazer ao reencarnar num cão ou num gato. O que leva à minha teoria das duas consciências, a do corpo e a da mente.
Mas pensemos no existencialismo visto por nós os humanos. Kierkegaard dizia-nos para vivermos a vida apaixonadamente, com um objectivo. Sartre dizia que somos livres mas ao mesmo tempo responsáveis, como se de um fado se tratasse.
Eu vejo a minha existência como um presente, que devo aproveitar ao máximo, mas também pautar a vida por respeito ao próximo, humano e animal, à natureza e à crença que tenho de que existe um Ser Criador, e todos os patamares de evolução da minha alma caminham para Ele.
Qual é a vossa definição de existência? :)




O Homem é do tamanho do seu Sonho!

#1
Será que existir é uma ilusão?
Onde será que tudo começou?
Se Deus é, então, tudo é, pois nada há fora d'Ele.
Se Deus é tudo o que há, então é o bem e o mal.
Mas Deus não pode ser o mal, pois o mal não cabe n'Ele
Então, Deus não é tudo, mas sim uma parte.
Como resolver isto?
Então, Deus é todo o Bem e o mal é a ausência de Deus, o vazio de tudo.

Espero não ser muito confuso  ;D ;D ;D
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

Silknet parabéns pelo tópico.

Na mais profunda das realidades, para mim existir é ser.   

Gosto imenso desta frase de Einstein que se aplica aqui muito bem: "Tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele. Por isso o universo de cada ser se resume ao tamanho do seu saber".
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

sofiagov
#3
Excelente tópico...inclusive deixo um trecho de Álvaro de campos que se adequa ...adoro o tema filosófico da questão. muito bom  ;D ;D

(...)
Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ... (...)

e depois há disto.. ;D ;D

(...) O que foi não mais existe; existe exactamente tão pouco quanto aquilo que nunca foi. Mas tudo que existe, no próximo momento, já foi.(...)
(desconhecido)


toda a existência em fundo de base é um factor temporal e realista.
Em Descartes a própria existência trazia duvida e na duvida cresce para o querer saber saltando para conhecimento do que nos rodeia.
A existência é a nosso inserção no meio e a influencia dele em nós...a troca externa e interna e vice versa em completa harmonia e desarmonia ...no fundo é a tomada de consciência do que nos rodeia visível e invisível aos sentidos.

Excelente tópico.

De facto, existência é um termo relativo. Como já foi dito, para nós tudo o que ignoramos não existe para nós. Mas existe para outros. Então existe.

Penso, existo, sou. Mas também como já foi dito, e o animal não humano? Não existe? ::) E o ser o humano que nasce sem a capacidade de pensar ou de raciocinar? Não existe? Existem sim. :)

A reflexão sobre a existência é bastante complexa!

Citação de: cepticooucrente em 09 junho, 2015, 11:49
A reflexão sobre a existência é bastante complexa!

é sem dúvida! e quanto mais reflectimos mais aprendemos, porque o conhecimento é partilha.
cleopatra não é nada confuso, é sempre esclarecedor um novo ponto de vista ou uma nova vista sobre aquele ponto especifico. :)
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

sofiagov
Citação de: silknet em 09 junho, 2015, 16:00
é sem dúvida! e quanto mais reflectimos mais aprendemos, porque o conhecimento é partilha.

sem duvida que sim. :)

Fonte: literatortura.com

Uma das correntes de pensamento mais interessantes de que tenho conhecimento é o existencialismo. Fundada por Martin Heidegger e tendo recebido sua expressão mais conhecida através de Jean-Paul Sartre, o existencialismo responde alguns problemas filosóficos sérios de modo bastante inovador. Hoje, trago-vos uma exposição da questão mais básica para essa corrente, que pergunta sobre o significado de existir.

"Em primeiro lugar, cumpre dizer que "existência", dentro da filosofia aqui tratada, é um termo técnico. Quando dizemos que "Existe um sistema solar", ou que "Não existem unicórnios", não estamos entendendo a existência do mesmo modo como a entende um existencialista, embora, talvez, tenhamos a mesma opinião sobre a verdade do que se quer dizer com essas proposições..

