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  • As formas cerimoniais e sagradas do Ocultismo - A Magia Eterna
    Iniciado por Xteila
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Xteila
Na noite dos tempos, um homem cobertos de peles de animais que caçou, ao desenhar na parede rochosa da sua caverna um auroque e ao trespassá-lo com um traço terá, talvez, praticado o primeiro acto mágico humano. Assim nasce a magia.
Através da História, no decurso de milénios, o acto foi-se modificando, progredindo, regredindo e, ganhando contornos absolutamente diferentes, impôs-se de tal modo que chegou aos nossos dias. Por isso, é normal ver-se, actualmente, num feira de uma grande cidade europeia, uma mulher sentada diante de uma caravana coberta de símbolos cabalísticos. «Vidente» - diz o cartaz. Só em Paris, há seis mil profissionais do cultismo que vivem à custa da crença popular.
Mas o que é essencial no ocultismo? Em primeiro lugar, determinemos o espírito mágico e esbocemos a sua história. Examinemos a atitude interior do mago.
Quer acção, mesmo que tenha de se revoltar. Por isso, não só põe de lado Deus e a ciência, mas também, confiando na infalibilidade das suas fórmulas e dos seus ritos complicados, pretende modificar a Lei a seu favor. Assim, a magia será branca, se não negar Deus, e negra, se procurar entrar em contacto com o Diabo e negociar com ele.
Através do espaço e do tempo, as práticas mágicas assemelham-se todas. Mas não se deve simplificar.

Magia dos primitivos

Quando se fala de primitivos, deve-se ter muito cuidado para não se tentar generalizar ou simplificar, pretendendo afirmar como verdade aquilo que é absolutamente desconhecido. Parece evidente que o homem primitivo estava mergulhado em magia: para poder sobreviver, procura armas eficazes, mesmo não-materiais. No entanto, confunde os dois tipos: acredita nos Espíritos e no seu poder, por vezes mais do que nas suas armas de pau ou de pedra. Por isso, recorre ao representante do Grande Espírito, ao feiticeiro, ao mago.


O Antigo Oriente

A magia teve uma autêntica idade de ouro 3000 anos A.C., no Egipto e na Caldeia. Na Mesopotâmia, surge a religião naturalista suméria que é tão inseparável da magia com a religião astral semita.
Para enfrentar as potências infernais é preciso invocar os grandes deuses e os génios protectores, servindo-se de um cerimonial complexo realizado por pessoas especializadas, os magos; por isso, os reis caldeus rodeiam-se, pelo menos, de um sumo-sacerdote, de um encantador, de videntes e de um médico.
Os deuses invocados tudo farão pelo seu «cliente» que deverá usar amuletos e talismãs para continuar o efeito mágico.
No Egipto, a magia é oficial, religiosa e cerimonial, mas tem menos génios e demónios do que na Caldeia. O faraó-deus é o «senhor das maravilhas mágicas» e tem os seus sacerdotes-magos.
O prestígio babilónio esfuma-se e o poder egípcio democratiza-se. Os hebreus receberão esta herança e ampliá-la-ão.
Contudo, a religião hebraica nunca aceitará a magia. No livro do Êxodo (22, 18) afirma-se: «Não deixarás viver a mulher que se dedicar à magia». E o Levítico (19, 31) condena as práticas mágicas porque as considera perniciosas. Mas no judaísmo primitivo também aparecem traços de magia. Será a cabala judaica que, ao mostrar-nos Deus a criar o Universo pelo seu Verbo, irá desenvolver na Idade Média, uma magia prodigiosa.

Grécia e Roma

No mundo clássico, a religião do Panteão está envolta em magia. Os próprios mistérios gregos são actos de magia. Ao fundo primitivo juntam-se contribuições estrangeiras e a Grécia orientaliza-se, ao mesmo tempo que heleniza o Oriente.
Em Roma, o clima é diferente. O romano acredita na existência de potências difusas, os numina. Mas, desde 451 A.C., a lei das Doze Tábuas – a primeira lei escrita romana – condena as fórmulas mágicas e os encantamentos.


A cristandade

Porém, a grande luta será entre o cristianismo e a magia: nos séculos III e IV abunda o maravilhoso. Os neoplatónicos distinguem entre teurgia ou magia branca e goécia ou magia negra. Como a magia é perseguida, refugia-se nos Judeus e no Árabes ou vive escondida.


