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  • Joana e Gabriel - Sem princípio nem fim Parte 1 de 2
    Iniciado por Filipa84
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Boa tarde Pessoal

Venho contar mais uma história :)
Mas esta é tão grande, que vou dividir em 2 tópicos, para facilitar um bocado a leitura. Assim podem ler uma parte num dia a a outra noutro dia.
Obrigada desde já a quem tiver pachorra para ler!
E já agora acrescento que não tenho jeito nenhum para títulos, sou muito básica nisso  :-\

Joana e Gabriel - Sem princípio nem fim

Parte 1 de 2

    Joana caminhava apressadamente olhando para os seus próprios pés, quando embateu em algo duro. Não se lembrava de existir ali uma parede, a caminho do trabalho.  Levantou o olhar e deparou-se com um homem gigante, vestido de negro, com os praços cruzados à frente de um peito proeminente. Tinha a altura de um jogador de basket, e o aspecto de um porteiro de discoteca. Mas o rosto... O rosto era familiar.
    - Com licença – Tentou proferir Joana. Mas a voz não lhe saiu. Tentou contornar a figura colossal e verificou, com enorme pavor, que também não se conseguia mexer.
    O que está a acontecer?
   Fazendo um esforço para se mexer, começou a ouvir uma voz ao longe. Conhecia esta voz. Era a mais doce que tinha ouvido.
    - Joana, Joana!
    Ela tentou olhar, mas as pálpebras estavam pesadas, caídas.
    - Joana! Princesa! Tens de olhar para mim! Olha para mim! Tens de olhar! - A voz estava cheia de urgência e aflição.
Fazendo um esforço para se libertar da força que controlava os seus músculos, Joana levantou os olhos na direcção da voz.
    Assim que o seu olhar absorveu a imagem do rapaz louro, o monstro que tinha à sua frente desfez-se num pó negro e Joana estava liberta. Conseguia mover-se. Olhou novamente para o rapaz, em busca de explicações. Ele tinha  as bochechas coradas de aflição, o cabelo reluzente, dourado como mel ao sol. Os seus olhos reluziam, dourados também, a devolver-lhe o olhar apaixonado.
    Que belo! - Pensou. - O meu anjo...! - Começou a correr na direcção dele, para o abraçar, precisava sentir os seus braços rodeá-la, sentir a luz do seu cabelo roçar no seu rosto. Precisava voltar a provar os seus lábios.
    Quando o alcançou, acordou.

    Agarrou os lençóis com força e fechou os olhos. Tinha de se lembrar de quem era o rosto. Aquele rosto da figura gigante de negro era-lhe conhecido. Subitamente apercebeu-se, Era de Carlos, o seu patrão.
    Porque teria tido um sonho assim? Conhecia a sensação de sonhos premonitórios, já tivera bastantes. Aquela sensação ao acordar, era incomparável a outros sonhos. Mas nunca nenhum fora tão simbólico. O seu patrão, um homem vulgar, baixo e flácido, num corpo gigante, duro como pedra a bloquear-lhe a passagem, a deixa-la sem poder sobre o seu corpo e voz? Isto nunca aconteceria nem num milhão de anos.
    Mais do que isto, intrigava-a o sentimento que a unia ao rapaz do sonho. Amor. Uma vibração em ondas, quase visível, que parecia ter o propósito de os unir, para equilibrar e restabelecer a ordem no Universo. A urgência em ter o seu corpo junto ao dele, senti-lo, olhar o seu rosto perfeito, de anjo. Tomar os seus lábios mornos, densos. Era quase como se lembrasse de como eram os seus beijos! Como poderia ela lembrar-se de um sabor que nunca tinha experimentado?
    Seria o sonho uma premonição de que se iria apaixonar?

    Joana respirou fundo antes de entrar. Hoje era um daqueles dias que não lhe apetecia mesmo vir trabalhar. De manhã, todas as células do seu corpo imploraram para que continuasse na cama, mas Joana ignorou-as e fez um esforço quase sobre-humano para se enfiar no duche, ainda com um olho aberto e outro fechado.
    Agora, totalmente desperta, entrava ao serviço.
    O restaurante apinhou-se de tal forma, que não havia tempo para desanimar. Entre pedidos anotados, muitos pratos e bebidas a ser servidas, o tempo passou num instante. Por coincidência, houve dois aniversários distintos a ser celebrados, e os dois grupos ocupavam quase a totalidade das mesas.
    Atarefada e já um pouco atrapalhada, receosa de meter os pés pelas mãos e trocar os pedidos ou esquecer de alguma coisa, dirigiu-se ao seu patrão.

