Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.509
Total de mensagens
369.625
Total de tópicos
26.967
  • Experiências de quase-morte sem luzes ao fundo do tunel
    Iniciado por Puca
    Lido 3.824 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
Puca
De um modo geral as EQM são relatadas como sensações de paz, harmonia, retrospectiva da vida terminada, luzes ao fundo do túnel, etc. Neste estudo os resultados não foram bem assim...

Quando uma pessoa entra em paragem cardiorrespiratória e depois é reanimada, sobram alguns segundos de 'morte' clínica. Este momento é uma experiência de quase morte e nem todas são relatadas da mesma forma. Aliás, esqueça as 'luzes ao fundo do túnel' e vida a passar-lhe como um flash. Muitas pessoas relatam sensações de medo e violência.

Quando um doente entra em paragem cardiorrespiratória, o cérebro deixa de receber oxigénio e está-se, clinicamente, morto. Acontece durante segundos ou minutos, até se ser reanimado. Chamam-se a esses momentos experiências de quase-morte.

   
Dizem que os relatos são sempre similares: sentimentos de paz, sair do próprio corpo, estar num lugar onde nunca estiveram, ver uma luz brilhante.

A Universidade de Southampton, nos Estados Unidos, fez um estudo junto de 2.060 pessoas que estiveram 'mortas' por alguns segundos. Estes foram os principais relatos, agrupados por tema, conforme citado pelo site Metro.

Medo. "Estava aterrorizado. Disseram-me que ia morrer". "Estava a ser arrastado em águas profundas com um anel gigante e eu odeio nadar – foi horrível".

Violência e perseguição. "Aquele momento pareceu-me cheio de violência e eu não sou uma pessoa violenta, foi estranho". "Eu tinha que ir a uma cerimónia e a cerimónia era eu ser queimado vivo. Estavam quatro homens comigo, quem se deitasse morria. Vi homens em caixões a serem enterrados de pé".

Memórias de eventos que aconteceram enquanto o cérebro está 'morto'. "Eu sonhei que o meu dente estava a sair, quando me tiraram o tubo da boca". Um dos responsáveis pelo estudo revelou que o facto de as pessoas terem consciência de eventos reais é muito significativo, visto que o cérebro está 'morto'.

"Sempre se assumiu que as experiências relacionadas com a morte seriam alucinações ou ilusões, que ocorrem antes do coração parar ou depois de ser ressuscitado, mas isso não cobre as experiências ligadas a eventos que aconteceram quando o coração não está a bater", indicou o médico.

Deja vu. "Eu senti que estava a viver algo que já tinha vivido antes, senti que sabia o que as pessoas iam fazer antes de o fazerem, depois do ataque cardíaco. Isto durou três dias".

Visões de animais e plantas. "Tudo plantas, mas sem flores". "Vi leões e tigres".

Luzes muito fortes. "O sol brilhava". "Lembro-me de ver um raio de luz dourado".

Ver família e amigos. "Não conseguia falar com a minha família".


Fonte: Site "noticias ao minuto"


O que se passou aqui? Porque estes relatos diferem de tantos outros?


Bolas, isto é fenomenal!

Será que as EQM possuem fases?
Será que essas experiências podem ser decorrentes de alucinações tóxicas ou metabólicas induzidas por substâncias específicas?
Será que essas 2060 possuem algumas condições específicas como expectativas face à morte, tipo de crenças, etc...?
Será que tem que ver com o tempo de paragem cardíaco?

Não deixa de ser interessante, pois estes resultados diferem dos normalmente relatados até ao momento. Se bem que já li algumas EQM de pessoas que não relatam ter visto o túnel e que rapidamente as imagens da sua vida corriam à sua frente como um filme... mas mesmo estas, relataram sentimentos de paz, tranquilidade e ausência de medo.

No entanto, muito rapidamente faço uma analogia com o filme Linha Mortal em que nenhum dos estudantes médicos teve uma experiência positiva. Viste o filme? A EQM foi induzida e todos eles apenas reavivaram situações que não estavam completamente resolvidas em termos emocionais... será por ai?
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Universidade de Southampton dos estados unidos confesso que não conhecia mas se o estudo foi feito lá é porque existe.
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!

Puca
#3
Não vi esse filme mas agora fiquei curiosa!

Não sei se tiveste essa sensação Faty, mas ao ler as descrições pensei em vidas passadas, como se estivessem a reviver mortes anteriores. Achei isto tão estranho. Parece que , por alguma razão se reportaram a mortes violentas, densas.

Qual terá sido o critério de selecção destas pessoas? Será que estavam sob algum tipo de medicação? Estariam de alguma forma condicionadas contra a sua vontade? Tantas questões que se levantaram com este artigo.


Olá Ex3m

Realmente a Universidade de Southamptom é em Inglaterra, no entanto é uma das partes fundadoras da "Worldwide Universities Network" patrocinando investigações nos E.U.A e Canada, como se tivesse delegações. :)

Pois estas são algumas das minhas questões metodológicas e sim, quando comecei a ler as descrições pareceu-me estarem a lembrar vidas passadas, o que não deixa de ser estranho pois isso gera muita confusão ao espírito.

Puca, se ainda não viste o filme, aconselho-te vivamente, pois é espetacular. É com a Julia Roberts e outros conhecidos. Valeu a pena pois é um filme que aborda a EQM induzida...