Idade Média e Renascimento

Desenvolve-se então uma literatura mágica que o Alcorão não consegue impedir. Também distingue entre magia branca e magia diabólica. Penetrará no Ocidente por Espanha (tendo na cidade de Toledo o seu centro principal) e através das Cruzadas.
Os Judeus, com uma literatura de magia notável, sobretudo por causa da cabala, são considerados grandes mestres da magia.
No Ocidente, a Igreja tenta substituir todo o arsenal mágico por objectos benzidos. Combate os ocultistas que se vingam, parodiando os seus ritos e invocando o Diabo. E começa toda a grande vaga de ocultismo, bruxas e feiticeiras... e os sabat das bruxas, as manifestações do Diabo, os pactos com ele, os sacrilégios e as fogueiras... Uma loucura colectiva que dá origem a uma repressão trágica nos séculos XVII e XVIII.
Alguns espíritos abertos apaixonam-se por uma «magia natural», por um ocultismo purificado. Miguel Scot, Villanova, Bacon, Alberto Magno (mestre de São Tomás de Aquino; atribuiu-se-lhe erradamente, dois tratados de magia que datam, efectivamente, do século XIII) estudaram no século XIII, a astrologia e a alquimia. No século XVI, sucedem-lhes o padre Tritheim de Vurtzburgo, Cornélio Agripa de Nettesheim, o Dr. Johannes Faust de Heidelgerba, cantado por Goethe, Aureolus Theophrastus Bombastus Paracelso que alguns consideram o precursor da medicina e do magnetismo.


Os Tempos Modernos

No século XVII continua-se a condenar bruxas: a repressão da epidemia demoníaca na região basca (1612); as possessas do Convento das Ursulinas de Loudun (1631-1634); a questão dos venenos que começará em 1677 na corte de Brinvilliers e La Voisin; e depois as convulsionárias de Chinon, de Louviers e os pastores de Brie. No século XVIII (a pena capital por delito de bruxaria acaba em França, em 1731), o racionalismo parece querer varrer o cultismo. Mas será ilusão! A Franco-Maçonaria ressuscita secretamente alguns ritos mágicos. Paris está cheia de sociedades secretas.
Mesmer cura com o seu magnetismo. Goethe (1749-1832), depois de Marlowe (1563- 1593), ressuscita Fausto. O romantismo literário enche-se de magia. Ameaçada pelo progresso e condenada pela Igreja, a magia entra na «fase científica». O espiritismo é relançado, em 1847, pela família Foz nos Estados Unidos, e cresce de maneira fulgurante; Allan Kardec codifica-o em França. O hipnotismo é estudado Por Harcot. Mas próximo de nós, surge a «metapsíquica», os médiuns (que o infra-vermelho e o livro de Robert Amadou Os Grandes Médiuns reduzem às suas proporções mínimas), os faquires, os videntes, os telepatas que são manifestações de uma magia sensacionalista.


A magia e o paranormal

Onde está a fronteira entre a magia e o paranormal? Os «intelectualistas» afirmam que a ciência e a sua irmã mais nova, a magia, são o resultado do desejo desinteressado que o homem (mesmo primitivo) tem de saber e de compreender. Mas os desejos dos primitivos seriam iguais aos do intelectualista?
Os biologistas ou pragmatistas – mais realistas – crêem que o homem primitivo descobriu e usou a ciência e a magia para satisfazer as suas necessidades imediatas. Assim... primeiro comer, depois filosofar...
A escola sociologista afirma que foi a religião que criou a magia e, depois, a ciência. Augusto Comte, na sua «Lei dos três estados», vê o homem primitivo adivinhar uma vontade igual à sua por detrás dos fenómenos naturais, prestando-lhes culto através da religião. Depois, para influenciá-la, realiza ritos; assim, a magia já não pede, mas impõe. Finalmente, chega a ciência que, conhecendo as leis da natureza, submete-a ao homem. Esta teoria parece válida, mas há outras tão válidas como ela que se lhe podem opor como, por exemplo, a de que foi a magia que deu lugar á religião, que a religião é o fruto purificado do medo primitivo ou que nenhuma delas é anterior, pois todas coexistem como forma de uma tendência do espírito humano (tendo sido a magia o maior obstáculo ao aparecimento da verdadeira ciência).
Por isso, alguns contrariam o ocultismo generalizado, produto da magia. Outros, pelo contrário, como Mallarmé, exaltaram-no.
Muito se escreveu sobre o cultismo, a ponto de se distinguir entre a literatura eterna do verdadeiro ocultismo e a «literatura oportunista» de especialistas de ocultismo.
O homem em todos os momentos difíceis da História, faz reaparecer o que já se supunha enterrado.



(Transcrito do livro "Ciências Ocultas")

Antes de Julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. Eclesiástico cap 18 verc 19