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  • Satanismo, LaVey, Baphomet, Pentagrama e a Cruz Invertida
    Iniciado por Zühl
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O termo Satanismo sugere várias interpretações. Desde a Idade Média, é usado para designar as crenças do período pré-Cristão ou as religiões não cristãs, como a Wicca. Há ainda conotações contemporâneas associando o satanismo a uma filosofia, adoração ao Diabo etc.
Fundamentalmente, o Satanismo é um estilo de vida de aplicação prática. Sua essência baseia-se na idéia de que cada ser humano, em sua individualidade, é uma divindade; capaz de alcançar altos níveis de evolução, desde que não esteja preso a nenhum dogma religioso que subtraia seus reais valores primitivos. Portanto, cada indivíduo tem a liberdade espiritual e filosófica de criar e desenvolver seus critérios, sendo ele seu próprio sacerdote, salvador e deus. Neste caso, o Satanismo não está associado à adoração ao Demônio ou oposição ao Cristianismo.


Alguns tipos de Satanismo

Luciferanismo
O Luciferanismo pode ser considerado uma derivação da filosofia empregada no Satanismo. Seus seguidores não cultuam Lúcifer (Lúcifer é visto como um Anjo, e não como a personificação do mal no cristianismo), mas o vêem como uma referência para alcançar a Iluminação Espiritual. Sendo que a origem de seu nome significa Portador da Luz.

Satanismo Gótico
Neste caso, o termo Gótico é sinônimo de Medieval. Esta variação faz parte apenas das lendas criadas na Idade Média pela Igreja Católica para atemorizar os cristãos e servir de acusação nos processos inquisitórios. O caso das Bruxas de Salém em 1692, é um exemplo. Nesta variação lendária do Satanismo, seus adeptos sacrificavam crianças e animais em rituais de magia destrutiva.

Dabblers Satânicos
Está principalmente associada aos modismos adolescentes. Seus adeptos ensaiam rituais esporádicos de magia utilizando-se do sacrifício de pequenos animais. É essencialmente uma forma de anticristianismo, onde os Dabblers (aficionados) adoram o demônio conhecido no cristianismo e se camuflam sob uma condição que julgam satânica. Igualmente chamado de Devil Worshippers (Adoradores do Demônio), também está associado a delinqüentes que alegam cometer os crimes motivados por Satã.

Satanismo Religioso
É a forma mais difundida de Satanismo. Possui dogmas e a bíblia satânica. Também abriga aspectos místicos e cerimoniais, como batizado e casamento, que o caracterizam como uma religião. Porém, não há uma divindade cultuada nem conceitos sobre céu e inferno, bem e mal ou deus e diabo. A Church of Satan e o Temple of Set são exemplos do satanismo religioso.


Anton LaVey e a Igreja de Satã



Anton Szandor LaVey nasceu na cidade de Chicago, em 11 de abril de 1930. Esta é uma das poucas informações coerentes sobre sua vida. De resto, há um grande conflito em sua biografia. LaVey teria recebido ensinamentos ocultistas de sua avó cigana. Ainda teria viajado para a Alemanha ao lado de um tio, e trabalhado em circos, cabarés e até mesmo na Polícia de San Francisco. LaVey também teria vivido romances com as atrizes Marilyn Monroe e Jayne Mansfield.

Em 30 de abril de 1966, foi fundada a Igreja de Satã (Church of Satan) por Anton LaVey. Apesar de já haver grupos como o Hell Fire Club e o Abbey of Thelema, que cultivavam uma linha semelhante, a Igreja de Satã foi a primeira organização reconhecida como religião dedicada às filosofias satânicas, e considerada a precursora do satanismo moderno. É provável que o nome Church of Satan tenha sido adotado como uma forma de causar um impacto polêmico e chamar a atenção da imprensa. As "Missas Satânicas", que eram paródias das missas cristãs, possivelmente foram criadas com o mesmo objetivo. Portanto, seriam apenas recursos publicitários empregados por LaVey.
Assim, a Igreja de Satã recebeu uma atenção muito grande por parte da sociedade e da imprensa americana, logo atingindo uma notoriedade mundial. LaVey passou a ser considerado o Papa Negro e sua esposa Diane Hegarty, foi nomeada Suma Sacerdotisa.

Em 1º de fevereiro de 1967, ocorreu em San Francisco a cerimônia de casamento entre John Raymond, jornalista político, com Judith Case, filha de um conhecido advogado de Nova York. Apesar de não ser o primeiro casamento satânico realizado por Anton LaVey, a fama de John e Judith serem de famílias abastadas, despertou grande interesse e a cerimônia tornou-se um evento amplamente coberto pela imprensa.

Em maio do mesmo ano, LaVey conduziu o batismo de sua filha de três anos, Zeena. Foi o primeiro batismo satânico da história. Zeena vestia um manto vermelho e usava um medalhão com a imagem de Baphomet, enquanto seu pai recitava uma invocação que futuramente foi incluída no livro Satanic Rituals.

Em 1969, a Igreja já contava com 10 mil adeptos em todo o mundo. Anton LaVey publicou The Satanic Bible, que se tornaria a principal referência do Satanismo. Ainda seguiram-se The Compleat Witch em 1970 (posteriormente revisto e editado como The Satanic Witch) e em 1972, The Satanic Rituals.

