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  • Anti-Freud
    Iniciado por Mephisto
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anokidas
Pela extensão do tópico vou buscar uma cadeira e um copo de vinho ;D volto amanhã :P

anokidas
Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 03:14
Eu não quero que me dês razão, apenas que tires as tuas ilações. Apenas quis divulgar o livro, porque contra Freud sempre fui, inconscientemente, como prova este tópico https://portugalparanormal.com/index.php?topic=17844.0.

Quando apontei o foco a Kardec, não foi por acaso. Hoje em dia, «ninguém», tal como referido na resposta 41 se vê sem a «luz» da psicanálise, tal como o crente não se vê sem a luz do espiritismo. Não fosse este nada tendencioso ainda lhe tentaria conferir algum crédito.

O problema é quando alguém analisa algo motivado pela dúvida, questiona, raciocina, desmistifica. Nisto o autor foi exímio (Michel Onfray). Óbvio que a quantidade de partidários dos sistemas de crença continuarão a defender a sua crença (ainda bem que assim é).
Mas continuo a dizer: contra factos não há argumentos.  ;)


Já li o teu pensamento sobre o Eu na vida do homem, pensamentos dignos de um filosofo dos nossos tempos, a arte de pensar está enraizada no que escreves com a liberdade de seres tu próprio, seguidores das obras filosóficas continuam a perpetuar as obras destes senhores com mais liberdade, coisa que não acontecia nos tempos de Freud e Friedrich Nietzschem , conta a época e os conhecimentos e as experiências .Não consigo compreender porque é que comparas Kardec a Freud. Ambos foram tão importantes como as suas obras na história do homem e a sua consciência. Ok , vais me dizer que nenhum deles conseguiu  provar nada  e baseiam-se em meras palavras de consciência humana, mas porque é que terão que provar coisa alguma,quando a melhor prova que ambos estão a dar á humanidade é discutir e falar das suas obras?

Para Freud as representações de ideias inconscientes manifestam-se nos sonhos como símbolos imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala, o inconsciente consegue expelir ideias recalcadas através dos chistes ou atos falhos. Freud propõe que as piadas ou as "trocas de palavras por acidente" nem sempre são inócuas. Antes, são mecanismos da fala que articulam ideias aparentes com ideias reprimidas, são meios pelos quais é possível exprimir os instintos primitivos.

Para Nietzsche o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Em Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele as coisas "dançam nos pés do acaso" e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida.

Mas ainda assim admiro que Michel Onfray considera que não há filosofia sem psicanálise ou sociologia, ou da ciência. Um filósofo pensa em termos de conhecimentos como ferramentas à sua disposição, caso contrário, ele pensa fora da realidade.
Seus escritos comemoram o hedonismo, sentidos, ateísmo, o filósofo, na linha dos pensadores gregos celebram a autonomia de pensamento e de vida. Ateísmos sem postar uma concessão, que estabelece a forma como as religiões são indefensáveis como um instrumento de dominação e de ruptura com a realidade. Ele consegue através do seu sentimento de "palavras" para explicar suas teorias na mídia conhecidos conservadores (que é muitas vezes chamado "o ateu de ser do serviço", diz ele).

Todos eles teem uma importância fulcral nas nossa vidas enquanto seres pensantes, diria que mais entre a ética e a Moralidade estão divididos os valores e os princípios de Ser-humano.
As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas. Essas ideias abstractas ou valores,atribuem significado e orientam os seres humanos na sua interacção com o mundo social.Os valores determinam a forma como os seres humanos se comportam.Tudo faz sentido numa educação com precipícios e valores regida por pais orientadores da personalidade do ser-humano,quando estas falham poderão proporcionar conflitos internos na nossa maneira de agir com o mundo e com os outros.São as aparente ideias reprimidas que Freud defende com a psicanálise.Não sei se me fiz entender com esta minha introdução acerca das personagens e por defender a importância do trabalho ,obra e pensamento  de cada um? Que num todo não é tão delinear assim para dizermos que a verdade desde ou daquele são a verdade absoluta dos factos. O que hoje é verdade amanhã pode ser mentira, o mundo está em constante movimento e transformação de ideias.


Mephisto
#47
Olá Anokidas,
Permite-me primeiramente agradecer o enorme prazer concedido com a leitura da tua publicação. Vamos então ao assunto:

Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 15:55
Não consigo compreender porque é que comparas Kardec a Freud. Ambos foram tão importantes como as suas obras na história do homem e a sua consciência.

