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  • Choped Literário - Mês de Maio
    Iniciado por Gawen
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Olá
Tenho andado desaparecida, ando ocupada.

Gawen que ingredientes dificeis... :/ ui, não sei se consigo, não..

Arghallad :) que gira a tua história, grande imaginação!
Continua a escrever e partilha connosco as tuas histórias, é um hobbie maravilhoso :)

Beijinhos
Filipa B.
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Obrigado Filipa. Sempre que possível, escreverei aqui mais qualquer coisita para vos entreter.
Chegasteis até aqui,
Não chegarás mais além.

#17
Amigos aproveitem e concorram também ao passatempo para ganhar o Livro "Seres Mágicos em Portugal".

https://portugalparanormal.com/index.php/topic,29470.0.html

Gawen esta ideia está muito engraçada, parabéns pela iniciativa.

Arghallad, esta muito fixe, parabéns!

Beijokitas
Quando sou boa, sou boa, mas quando sou má, sou melhor ainda.

RIBEIRO DE ENCANTOS

I

      _ Não me digas desculpas quaisquer, preciso que o faças!
      _ Criança, penso ser um tremendo disparate, seguro-me para não me rir de ti!
      _ Preciso, preciso que me faças, sempre soube que serias tu a costureira a fazer meu vestido de noiva! Não podes negar-me, madrinha, simplesmente, não podes!
      Maria contemplou o olhar de Angelina e neles sentiu toda a força do primeiro encontro, uma gravidade inexplicável que atraía seu próprio olhar ao dela, então uma criança assustada de apenas de 5 anos de idade, mas que exerceu sobre ela fascínio e domínio como a Terra sobre a Lua, a Lua sobre as marés e se viu rendida aos encantos de uma menininha que preencheu os espaços que ainda estavam vazios em seu coração de luto.
      _ Continuo a dizer que é um disparate. Nem ao menos namorado tens e me pedes um vestido de noiva!
      _ Madrinha, sabes que tenho sonhos. E em meus sonhos estou prestes a me casar e faço total e absoluta questão que faças meu vestido.
      Desta vez Angelina não usou de voz súplice, falou com maturidade e sobriedade que impactaram a costureira. Maria de repente se viu com fita métrica nas mãos e sem pensar já estava a anotar as medidas da moça.
      _ E tens acaso um modelo escolhido? Casamento é algo único na vida de uma menina, ainda mais uma menina como tu.
      _ Por que uma menina como eu? Por que dizes assim?
      _ Quando chegaste aqui, pequenininha, nos braços de teu pai, assustada, para fazer o vestido de uma festa, logo te jogaste em meus braços, coisa que fazes até hoje (Maria não pode deixar de soltar um sorriso de satisfação), vi imediatamente que quando amas, amas incondicionalmente e para sempre.
      _ Madrinha, amo-te. Amo-te como minha mãe que tão pouco conheci. Elegi-te por minha madrinha (embora não o seja) por amor, e me comove o fato de perceberes tão bem. Penso que minha mãe, onde quer que esteja, está por perto, para ajudar-te a me fazer feliz.
      A esta altura as duas estavam abraçadas, chorando, envoltas num amor incondicional e inexplicável

