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  • Os planetas de Gustav Holst
    Iniciado por cody sweets
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Já à muito tempo que estou para fazer este tópico mas agora que estou com mais tempo posso dedicar-lhe total concentração.
Desde muito novo sempre tive um paixão tola por esta composição e muito recentemente tive a magnifica oportunidade de a tocar.
Aconselho-vos veemente a ouvirem esta obra incrivelmente magnifica!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=83J68Y7Z1nk

Gustav Holst (Cheltenham, 21 de setembro de 1874 – Londres, 25 de maio de 1934) foi um músico brilhante, totalmente dedicado ao ensino e à composição. Nasceu sob o signo de virgem, conheceu novos mundos, abordou suas composições por um ângulo novo e inspirou-se nas mais diversas fontes literárias. Seu grande amor pela música e pela literatura são reflexos do seu incrivel trabalho.

Esta alusão ao mapa astral tem tudo a ver com a vida e a obra do compositor inglês. Ele mesmo era um entusiasta do assunto e chegou a confeccionar diversos mapas para seus amigos. Sua principal obra, Os Planetas, é resultado dos seus estudos místicos e astrológicos.

Os planetas é uma suite dividida em 7 movimentos cada um dos quais cada um corresponde a um planeta do sistema solar, excetuando-se a própria Terra e Plutão, que na década de 1910 ainda não havia sido descoberto, mas que atualmente foi recategorizado como planeta-anão. A obra combina mitologia romana e astrologia, expressando o caráter particular de cada astro - através movimentos com andamentos, melodia e instrumentação contrastantes. Representou o marco da música expressionista, pois foi a primeira obra a ter sucesso desde o início da estética, cinco anos após sua criação.


Influências Musicais

O Crepúsculo dos Deuses, a quarta ópera da tetralogia O anel dos Nibelungos, de Richard Wagner, impressionou os ouvidos de Holst. Mais tarde, sentiu-se elevado ao "reino dos céus" ao ouvir a Missa em Si menor de Johann Sebastian Bach. As influências de Arnold Shoenberg, Stravinsky, Richard Strauss, Debussy, e sua amizade com o compositor Ralph Vaughan Williams, encerram o arco musical dentro do qual Holst se desenvolveu como compositor.

Apesar da sua formação no Royal College of Music (a escola onde o meu irmão andou), Holst foi um grande autodidata. Evitava sistemas acadêmicos e estruturas musicais pré-concebidas. Não dava tanto crédito aos livros, mas no lema "aprenda fazendo". Seguiu seu próprio caminho, e como num laboratório alquímico, realizou inúmeras experiências buscando constantemente as notas certas para suas obras.

Espiritualidade

Holst acreditava nas forças sobre-humanas, foi muito influenciado pelas religiões orientais, especialmente nas doutrinas do dharma e reencarnação. Trabalhou na composição de diversos hinos para coral e orquestra sob inspiração de um dos escritos religiosos mais antigos do mundo, o Rig Veda. Escrito na linguagem sânscrita, é um verdadeiro compêndio de hinos, rituais e oferendas às divindades.

Como um bom virgiano, era perfeccionista e tinha o dom para dedicar-se em trabalhos cansativos e minuciosos. Portanto, não satisfeito com as traduções do Rig Veda decidiu aprender sânscrito e traduziu as palavras conforme sua interpretação.

Além dos Choral Hymns, compôs uma ópera chamada Sita, inspirada no épico indiano Ramayana, levou sete anos para sua conclusão, sem jamais encená-la! No caso de Holst, esse dom analítico e a capacidade para empenhar-se em grandes trabalhos, coincidem exatamente com as características de quem possui a lua em virgem no mapa astral.

Com base nos evangelhos apócrifos, escreveu The Hymn of Jesus (Parte I, Parte II, Parte III) Com seu rigor habitual, aprendeu o grego para ler os originais. Além do empenho para conservar o espírito do texto original, combinou em sua música o canto gregoriano, ritmos irregulares,
harmonia colorida e uma orquestração grandiosa.