Simples. Allan Kardec releva de uma moda da corte francesa (sessões espíritas), apaixona-se, reconhece os perigos e potencialidades do «fenómeno», racionaliza-o, disserta, compila-o, e atribui-lhe uma intervenção paranormal para justificar os conceitos escritos pela mão do próprio. Algo muito comum com as antigas obras da época medieval onde se atribuía a autoria a um personagem do mundo antigo. Caso das Claviculas de Salomão entre outros. Kardec atribui a autoria aos espíritos. Nasce a doutrina, seguem-se os correligionários, a obra difunde-se, espalha-se como um vírus, supera o autor entretanto falecido. Nasce o mito, alimenta-se a «verdade», sem nunca questionar os fundamentos da obra. Temos uma religião, portanto.

Freud, frequenta medicina, tem os seus mestres, a ambição não lhe permite aguardar pacientemente um lugar de destaque, procura por todos os meios o reconhecimento. Surge o conceito da psicanálise (que não é dele) supostamente embrionada na sua mente. Freud sofreu de criptomnésia * aguda.  ;) Furtado o conceito, inicia um jogo de sedução junto da comunidade cientifica (médica) que pouco ou nenhum crédito darão à tese. Houve um interesse declarado por parte de alguns neurologistas mas este (Freud) não queria ser questionado, contradito, mas sim o reconhecimento instantâneo e a aceitação imediata nas elites cientificas. Nasce uma vertiginosa obra literária em torno do conceito com supostas curas que nunca aconteceram. Está dado o golpe de mestre pelo homem que, declaradamente, se afirma vitima do lóbi cientifico. Ele, contra tudo e todos descobre um poço de ouro negro e explora-o agora sozinho, empedernido, «orgulhosamente só». Mestre da sua própria doutrina, inicia os discípulos, os discípulos outros discípulos e por aí diante. Uma iniciação à laia ocultista digamos. Nasce a doutrina, difundem-se «os milagres» falaciosos, espalha-se como um vírus, supera o autor ainda em vida . Nasce a lenda, intocável , defendida por um exército de correlegionários. Posteriormente, alimenta-se a «verdade» sem nunca questionar os fundamentos da obra, a pessoa por detrás dela. Temos uma religião, portanto.

Posto isto, temos duas lendas: Sigmund Freud e Allan Kardec, e dois mitos: psicanálise e espiritismo, pois nenhum destes submetido ao método cientifico produz resultados capazes de se elevar à condição de postulado.

«Uma hipótese científica é uma proposição falseável e testável acerca de algum fato, conjunto de fatos ou fenômenos naturais. Em princípio, embora nem toda hipótese seja científica, todas as ideias científicas são hipóteses, o que equivale a dizer que a ciência é cética, por definição. Há contudo uma "hierarquização" das hipóteses dentro da ciência em função de sua relevância e em função do nível de corroboração por evidências que as mesmas possuam. As hipóteses nascem como simples conjecturas, geralmente carecendo ainda dos testes experimentais (e similares) pertinentes ao método científico. Recebendo a corroboração por parte dos primeiros testes, e nenhuma contradição, esta eleva-se ao nível de "hipótese" plausível, e na sequência, à medida que a abrangência e o nível de corroboração aumentam, esta pode elevar-se ao nível de postulado.
Um postulado é uma hipótese que, em vista de consideráveis corroborações e ausência de contradição, mantido o ceticismo científico, passou a ser aceita como verdade, já podendo e geralmente sendo utilizada como base para a dedução ou a corroboração lógica de outras verdades científicas.»
in Wikipédia.

Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 15:55
Mas ainda assim admiro que Michel Onfray considera que não há filosofia sem psicanálise ou sociologia, ou da ciência. Um filósofo pensa em termos de conhecimentos como ferramentas à sua disposição, caso contrário, ele pensa fora da realidade.[/color][/b][/i]

A sublinhado, está uma boa razão para leres o livro e perceber isso mesmo, em relação ao teu amado Freud.

Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 15:55
Todos eles teem uma importância fulcral nas nossa vidas enquanto seres pensantes, diria que mais entre a ética e a Moralidade estão divididos os valores e os princípios de Ser-humano.
As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas. Essas ideias abstractas ou valores,atribuem significado e orientam os seres humanos na sua interacção com o mundo social.Os valores determinam a forma como os seres humanos se comportam.Tudo faz sentido numa educação com princípios e valores regida por pais orientadores da personalidade do ser-humano,quando estas falham poderão proporcionar conflitos internos na nossa maneira de agir com o mundo e com os outros.São as aparentes ideias reprimidas que Freud defende com a psicanálise.Não sei se me fiz entender com esta minha introdução acerca das personagens e por defender a importância do trabalho ,obra e pensamento  de cada um? Que num todo não é tão delinear assim para dizermos que a verdade deste ou daquele são a verdade absoluta dos factos. O que hoje é verdade amanhã pode ser mentira, o mundo está em constante movimento e transformação de ideias.

