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  • Histórias, deixem-me trabalhar!
    Iniciado por Filipa84
    Lido 1.002 vezes
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Histórias, deixem-me trabalhar!

     16h00.
     Mails por responder, recados para dar. O correio está registado, e entregue aos clientes. Falta só digitalizar uma carta, a pedido do cliente, e enviá-la.
     Dentro da minha cabeça, imagens lindas, pedaços de histórias que ainda não existem, aos farrapos, cores indizíveis, sentimentos que não me pertencem. Todos ecoam, atropelando-se, como crianças a berrar para chamar a atenção.

     Um amor não correspondido, no antigo egipto.
     Um clã Escocês, da Idade Média, a lutar por sobreviver a mais um Inverno com recursos escassos.
     Uma página velha e triste por nunca ter sido pintada. Como posso fazê-la feliz?
     Uma jovem corajosa a reencontrar um amor justo, depois de uma relação dolorosa.

     As palavras saltam, furiosas, da minha arca mental, como que em rebelião por terem estado cativas tanto tempo.
     O que lhes deu? Que sede é esta de liberdade? Porque não estão caladas enquanto trabalho? Sou uma boa profissional, não posso estar a escrever histórias atrás de histórias, a tarde toda. Um pouco de paciência, por favor!
    Ah, mas a imaginação não sabe o que é a paciência, e a inspiração não conhece tempo nem lugar, é muitas vezes inoportuna.

    Não se vão embora, palavras, fiquem! Não se desfaçam, imagens esfarrapadas de situações hipotéticas. Eu dou-vos um rumo, um corpo, eu dou-vos vida, e dou-vos um plano físico para existirem e perdurarem. Deixem-me só enviar alguns e-mails, dar alguns recados.

     17h00
     Agora sim, tudo calmo. Venham daí, suas palavras atrevidas, pedaços de frases, céus estrelados e castelos nas brumas. Amores calados, amores alegres, mães ternurentas e maridos irados. Venham todos, que eu dou-vos lugar. Um de cada vez por favor, senão saí daqui uma enorme história, sem pés nem cabeça.

     Mas as imagens belas e loucas desfizeram-se, que nem adolescentes caprichosas.
     As palavras teimosas calaram-se, como meninas de birra.
     Haja paciência para esta veia literária, que ora jorra histórias em catadupa, ora seca, sem aviso.
    Aqui estou eu agora, sem trabalho para fazer, nem contos para escrever.
    Talvez amanhã.
    No meu expediente.


Filipa Baptista
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Ah, mas elas voltam não fiques ansiosa. Gostei do desabafo...

Abraço


Templa
Templa - Membro nº 708

sofiagov
eh eh eh muito engraçado Filipa...


#3
Elas voltam, mas são umas marotas  ;)

Obrigada!
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan