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  • David Simões - Contos de um Céptico (Nov)
    Iniciado por sleepinginmind
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Pois é pessoal, vou despertar um bichinho adormecido que tenho, e que já lhe dei uso, mas infelizmente tive de adormecer de novo... O Gosto pela Escrita, vou escrever (só para este mesmo fórum) uma série de contos (programo fazer pelo menos 1 por mês), que serão, no fundo, as vivências de um jovem rapaz céptico... Serão pequenos "contos", onde as aventuras serão várias e diferentes, mas onde o cepticismo será posto em causa!

Atenção: As ruas e casas relatadas nestes contos são pura ficção!

David Simões e o Vulto da noite de Halloween
Novembro - I

- Já vou!
A campainha tocara. David, um jovem de 16 anos, loiro, de olhos verdes e de um metro e setenta, estava irreconhecível.
Era noite de Halloween e ia agora para uma festa em casa de um amigo, aliás, já estava atrasado! Mascarara-se de vampiro, e o que era certo, é que estava radicalmente diferente, na sua indumentária, apenas existia uma camisa branca que contrastava com o resto do vestuário preto, a capa esvoaçava atrás dele.
- Mas onde pus a minha carteira? - Procurara pela carteira durante uma hora, e não a via em lado nenhum. - Bolas! Tenho quase a certeza que a tinha deixado em cima da cómoda...
A campainha tocou novamente.
- Epa! - desceu as escadas a correr e abriu a porta, o seu grupo de amigos esperava-o impacientemente. - Desculpem, mas não sei onde para a minha carteira!
- Uuu, isso numa noite de Halloween pode ser dramático!
- Não gozes e ajuda-me a procura-la!
Quem tinha respondido era o seu amigo Carlos, bastante alto e um ano mais velho, parecia um touro, ainda por cima enfiado num fato de espantalho, parecia um touro enfiado numas jardineira e um monte de palha, sem dúvida, uma imagem bastante cómica para um jovem de 17 anos numa noite daquelas...
Entraram todos, os pais de David tinham ido jantar fora com a sua tia materna que chegara naquele dia de Los Angeles, e ele tinha recebido a autorização que tanto ansiava, no ano anterior não tinha podido ir a festa de Halloween, mas este ano já se podia divertir a grande e reviver momentos de pura brincadeira, difíceis de viver com aquela idade e toda a transformação de saudade e maturidade por que passava.
- Ah-Ah! Encontrei-te! - tinha encontrado a carteira debaixo do sofá pequeno que se encontrava próximo da porta da cozinha.
- Está aqui pessoal!
- Bolas, finalmente, estava a ver que já não íamos ter tempo de chegar a casa do João! - quem falava agora era a sua amiga Andreia, uma jovem de 15 anos por quem se tinha apaixonado dois anos antes, mas com quem sabia que nunca iria ter qualquer tipo de relação. - vá vamos embora!
Dirigiam-se todos para a porta, até que se ouviu uma porta a bater, proveniente da cozinha. Fez-se um grande silêncio. David que tinha prendido a capa no sofá, espreitou para a cozinha enquanto puxava a capa com alguma força, até rasgar um bocado desta - Que porcaria! Já chegaram? - suspirou, da cozinha via-se agora um vulto, parecia uma mulher - ah! Provavelmente esqueceram-se de alguma coisa e voltaram atrás - afinal os pais tinham saido a menos de dez minutos.
- Quem era? - perguntaram os amigos, depois de ouvirem de novo a porta fechar.
- Era a minha mãe, deve-se ter esquecido de algo - não conseguira ter a certeza, mas como mais ninguém tinha a chave das traseiras, acreditou na sua própria mentira.
O caminho para a casa do amigo, tinha sido feito numa grande galhofa, a sua casa era uma moradia, que ficava na Rua das Palmeiras, nas redondezas do Largo de S. João de Castro, próximo de Canas de Senhorim. A meio do caminho encontraram o outro grupo, eram agora ao todo quatorze jovens.
A casa de Carlos Guerra, ficava a pouco mais de trinta metros, quando ouviram um estampido.
- Que foi aquilo? - era a vez da jovem mais medricas falar, tinha igualmente 16 anos, mas nem parecia ter 12... assustava-se com tudo e o seu fato mostrava bem que tipo de rapariga era, ia vestida de boneca de trapos. Todos olharam para o local de onde vinha o barulho, quase nenhum se assustou, pois presumiram logo que fosse uma brincadeira de Halloween, e era, Carlos Guerra já estava a chegar ao portão e a premir um pequeno cartuxo que soltava este tipo de sons.
- Olá pessoal! Entrem! - estava com o típico fato de esqueleto, e parecia na realidade, um esqueleto, tal não era a sua magreza.
O grande grupo entrou, a casa estava decorada a preceito, abóboras cortadas com formas de caras maquiavélicas tinham velas a arder à entrada, morcegos de borracha e aranhas pendiam de felpudas teias de tecido e algodão que estavam por toda a sala, mais abóboras, desta vez de loiça, iluminavam uma sala, que não podia ter mais velas. Em cima da longa mesa, da zona de jantar, estava um autentico manjar dos deuses, rissóis, croquetes, fatias de queijo, fiambre, presunto, pães de todas as qualidades, uma grande variedade de compostas feitas pela a avó do anfitrião, e um delicioso pato fatiado repleto de rodelas de laranja fumegava junto de uma grande travessa de arroz acabado de sair do forno. Da cozinha saiam agora os pais de Carlos, a mãe trazia agora na mão um delicioso bolo de noz e mel, e o pai vestia um grande sobretudo.
- Meninos, comportem-se, agora já têm idade para isso! - dizia a mãe enquanto pousava o bolo na extremidade esquerda da mesa, que ficava mais próxima da cozinha, e era a única com espaço livre.
O conselho tinha sido bem pensado, dito, e ouvido, porém três horas depois, já o lixo de apoderava do chão e a casa mergulhava numa escuridão sepulcral, onde só ardiam as cabeças de abóbora.
- Aí vou eu! - gritava Daniela, outra amiga que fazia parte do grupo, era baixa e um pouco roliça, adorava jogar ao quarto escuro, mas aquilo não era um quarto... mas sim uma vivenda de três andares, repleta de velas e todo o tipo de adereços assustadores.
David encontrava-se acocorado atrás de um móvel de mogno, dentro do quarto das visitas no primeiro andar, quando sentiu frio e alguém tocar-lhe nas costas - agora não! - respondeu num sussurro, detestava que o incomodassem nestas alturas, não que tivesse medo de fazer estas brincadeiras, ou que acreditasse em coisas do além, mas simplesmente não gostava! Quem fosse que lhe tivesse tocado, cumpriu o pedido de David e deixou-o em paz.
O jogo já se prolongava havia bastante tempo!
- Bolas, ninguém me vem encontrar? - David já estava impaciente e levantou-se, doíam-lhe os joelhos de estar agachado durante tanto tempo. A única luz que entrava naquele quarto era proveniente da lua cheia que estava bem alta lá fora. Espreitou pela janela e viu um vulto aproximar-se da casa. "Agora anda lá fora....", pensou. Desceu as escadas, já não haviam velas acesas, tudo estava num grande silêncio, até que ouviu uns passos, os passos aproximavam-se, era lentos e pesados, parecia que alguém se arrastava.
Sentiu o coração bombear o sangue nas veias e gelou por dentro, mas como rapaz céptico que era, respirou fundo e tacteou pelo interruptor junto da porta que dava para a sala. A luz acendeu e quase cegou, estava à tanto tempo na escuridão, que parecia que lhe queimavam os olhos. Olhou em redor e viu um líquido vermelho no chão, bastante até, parecia sangue... mais a frente estavam uma série de pegadas feitas num pó branco, e vinham da rua, de onde havia visto o vulto.

(continua)

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Actualizarei brevemente (talvez hoje) o resto do conto, isto é no fundo, um epílogo da série ;)