Se tiveres tempo... vale mesmo a pena.
Agora fiquei curiosa com este estudo... vou tentar encontrar um artigo original para compreender o que foi feito e como.

Depois coloco aqui se encontrar algo relevante.
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Puca
Boa Faty, também vou pesquisar. Quem encontrar algo coloca aqui, para ver se "Há luz no fundo do túnel"! ;)

#6
Eis o que encontrei sobre o assunto. Nada melhor do que ir à fonte original :)

Estes resultados encontram-se publicados no Journal of Resuscitation (Jornal da Ressuscitação), com o título AWARE - AWAreness during REsuscitation—A prospective study (Consciência durante a Ressuscitação, estudo prospetivo), de 2014, volume 85, issue 12, das páginas 1799-1805 (para quem tiver interesse em ler).

Foi um estudo realizado por Dr. Sam Parnia e colaboradores, em 2008, que envolveu 2060 pacientes de 15 hospitais do Reino Unido, EUA e Áustria. Este investigador pertence à University of Southampton, no Reino Unido e tem diversos artigos sobre a temática das EQM.

O artigo encontra-se disponível para venda na página do Official Journal of the European Ressuscitation Council, o que é natural. No entanto, apesar de não ter acedido ao artigo na sua totalidade, nessa página é possível aceder ao seu abstrat (resumo).

Desse resumo encontrei o seguinte (tradução livre, podendo conter algumas falhas):

Enquadramento

Os sobreviventes de paragem cardíaca (CA) experienciam défices cognitivos que incluem perturbações de stress pós-traumático. Não é claro se estas se encontram relacionadas com experiências cognitivas/mentais e consciência durante a ressuscitação cardiopulmonar (CPR). Apesar dos relatos, não se encontra sistematicamente estudado o grande número de experiências cognitivas/mentais e a consciência associada à CPR.

Método

A incidência e validade da consciência, caraterísticas e temas relativos aos processos cognitivos/memória durante a CA foram estudados durante 4 anos num estudo observacional utilizando um sistema de entrevista qualitativo e quantitativo em 3 níveis. Através de testes específicos foi analisada a viabilidade, objetividade e exatidão dos relatos de consciência visual e de auditiva. As medidas utilizadas foram: (1) consciência/memórias durante a CA e (2) verificação objetiva dos relatos de consciência com testes específicos.

Resultados

De entre 2060 eventos de CA, 140 sobreviventes completaram o nível 1 de entrevistas, enquanto 101 dos 140 participantes completaram o nível 2 de entrevista. 46% relataram experiências em 7 temas cognitivos: medo, animais, plantas, luz brilhante, violência/perseguição, deja vu, família, recordações de eventos pós-CA e 9% apresentou experiência quase-morte, enquanto 2% descreveu consciência com explicita lembrança de ter ouvido ou visto eventos relacionados com a ressuscitação. Apenas um relatou um período verificável de consciência durante um período no qual a função cerebral não era esperada.

Conclusão

Os sobreviventes de CA experienciam comumente um grande número de temas cognitivos, sendo que 2% exibe uma consciência plena. Estes resultados suportam outros estudos recentes que indicaram que a consciência poderá estar presente apesar de não ser detetada clinicamente. Em conjunto, o medo das experiências poderão contribuir para a perturbação de stress pós-traumático e outros défices cognitivos associados à posterior CA.

=======
Análise crítica:

- Pelos vistos passamos de um número de sujeitos de 2060 (amostra total) para uma incidência de 140 participantes, o que só por si se trata de um número pequeno para que os resultados possam ser generalizados. Ou seja a população foi de 2060 mas a amostra apenas 140.

- Os resultados apontados pelos autores não sugerem que as experiências relatadas sejam efetivamente EQM, mas sim experiências decorrentes do próprio stress pós-traumático associado às situações de paragem cardíaca. Reparem que só apenas 9% dos 140 apresentou aquilo que os autores consideram ser uma EQM.

- Estes resultados não deixam de ser interessantes e inclusivamente vão ao encontro dos diversos estudos que mostram que os momentos anteriores à morte são cruciais, pois quanto maior for o medo, os receios, as dúvidas antes do morrer maior probabilidade se tem de ter uma experiência com essas emoções. Por isso referem a necessidade de "morrer" de forma tranquila e serena para que a consciência se mantenha assim quando se "acorda" do "outro lado".

Com isto vemos que é preciso algum cuidado a ler as notícias que são publicadas. É preciso sempre ir à fonte original. Gostava imenso de aceder ao artigo na totalidade. Vamos esperar um tempo, pois rapidamente ele começa a circular na net sem ser necessário pagar. Este é outro dos aspetos negativos das investigações.... temos que pagar, para estarmos informados :(
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Puca
Pois, bem me parecia que algo não batia certo. Só 9% é que tiveram realmente EQM os outros não chegaram a este ponto,  outro aspecto é que a entrada em paragem cardíaca e a reanimação não implicam morte imediata, o cérebro continua funcional durante um certo tempo. Estes relatos referem-se ao momento da reanimação não exclusivamente EQM, logo, o artigo não corresponde á realidade.

Obrigada Faty, só com o resumo muito ficou esclarecido. :)