II

                _ Volta para mim, meu amor!
Peito arfante, a soluçar, lágrimas abundantes a escorrerem pelas faces; era assim que Maria sempre acordava ao sonhar com o dia mais triste de sua vida.
Fora com seu marido, Ângelo Miguel, ao Ribeiro de Encantos, um curso de água doce já perto do mar, de onde se podia ouvia o quebrar das ondas mas ter toda a calmaria para enamorar a lua sob as árvores e fazer juras de amor eterno. Em um dia que o coração de Maria estava endurecido pelo ciúme, Ângelo Miguel a levou ao Ribeiro, na tentativa de abrandar o coração da esposa, uma jovem inexperiente e arisca.
                _ Maria, quero dar-te um presente, sob esta lua que é perene, e dizer que é apenas um símbolo do meu amor por ti.
Retirou do bolso uma caixinha e dela um anel de ouro, com um 8 invertido, símbolo do infinito. Por dentro do anel de ouro a inscrição: Amor sem fim.
                No auge do ciúme e imaturidade de uma apaixonada esposa de 15 anos, Maria não se rendeu, explodiu em cólera. Num repente lançou o anel às águas do Ribeiro.
                _ Pensas que me enganas com presentes e palavras? Sei bem o que ouvi daquela mulher acerca de ti.
O esposo a segurou pelos ombros, a tentar conter a fúria, e a olhou nos olhos, com aquela gravidade que só ele possuía, com a que a Terra domina a Lua, e a Lua domina as marés. Foi como se tragasse Maria para dentro de sua própria alma.
                _ Como prova de meu amor eterno, devolver-te-ei o anel.
                _ Não faças isso!
                Mas já era tarde, num rompante, em segundos, ele lançou-se às águas, à procura do anel de ouro. Não se sabe se ele se esmerou muito na procura mas o fato foi que deixou ali seu fôlego de vida e a última imagem que Maria guardou do seu grande amor foi o mergulho nas águas geladas do Ribeiro. Ao perceber que não seria possível que ele ainda estivesse entre os mortais, ajoelhou-se em desespero, abraçando o ventre, como se pudesse acalentar o filho que ele jamais soubera que esperavam.

III

                _ Tudo bem, minha mãe? Percebi que tiveste outro pesadelo durante a noite.
                _ Meu querido, não quero que te preocupes com tua velha mãe. Já tens teus estudos.
                _ Mãe, estás longe de seres uma velha e no entanto vives como tal. Enclausurada entre tuas costuras. Ainda és muito jovem, tens  toda uma vida pela frente, não podes ficar sempre à espera de quem não pode retornar...
                _ Minha criança, sei que me julgas louca. Já te repeti tantas vezes! Teu pai veio visitar-me certo dia, e disse-me que vai retornar para nós. E vai retornar juntamente com o anel de ouro. Ele disse-me: "como prova de que meu amor é infinito, tal qual as águas do Ribeiro que correm para o mar sem fim, eu voltarei para ti e nosso filho, com o anel de ouro que mergulhei para te devolver". Foi real, Miguelzinho, sei que foi real. Ele esteve realmente comigo. Ouvi sua voz e vi seus olhos. Olhou-me com aqueles olhos como que me atraírem para si, como se nada mais existisse, apenas eu e ele, ligados, presos pelo olhar. Era ele. Foi real. Eu sei e minha certeza me basta.
                Miguel, que herdara o nome do pai, abraçou com carinho sua jovem mãe, agradecido por todo amor devotado a ele, pela coragem da viúva ainda adolescente mas que com muita coragem transmitiu valores morais e esforçou-se na educação e sustento do filho. Mas preocupava-se com os devaneios da mãe. Era um rapaz das ciências. Hoje aos 22 anos, cursava Medicina e a mãe era uma constante fonte de preocupação por viver em torno de um sonho, uma vez que ele não aceitava nada que não fosse totalmente palpável.
                _ Por falar em "enclausurada entre costura" (Maria disse a se libertar do abraço, um olhar perspicaz a luzir na alma) tenho um vestido de noiva para fazer. A sonhadora Angelina me convenceu a confecionar o vestido dela.
                _ Que disparate! A menina é apenas uma criança! Nem mesmo namora ainda! Que loucura é essa?
                _ Calma minha criança, não fiques tão bravo. Eu apenas ri. É exatamente como disseste: é apenas uma menina e não há noivo algum (explicou enquanto acariciava o rosto do filho). Mas sabes que tenho prazer em fazer os caprichos da menina. Ela vive tão só naquela casa, o pai está sempre a dar plantões no Hospital. Angelina diz estar a ser guiada por um sonho. Sonharei com ela.
                _ Mamãe, sabes que não é de todo verdade, que ela não é solitária, afinal, passa a maior parte do tempo aqui conosco que na própria casa.
                _ Sei disso, filho. Amei aquela menina desde o dia que apareceu aqui e fiquei feliz que te tenha feito companhia. Só uma coisa me preocupa.
                Maria sentiu o rosto do filho se contrair, o que acontecia sempre que ela usava de seu papel de mãe, para dar um conselho que ele não queria ouvir.
                _ Tu nunca a tiveste como irmã.
                _ Não digas coisa alguma. É apenas uma criança.
                _ Era uma criança. Casei-me com teu pai mais nova que ela é agora. Ela está a sonhar com vestido de noiva. Uma mãe sempre conhece o coração do filho, não dê chance para que apareça um noivo qualquer...
                _ Mamãe, sou tão mais velho que ela, penso que por mais que ela cresça nunca envelhecerá o bastante para me querer. Só vê em mim um irmão mais velho. Bem, tenho que ir. Deixemos de devaneios.
                Beijou a face da mãe e foi para a faculdade. Ao sair pela porta encontrou Angelina que chegava, linda, alegre como um raio de luz, como de costume, apertou-lhe o nariz, mas por dentro o peito estava a doer, por pensar que moça que amava já se encontrava pronta para o amor. Foi aos estudos com um sentimento de pesar.
                _ Bom dia! Há café que se beba nesta casa ou tenho que ir à cozinha preparar?
                _ Tens de pagar teu vestido de alguma forma, menina malcriada! Sirva-te, há bolo de chocolate também.
                _ Ainda me doem os pés de tanto que andamos ontem para escolher o tecido, mas gostei da escolha. Sabia que podia confiar no seu talento.
                _ Deixa de conversa, vai comer alguma coisa que preciso usar meu talento. Tenho um vestido para fazer.