Tomemos Heidegger como exemplo. O ente para o qual Heidegger utiliza o termo "existência" é o Dasein, que é nós mesmos. Na filosofia heideggeriana, dá-se, pela primeira vez, a noção existencialista do existir.Esse conceito de existência subdivide-se em duas noções fundamentais: o "fazer-se a si mesmo" e a "facticidade".

Fazer-se a si mesmo diz respeito ao carácter da existência de projecto inacabado e inacabável. Deve-se entender isso do seguinte modo: o Dasein não tem um ser anterior à existência, uma essência que já define o que ele é e coloca em limites estreitos no que ele será. O Dasein é pura possibilidade. Como tal, o Dasein, que somos nós mesmos, é sempre forçado a fazer-se a si mesmo, fazendo, à medida que existe, seu próprio ser. Por isso, dizemos que ele é projecto inacabado. No entanto, essa busca pelo próprio ser que o Dasein empreende não pode ser terminada. O Dasein é jogado no mundo para buscar seu próprio ser, um ser que ele não é e nunca será. Assim, entende-se por que o Dasein é projecto inacabável.

Esse aspecto da existência coloca o Dasein num plano ontológico (quer dizer, num modo de ser) radicalmente distinto dos outros entes. Tomemos uma pedra, por exemplo. A pedra tem uma essência. Ela, por assim dizer, nasce pronta, não precisando fazer sua própria essência, buscar seu próprio ser. A pedra é um ente simplesmente dado, que tem propriedades dadas, categoriais, como diz Heidegger. Porém, o Dasein não é desse modo. Ao nascer, precisa buscar seu próprio ser, numa palavra, fazer-se a si mesmo.

Tendo isso em vista, Heidegger afirma, a respeito do Dasein: "as características que se podem extrair desse ente não são, portanto, 'propriedades' simplesmente dadas de um ente simplesmente dado que possui esta ou aquela 'configuração'". Por isso, para o Dasein, Heidegger reserva o termo "existência".

Uma questão pode surgir: por que o Dasein é de tal modo? Por que motivo ele tem que fazer-se a si mesmo, embora nunca vá terminar sua tarefa? Isso nos leva ao segundo aspecto fundamental que compõe a noção de existência: a facticidade.

Trata-se, basicamente, de dizer o seguinte: não há algo além da existência. O ponto de referência último que temos é a existência. Significa dizer que não podemos explicar a existência com base em algo anterior. O Dasein tem certos existenciários, isto é, configurações ou modos de ser, mas poderia ser de outro modo, o que torna a constituição do Dasein factual. "As características constitutivas do Dasein são sempre modos possíveis de ser, e somente isso", diz Heidegger.

Desse modo, não se pode dizer que há um porquê para o Dasein. Não há. A isso, Albert Camus chamou a gratuitidade da existência, o que, numa palavra, quer dizer que a vida não tem um sentido pré-definido.

As duas facetas apresentadas – do fazer-se a si mesmo e da facticidade – completam a noção de existência do Existencialismo, permitindo entender por que, para os que adoptam essa corrente filosófica, só o ser humano existe. Nenhum outro ente tem as características aqui expostas. Só nós. Por isso, só nós existimos.
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

O que é que existe? O que é existir?

O que é que existe, o que é que não existe... há um mundo palpável, que pode ser experimentado por todos nós. Ainda que nunca tenhamos visto, por hipótese, um certo tipo de planta, outras pessoas já a viram, e se nós quisermos, também o podemos fazer. Esse tipo de coisas, existem, certo?

