Falar com o Diabo

Caro Kyrie

Creio que entendeu mal o video.

     _Indigo_:

     Gostaria de esclarecer que o facto de estar a responder contestando o que você diz, tal não significa que esteja contra si ou as suas ideias, embora não deixe de estar contra aqueles que as disseminaram e inculcaram na mente dos povos mais crédulos.

     Toda a bíblia é uma história baseada em factos reais que foram adaptados aos interesses divinos. Basta ver como ela se baseia nos chamados mitos Sumérios embora bem vistas as coisas se chegue à conclusão de que não tinha outra hipótese ou não seria credível. O enredo que tantos são acusados de deturpar é o enredo que interessa única e exclusivamente a deus como forma de se impôr.

     Essa parte de muitas pessoas quererem que deus faça tudo por elas é uma grande verdade, mas se existe é por culpa de quem inculcou na mente dos homens que deus está ali para nos ajudar. Quando nos dizem que "tudo o que pedirdes com fé ao pai vos será concedido" estão a aconselhar-nos não a crer em nós e nas nossas capacidades mas a habituar-nos a tornar-mo-nos dependentes de deus para conseguir o que quer que seja. É como o pai dizer ao filho que ele sozinho não vale nada e estar à espera que dessa forma ele chegue a cientista.

     Quanto a deus não compactuar com a rebelião (entendendo aqui rebelião como o mal) também não estou a ver que tenha sido mesmo assim. Talvez você veja a história de Abraão como a história linda do que é amor a deus, pois um pai sujeitar-se a matar o filho por amor a deus é prova de um amor extraordinário. Eu porém que tenho filhos vejo essa história como um ato cruel que prova que deus não ama ninguém e muito menos aqueles que diz que criou.

     Já imaginou a dor que no momento do ato reinou entre os dois personagens terrenos da história? Imagine-se ali, no lugar do filho a ver o pai a descer a faca sabendo que isso significa a sua morte. A angústia, o medo, o coração acelerado a suplica para que ele não o faça, os gritos de pavor. Fecha os olhos e imagine a cena pondo-se no lugar do puto. O assassinato não aconteceu, mas por certo perdurou no miúdo por toda a vida que a partir daí se adorou a deus, adorou-o por o temer e não por o amar.

     Quanto ao que o pai sentiu no momento é mais difícil de visualizar pois deus não iria pedir a um gajo como eu para matar o meu filho como prova de amor e obediência (a deus), pois iria levar uma nega e ser mandado às urtigas. Ele escolheu Abraão pois sabia que o tinha na mão e na mente e que com Abraão conseguiria uma história linda para ser contada às gerações futuras. Só que as pessoas são cegas e da história só retêm a beleza do pseudo amor a deus e esquecem o mais importante que foi a dor horrível que aquela criança viveu para que deus tivesse mais um exemplo para contar e se impôr aos homens.

     Esse aviso sobre os falsos profetas nada tem de extraordinário, pelo contrário, pois era previsível que aparecessem vozes discordantes. Sempre houve e sempre haverá quem discorde de tudo e de todos. Ele somente avisou contra o inevitável e dessa forma deixou a ideia de que tem capacidades premonitórias. Consegue também dessa forma que a mente dos que o seguem se oponha a ideias diferentes daquelas que ele ensinou como sendo as verdades absolutas. O que eu admiro em deus e em Lúcifer é a maneira como brincam com o funcionar da mente humana e com os seus medos e os seus traumas.

     Você diz que deus apenas interviu de forma justa nas querelas provocadas pelo diabo mas eu digo-lhe que deus apenas se limitou a ser espetador dessas lides. Se o cessar dessas carnificinas que a história nos relata se deveu a deus, bom seria que ele tivesse agido logo no inicio se é que tinha poderes para tal. Não sei como é que alguém que está em toda a parte e está a par de tudo, consegue assistir impávido à tortura de milhões de seres que morreram a suplicar-lhe ajuda, principalmente porque os responsáveis pelas piores torturas foram e são aqueles que agem em nome do amor a deus tão propagado.

     Se as pessoas fizessem um profundo exame de consciência chegariam à conclusão que o que sentem em relação a deus não e amor mas sim medo. Medo de não serem perdoados, medo de serem castigados, medo do inferno, medo de Satanás, medo de Lúcifer, medo do karma, medo da morte. Enfim dos medos que a religião infundiu na mente dos homens. Só controlando com esses medos se faz de um humano uma ovelha num rebanho do qual ninguém sabe exatamente quem é o pastor, se deus ou se o diabo.