Nesta citação, concordo com algumas coisas e discordo totalmente com outras. Passarei à frente e focar-me-ei apenas nas frases em relevo. Na primeira, cuja palavra chave está sublinhada, tens a razão da psicanálise não poder ser, de perto, capitulada de ciência.

Na segunda: fizeste entender-te claramente, mas repara que ela representa em si, um paradoxo para as tuas afirmações/convicções. Quando decidi publicar este post, sabia de antemão que iria ser «complicado». Ainda não apareceu nenhum psicanalista.  :) Pegando nesta tua visão totalmente verdadeira da condição humana, questiono-te: Perante esta obra (a qual de inicio declarei algumas reservas no que concerne a determinadas abordagens especulativas) que ainda não leste, o que é que estás a defender concretamente em relação a Sigmund Freud?

Quando falo em reservas, digo também não serem suficientes para desacreditar os factos concretos que o autor apresenta. Como tal, sob pena de tornar-me repetitivo: contra factos não há argumentos.

Servindo-me novamente desta tua última analogia, ninguém retira a importância que a obra e legado de Freud inculcou no pensamento actual, mas analisando os factos concretamente, não podemos deixar de discernir as motivações reais por detrás desta, tal como descurar toda a mentira que a alimentou até esta se tornar uma «verdade» comummente aceite, apenas porque vai contra as nossas convicções interiores, sob pena de incorrermos na hipocrisia. Atenção: este último sublinhado não é para pessoalizar. É genérico.  ;)

A minha simpatia pelo livro não releva do meu «desprezo» pela psicanálise, mas sim pela capacidade eximia do autor em analisar factos. As conclusões já as tirei por mim faz tempo, sendo que agora, tenho uma investigação que me permite firmar definitivamente -até prova em contrário- a minha opinião. Não vejo o autor como o diabo de Freud, mas sim como uma pessoa capaz de desconstruir uma lenda e um mito com uma precisão cirúrgica. Quanto a isto, tiro-lhe o chapéu.

* Criptomnésia: «Criptomnésia (do grego krypton + mnesis + ia), literalmente, memória oculta, é a memória inconsciente ou a memória ancestral, ou ainda memória subliminar.[1]
É um aspecto ou divisão da Pantomnésia, consistindo basicamente em memória inconsciente e processos psicológicos inconscientes.
O termo, criado em 1900 por Théodore Flournoy, é usado quando se quer mostrar que todo fenômeno parapsicológico, como surge do inconsciente, normalmente não é reconhecido como próprio pelo consciente. E daí freqüentemente a necessidade psicológica de atribuí-lo, erradamente, às mais curiosas prosopopéias.
Compreende a parte inconsciente de todos os sentimentos engradados pela memória e programados pela imaginação, o conhecido por Hiperestesia Indireta do Pensamento e por precognição, a Intuição ou Talento do Inconsciente e, eventualmente, o Inconsciente Coletivo etc. (QUEVEDO)
De acordo com Dorsch, Häcker e Stapf, a criptomnésia refere-se a recordações subliminares, isto é, abaixo do limiar da consciência que se devem apresentar veladamente, sobretudo em fenômenos parapsíquicos, como por exemplo em visões mediúnicas.»
in Wikipédia.


Freud, não só não seguia métodos científicos, como não curou nenhum dos seus pacientes, nem libertou a sexualidade. Isto defende Michel Onfray, que apresenta a psicanálise como a aventura autobiográfica de um homem que procurou transformar as suas necessidades e frustrações em fundamentos científicos.

Está tudo dito :-X  Contra factos não há argumentos...e libertar a sexualidade naquele tempo era uma miragem.
"Don't become a monster in order to defeat a monster" - Bono Vox U2

Mephisto
#49
Citação de: Azarenta em 08 janeiro, 2013, 20:36
Freud, não só não seguia métodos científicos, como não curou nenhum dos seus pacientes, nem libertou a sexualidade. Isto defende Michel Onfray, que apresenta a psicanálise como a aventura autobiográfica de um homem que procurou transformar as suas necessidades e frustrações em fundamentos científicos.

Está tudo dito :-X  Contra factos não há argumentos...e libertar a sexualidade naquele tempo era uma miragem.

Fosse assim tão simples de assimilar Azarenta... Calma, pois slogans de marketing literário, em nada favorecem o trabalho de investigação e raciocínio despendido pelo autor. Aquilo que ele defende, tem um principio epistemológico comum a toda a racionalidade. Portanto, aquilo que ele teve coragem de defender, não passa de uma posologia para a matéria que Freud trata. Não minimizemos o principio impossível da redutibilidade, a um assunto que se quer sério.