    - Carlos, não me pode ajudar? O restaurante está cheio, se atendesse também despacháva-mo-nos mais rápido.
    - Rapariga faz o que tens a fazer em vez de perderes tempo a falar comigo. Eu estou a supervisionar o salão e a cozinha, é o meu papel aqui, faz o que te compete.
    Irritada, não se conteve a responder:
    – Onde trabalhava antes o meu patrão conseguia supervisionar e dar uma mãozinha no salão quando era preciso. Você fica aí especado a ver-me atrapalhada, o que também não dá muito boa imagem. Há clientes que percebem e alguns até comentam.
    - Miúda és muito atrevida, tu tem tento na língua antes que me chegue a ~porcaria~ ao nariz. És muito desbocada para meu gosto. Põe-te a mexer e saí-me da frente. O senhor da mesa sete está a fazer sinal.
    Indignada, afastou-se para atender o cliente, que pediu mais água.
    Que imbecil este gajo, estou farta disto.

    Quando terminou o serviço e se sentou para comer qualquer coisa, mal sentia os pés, apenas um formigueiro indicava a presença dos mesmos. Não se importava de trabalhar afincadamente, pelo contrário, mas irritava-a de sobremaneira a postura arrogante do patrão que nunca mexia uma palha. No restaurante onde trabalhara antes não era nada assim, havia uma dinâmica muito mais agradável e eficaz entre os membros, patrão incluído. Havia espírito de equipa e de entre-ajuda. Mas o salário era miserável e Joana teve de sair. Agora, questionava-se se teria sido a decisão correcta.
    Comeu a bifana em silêncio e depressa, só queria zarpar dali para fora e ir para casa pôr os pés de molho. Só de pensar que tinha de estar ali outra vez amanhã às 11h30 agoniava-a.
    - Então Joaninha, já vais sair? - perguntou o Carlos quando a viu secar o seu prato e pegar na mala – Não vais dar uma mãozinha a dar um jeito no salão? - perguntou com tom provocatório.
    - Não, já passa da minha hora e normalmente essa função não me cabe a mim – respondeu Joana admirada.
    - Bem sei que não te compete, mas como há bocado tinhas um discurso todo inflamado sobre espírito de entre-ajuda, pensei que também o ias aplicar a ti mesma! - respondeu com um sorriso irritante.
    - Pois, mas eu não fiquei encostada a uma parede a ver o trabalho dos outros. Esfalfei-me durante quatro horas, estou cansada e o meu dever está cumprido, até amanhã.
    Saiu porta fora e acendeu de imediato um cigarro.

    Que lata que este homem tem, ainda se acha no direito de mandar bocas idiotas. Quer dizer, depois disto tudo ainda me ia pôr a varrer e lavar o salão, era o que faltava!
    - E ele a ver, a supervisionar! - disse esta última frase em voz alta sem se aperceber, tal era a indignação. De repente lembrou-se da vez em que ele a supervisionara no balneário a trocar de roupa. Que nojo. Na altura pensou que o homem tinha passado ali sem más intenções, que se tivesse esquecido ou não soubesse que ela estava ali a despir-se, e também foi falha dela não ter fechado a porta. Decidiu esquecer o episódio e categorizá-lo como acidente. Mas depois de ter reparado em vários olhares lascivos enquanto ela trabalhava, pensou se não teria sido de propósito. Nunca mais lá tomou banho nem trocou de roupa. Preferia ir suada para casa e tomar um duche na sua privacidade. Com a influência destas recordações a sua raiva cresceu e formou-se uma bola no seu peito. Como podia ele ser tão detestável?

