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  • Queixa de Trabalhadora do Hipermercado Continente
    Iniciado por cepticooucrente
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BlackMiau
Eu fui despedida de um trabalho por falar com o patrão olhos nos olhos, por não aceitar injustiças tanto comigo como com as minhas colegas. Fiz-lhe frente, em nome das colegas prejudicadas, e a prenda que tive foi não me renovar o contrato. Fiquei sem trabalho, que precisava, mas acima de tudo lutei por algo que acredito, em vez de me iludir e ficar calada.

Já trabalhei no Continente a part-time e realmente, quanto mais tempo passava pior as regras ficavam. Em 3 dias, logo no início, tive "formação" na caixa com uma colega, que só dificultava a vida a ela e a mim, pois tive de aprender à velocidade da luz. No 3o dia já me perguntavam se estava pronto para ir para a minha caixa, o que disse que sim, mas sem grandes luzes. Não é só passar produtos, é saber códigos de fruta/legumes de cor, é saber concluir a conta, descontar do cartão, passar facturas, etc.

Lá atinei com aquilo, melhor do que se esperava, mas quando lá fui, saia o máximo às 15h, depois passei a ir das 15h ate as 20h máximo, até que me enfiaram no fecho da loja.
Nunca mais houve proposta inicial de até às 15h! Lá fechava loja, sempre na caixa prioritária, que não dá nem para respirar! Não havia rotatividade nenhuma na ~treta~ das caixas, depois quando saímos, fecho de caixa, limpar a nossa caixa, arrumar cestos, arrumar produtos deixados na linha de caixa, inventários, assinar papelada. E por fim: formações em cima do joelho que nos fazem como máquinas: as senhoras só podem usar o lenço de uma única forma! Há mais de 6 perguntas obrigatórias a fazer ao cliente, que já se torna ridículo! Tem cartão, quer saco, quer revista, quer factura, quer descontar! Enfim, pressão para os dois lados! E desculpem o comentário de desabafo tão grande, mas revoltei-me que espetei a minha carta de demissão e fui embora.

Citação de: surreal em 18 março, 2015, 15:47
Nem todos se podem dar ao luxo de ficar sem trabalho, e nem todos têm algum conforto profissional para fazer frente ao patrão, ao chefe ou a quem quer que seja.

É a lógica da realidade, o bonitinho e o politicamente correcto fica para quem tem posses.

Antes comer e calar que ir viver debaixo da ponte ao frio e á fome.

não concordo consigo... eu sou a prova viva do que disse... despedi-me recentemente de um "bom" trabalho e deixei a empresa pendurada até hoje... pois já lá vão 5 meses e ainda não conseguiram ninguém para ocupar o lugar que eu tinha, precisamente porque já estava cansado de andar a lutar por mim e pelos outros... agora os meus ex colegas vêm-me agradecer porque finalmente as coisas estão a mudar... mas para que tal pudesse ter acontecido ando eu agarrado aos "biscates" para poder pagar as contas... e não está facil...  :-\

...e pergunto eu... será que se eles não fossem uns covardolas era preciso chegar a tanto? ou é apenas o gado que está bem ensinado?
a minha religião é a verdade...

BlackMiau
"Be careful when following the masses, sometimes the "m" is silent"

(Cuidado a seguir as massas, às vezes o "m" é mudo)

Asses = asnos

Mas nem todos têm capacidade para se desenrascar com "biscates", muito menos alguém em inicío de carreira.

O gado está bem controlado, sem dúvida. Quanto maior a nossa necessidade maior o controlo que têm sobre nós.

sofiagov
infelizmente nem todos se poderão dar ao luxo de despedir só porque sim... :-\

CitaçãoMas nem todos têm capacidade para se desenrascar com "biscates", muito menos alguém em inicío de carreira.

é verdade... a maioria nasce com as maos atadas... são também estes que procuram "empregos" em vez de "trabalhos"... depois à os outros que preferem trabalhar do que andar a engolir ~porcaria~...
a minha religião é a verdade...

Oh Incertus, eu até acho que você tem razão. Aqui a questão não se deveria tanto colocar sob o ponto de vista do que se "deve" ou não fazer, mas das caraterísticas de cada pessoa individualmente e das circunstâncias de vida. Obviamente que não optar pelo silêncio terá sempre uma contrapartida. Se o mercado de trabalho fosse, neste momento, superior ao mercado de recursos humanos, garanto-lhe que isso não aconteceria. A culpa não é dos patrões ou dos empregados... a culpa é do todo o sistema que se instaura mediante o ciclo dos tempos. Deixe reverter o processo (haver mais trabalho e menos pessoas para trabalhar) e verá como o ciclo de indignação cresce exponencialmente. É só observar o que tem acontecido em determinados setores.