     Uma coisa é certa, é a existência do diabo e dos atos que este leva os homens a praticarem que justifica a existência de deus, assim como só se justifica a existência da policia por existem ladrões. Sem o diabo deus não fazia falta nenhuma por isso não seria de admirar que um tivesse criado o outro ou que um seja também o outro.

Caro F. Leite

Compreendo e respeito a sua opinião.
No entanto, relativamente à sua indicação sobre Abraão, o mesmo foi um teste de fé e lealdade. Como deve saber, há muita gente que vai à igreja, diz ser crente, mas duvidam e até julgam Deus.
Abraão permaneceu leal mesmo numa circunstância extrema, nunca duvidando nem julgando Deus.

Porém pergunto, se Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho, porque supostamente um anjo de Deus interviu sobre essa situação?
Teria esse anjo autoridade sobre Deus?

Caro F. Leite

Compreendo e respeito a sua opinião.
No entanto, relativamente à sua indicação sobre Abraão, o mesmo foi um teste de fé e lealdade. Como deve saber, há muita gente que vai à igreja, diz ser crente, mas duvidam e até julgam Deus.
Abraão permaneceu leal mesmo numa circunstância extrema, nunca duvidando nem julgando Deus.

    Ainda bem que há quem duvide e o julgue (eu sou um desses mas não frequento igrejas), pena é que só alguns o façam.

    Quanto a Abraão veja como a tática divina funciona até consigo. Consegue ver a história como um teste de lealdade de Abraão mas abstém-de de falar sobre o sofrimento da criança pois inconscientemente iria julgar deus sobre o ato que exigiu de Abraão. Uma fuga para a frente típica da mente humana que deus sabe e bem explorar.

Porém pergunto, se Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho, porque supostamente um anjo de Deus interviu sobre essa situação?
Teria esse anjo autoridade sobre Deus?

    Caro amigo, se o anjo não tivesse intervido (e diz a história que ele interveio a mando de deus), a história teria tido diferentes consequências ao nível da mente humana. Enquanto que as pessoas vêm deus como o herói que salvou a criança da morte, se não tivesse havido essa intervenção do anjo, teriam passado a a ver deus como alguém malévolo que nem as crianças protege. Passariam a ver deus como o diabo no seu melhor.

    Terá sido alguém que não quis ver deus ir por água a baixo que mandou o anjo intervir? Talvez esta pergunta responda à pergunta que você faz no fim do seu texto. Contudo pelo que ao longo de muitos anos de estudos observei é que é um grupo de três que governa esta história toda. E não é deus o chefão dos três. Observassem os crentes o que se passa hoje em dia na igreja e saberiam quem manda e organizou esta história toda de deus, dos anjos e dos demónios.

Caro Kyrie

Creio que entendeu mal o video.

Entendi muito bem.
Aliás, vi outros videos do autor e é notório que o mesmo está preso às contradições e mentiras da Igreja Católica.

 Quanto a deus não compactuar com a rebelião (entendendo aqui rebelião como o mal) também não estou a ver que tenha sido mesmo assim. Talvez você veja a história de Abraão como a história linda do que é amor a deus, pois um pai sujeitar-se a matar o filho por amor a deus é prova de um amor extraordinário. Eu porém que tenho filhos vejo essa história como um ato cruel que prova que deus não ama ninguém e muito menos aqueles que diz que criou.

    Já imaginou a dor que no momento do ato reinou entre os dois personagens terrenos da história? Imagine-se ali, no lugar do filho a ver o pai a descer a faca sabendo que isso significa a sua morte. A angústia, o medo, o coração acelerado a suplica para que ele não o faça, os gritos de pavor. Fecha os olhos e imagine a cena pondo-se no lugar do puto. O assassinato não aconteceu, mas por certo perdurou no miúdo por toda a vida que a partir daí se adorou a deus, adorou-o por o temer e não por o amar.

    Quanto ao que o pai sentiu no momento é mais difícil de visualizar pois deus não iria pedir a um gajo como eu para matar o meu filho como prova de amor e obediência (a deus), pois iria levar uma nega e ser mandado às urtigas. Ele escolheu Abraão pois sabia que o tinha na mão e na mente e que com Abraão conseguiria uma história linda para ser contada às gerações futuras. Só que as pessoas são cegas e da história só retêm a beleza do pseudo amor a deus e esquecem o mais importante que foi a dor horrível que aquela criança viveu para que deus tivesse mais um exemplo para contar e se impôr aos homens.