A Igreja desenvolvia sua estrutura e hierarquia nas décadas de 70 e 80. Em 1984, Anton LaVey separa-se de Diane e sua filha Zeena ocupa a posição de Suma Sacerdotisa. Nesse período, as Missas Negras e outras cerimônias deixam de ser realizadas devido a intolerância de grupos cristãos. Anton LaVey passa a administrá-la apenas através do Boletim Oficial The Cloven Hoof. Em 1988, este informativo foi extinto e algumas publicações independentes tornaram-se a forma de interagir os adeptos em diversas partes do mundo. Ainda houve um grupo que se desligou da Igreja e formou o Temple of Set (relativo à divindade egípcia Set). Anton LaVey faleceu em outubro de 1997 devido a um edema pulmonar. Atualmente, a Igreja é presidida por Peter Gilmore.


Baphomet, Pentagrama e a Cruz Invertida



Em meio às diversas polêmicas que compõem o tema do satanismo, alguns pontos não ficam totalmente esclarecidos. Por exemplo, a representação de uma cabra com corpo humano encontrada nos cultos do satanismo religioso é denominada Baphomet, que já era conhecida desde os tempos pré-cristãos. Portanto, não possui nenhuma relação com o demônio conhecido no cristianismo. Para os satanistas, Baphomet é uma energia da natureza que os motiva a conseguir seus objetivos. Neste caso, a cabra com corpo humano e asas simboliza força, fertilidade e liberdade, características muito valorizadas pelos povos pagãos.
O pentagrama é um símbolo encontrado originalmente nas culturas pré-cristãs com diversos significados. No caso do satanismo religioso, é utilizado com duas pontas voltadas para cima, simbolizando a face de Baphomet.
A origem da cruz invertida nos remete a São Pedro, que não se julgava digno de morrer como Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. Este símbolo é encontrado na Basílica do Vaticano, no trono ocupado pelo Papa, etc. Porém, a Cruz invertida também foi adotada por grupos que se intitulam satanistas ou anticristãos.

Believe to see...

Lunática
#1
O Diabo

Diabo (do latim diabolus, por sua vez do grego antigo διάβολος, transl. diábolos, "aquele que separa") é o título mais comum atribuído à entidade sobrenatural maligna da tradição judaico-cristã e que, segundo a fé cristã/judaica, é atribuído a Lúcifer.



Tratado como a representação do mal, em sua forma original de um anjo querubim, classe angelical responsável pela música celestial, que foi expulso dos Céus por ter criado a primeira (e talvez única) rebelião de anjos contra Deus com o intuito de tomar-lhe o trono. Com o seu parecer ainda desconhecido, muitas são as tentativas de reproduzi-lo. O mais popular o levaria a ter uma cor vermelha, com feições humanas, mas com chifres, rabo pontiagudo e um tridente na mão, para remeter a um cetro. Alguns acreditam que este parecer foi criada, sobretudo, pela Igreja Católica. Tal opinião alega que, como ela poderia perder os seus fiéis para o paganismo, apropriou-se de um elemento de cada deus pagão e reuniu-os, para que todas as vezes que um dos seus fiéis olhasse para uma divindade sentisse medo, associando-a a Lúcifer. Assim, a perda de fiéis teria diminuído notavelmente. Outra forma também comum quanto ao parecer corresponde à de um ser metade humano, metade bode, com o pentagrama invertido inscritos no corpo (imagem de Baphomet), embora não tenha ligação com ele, que foi a imagem iniciada pela Igreja Católica.

História

O Diabo na Antiguidade

Neste primeiro momento, a análise tem a intenção de mostrar que o Diabo aparece como adversário de Deus no âmbito do cristianismo. Este conflito assumiu a forma de uma batalha cósmica entre o Bem (cristãos) e o Mal (judeus, romanos) sendo que tanto o conflito doutrinário como o bélico são utilizados para o combate destes últimos.

Ao contrário do Novo Testamento (NT), no Antigo Testamento (AT) o conceito do mal não existe de forma personificada e autónoma em relação a Deus. Na visão monoteísta, característica do AT, a soberania absoluta de Deus não é ofuscada por nada. Deus é o autor de todas as coisas, sejam elas compreendidas como boas ou más pelo ser humano. No AT existem apenas quatro referências ao Diabo como sendo um ser sobrenatural devido ao facto de que a figura de Satã é desnecessária, afinal, Javé é responsável pelo mal. A falta de um dualismo radical entre o bem e o mal explica-se pela exclusividade de Javé. Nos três séculos anteriores à era cristã houve a predominância da tendência de considerar os demónios como seres predominantemente nocivos. O mal é consequência da desobediência do homem, logo, não há necessidade de Satã. O Antigo Testamento é permeado por uma visão monoteísta, onde Deus é que garante a ordem cósmica e qualquer ser ou pessoa que pretenda atrapalhar esta ordem, recebe a devida retribuição por sua desobediência.

Neste sentido, pode-se dizer que no Antigo Testamento o mal praticado pelo ser humano traz embutido em si o castigo.

Assim sendo, seria correcto afirmar que o Deus Javé é o originador de uma série de males em retribuição ao mal praticado pelo ser humano, todavia ele não é o causador do mal num sentido moral. Apesar da grande produção literária (conhecida como textos apócrifos), ocorrida no período compreendido entre o fim do AT e o início do NT, esta não foi incorporada ao cânon cristão e, por isso, parece existir uma grande lacuna entre ambos os testamentos. Assim sendo, as mudanças em relação ao mal não foram percebidas de forma gradativa. Os textos apócrifos, são exactamente aqueles que preenchem a lacuna acima citada, afinal, foram muito difundidos na época, inclusive, influenciando os discípulos de Jesus.

