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  • Presença do Santo Graal em Espanha divide historiadores
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Dois historiadores afirmam que o Santo Graal está na Basílica de Santo Isidoro, no Norte de Espanha. A descoberta, divulgada no livro "Kings of the Grail", publicado na semana passada, levanta dúvidas a muitos especialistas.


O cálice está exposto na Basílica de Santo Isidoro, no Norte de Espanha

Margarita Torres e José Manuel Ortega del Rio, da Universidade de Leão, afirmaram ter identificado o Santo Graal de Jesus na Basílica Santo Isidoro, no Norte de Espanha. Os historiadores passaram três anos a estudar a história do cálice e, na semana passada, publicaram no livro "Kings of the Grail" os resultados da pesquisa.

Ao longo da história, tem-se gerado um grande mistério em volta do Santo Graal - o cálice de onde Jesus terá bebido na Última Ceia e recolhido o seu sangue - e qual será a sua localização. Já não é a primeira vez que investigadores pensam ter encontrado o cálice e, atualmente, há mais de 200 objetos que são apontados como sendo o Santo Graal, refere Joaquim Fernandes, historiador português.

Carlos de Ayala, professor de História Medieval da Universidade Autónoma de Madrid, não acredita que a existência do Santo Graal seja verdadeira. "A lenda do Graal é uma invenção literária do Século XII, sem qualquer fundamento histórico", explica o professor à AFP.

Também no Centro Nacional para Pesquisas Científicas (CNRS), em Paris, há especialistas que duvidam desta descoberta. Therese Martin revela que "entre especialistas da Idade Média, é normal olhar para a lenda do Graal de forma mais simbólica do que histórica".

Margarita Torres e José Manuel del Rio basearam a sua pesquisa em dois pergaminhos medievais egípcios encontrados em 2011. Os pergaminhos mencionavam que o cálice, anteriormente também conhecido como pertencendo a Dona Urraca, filha de D. Fernando I de Leão, tinha sido levado de Jerusalém para o Cairo. Registos consultados pelos historiadores mostram que uma ordem na Espanha muçulmana recebeu o cálice como recompensa por ter ajudado o povo egípcio durante a fome. O cálice chegou até D. Fernando I, no século XI: a ordem espanhola tinha dado o cálice como oferta de paz, referem os historiadores.

Joaquim Fernandes diz que a descoberta do cálice é "difícil e complexa, e uma das grandes controvérsias da Cristandade". Para o historiador, as pedras preciosas que o cálice de Dona Urraca apresenta "não condizem com a humildade cristã" e deixam a dúvida de que será o famoso Santo Graal. Alguns teólogos acreditam também que Jesus Cristo terá seguido costumes hebraicos na Última Ceia, "por isso não haverá um, mas sim quatro cálices sagrados", acrescenta o professor.

"O livro talvez possa revelar novas fontes que passaram despercebidas até agora. Mas mesmo se a Infanta Urraca acreditasse que um dos copos formava o cálice conhecido por Santo Graal, tal conceito seria difícil sustentar hoje em dia", diz Therese Martin.

Para o historiador português, a veracidade dos resultados apontados no livro vai depender de novos estudos. "Agora temos que aguardar que as provas possam ser estudadas por outros historiadores", disse.

"O Santo Graal, visto nos seus fundamentos finais, é uma lenda pré-cristã e o contributo dos celtas parece muito interessante", afirma Joaquim Fernandes, em declarações ao JN. O historiador explica que antigamente o povo celta possuía um mito sobre um vaso mágico, semelhante aos ideais que o cristianismo atribui ao cálice, que dava características especiais aos alimentos que lá eram colocados.

É na Idade Média, refere o historiador, que a lenda celta se transforma no Santo Graal cristão e se cria uma "interminável narrativa sobre tudo o que encontramos hoje sobre o Santo Graal".

A descoberta levou a que várias pessoas se dirigissem à Basílica de Santo Isidoro, em Espanha, para admirar o Santo Graal. O cálice original foi por isso retirado de exposição para ser levado para um espaço maior, que desse resposta à quantidade de pessoas que o queriam ver. "Estava numa sala muito pequena e não era possível admirá-lo completamente", disse a diretora do museu.

Raquel Jaén adianta ainda que "alguns visitantes são céticos, outros vêm por curiosidade e há outros que consideram a possibilidade do cálice ser verdadeiro".

Fonte: Jornal de Noticias
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