IV

                Estavam no jardim, sentados lado a lado, a receber o sol de fim de tarde. Ouviam o barulho da máquina de costura como se fosse trilha sonora de romance.
                _ Pois, não vais me contar esse sonho do vestido de noiva?
                _ Nunca levaste meus sonhos a sério, por que te preocupas agora? Queres mais uma vez caçoar de mim?
                _ Sonhadora Angelina, teus sonhos são para mim um mistério, mas me interesso por tudo que faça parte de ti. Mesmo que tenha rido, alguma vez não ouvi tuas palavras? Conta-me, quero saber.
                _ Conto se prometeres não rir de mim.
Miguel levantou-se do banco, ajoelhou-se frente à amada, em uma atrapalhada reverência tomou-lhe as mãos entre as suas e gravemente declarou:
                _ Tens minha palavra, ó jovem donzela, teu segrego estará seguro e respeitado comigo. Jamais rirei de ti.
Os dois jovens não suportaram a graça do momento e o riso os dominou, fato costumeiro entre os dois. Bastava trocarem duas ou três palavras e se transportavam a um mundo particular de alegria, onde ambos pareciam ser crianças.
Sem perceber que eram observados pela costureira, Angelina ainda a sorrir, com os lábios, olhos e alma, apertou mais as mãos de Miguel nas suas e em tom solene respondeu:
                _ Sonho que casas comigo.
O rapaz levantou-se, sentou-se novamente ao lado da rapariga, colocou-lhe a cabeça e seu ombro e afagou-lhe os cabelos.
                _ Conta-me de uma vez esse sonho.
                _ Simplesmente sonho que casas comigo. Desde que sou menina miúda sonho esse sonho. Agora com mais frequência. Penso que por    já estar na idade de me casar, chegou a hora de pararmos de brincadeiras e encararmos a vida. Amo-te antes mesmo que eu nascesse. Nasci para ser tua. Sei que sabes disto. Sei que também me amas. Não somos mais duas crianças.
Impactado, chocado, aliviado, Miguel apenas afagava-lhe os cabelos. Angelina sempre fora especial. Sempre capaz de transportá-lo às alturas, mas nunca imaginou que correspondesse seus sentimentos, muito menos com tal intensidade.
                _ Precisamos falar com teu pai.
                _ Bobinho, papai já sabe. Pensas que ele é irresponsável? Papai não é como a maioria das pessoas. Ele diz que na profissão de médico, aprendeu a conhecer o corpo e alma das pessoas. Ele sempre viu nosso amor. Ele me disse que era hora de falar contigo.
                _ Pois... precisamos falar com minha mãe.
                 Levantaram ambos a correr casa adentro até ao quarto de costura, rindo como crianças que descobriram a maravilha das maravilhas.
                 _ Minha mãe, tenho a honra de te comunicar que Angelina e eu estamos noivos e tão logo termines o vestido nos casaremos!
                 _ Pois... ora essa... não se casa apenas com vestido, é necessário também um anel de noivado. Acaso já providenciaste?
                 Neste momento Miguel engasgou-se, certo é que não havia providenciado coisa alguma. Havia apenas a felicidade da certeza de amar e ser amado.
                 _ Madrinha, na realidade, não há necessidade de um anel de noivado.
                 _ Minha criança, sempre há necessidade de um anel de noivado.
                 _ Lembram-se daquela história de amor dos meus pais? Aquela que a Senhora tanto gosta de ouvir? Que em uma noite de lua cheia, os dois se amaram sob as árvores do Ribeiro de Encantos e nesta primeira noite de amor fui concebida?
                 _ Como não lembrar, minha querida! Saber que neste lugar algo tão preciso quanto tu vieste a existir ameniza a dor de minha alma.
                 _ Há um detalhe da história que não contei. Naquela noite meus pais ganharam da vida um presente valioso, que foi usado por minha mãe enquanto ela viveu.
                  Angelina, ao dizer essas palavras, levou a mão ao bolso para pegar o tal presente valioso, porém, antes que o fizesse, Maria, em um segundo de revelação, soube que se tratava do anel de ouro, com o oito invertido, símbolo do infinito e falou com todo amor de sua alma:
                 _ Amor sem fim!
                 E por instantes que mais pareceram eternidade, os três ficaram ali, a olharem um para o outro, sentido aquela gravidade a os unir, atrair, dominar, tal como faz a Terra à Lua e a Lua às marés.
Após ter sentido o gosto de voar, você há de andar para sempre na terra com os olhos voltados para o céu, pois esteve lá, e, para lá, sempre há de desejar voltar.
                                        Leonardo da Vinci