Entre os séculos VI e IV a.C e IV e I a.C, períodos de hegemonia persa e grega respectivamente, tais culturas influenciaram profundamente o judaísmo e consequentemente o cristianismo. Nessa época, teria ocorrido uma ruptura na personalidade de Deus, o qual tornou-se exclusivamente um autor benigno, deixando de agir de forma maléfica. No que se refere à cultura hebraica, houve uma quebra, um deslocamento da visão monoteísta para uma visão dualista. Na concepção dualista, dos persas ou iranianos particularmente, havia um Deus benevolente e um malévolo sendo que o mal e o bem eram realidades diferentes de origens distintas. Em aproximadamente 600 a.C Zaratustra lançou as bases da primeira religião totalmente dualista, revolucionando a história dos conceitos no Irã. Zaratustra afirmava que o mal originou-se de um princípio à parte do divino, sendo que ao deslocar-se do monismo para o dualismo, o politeísmo ficava distante e o monoteísmo aproximava-se.

Os gregos foram influenciados pelo dualismo persa e quando em períodos mais recentes do AT, o dualismo tornou-se mais presente na fé israelita e por motivos evidentes, hesitavam atribuir a Javé a origem do mal, buscava-se um personagem para desempenhar dois papéis: evitar a atribuição do mal a Javé e, simultaneamente, confirmar o controlo deste último sobre a história do universo. No campo da filosofia da Grécia Clássica, Platão é o pensador que mais influenciou o cristianismo. Para ele, o mundo das ideias é real, bom, perfeito. Se o mal consiste da falta de perfeição e o mundo fenomenal não reflecte ao mundo das ideias de forma adequada, na medida em que isso ocorre, torna-se menos real, menos bom, logo, torna-se pior.

Alguns autores referem-se ao cristianismo como uma posição intermediária entre o monismo do AT e o dualismo persa e grego, classificando-o como semi-dualista. Isso significa que Deus continua a ser soberano e o criador de tudo, porém não tem responsabilidade pelo mal no mundo, o qual teria origem no livre-arbítrio concedido para as suas criações, sejam elas humanas ou celestes. O mal entrara a partir dos anjos por sua rebeldia e a partir dos homens através do pecado. No AT, a palavra Diabo deve ser entendia dentro de uma visão monista. No NT, o termo indica um ser autónomo em relação a Deus e que a ele se opõe, expressando a visão dualista. O termo Lúcifer não é um nome próprio na sua origem e significa "o que leva a luz". Foi São Jerónimo, no século IV que providenciou a versão latina da Bíblia, que empregou o termo Lúcifer para traduzir a expressão hebraica que corresponde à "estrela da manha" e "astro brilhante" ou "aurora" e "manha". A partir de um dos textos de Isaías (Is 14:12-15), o profeta refere-se a uma personagem histórica concreta, provavelmente o rei de Babilónia, mas a hermenêutica do cristianismo dos pais da igreja tinha como uma de suas regras interpretar o Antigo Testamento em função do Novo Testamento e isso fazia com que muitos textos tivessem a sua leitura espiritualizada.

Mediado por Lúcifer, Satã transformou-se no Diabo. Assim sendo, essa narrativa, além de retirar de Deus a responsabilidade pela criação do mal, reafirmava a sua omnipotência, conciliando monismo e dualismo. O cristianismo, nos seus séculos iniciais, cumpriu o papel de redefinir os agentes sociais a serem denominados. Já é possível identificar no Evangelho de Mateus uma estratégia de denominação por parte do cristianismo. Em aproximadamente 80 d.C, conflitos sociais entre o cristianismo do final do século I e o judaísmo rabínico foram interpretados pelos evangelistas cristãos como uma batalha cósmica entre o bem e o mal. Já em meados do século II, os judeus deixam de ser inimigos sociais e políticos muito ameaçadores. Sendo assim, os romanos, em função das suas perseguições, passaram a ser identificados como tais. No século III, a prática do NT de denominar os adversários políticos já estava incorporada ao cristianismo. Seja pela denominação de adversários políticos (universo extra-psíquico) ou pela denominação das próprias lutas pessoais (universo intra-psíquico) a luta contra o Diabo viria a tornar-se uma prática bastante presente no cristianismo. Para ilustrar estas batalhas contra o Diabo no cristianismo monástico, a biografia de Santo Antão, feita por Santo Atanásio (ATANÁSIO, S. Vida e Conduta de Santo Antão. São Paulo: Paulus, 2002.), que viveu no final do século III e início do IV, é relevante. Atanásio relatou muitas vezes em que na tentativa de desviar Santo Antão da conduta cristã, o Diabo saiu perdedor, porém apenas afastava-se para depois se aproximar em novas batalhas ao longo da sua vida.

O Diabo no Período Medieval

A figura Diabo não possuía uma tradição iconográfica na arte cristã, assim como os Santos, a Virgem Maria e Cristo. Eram muitas as dificuldades enfrentadas pelos artistas que desejavam por algum motivo representar a figura do diabo. Sendo assim, buscou-se na tradição da antiguidade clássica os componentes para elaborar as características físicas diabólicas.

No período medieval é que essa escassez de imagens cristãs – principalmente antes do século IX – representando o Diabo foi superada. Foi do Deus grego Pã – filho de Hermes dotado de chifres, rabo, cascos, orelhas e parte inferior do corpo peluda - que se extraiu os principais elementos iconográficos de Satã.

Uma iconografia mais específica sobre o diabo foi desenvolvida no século XI, sendo que a sua forma original feita por Deus, "à sua imagem e semelhança" foi deturpada, monstruosa, animalesca; conservando porém, a silhueta antropomórfica.

Tudo o que o cristianismo repeliu de forma intensa, classificando como contrário a seus dogmas, pagão, impuro, etc., resguardou-se no "reino do Mal". A associação das divindades pagãs com o Diabo tornou-se uma coisa natural para os primeiros cristãos porque estes andavam e eram perseguidos por um mundo pagão e através da mudança das crenças dos pagãos é que a religião cristã se manteve viva. A associação dos deuses pagãos com demónios reflecte o modo como a Igreja deturpou a filosofia e a ciência clássicas, tornando-as relativamente improdutivas ao longo dos séculos. A construção do reino das trevas feita pelo cristianismo, está com tudo o que deve ser negado no seu universo de valores. A perseguição profunda sofrida pelos cristãos que fugiam dos romanos agravou o processo de demonização do "outro" e, quando uma religião concorre com o cristianismo, tende a ser vista como um fenómeno que batalha contra ele.

Não são poucos os casos em que o cristianismo acaba por demonizar os seus concorrentes no campo religioso e a formação da iconografia do Diabo é um exemplo da forma como o cristianismo interage com as religiões concorrentes. Sobre as ruínas das antigas religiões precedentes ao cristianismo é que foi construída a imagem do Diabo e, depois que a imagem e o papel dele já estavam bem delineados, o cristianismo continuou a identificá-lo com as expressões religiosas do "outro".

Da mesma forma que o cristianismo demonizou as religiões gregas, é que a poderosa Igreja medieval demonizou e caçou os seus inimigos dissidentes, levando também, o cristianismo a demonizar as religiões dos ameríndios e dos negros africanos. O afloramento da modernidade no Ocidente Europeu foi seguido de um grande medo do Diabo. Apesar de ser a modernidade a época em que tanto o Diabo – e por consequência – quanto a Inquisição atingiram o auge do poder, foi entre os séculos XI e XII que acontecera uma primeira grande "explosão diabólica". O código feudal associou Satã a um vassalo infiel, adquirindo fama de sedutor e perseguidor.

Apenas após o século XIV é que o Diabo atingiu o auge da fama na Europa, sendo a "Divina Comédia", um marco para a época e um símbolo do seu triunfo. O declínio de sua fama iniciou-se com o fim da modernidade, no século XVII.
Na Idade Média, o papel do Diabo é mais de um servo familiar do que um invasor que se apodera das pessoas.

Particularmente para as camadas populares, o Diabo medieval nem sempre é uma figura aterrorizante e, por vezes, é fácil enganá-lo. Essa visão tipicamente medieval do Diabo está bem estampada na assimilação que o catolicismo brasileiro fez dele e o filme "O auto da Compadecida", pode ilustrar bem essa facilidade em enganar-se o Diabo. Outra característica relevante acerca do Diabo medieval refere-se à forma como ele esteve sempre associado à dissidência religiosa, afinal, toda a religiosidade europeia precedente ao cristianismo é rejeitada e vista como heresia, ou seja, diabólica. Esta perspectiva que associa os dissidentes religiosos com servos do Diabo, ou seja, hereges, bruxos, começou a obter sucesso durante a Idade Média. No século IX, o cânone Episcopi, distante de perseguir feiticeiras ou bruxas, afirmava que as crenças nos voos nocturnos são infundadas e não passam de ilusão, sendo que acreditar nisso significa distanciar-se da fé verdadeira visto que pensam que além do Deus único, existe uma potência divina. Curiosamente, no século XV, os clérigos admitem a realidade dos voos nocturnos.

O "Manual dos Inquisidores", escrito em 1376 por Nicolau Eymerich, serviu de base para a acção da inquisição que atingira o seu ápice na Idade Moderna. Os procedimentos, maneiras de conduzir os interrogatórios e, particularmente, as torturas, foram objecto de uma crescente riqueza de detalhes. De acordo com o manual, não era difícil de ser considerado um herege.

Outro documento de suma importância é o Malleus Maleficarum (O martelo das feiticeiras), publicado em 1486, que reuniu o saber demonológico acumulado ao longo dos séculos, descrevendo as práticas maléficas das feiticeiras da época e dedicando-se a enumerar as medidas radicais de combate ao mal. A inovação está no seu carácter massificador e sistematizador, fazendo dele uma verdadeira suma escolástica sobre feitiçaria.

A partir da demonização do outro é que a imagem do Diabo foi construída pelo cristianismo medieval. É por isso que nesse período as divindades pagãs foram completamente reduzidas à condição de demoníacas.

Devemos lembrar o facto de que o Diabo, ao longo dos séculos, constituiu-se num invasor de corpos que deveria ser expulso por pessoas especiais ou santas, vai gradualmente amansando-se e tornando-se uma figura familiar com que se pode até negociar com sucesso na Idade Média. Porém, nesse período, ele não perdeu o seu aspecto sombrio mas sim, chegou bem mais perto da realidade humana.

Lunática
O Diabo no Período Moderno

A actuação do Diabo intensificou-se com o advento da modernidade, variando entre a procura de seres humanos para pactuar e a invasão de corpos.

Muitas vezes no combate realizado pela Igreja contra a heresia, com grande atenção para a relação entre bruxas e o Diabo, os clérigos difundiam práticas e crenças que desejavam extinguir. Sobretudo quando a imprensa permitiu uma difusão mais rápida e detalhada com imagens e opiniões, é que o Diabo conquistou o auge do seu poder na imaginação das pessoas no mundo ocidental. Além disso, tanto a Reforma Protestante, quanto a Contra-Reforma Católica utilizaram-se da figura do Diabo de forma crescente para justificar os seus esforços de salvar os ameríndios. Deve-se notar as profundas transformações sofridas pelo Diabo no período moderno, pois era o Diabo quem servia o ser humano até o século XV, entretanto, a partir desta data, o papel se inverte e o homem torna-se servo do Diabo.

Uma onda de difusão do exorcismo acompanhou as mudanças que compreendiam o Diabo, não mais como um servo do homem, mas como um invasor de corpos. O exorcismo foi utilizado para finalidades diversas ao longo da história. Foi uma arma da Igreja cristã, no seu primeiro século de existência, contra o paganismo. Já no período medieval, o exorcismo era praticado tendo, além do seu papel fundamental, a função de legitimar a santidade do exorcista. Com a Reforma Protestante, o papel dos exorcismos foi ressaltado e, eram utilizados como propaganda de um grupo cristão contra outro.

Na Europa, o "teatro do exorcismo" possuía cinco características básicas:

Em atitude de submissão ao exorcista, o endemoninhado geralmente ficava ajoelhado;
Era interrogado;
Era violentado, açoitado, esbofeteado;
Geralmente este rito realizava-se diante de uma plateia dentro da Igreja;
Um teor pedagógico era assumido pelos exorcismos, pois ao obter sucesso na sua empreitada e exorcizar o endemoninhado, a Igreja católica mostrava aos seus fiéis como os protestantes estavam errados quando afirmavam que os ritos católicos eram ineficazes.

A entrada na Modernidade dos ibéricos dos séculos XVI e XVII foi diferente do restante da Europa, visto que optaram pela manutenção de padrões políticos e culturais fundamentalmente medievais. O Diabo não era nem venerado nem adorado pelas feiticeiras portuguesas, mas era manipulado por elas. Na perspectiva da elite religiosa, o conhecimento oculto só poderia ter origem no estudo e no saber humano; na revelação divina ou na intervenção do Diabo. Além disso, muitos historiadores tendem, de forma equivocada, a interpretar os ritos relacionados aos sabás como criações dos inquisidores. Porém, explica que experiências recentes feitas com plantas que existem na Europa e possuem diferentes quantidades de atropina, quando em contacto com a pele, provocam alucinações semelhantes às descritas pelas bruxas. Pelo facto de os colonizadores da América terem tido contactos anteriores e, sobretudo por terem caçado as "bruxas" no seu continente, o seu olhar foi condicionado a encarar os habitantes das Américas de forma demonizante. Desta forma, o Diabo cristão tinha atravessado o Atlântico na companhia dos agentes colonizadores.

É interessante notar o papel dos jesuítas da época, os quais por demonizarem de forma ainda mais intensa as concepções indígenas, paradoxalmente tornaram-se agentes demonizadores da vida na colónia.

Em virtude do intercâmbio intercontinental e entre a cultura erudita e a cultura popular, o imaginário sobre o diabo tornou-se cada vez mais rico. É interessante notar os aspectos paradisíacos e infernais da colonização, onde os conquistadores associam a natureza com o paraíso do qual, segundo o livro de Génesis da Bíblia, o homem tinha sido expulso. Devido à integração do nativo americano com a natureza e, por se parecerem, na sua nudez, com os personagens do paraíso, foram identificados com uma "inocência edénica". Os primeiros contactos entre nativos e europeus realizaram-se de forma amistosa, todavia, quando os projectos colonizadores colocaram-se em prática, as relações amistosas transformaram-se em conflitos sangrentos e, sendo assim, o carácter paradisíaco é mantido apenas para a natureza, enquanto os nativos vão sendo demonizados. Se por um lado a vida colonial foi "invadida" por demónios, por outro lado, o universo económico passou a ser descrito de maneira divinizada. Câmara Cascudo, acredita que antes do contacto com os portugueses, tanto os ameríndios quanto os africanos não conheciam uma entidade como o Diabo do cristianismo, o qual personifica o mal de forma absoluta. Sendo assim, se por um lado contribuíam para a manutenção, divulgação e crescimento dos poderes do Diabo, por outro lado, não criaram nem possuíam entidades equivalentes a ele.

Caipora (na crença indígena, um espírito das matas) e Exu (na cultura africana, um espírito ambíguo) foram logo identificados com o Diabo por parte dos europeus. No que se refere a Exu, ainda com base em Cascudo, ele é o "representante de potências contrárias ao homem". Os seguidores de Exu, ao mesmo tempo que possuem um sentimento de respeito, possuem um sentimento de temeridade. Antes de qualquer trabalho no terreiro, deve-se fazer o despacho para Exu para que não atrapalhe os rituais. A entidade é conhecida como o "homem das encruzilhadas", ou seja, onde existir um cruzamento de ruas, lá está Exu. Oferendas de pipocas e farinha com azeite-de-dendê são necessárias. Os animais, que geralmente são sacrificados para Exu, são o bode, o galo e o cão. Exu é considerado uma entidade fálica e a sua cor é o vermelho. Estas características já são suficientes para compreendermos a associação de Exu ao Diabo.

O Diabo no Período Contemporâneo

A Idade Moderna corresponde ao período em que o Diabo triunfou na cultura ocidental, por outro lado, foi a partir da modernidade que a legitimidade da crença no Diabo e dos exorcismos passou a ser questionada. A Reforma foi um processo de deserção da Igreja Católica e não se limitou ao século XVI, mas sim até o século XVIII, com o surgimento do Metodismo.

Segundo o sociólogo Michael Löwy, o argumento central de "A ética protestante e o espírito do capitalismo", de Max Weber é que existe um relacionamento de afinidade electiva entre o estilo de vida capitalista e certas formas religiosas. Contudo, isso não significa que a religião é o factor causador e determinante do desenvolvimento económico. De forma inversa, o historiador francês Jacques Le Goff, caminhou no sentido de elucidar as dificuldades de relação entre as práticas mercantis e a ética católica.

Por volta do século XIII, o advento e a difusão da economia monetária ameaçavam valores cristãos tradicionais. Para que o novo sistema económico que estava prestes a se formar, se desenvolvesse, era necessário o desenvolvimento do uso abundante de práticas tradicionalmente condenadas pela Igreja. Deste modo, o protestantismo nasce como necessidade de uma expressão religiosa que pudesse responder à ética mercantil, condenada pelo catolicismo romano como usura, cada vez mais em acção no mundo ocidental moderno. A tentativa que o protestantismo empreendeu em tentar harmonizar o cristianismo com a cultura da época fez com que valores e conceitos da filosofia da modernidade fossem assimilados pelo protestantismo.

Segundo Alfredo dos Santos Oliva, a crença no Diabo foi influenciada em grande parte em virtude do processo de dessacralização do mundo, o qual afectou as sociedades ocidentais contemporâneas tendo como consequência a decadência das crenças metafísicas. A legitimidade da prática do exorcismo passou a ser amplamente questionada no âmbito católico através de um movimento gradual que remete ao concílio tridentino no século XVI. Dentre os vários temas abordados pelo concílio estava a necessidade de combate às superstições como o meio mais eficaz de preservação dos ritos católicos diante dos ataques protestantes. Esta visão de descrédito das práticas mágicas foi reforçada pela cúpula romana no século XVII, porém, o exorcismo é atacado de forma directa. Se anteriormente era um rito caracterizado pela liberdade, a partir desta data, recebeu uma regulamentação que o tornaria bastante raro no mundo católico contemporâneo. Os exorcistas, defensores da ortodoxia católica iriam tornar-se pessoas supersticiosas, portanto, dignas de serem perseguidas e condenadas.

Dentre os factores que podem explicar a falta de popularidade do Diabo na Europa Contemporânea estão as transformações nos mecanismos inquisitoriais, a construção de uma visão de mundo racionalista ao lado de profundas transformações na cultura europeia. Porém, o declínio da tradicional crença no Diabo, ocorrido no período contemporâneo da Europa não representou o seu extermínio. Oliva entende que o Diabo apenas passou a ocupar outros espaços sociais, tornando-se um personagem mais raro no que se refere à religião do mundo ocidental para actuar na literatura romântica do século XIX e no cinema durante o século passado.

A crença no Diabo é vivida de forma secularizada em ritos que tem o objectivo de exorcizar o mal em seus diversos modos de expressão actuais. Segundo Alfredo dos Santos Oliva, a figura do Diabo é indispensável ao cristianismo porque tem o objectivo de ser um princípio oposto a Cristo. Se a mensagem básica do Novo Testamento é a salvação do homem através de Cristo, Cristo salva o homem do Diabo, logo, se o Diabo é omitido, marginalizado, a missão salvadora de Cristo perde o seu sentido.

A perspectiva da psicologia analítica jungiana afirma que a perfeição de Cristo era tão exaltada que necessitava de um complemento psíquico para equilibrar a relação. Sendo assim, o poder do Diabo, do "Mal", aumentou na mesma proporção em que o poder de Deus e do "Bem" cresceram. Porém, Oliva ressalva que os pensadores do cristianismo primitivo criaram uma doutrina denominada "privatio boni", que a grosso modo afirma que o mal não possui uma substância como o bem. Neste sentido, como o mal é apenas a privação do bem, ele só pode ser definido com relação ao bem.

Lunática
#3
Crença multicultural

São muitos os nomes, as características e os poderes atribuídos ao diabo - o príncipe das trevas - na cultura ocidental. Na verdade, o diabo é o resultado da fusão de muitas crenças de diversas entidades e de diferentes culturas. Aparece na Bíblia Sagrada como sendo a serpente que seduziu Eva e Adão no paraíso, levando-os a comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal; ou quando da agonia de Cristo no deserto, o diabo aparece tentando-o, oferecendo-lhe o mundo como recompensa para que Jesus abandone o plano de Deus para a sua vida. Da mitologia grega, ele é herdeiro directo de Hades, o deus do mundo dos mortos, local para onde as almas dos condenados eram enviadas, após pagarem ao barqueiro Caronte; para entrar na morada de Hades era preciso passar por Cérbero, o cão de três cabeças que guardava os portais de Tártaro.