Não podemos é tomar todos pela mesma medida. Há patrões e patrões... antigamente havia grandes empresas que fechavam e os colaboradores tinham os seus direitos a qualquer custo... hoje, as empresas fecham, os colaboradores não têm direito a nada e ainda aparecem nas notícias do dia!
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

#23
antigamente havia leis bem mais justas que resultaram de uma "revolução" em estilo de golpe de estado... mas entretanto os fantoches que estão a mandar têm vindo a alterar isso a pedido dos poderes economicos regentes...

o processo nunca irá reverter neste paradigma pois cada vez há mais tecnologia... portanto cada vez haverá menos postos de trabalho disponiveis...

...por isso as elites, que controlam isto tudo através do poder economico e que já perceberam que a continuar assim o pessoal vai acabar por se revoltar... estão a matar-nos usando para o efeito a melhor arma que têm... a divisão social...

ao patrocinarem guerras etnicas, raciais, de sexos e etc... conseguem por-nos todos à porrada uns contra os outros e eles ficam lá em cima a rir-se...

e isso começa debaixo...

primeiro instroduz-se uma mentalidade do EGO no rebanho para o tornar mais egoista e menos preocupado com os outros... isso aconteceu nos anos 80... os chamados "anos das vacas gordas"... havia dinheiro para tudo e mais alguma coisa e ninguém mais precisava de ninguém... era só ir ao banco pedir um emprestimo e os seus sonhos estavam concretizados...

entretanto a geração seguinte que já foi criada num paradigma de egoismo... começa a sentir dificuldades... pois há menos trabalho, menos oportunidades... menos dinheiro... e atiram a culpa para quem? ...para o vizinho obviamente, pois tem um carro melhor...  ::)

o resultado vai ser uma guerra mundial que já começou e ninguém vê... e que tem como objectivo, juntamente com outros "sistemas"... eliminar a maioria do pessoal que já não é preciso para nada, pois a tecnologia faz mais, mais rápido e melhor...

já os gajos que desde o inicio planearam e têm vindo a executar este plano são idolatrados como Deuses na terra...

...mas ninguém houve o que eu digo...  ::)
a minha religião é a verdade...

E o Passos dizer que apesar das mudanças mais de 10% da população não vai ter emprego ??

Como é que vai ser ??

Foge um pouco ao tema principal do tópico mas penso que se pode enquadrar no desenrolar que o tópico teve.

É uma situação complicada, mas não acho que deixar de ir a hipermercados seja a resolução de alguma coisa. Como já disseram, partilho da opinião que quem se sujeita a essas condições e "compactua" com isso tem uma pequena parte da "culpa" de termos chegado a este caos. Se os funcionários se juntassem teriam força, mas não há união, pelo contrário, muitas vezes é andar a fazer a vida negra aos próprios colegas de trabalho.

Eu entendo que nem toda a gente se pode dar ao luxo de abandonar o trabalho, mas, para mim, acima de qualquer trabalho está a justiça e a nossa dignidade. Inconscientemente o silêncio de quem trabalha nesses locais e nada faz para mudar as condições de trabalho contribui para que, cada vez mais, isso seja o normal aos olhos dos patrões. E se há quem se sujeite, para quê mudar os procedimentos?

É um tema complicado porque implica a estabilidade financeira de alguém ou até de uma família inteira, é fácil falar mas na hora pensa-se nas contas para pagar e acaba por se aceitar tudo, é esse o jogo que muitas empresas fazem. Mas se pensarmos bem, se de agora em diante as pessoas se recusassem a trabalhar assim, se denunciassem as situações às claras, talvez as coisas mudassem.

Citação de: Gawen em 19 março, 2015, 00:52
... talvez as coisas mudassem.

Talvez... não é certeza! E quem, hoje em dia quer correr esse risco? ;) Sim... alguém que viva em casa dos pais.
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Claro que não é certeza, apenas uma opinião. E não digo que é uma pessoa sozinha a fazer o que quer que seja que resolvia todos os males do mundo do trabalho, mas como disse no início do meu primeiro post, se os funcionários se unissem, seria mais fácil. :)

E sim, alguém que viva em casa dos pais, que possa correr esse risco, acho bem que o faça! Se ninguém fizer nada então é que ficará sempre tudo na mesma! :)

então está decidido... vamos deixar a coisa arrastar-se até à escravidão total da humanidade por parte dos poderes economicos...  :P
a minha religião é a verdade...

Citação de: incertus em 19 março, 2015, 01:01
então está decidido... vamos deixar a coisa arrastar-se até à escravidão total da humanidade por parte dos poderes economicos...  :P

Era exactamente aí que queria chegar...se ninguém faz nada, fica tudo cada vez pior!