O conto está muito bonito, mas não sei se entendi bem o fim, como reapareceu o anel?
O equilíbrio consegue-se entre o que é espírito e o que não o é.

#20
Citação de: Lilith Lua Negra em 19 maio, 2014, 23:50
O conto está muito bonito, mas não sei se entendi bem o fim, como reapareceu o anel?

Na primeira noite de amor dos pais de Angelina, que resultou em sua concepção, fato ocorrido no Ribeiro dos Encantos, os pais da menina encontraram o anel no Ribeiro. O anel foi usado pela mãe da menina e esta o herdou.

O marido de Maria retornou para ela e o filho na pessoa de Angelina, juntamente com o anel que era o símbolo do amor sem fim, conforme prometera que o faria.

Grata pelo gosto!
Após ter sentido o gosto de voar, você há de andar para sempre na terra com os olhos voltados para o céu, pois esteve lá, e, para lá, sempre há de desejar voltar.
                                        Leonardo da Vinci

"_ Lembram-se daquela história de amor dos meus pais? Aquela que a Senhora tanto gosta de ouvir? Que em uma noite de lua cheia, os dois se amaram sob as árvores do Ribeiro de Encantos e nesta primeira noite de amor fui concebida?"


Aceita as minhas desculpas, acho que estava tão entusiasmada pelo final que não percebi esta frase!  :laugh:

Obrigada pela resposta
O equilíbrio consegue-se entre o que é espírito e o que não o é.

Citação de: Lilith Lua Negra em 20 maio, 2014, 00:41
"_ Lembram-se daquela história de amor dos meus pais? Aquela que a Senhora tanto gosta de ouvir? Que em uma noite de lua cheia, os dois se amaram sob as árvores do Ribeiro de Encantos e nesta primeira noite de amor fui concebida?"


Aceita as minhas desculpas, acho que estava tão entusiasmada pelo final que não percebi esta frase!  :laugh:

Obrigada pela resposta

Teu entusiasmo só me torna mais grata  :laugh: :-*
Após ter sentido o gosto de voar, você há de andar para sempre na terra com os olhos voltados para o céu, pois esteve lá, e, para lá, sempre há de desejar voltar.
                                        Leonardo da Vinci

Mnemosyne suspira tristemente observando a filha mais nova. Não a via dançar a dias...coisa rara nela. Afinal a musa da dança tinha de dançar!
- Calliope... o que se passa com a tua irmã?
Calliope seguiu o olhar da triste mãe ate à irmã que estava sentada numa rocha a olhar fixamente para o ribeiro a sua frente.
- Ela acha que perdeu a capacidade de inspirar. Fala com ela, mãe. Já tentamos todas e ela não dá ouvidos.
A Deusa da Memoria aproxima-se lentamente da filha quase com medo que ela quebre de tão quieta que está.
- Terpsichore? - a mãe preocupada diz docemente prendendo uma madeixa de cabelo escuro da filha atras da orelha para ver a sua cara - O que se passa? Fala com a tua mãe.
A musa da dança suspira e olha para a mãe encostando-se a ela.
- Perdi a capacidade de inspirar, mãe. - um soluço escapa da sua boca e Mnemosyne abraça a filha.
- Porque dizes isso, Ter?
- A Sofia... ela tem um recital importante de ballet daqui a 2 dias... não consegue treinar... - diz a jovem musa entre lagrimas e soluços.
Mnemosyne franze o sobrolho enquanto abraça a filha e pede para chamarem Hermes, o Deus mensageiro.
Hermes chega quando Terpsichore já dorme no colo da mãe. Demora nem 10 minutos lá pois Mnemosyne pede-lhe um favor: descobrir o que aflige a pequena Sofia e porque o dom da sua filha não consegue curar o problema da dança.
Enquanto espera observa as outras 8 filhas a dançar, escrever e cantar entretidas umas com as outras. O som do ribeiro ao seu lado acalma-a e ela quase podia dormir com a filha mais nova. No entanto em vez disso a Deusa tenta descobrir o porque de Ter estar ao pé do ribeiro quando a encontraram.
Essa duvida não tarda a ser esclarecida quando Hermes regressa, o som das asas dos seus sapatos a fazer todas as musas e ninfas pararem o que estavam a fazer. Ate a pequena musa da dança acorda.
- Mnemosyne... descobri que a pequena humana sofre do coração... o anel de ouro que a avó lhe deu foi atirado para este mesmo ribeiro pelo seu pai.
A Deusa fica preplexa:
- Porque haveria um pai de fazer isso?
- Porque foi a avó dela que a motivou a seguir o seu sonho na dança... a avó morreu e o pai dela não quer que ela seja dançarina... - disse Ter tristemente.
Mnemosyne suspirou.
- Doce filha, inspirar é impossivel quando o coração não esta a fim de sentir alegria. Não perdeste o teu dom de inspirar...ela perdeu a capacidade de o sentir. E temos de tratar disso.
Os olhos de Ter espelhavam duvida mas ela seguiu a mãe pelo ribeiro a baixo ate ao mar depois de Hermes ter ido dar um recado a Deusa Persefone.
O irmão de Mnemosyne surguiu de entre as ondas azuis e brancas. o Deus Oceanus em toda a sua gloria.
- Querido irmão, precisamos da tua ajuda... - a Deusa explicou a situação e Oceanus exclamou imediatamente uma ordem aos mares. Em poucos minutos um golfinho surguiu com um anel dourado, simples mas bonito por causa do seu significado.
- Vai la minha sobrinha, traz alegria para essa humana e para a tua alma de novo.