Já o tridente herdou de Neptuno, o deus dos mares; os pés de bode eram de Pã, uma entidade benéfica, que vivia nos bosques e florestas. A aparência hedionda de Lúcifer só veio concretizar-se a partir do fim do Império Romano (476 d. C.), quando a Igreja Católica passou a ocupar o vazio de poder deixado pela queda de Roma; a Europa via-se mergulhada nas invasões bárbaras, sem contar com um poder sólido para garantir a ordem social. Era preciso demonizar as crenças pagãs, para que a religião cristã se prestasse como nova ferramenta de poder e de controlo sobre os diversos povos que viviam dentro das fronteiras do decaído império Romano; fornecendo uma base de cultura comum para um mundo extremamente diverso e conflituoso.

Para manter o seu domínio sobre estas populações, durante a "Idade das Trevas" a igreja resolveu personificar "a encarnação do mal"; passou então a representar em Lúcifer toda a maldade, os vícios, os pecados e os sofrimentos do mundo; e também a figura de um "Demónio malévolo", comandante de uma legião de outras criaturas das trevas em luta eterna contra Deus, os santos e os anjos, para "corromper a humanidade", carregando-a para a perdição do pecado, afastando-a da "verdadeira Igreja de Cristo".

Isto tudo veio prestar-se perfeitamente para dar consistência para o projecto de poder de uma igreja que ambicionava reerguer o Antigo Império Romano e unificar a fé e as crenças por todo o mundo. Pode-se mesmo dizer que o Demónio seria uma espécie de oposto de Cristo; o seu inverso; a encarnação da maldade e da vilania.

Dante Alighieri escreve "A Divina Comédia", livro em que a alma do poeta percorre os Céus e os Infernos. A crença em Deus era alimentada pelo temor nas forças das trevas; o Diabo passou a ser visto em Hereges (dissidentes de fé diversa), bruxas, cientistas, Judeus (por receberem a culpa da prisão e condenação de Cristo, e por negarem que este seria o "Messias" anunciado no velho testamento, os judeus sempre foram perseguidos e associados ao Diabo) e, mais tarde, Ciganos.

Acreditava-se que o mundo estaria próximo do fim e que o Anticristo estaria a reinar na Terra. Bruxas, lobisomens, vampiros, assombrações, hereges, cientistas (como Copérnico e Giordano Bruno) eram todos considerados adoradores do Diabo e agentes da danação a serviço da corrupção da humanidade. Como acreditava-se na época que o Papa "falava por Deus", os protestantes também foram associados ao Diabo, por desobedecerem ao pontífice. A pretexto de defender Jesus Cristo e a sua "Verdadeira Igreja", muitos governos instituíram o Tribunal da Santa Inquisição, quando as bruxas e os hereges eram presos, torturados e julgados por crimes contra a cristandade.

Acreditava-se que com isso o "reinado do Anticristo" estaria a ser combatido (o próprio Napoleão Bonaparte foi tomado como sendo a "encarnação do Anti-Cristo" na terra, para a maioria dos seus inimigos). Às luzes do Renascimento e do Iluminismo, com o advento da ciência clássica e da economia de mercado só vieram radicalizar os extremismos. Cresce a superstição de que, para cada criatura humana viva na terra, o Diabo tinha designado um "Demónio tentador" para garantir que aquela alma se perdesse nos descaminhos da maldade; já Deus, em sua infinita bondade, teria designado um "anjo da Guarda" responsável para tentar levar a alma deste vivente para o "caminho do Bem". Acreditava-se que desde o início da criação dos tempos, o mundo testemunhava esta luta eterna entre Deus e o Diabo pelas almas dos humanos. Esta luta eterna entre Deus e o Diabo surge a partir da lenda da rebelião de anjos contra a autoridade de Deus-pai, quando Lúcifer, o anjo decaído, lidera uma legião de anjos, arcanjos e querubins numa tentativa frustrada de literalmente "tomar o poder no Paraíso".

Derrotado por Deus e pelos anjos e arcanjos que lhe permaneceram fiéis, Lúcifer foi banido por Deus para todo o sempre para morar no submundo dos infernos, local sombrio e terrível. Teria sido neste momento que Deus teria punido o seu "Anjo de Luz" (este é o significado da palavra Lúcifer) deformando o seu corpo e o seu rosto, tornando-o numa criatura abominável e repugnante (antes o Arcanjo Lúcifer, segundo esta crença, era um rapaz belíssimo). Diz a lenda que quando Deus estava a lançar Lúcifer aos infernos este teria dito: "É melhor reinar no inferno do que servir no paraíso!".

Com a descoberta da América, duas visões se cristalizaram: a primeira dizia que o Novo Mundo era o reino do Anti-Cristo na terra; o Diabo estaria a dominar os índios e a habitar as suas almas e corpos; a outra dizia que este continente era o "Paraíso perdido", local onde Deus teria colocado o primeiro homem e a primeira mulher para viverem em felicidade eterna, antes do pecado original. Foi aí que o Diabo ganhou contornos nativos, sendo Maíra, Anhangüera, ou qualquer entidade indígena. Com a escravidão dos negros, a Igreja (a serviço da coroa) e os senhores brancos apressaram-se em associar a figura do Diabo às divindades africanas. O Diabo ganhou uma aparência africanizada (tornando-se um homem negro enorme, numa referência preconceituosa à raça negra em geral), passou a ser chamado também de Exu, Tranca-Rua e outras definições afins.