Os planetas e astrologia

Holst teve contato com a astrologia através do livro Art of Synthesis escrito por um astrólogo e teósofo chamado Alan Leo, precursor dentre os ocidentais a combinar astrologia, carma e reencarnação. Cada capítulo deste livro é dedicado a um planeta e sua respectiva descrição astrológica. O título Neptun, the mystic, por exemplo, foi copiado diretamente do livro.

"Os planetas" não se trata de uma obra ortodoxa, sua estrutura não obedece aos padrões convencionais. Não é uma sinfonia, nem poema sinfônico, nem fantasia. Mas sim, uma série de perfis sonoros dos planetas. Nas palavras de Holst: "as sete influências do destino e componentes de nosso espírito."

Além das referências astrológicas, esta obra nos remete ao conceito de música das esferas, amplamente pesquisada por Pitágoras, Kepler, Kircher, dentre outros. Visto que Holst dedicou sete anos de sua vida nesta obra, vale a pena dedicar alguns minutos para ouvi-la e compreende-la.

Os Planetas

I. Marte, O Portador da Guerra

As cordas, percutidas com a parte de madeira do arco apresentam o motivo marcial onde a música irrompe em ondas orquestrais com intensidade crescente. este movimento sempre idealizado para uma grande orquestra que tinha como objetivo gerar grandes diferenças de dinâmicas, e do ostinato ritmico que se dá constantemente  Este clima bélico e enérgico da música caracteriza o perfil astrológico de Marte: coragem, poder, pioneirismo e o instinto lutador para enfrentar os desafios com bravura. Se estas energias não forem devidamente controladas seu resultado é desastroso: violência, assassinato e todos os subprodutos do defeito relacionado a Marte, a Ira.
Foi utilizada na banda sonora da série Cosmos, mais especificamente no quinto episódio. Sua música é marcial e se desenvolve num implacável compasso 5/4.

II. Venus, O Portador da Paz

Fornece uma espécie de resposta para Marte. Contrasta pela placidez e pelo andamento lento. As harpas, madeiras e a celesta realçam a delicadeza desta obra, que nos passa a sensação de harmonia, equilíbrio e paz.

Alan Leo descreve este contraste entre Marte e Venus da seguinte forma: "Marte é o representante da alma animal no homem e Venus da alma humana, em certo sentido, um é o complemento do outro. Mercúrio o mensageiro alado dos deuses voa entre os dois como memória e é, portanto, a alma espiritual humana."

III. Mercúrio, O Mensageiro Alado

De forma alegre, uma extensa e contínua linha melódica passeia pelos diversos naipes orquestrais transmitindo de instrumento para instrumento a mensagem vinda de outros mundos. Mercúrio, o mensageiro alado dos deuses representa a consciência humana, o intelecto, a aptidão para nos comunicarmos e a nossa busca pelo saber.

IV. Júpiter, O Portador da Jovialidade

Com base numa linha de acompanhamento na região aguda dos violinos, as trompas  ;) apresentam o tema enérgico do movimento, é o impulso para a introspecção a nível intelectual, filosófico e religioso, um dos aspectos de Júpiter. Em suma, Júpiter representa a "mente superior" no homem, não como razão pura, mas como sabedoria inata. O tema central deste incrivel movimento tornou-se o hino patriota inglês.

Este movimento é um dos meus preferidos, o tutti é uma das melhores coisas de sempre conseguindo levar alguém ao delirio total!

V. Saturno, O Portador da Velhice

Começa sombrio, segue com uma marcha nos metais e retorna à serenidade no final. Harpas e flautas estabelecem um padrão de acompanhamento sobre o qual cordas e outros instrumentos de madeira apresentarão breves fragmentos melódicos.

Saturno no horóscopo mostra onde podem ser encontrados os maiores desafios e onde podem ser aprendidas as lições mais difíceis. Segundo alguns biógrafos, Saturno é também a representação do sofrimento de Holst, que devido a sérios problemas na articulação de seu braço, teve que abandonar o piano e o violino.