Era o dia do recital de ballet de Sofia e a pequena humana estava mais nervosa e desanimada que nunca. Pela primeira vez iria ser Odete e não conseguia sequer erguer-se nas pontas dos dedos sem cair.
Ela estava desanimada, a olhar para os seus dedos sentada numa cadeira ainda sem estar pronta quando lhe aparece o pai. So cá faltava mais esta..., pensou ela os ombros a abater-se ainda mais se tal fosse possivel.
Mas foi ai que algo surpreendente aconteceu. O seu pai ajoelhou-se a frente dela e pediu desculpas. Entregou-lhe uma caixa dizendo:
- Isto foi feito pela tua avó... como sabes ela era a costureira mais procurada da cidade... ela fez isto para ti... desculpa... espero que tu e ela me perdoem pela maneira como me tenho comportado. - as lagrimas inundaram os olhos do homem e Sofia soube que era bem a serio, - A morte da tua avó foi um choque...
Sofia abraçou o pai e chorou com ele. A primeira vez que ele chorava desde que a sua mãe, avó dela, morreu. A professora de ballet pegou na caixa com o vestido concordando em deixa-la usa-lo e deu-lhe mais 5 minutos para estar com o pai.
No entanto foram interrompidos por uma moça de cabelo preto brilhante e olhos verdes jade. Era bela e movia-se como uma bailarina de forma elegante. Sorrindo ela entregou o anel de ouro a Sofia.
- Tens um anjo da guarda a olhar por ti, pequena. Força a dançar, a tua avó esta orgulhosa.
Ainda perplexa Sofia tentou ir atras da moça mas foi intercetada pela professora. Suspirando fundo, a pequena humana tentou guardar estes estranhos acontecimentos no fundo da sua mente para analisar mais tarde e foi preparar-se.

Mnemosyne esperava pela filha mais nova no fundo da sala de teatro onde iria decorrer o recital. Ela sorria alegremente pois sempre adorara observar os humanos assim, nos seus afazeres.
Terpsichore voltou mesmo quando os primeiros bailarinos apareceram no palco e a musica começou. Todas as 9 filhas estavam ali e Mnemosyne estava surpreendida por estarem tão caladas.
A Deusa da memoria sorriu quando Sofia apareceu em palco com um vestido branco lindo com perolas, penas e brilhantes. Ter quase brilhava de alegria ao seu lado sentada mas ainda assim a abanar o corpo ao som da musica.
Devia um favor a Persefone por ter soprado esperança e primavera no pai de Sofia mas tudo valeu a pena para ver o sorriso da filha e da pequena humana quando toda gente aplaudiu em pé no fim.

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Notas: Mnemosyne é a Deusa grega (e uma titã) da memoria, mãe das nove musas gregas; filha de Gaia e Urano
Terpsichore é a musa grega da dança
Oceanus é um titã irmão de Mnemosyne.
Persefone é a Deusa da primavera
Calliope é a musa da poesia epica, uma das nove filhas de Mnemosyne
http://esotericbjarkan.blogspot.pt/
"Men have enslaved each other... since they invented gods to forgive them for doing it."
"Compassion for animals is intimately associated with goodness of character, and it may be confidently asserted that he who is cruel to animals cannot be a good man."

Muito bonito, mas tinhas mesmo de ir buscar nomes de deidades gregas? Até fiquei descerebrado...

Mas está mesmo bonito.
Chegasteis até aqui,
Não chegarás mais além.

Citação de: Arghallad em 22 maio, 2014, 11:45
Muito bonito, mas tinhas mesmo de ir buscar nomes de deidades gregas? Até fiquei descerebrado...

Mas está mesmo bonito.
Eu estudo religiões e mitologia no tempo livre :P Claro que tinha u .u alem disso tenho de manter a minha reputação u .u

Obrigada ^^
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E estudas dança? É que só faltava, estava já para ir embora mas não consegui parar de ler, divino, gostei demais, fiz o meu outro conto baseado nos elementais, porque não concorres com este?

Os meus parabéns, agora tenho de ir que vou buscar um lenço... Sério!
O equilíbrio consegue-se entre o que é espírito e o que não o é.

Fico feliz que tenhas gostado ^^

Concorrer a qual concurso? Nao sei se posso reciclar contos assim ;D
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Citação de: Arghallad em 07 maio, 2014, 14:39
Por este caminho, acho que pela primeira vez ganho alguma coisa num fórum, e logo no meu favorito (e único).

O cemitério da Ajuda tem realmente uns jazigos bem estimados e com uma construção brutal e antiguissima mas tem outros completamente degradados....mas é um cemitério que ao contrário de outros que me dá uma sensação de paz infelizmente tenho familia em alguns cemiterios nos arredores de lisboa e no da ajuda é o único em que não sinto energia negativa....lá estou eu a divagar  :/
Morgaine Le Fay

A maioria dos cemiterios tanto me transmite paz como ansiedade x.x
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