    - Hey miúda arranjas-me um cigarro? - perguntou um rapaz com mau aspecto que se aproximou. O rosto pálido emoldurado pelo cabelo negro pela altura dos ombros lembrava um vampiro. Dos filmes.
    Normalmente era simpática e nada preocupada com o aspecto dos outros, com bom ou mau aspecto, ela nunca teve preconceitos e nunca teve dificuldades em lidar com estranhos. Até já tinha feito amigos assim. Mas neste momento esta muito irritada. Muito mesmo.
    - Não tenho- respondeu secamente enquanto dava a última baforada no seu cigarro e o atirava ao chão. Era verdade. Tinha fumado o último. Só tinha mais tabaco em casa. Mas não tinha nada de dar satisfações.
    - Miúda és muito arrogante não és? Dizer que não tens cigarros quando estás a fumar, é preciso ter lata. Tens a mania é?
    Joana virou-se para responder ao rapaz e ficou surpreendida ao ver que não era um, mas dois rapazes que a fitavam com ar desafiador. O primeiro estava acompanhado de um fulano mais baixo , mais gordo, com o cabelo loiro espetado com gel. Tinha igualmente um ar bastante carrancudo e cara de poucos amigos.
    - Já disse que não tenho cigarros! Não tenho mania nenhuma, não tenho é cigarros! Se tivesse dava-te! - continuou a caminhar em direcção à paragem pelo caminho iluminado pelos candeeiros de rua, sem se aperceber que era seguida.

    Quando chegou à curva que dava acesso à rua da paragem, sentiu um puxão forte no braço. Virou-se, assustadíssima, e os seus olhos arregalados viram o rapaz que a tinha abordado a arrastá-la para a zona escura atrás da paragem, que consistia num monte de arbustos e silvas. Sem sequer se lembrar de gritar, debateu-se para se libertar daqueles braços que a apertavam e mal a deixavam respirar. Tentou fincar os pés no chão de terra batida, mas era escusado, o homem agarrava-a pela cintura e os pés dela estavam um bom palmo acima do chão.
    - Deixa-me, estás doido? - Perguntou com a voz cheia de confusão. O que é que ele queria? O que estava ele a fazer? Então apanhava-a assim, sem mais nem menos?
    Ao entrar pelo meio dos arbustos sentiu os braços a serem arranhados por mil silvas e foi então que sentiu medo. O que é que eles me vão fazer? Debateu-se com mais força, tentou meter as mãos por dentro daqueles braços que a apertavam, mas pareciam feitos de aço e não cediam.  Então, já que com as mãos não conseguia fazer nada, decidiu morder. Uma descarga de adrenalina fê-la sentir-se leve, quase sem peso, sentiu a força a duplicar, e ganhou a coragem que precisava. Tomou balanço com a cabeça, olhou a luz lá ao fundo onde estava a paragem. Ainda tinha de correr um bom bocado. Não tinha alternativa, estava cada vez mais pronfundamente arrastada no bosque, cada metro que avançavam mais perigoso isto estava a ficar. Enterrou os dentes naquele braço medonho e apertou a carne fechando a boca com toda a força que tinha no maxilar. Infligido por uma dor inesperada e fortíssima, ele largou-a para olhar o ferimento. Assim que afroxou o braço em roda dela, Joana lançou-se desenfreada a correr em frente, a respiração desregulada, o coração a bater-lhe contra as costelas a uma velocidade impossível. Quis olhar para trás mas sabia que isso a ia atrasar uns milésimos de segundos. Não podia dar-se a esse luxo. Voou contra arbustos e silvas, arfando descontroladamente. Quando chegasse à estrada tinha de gritar. Tinha de recuperar o fôlego depressa para o conseguir fazer.

    - Sua cabra, onde é que pensas que vais? - A voz irada atrás de si arrepiou-lhe os cabelos todos. Estavam mesmo atrás dela! Só mais 10 metros e estava na zona iluminada. Não sabia onde ia buscar aquelas energias, mas conseguiu duplicar a velocidade e correu pela sua vida. Até que o pé esquerdo bateu uma pedra e fê-la tropeçar e cair mesmo em cima de um arbusto de silvas.
    Ouviu as gargalhadas a aproximarem-se. Quando levantou a cabeça, só teve tempo de ver um punho a voar na sua direcção. Depois, ficou tudo preto.   
    Abriu os olhos a custo e tentou focar a visão na escuridão, sem sucesso.
    Tudo rodopiava à sua volta. Uma dor intensa latejava-lhe a cabeça à medida que percebia onde estava e o perigo que corria. Não podia acreditar no que lhe estava a acontecer. Estendida no chão, dorida e indefesa perante dois marmanjos perigosos, que pareciam estar a divertir-se enquanto trocavam impressões impróprias sobre ela.