Alan Leo descreve Saturno como sendo um dos responsáveis por todos os casos de degradação, degenerescência, humilhação e vergonha. Nos aspectos positivos representa a verdadeira humildade, perseverança, sacrifício, entrega e serenidade.

VI. Urano, O Mágico

É um scherzo com uma melodia ágil no fagote que se desenvolve em uma intrincada teia orquestral. O início da música representa o impulso para ser único, para chocar e surpreender. Mais a frente, o som pesado dos metais nos remetem aos acontecimentos repentinos e imprevisíveis. O grandioso tutti representa o que talvez seja a maior influência de Urano: o despertar da consciência.

Em seu livro Art of Synthesis, Alan Leo chama o capítulo sobre Urano de "Uranus, the awakener". Este, representa a originalidade de pensamento, a independência de espírito, o gênio criador, as avançadas formas de pensamento, a intuição e a capacidade de trazer conhecimento através da consciência desperta adquirida nas esferas internas do ser.

VII. Netuno, O Místico

Aqui Holst explora o pianissimo com enorme habilidade. Harmonias misteriosas e um coral de vozes femininas fazem parecer "música de outro mundo". Esta obra nos transmite claramente a representação astrológica de netuno: as influências não materiais, os sonhos, o espiritualismo, a teosofia, a dedicação pelo misticismo e a abertura para o divino.

Ele também é o responsável pelo gosto por artes ocultas, habilidades para o mesmerismo, telepatia e sonhos lúcidos. O planeta é muito musical e conduz à composição inspirada em melodias ouvidas em sonhos. Pelo teor, esta obra pode tranquilamente servir como música de fundo para breves meditações.

Epílogo

Holst utilizou-se da música tanto para o seu trabalho profano como para a construção da "grande obra". Ao mesmo tempo em que compunha melodias "mundanas" para manter-se financeiramente estável, dedicava-se a trabalhos chamados "sérios", sem qualquer sentimento de incoerência. O único inconveniente é que a maioria de suas obras ficaram ofuscadas devido ao grande sucesso de Os Planetas.

Em maio de 1933, Holst foi internado às pressas devido a uma hemorragia causada por uma úlcera no duodeno. Outro dado curioso é que fisicamente o signo de virgem, possui relações com o aparelho digestivo e há quem diga que os intestinos são o ponto fraco físico dos virgianos. Coincidência ou não, logo após uma cirurgia a fim de erradicar a úlcera no duodeno, Holst não resistiu e deixou este mundo no dia 25 de maio de 1934 aos 59 anos.

Obrigado pela leitura
Abraços, cody

P.s Não se esqueçam de ouvir esta beleza!!!!  ;)
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

a minha religião é a verdade...

Eu só ouço a original essas versões de orquestra de sopros perdem toda a essência da peça original.
Mas fico bastante contente por teres ouvido! ;)
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

a musica faz sentir precisamente o que anuncia...  :laugh: não é publicidade enganosa.

ao ouvirmos ficamos mesmo com um sentimento que "a guerra se aproxima"... a musica pode efectivamente mudar o mundo ;)
a minha religião é a verdade...

Ai isso pode não tenhas duvidas!
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"É sinal de uma mente educada, ser capaz de entreter uma ideia sem necessariamente aceitá-la."-Aristoteles

Como é possível não adorar esta beleza? ;)
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Não faz parte de nenhuma banda sonora ?
Acho que é bastante obvio que funcionaria bastante bem... E não sei se é pelo nome 'planetas' ou pelas imagens nesse vídeo mas só consigo imaginar num filme do género de Star Wars  ;D

Sim Sarita é usado bastante vezes como banda sonora de filmes. É uma composição com traço bastante "hollyoodesco"
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Gostei muito. Não conhecia este compositor.

Ainda bem esse era também um dos objetivos do tópico dar a conhecer esta maravilha.
Obrigado pela leitura
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