Engraçado, porque foi esta passagem Biblica que me levou a distanciar-me muito do Deus retratado nesse livro.
Um lider jamais põe a lealdade de um seu subdito à prova dessa forma, contudo esta passagem cai que nem uma luva a um qualquer ditador sanguinário.
Por isso,deixemo-nos de rodeios e complicações...se o Deus retratado na Biblia é tão bom e cheio de amor pelo ser humano, porque mandaria um homem matar o seu prórpio filho somente para alimentar o seu ego de ser divino?

   
Esse aviso sobre os falsos profetas nada tem de extraordinário, pelo contrário, pois era previsível que aparecessem vozes discordantes. Sempre houve e sempre haverá quem discorde de tudo e de todos. Ele somente avisou contra o inevitável e dessa forma deixou a ideia de que tem capacidades premonitórias

Em relação aos falsos profetas vejo as cosias de uma outra forma.
Acho que Jesus Cristo considerou falsos profetas todos os homens que falariam em nome Dele e usariam o seu exemplo para reunir o rebanho de fieis, mas contudo somente com o intuito de alimentar os seus egos e interesses pessoais.
E isso é bem visivel atualmente, isto poque a grande maioria, se não a totalidade dos lideres religiosos, independentemente de que religião se trate são todos uma cambada de mentirosos.

   

   

   
    Você diz que deus apenas interviu de forma justa nas querelas provocadas pelo diabo mas eu digo-lhe que deus apenas se limitou a ser espetador dessas lides. Se o cessar dessas carnificinas que a história nos relata se deveu a deus, bom seria que ele tivesse agido logo no inicio se é que tinha poderes para tal. Não sei como é que alguém que está em toda a parte e está a par de tudo, consegue assistir impávido à tortura de milhões de seres que morreram a suplicar-lhe ajuda, principalmente porque os responsáveis pelas piores torturas foram e são aqueles que agem em nome do amor a deus tão propagado.

    Se as pessoas fizessem um profundo exame de consciência chegariam à conclusão que o que sentem em relação a deus não e amor mas sim medo. Medo de não serem perdoados, medo de serem castigados, medo do inferno, medo de Satanás, medo de Lúcifer, medo do karma, medo da morte. Enfim dos medos que a religião infundiu na mente dos homens. Só controlando com esses medos se faz de um humano uma ovelha num rebanho do qual ninguém sabe exatamente quem é o pastor, se deus ou se o diabo.

    Uma coisa é certa, é a existência do diabo e dos atos que este leva os homens a praticarem que justifica a existência de deus, assim como só se justifica a existência da policia por existem ladrões. Sem o diabo deus não fazia falta nenhuma por isso não seria de admirar que um tivesse criado o outro ou que um seja também o outro.

De facto o Deus omnipresente e omnipotente parece ter ficado ausente depois da epoca do antigo testamento...agora e ao contrário dessa altura, parece ficar impávido e sereno com a crueldade que os er humano consegue inflingir ao outro.
E em relação às religiões, quem lá vai não é pela procura de Deus, mas sim pelo temor que tem do castigo que Deus lhes pode dar depois da morte.
Contudo essas mesmas pessoas são as mais crueis para o seu semelhante, e porque?...fácil, porque ao irem à Igreja e baixarem a cabeça a um Deus castrador, acham por isso que estão perdoadas de qualquer pecado que possam vir a cometer.

Caro F. Leite

Compreendo e respeito a sua opinião.
No entanto, relativamente à sua indicação sobre Abraão, o mesmo foi um teste de fé e lealdade. Como deve saber, há muita gente que vai à igreja, diz ser crente, mas duvidam e até julgam Deus.
Abraão permaneceu leal mesmo numa circunstância extrema, nunca duvidando nem julgando Deus.

Felizes daqueles que vão à Igreja e duvidam e julgam Deus, e sabe porque? porque são esses que procuram o verdadeiro Deus, e não aquele que os padres hipocritas lhes "pintam".
Eu não tenho religião, mas julgo e duvido de Deus...do Deus biblico, do que se intitulou senhor de todos nós.
E sabe porque duvido e o julgo? porque o duvidar e julgar é uma forma de conhecer, de descobrir...sós e conhece verdadeiramente alguém duvidando e colcoando em causa e não seguindo cegamente.