    Vão violar-me - percebeu horrorizada. Bloqueou as imagens que este conceito invocava na sua mente e tentou mover-se. Todos os músculos do seu corpo gemeram com esta decisão, e os rapazes apertaram-lhe o cerco ao aperceberem-se do movimento.
    - Já acordaste, miúda? Mesmo a tempo da parte divertida, hein? - perguntou, deliciado, o loiro gordo.
    - Sim, não vais perder pitada – disse o moreno com malícia na voz. Joana pode ver os seus dentes brilharem num sorriso diabólico.
    Com brusquidão e num só movimento puxou-lhe a saia para cima e apertou-lhe a coxa com força.
    Joana controlou o impulso de espernear e, com sangue frio pensou que seria uma melhor estratégia esperar que ele se aproxima-se mais, por cima de si, para lhe dar uma cabeçada seguida de uma joelhada no meio das pernas. Uma onda de esperança e adrenalina percorreu-lhe a espinha com a concepção do seu plano. Se aplicasse força e rapidez suficiente nestes dois golpes, conseguiria escapar enquanto a besta se encolhesse de dor. Verificou que tinha sido trazida mais para dentro do bosque, pois a luz da estrada estava muito mais longe. Tentou controlar a respiração. Fechou os olhos para tomar coragem. Tinha muito para correr.
    De repente ouviu-se um grito e ambos olharam para a origem do som. O rapaz loiro tinha caído ao chão e rebolava com outro homem, também alourado,  que o atacava ferozmente, com murros consecutivos sem qualquer misericórdia.

    Joana não quis saber de onde vinha este terceiro elemento nem quais eram as suas intenções, aproveitou apenas o momento em que o seu atacante de cabelo preto se afastou, perplexo a olhar aquela cena. Ignorando as dores no corpo levantou-se bem devagar para não despertar atenções. Ainda agachada e com as mãos no chão coberto de folhas, focou a visão para a ténue luz que indicava a direcção da estrada e desatou a correr. Corria tão rápidamente que os seus pequenos pés mal tocavam no chão.
    - Anda cá sua cabra, não penses que escapas!
    Como o som parecia ainda estar um pouco distante, Joana atreveu-se a olhar para trás para avaliar a distância que tinha de avanço. Era o moreno que seguia no seu encalço e apesar de estar a uns bons 10 metros dela, aproximava-se velozmente encurtando perigosamente esta distância.
    Pareceu-lhe ter visto também o loiro um pouco mais atrás, mas não ia perder velocidade e equilíbrio para verificar. Ainda lhe faltava um bom bocado para chegar à zona segura, e mesmo assim, mesmo que conseguisse lá chegar sem ser agarrada, nada lhe garantia que eles não lhe fizessem mal. Era tarde e não passavam muitos carros naquela zona. Afastou esta negatividade e obrigou-se a não pensar. Ia só correr. Correr com quantas pernas tinha. Quando chegasse à estrada logo se via. Mas ia gritar. Oh sim, ia gritar tão alto e tão histéricamente que toda a gente havia de vir à janela. Alguém havia de a acudir e chamar a polícia. Ela não ia ser esfaqueada nem violada naquela noite. Ia conseguir escapar-se.

    Uma mão enorme cravou-se-lhe no ombro direito e sentiu o encontrão que a atirou ao chão.
    Esmagada, tentou rebolar para o lado para se livrar do peso do corpo do rapaz, mas não foi preciso. Uma cabeça loira apareceu por trás dele, agarrou-o pelo pescoço e torceu-o de lado. De seguida esmurrou-o cruelmente ingorando os jactos de sangue que saltavam do nariz do homem moreno, que grunhia em agonia.
    Fraca e sem energias nem presença de espírito para lutar ou para fugir, Joana fechou os olhos, só um bocadinho, só para aliviar a dor de cabeça, e, sem querer, deixou-se levar pela escuridão na sua mente e voltou a perder os sentidos.

...................................................

    Gabriel levou a rapariga ao colo por entre os arbustos, tentando evitar que as silvas roçassem nos braços dela. Ela parecia uma princesa, assim adormecida nos seus braços, com a cabeça virada para trás, os braços pendendo para baixo e os longos cabelos revoltos balanceando com o ritmo dos seus passos. Leve como uma pluma, tão vulnerável... Como era possível que alguém quisesse e pudesse fazer mal a uma rapariga assim? Toda ela era tão delicada e frágil, eles podiam facilmente tê-la matado. Instintivamente apertou-a mais contra si e acelarou o passo. Queria chegar a casa depressa, verificar se tinha feridas graves e acalmá-la quando acordasse. Se ela acordasse agora iria provavelmente entrar em pânico e fugir, e ele não queria isso. Queria cuidar dela. Tinha de cuidar dela.