Então e o que pensamos? E o que sentimos? Imaginemos que eu estou a pensar numa situação qualquer, e concentro-me de tal forma nessa situação, que começo esse pensamento fomenta sentimentos, que eu posso experimentar de forma muito vívida, muito intensa. Esta experiência não foi real... então, não existiu? Mas teve efeitos em mim, por isso, existiu mas só para mim?
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

CitaçãoCogito, ergo sum significa "penso, logo existo"; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo", (em latim, quando não funciona como verbo de ligação, o verbo sum - ser/estar - pode ser traduzido como 'haver', ou 'existir', com um sentido aproximado da sua ocorrência na construção "Era uma vez uma princesa...", equivalente aproximada de "Existiu, certa vez, uma princesa..."). A citação é uma conclusão do filósofo e matemático francês Descartes alcançada após duvidar da sua própria existência, mas comprovada ao ver que pode pensar e, desta forma, conquanto sujeito, ou seja, conquanto ser pensante, existe indubitavelmente.

Descartes pretendia fundamentar o conhecimento humano em bases sólidas e seguras (em comparação com as fundamentações do conhecimento medievais, cujas bases não eram claras e distintas). Para tanto, questionou e colocou em dúvida todo o conhecimento aceito como correto e verdadeiro (utilizando-se assim do ceticismo como método, sem, no entanto, assumir uma posição cética). Ao pôr em dúvida todo o conhecimento que, então, julgava ter, concluiu que apenas poderia ter certeza que duvidava. Se duvidava, necessariamente então também pensava, e se pensava necessariamente existia (sinteticamente: se duvido, penso; se penso, logo existo). Por meio de um complexo raciocínio baseado em premissas e conclusões logicamente necessárias, Descartes então concluiu que podia ter certeza de que existia porque pensava.

A frase "Cogito, ergo sum" aparece na tradução latina do trabalho escrito por Descartes, Discours de la Méthode (1637), escrito originariamente em francês e traduzido para latim anos mais tarde. O trecho original era "Puisque je doute, je pense; puisque je pense, j'existe" e, em outro momento, "je pense, donc je suis". Apesar de Descartes ter usado o vocábulo "logo" (donc), e portanto um raciocínio semelhante ao silogismo aristotélico a ideia de Descartes era anunciar a verdade primeira "eu existo" de onde surge todo o desejo pelo conhecimento.
in: pt.wikipedia.org/wiki/Cogito_ergo_sum

::) ...esta... para mim foi uma das piores patranhas que espetaram à humanidade... e só serve para a manter debaixo do manto da ignorância...

para mim... a expressão correcta seria:

"Eu existo, porque penso."
a minha religião é a verdade...

#10
Não percebi... Em que medida achas que o "cogito, ergo sum" se torna uma "patranha"?

eu acho...

que a expressão "penso logo existo"... "convida" as pessoas a acreditar que pensar é o resultado de existirem...

mas eu acredito que existir é o resultado de pensarem...



a minha religião é a verdade...

#12
Eu colocaria mais a questão da seguinte maneira:
Existir é a condição essencial para se pensar... Como muitos optam por não pensar e seguir o "rebanho", existem... mas não vivem :P

isto fazendo aquela analogia meio poética entre uma simples existência e o "verdadeiro" viver da mesma ;D
(Isto claro está... uma pedra existe, mas não pensa. O homem pode existir sem pensar, no entanto não pode pensar sem existir :P ...caos )

CitaçãoA maioria dos homens vive com espontaneidade uma vida fictícia e alheia. A maioria da gente é outra gente, disse Oscar Wilde, e disse bem.
Livro do Desassossego

#13
CitaçãoO homem pode existir sem pensar

tem a certeza desta afirmação?  ::)

...o que existe é um homem... ou um naco de carne a "vegetar"?  ::)
a minha religião é a verdade...

#14
Citação de: incertus em 21 junho, 2015, 02:56
tem a certeza desta afirmação?  ::)

...o que existe é um homem... ou um naco de carne a "vegetar"?  ::)

Referia me em caso figurado. Mas há muitos casos relatados (agora não tantos felizmente)  de crianças criadas por animais. Apenas agem por instintos primitivos, logo a lógica e o pensamento não lhes cabe. Elas existiram sem pensar do ponto de vista de racionalizar as coisas. Mas o que disse e numa perspectiva mais poética, nestas coisas convém dar sempre um ar da Graça.

Quanto ao "naco de carne" é coisa que não posso afirmar ou desafirmar porque já vi que isso mete aliens e não estou dentro do assunto.