Cientologia

Na Cientologia, o "Diabo" ou "Satanás" não é visto como algo vivo ou espiritual; tal palavra encaixa-se ao lado mau da vida, como quando ocorrem catástrofes. A Cientologia não acredita na existência de um suposto ser do mal, simplesmente interpreta o seu nome de forma diferente, como sendo uma representação para sentimentos humanos.

Cristadelfianos

Os Cristadelfianos não acreditam que o diabo seja um anjo caído, mas sim uma personificação do pecado manifesto em indivíduos, associações/governos civis e eclesiásticos. Não acreditam num anjo caído porque todos os anjos segundo o que entendem por Verdade Bíblica não pecam. Entre outras explicações dizem que o salário do pecado é a morte e se os anjos são imortais logo não pecam.

Cristianismo

O diabo, no cristianismo, já foi um anjo de luz e estava junto a Deus, e seu nome era Lúcifer (do hebraico hêlîl, "estrela da manhã", Lúcifer foi a tradução mais próxima).

Houve uma rebelião nos céus, onde Deus lançou Lúcifer fora dos Céus junto com os seus anjos seguidores (segundo o livro de Apocalipse, correspondente a 1/3 dos anjos), onde ele se tornou o responsável pelo mal no Universo. A sua primeira aparição, em forma de uma serpente, foi no Jardim do Éden, quando persuadiu Eva a comer o fruto do conhecimento do Bem e do Mal, fazendo com que o homem viesse a estar sujeito ao pecado.

Na teologia católica, especialmente Agostiniana, o Diabo é a representação de tudo o que Deus não representa: perversidade, apatia, tentação, luxúria, morte, destruição, como Deus representando a Luz, que existe, e o demónio as trevas, ou seja, a ausência da Luz. Referências Bíblicas: Isaías 14, Ezequiel 28 e Apocalipse 12.

Espiritismo

Conforme a Doutrina Espírita, constitui-se a personificação do mal; é um ser alegórico, resumindo em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. É sinónimo de demónio, que por sua vez, são seres incorpóreos, bons ou maus. Nas línguas modernas, esta palavra é geralmente tomada em má acepção, que se restringe aos génios malfazejos. Segundo o Espiritismo, não há demónio no sentido de seres criados para o mal e eternamente desgraçados, mas sim significando Espíritos imperfeitos, que podem, todos, aperfeiçoarem-se pelos seus esforços e pelo poder da sua vontade.

Neo-satanismo

No Neo-satanismo, Satanás (não existe diabo) não é visto como uma entidade viva, mas sim como um símbolo de vitalidade, poder, virilidade, sexualidade e sensualidade.

Satanás é visto como uma força da natureza, não uma divindade viva. O conceito a respeito de Satanás não tem nada que ver com o inferno, demónios, tortura sádica ou o Mal. Satanás não passa de representações para sentimentos naturais humanos.

Já no Satanismo, não existe o culto ao diabo. O satanismo é uma filosofia de vida, a palavra Satã significa opositor (opositor a Deus no caso do cristianismo). Logo, o satanismo clássico é uma filosofia de pensar e agir.

Wicca

Na Wicca, o conceito de demónios é desprezado. Simplesmente porque a energia criativa não é positiva nem negativa. Somos nós quem usamos essa energia para o bem ou para o mal. Portanto a consequência dessa acção é de nossa inteira responsabilidade e não de um ser maligno. O deus cornífero Cernunnos da Wicca foi injustamente confundido com o Diabo cristão, por ter chifres (Na antiguidade os cornos remetiam à virilidade e eram fálicos, logo eram símbolos das religiões antigas europeias). Ele já era cultuado por religiões pagãs antes da chegada do cristianismo à Europa, portanto, foi a Igreja quem copiou a sua imagem e passou a caçar os pagãos durante a Santa Inquisição por condenar uma ideia de divindade diferente da sua.

Zoroastrismo

No Zoroastrismo, uma possível analogia ao Diabo seria à Angra Mainyu (Ahriman em persa), inimigo de Ahura Mazda (Aúra-Masda).

Olá pessoal, sou brasileiro e estudo Alta Magia, então já no primeiro post queria fazer umas considerações.

É absurdo associar a figura de Baphomet ao Satanismo e ao Pentagrama invertido.

O Satanismo foi criado pelo Cristianismo e Baphomet existe muito antes disso, Baphomet tem várias interpretações, a que mais gosto é a dada por Eliphas Levi em seu livro Dogma e Ritual de Alta Magia, dizendo que ele é a figura mágica e panteísta do absoluto, quem quiser saber mais tem um texto muito bom na Wikipedia.

O Pentagrama é um símbolo pagão sagrado significando os cinco elementos da natureza. No satanismo ele é usado invertido significando a vitória da matéria sobre o espírito, loucura, visão invertida, etc...

Ligar Baphomet ao Satanismo é algo que a igreja católica romana tenta desde a época dos Templários...é uma inverdade histórica e cultural
Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...


"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana." Teilhard de Chardin