    Atravessou a estrada e entrou no primeiro prédio. A porta ainda estava aberta desde que tinha saído de rompante. Como o elevador se encontrava novamente avariado, subiu os quatro andares a pé. Chegado à porta de casa ficou na dúvida se tinha as chaves no bolso de trás ou se as tinha perdido enquanto lutava rebolando no bosque. Tinha de verificar, e tinha de abrir a porta se tivesse a sorte de ainda ter as chaves consigo. Mas como é que ia aceder ao bolso de trás com uma princesa nos seus braços, completamente inconsciente? Não pôde deixar de sorrir perante este problema, tão insignificante em comparação ao que tinha acabado de resolver há 15 minutos.

    Agachou-se, pousou a princesa nas suas pernas e retirou o braço direito debaixo dela.
    Suspirou de alívio quando sentio o metal morno das chaves no seu bolso. Abriu a porta, segurou nas pernas da princesa e dirigiu-se ao quarto. Posou-a com cuidado na sua cama e voltou atrás para fechar a porta da rua.
    Quando regressou ao quarto acendeu a luz e ficou especado a olhar a rapariga deitada. Meu Deus o estado em que ela estava! Ainda não tivera oportunidade de olhar para ela à luz e estava chocado com as múltiplas pequenas feridas e arranhões que tinha na cara, um olho inchado e mil e uma folhas, galhos e picos enterrados na roupa.

    Com cuidado despiu-lhe o casaco de malha cor-de-rosa e espreitou por baixo da camisola verde para verificar se trazia mais alguma peça por baixo, pois não queria despi-la toda, seria uma falta de respeito. Como trazia um pequeno top de alças por baixo, tirou-lhe a camisola para poder ver se tinha ferimentos nos braços. Não se enganara. Havia algumas nódoas negras, que formavam o padrão de dedos grosseiros, tinham-na agarrado à força. Cerrou os dentes com raiva e fechou os olhos. Sacanas... para além das nódoas negras havia bastantes pequenos arranhões, provocados por silvas. Limpou cada um deles com algodão e betadine e retirou alguns picos da pele delicada. Nada de grave. Passou para o rosto. Olhou-o com atenção, analisando as pequenas feridas. Eram só dois arranhões leves, mas compridos. Os braços estavam em pior estado. Passou o dedo por baixo do olho negro e sentiu a pele inchada num tom arroxeado. Tinha de colocar gelo. Seguiu com o dedo a linha do maxilar até ao queixo e apreciou as feições delicadas da rapariga.

    Com um rosto bem contornado, sobrancelhas suaves, longas pestanas negras, lábios nem muito carnudos nem muito finos, ela era realmente bonita. Tinha um ar etéreo, élfico até. Sorriu com este pensamento. Sim, parecia mesmo uma fada. Especialmente assim, com a roupa meio esfarrapada e o cabelo desgrenhado e cheio de folhas. Começou a retirá-las com cuidado para não arrancar cabelos. Pareceu-lhe que ela se tinha mexido. Iria acordar agora? O que iria pensar dele?


Filipa Baptista

Continuação: Tópico Joana e Gabriel - Sem princípio nem fim Parte 2 de 2:

https://portugalparanormal.com/index.php/topic,29175.0.html
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

A saltar já pra segunda parte  ;)
Muito bom, nem vou perder tempo com pipocas  :D
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!

muito bom, espero que a segunda parte seja tão boa como esta
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

CRI(P)TICO
Citação
''Com cuidado despiu-lhe o casaco de malha cor-de-rosa e espreitou por baixo da camisola verde para verificar se trazia mais alguma peça por baixo, pois não queria despi-la toda, seria uma falta de respeito.''

Grande Gabriel! :angel:    ;D  ;D  ;D

Ahahahah! O rapaz tinha de ser repeitoso, não se ia aproveitar de uma jovem inconsciente!
Mas como eu sempre digo, espreitar não é crime  >:D

Obrigada Cleopatra e Ex3m :)
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

sofiagov