Palavras de Serguei Pankejeff (célebre paciente «homem dos lobos» que morreu com 92 anos, em 1979): «fiz tantas análises (...) estou farto de análises» e especifica que, aos 87 anos, ainda está em tratamento. (...) «toda esta história tem um efeito de catástrofe. Encontro-me no mesmo estado em que estava antes de entrar em tratamento com Freud» (aos 23 anos). «Em vez de me fazer bem, os psicanalistas só me fizeram mal» (10 psicanalistas no total, no decorrer da sua vida) in Anti-Freud cap. IV - Uma Abundância de Curas No Papel - pp 474

Isto não seria relevante (avaliando pela teoria que culpabiliza o paciente pelo insucesso da terapia do psicanalista) não fosse este um caso/parte integrante das Cinco Psicanálises, obra de referência no mundo psicanalítico, dadas como curadas e de sucesso incondicional.

Posto isto Azarenta, não relativizemos o slogan da hipotética hipótese defensável, quando aquilo que a obra trata, é bem mais profundo que o principio do relativismo.

Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 21:12
Fosse assim tão simples de assimilar Azarenta... Calma, pois slogans de marketing literário, em nada favorecem o trabalho de investigação e raciocínio despendido pelo autor. Aquilo que ele defende, tem um principio epistemológico comum a toda a racionalidade. Portanto, aquilo que ele teve coragem de defender, não passa de uma posologia para a matéria que Freud trata. Não minimizemos o principio impossível da redutibilidade, a um assunto que se quer sério.

Palavras de Serguei Pankejeff (célebre paciente «homem dos lobos» que morreu com 92 anos, em 1979): «fiz tantas análises (...) estou farto de análises» e especifica que, aos 87 anos, ainda está em tratamento. (...) «toda esta história tem um efeito de catástrofe. Encontro-me no mesmo estado em que estava antes de entrar em tratamento com Freud» (aos 23 anos). «Em vez de me fazer bem, os psicanalistas só me fizeram mal» (10 psicanalistas no total, no decorrer da sua vida) in Anti-Freud cap. IV - Uma Abundância de Curas No Papel - pp 474

Isto não seria relevante (avaliando pela teoria que culpabiliza o paciente pelo insucesso da terapia do psicanalista) não fosse este um caso/parte integrante das Cinco Psicanálises, obra de referência no mundo psicanalítico, dadas como curadas e de sucesso incondicional.

Posto isto Azarenta, não relativizemos o slogan da hipotética hipótese defensável, quando aquilo que a obra trata, é bem mais profundo que o principio do relativismo.


Pois é querido Meph, eu assimilo aquilo que é óbvio, se não são conhecidos doentes que não tenhas sido curados pelo Freud que conclusão poderemos chegar? ::) Além disso tenho uma opinião formada que o dito cujo era um tarado. Talvez depois de ler a obra poderei ter outra opinião, ou não, mas para já ficas com uma opinião simplificada à Azarenta ;)
"Don't become a monster in order to defeat a monster" - Bono Vox U2

anokidas
#51
Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 18:36
Olá Anokidas,
Permite-me primeiramente agradecer o enorme prazer concedido com a leitura da tua publicação. Vamos então ao assunto:

Simples. Allan Kardec releva de uma moda da corte francesa (sessões espíritas), apaixona-se, reconhece os perigos e potencialidades do «fenómeno», racionaliza-o, disserta, compila-o, e atribui-lhe uma intervenção paranormal para justificar os conceitos escritos pela mão do próprio. Algo muito comum com as antigas obras da época medieval onde se atribuía a autoria a um personagem do mundo antigo. Caso das Claviculas de Salomão entre outros. Kardec atribui a autoria aos espíritos. Nasce a doutrina, seguem-se os correligionários, a obra difunde-se, espalha-se como um vírus, supera o autor entretanto falecido. Nasce o mito, alimenta-se a «verdade», sem nunca questionar os fundamentos da obra. Temos uma religião, portanto.

Freud, frequenta medicina, tem os seus mestres, a ambição não lhe permite aguardar pacientemente um lugar de destaque, procura por todos os meios o reconhecimento. Surge o conceito da psicanálise (que não é dele) supostamente embrionada na sua mente. Freud sofreu de criptomnésia * aguda.  ;) Furtado o conceito, inicia um jogo de sedução junto da comunidade cientifica (médica) que pouco ou nenhum crédito darão à tese. Houve um interesse declarado por parte de alguns neurologistas mas este (Freud) não queria ser questionado, contradito, mas sim o reconhecimento instantâneo e a aceitação imediata nas elites cientificas. Nasce uma vertiginosa obra literária em torno do conceito com supostas curas que nunca aconteceram. Está dado o golpe de mestre pelo homem que, declaradamente, se afirma vitima do lóbi cientifico. Ele, contra tudo e todos descobre um poço de ouro negro e explora-o agora sozinho, empedernido, «orgulhosamente só». Mestre da sua própria doutrina, inicia os discípulos, os discípulos outros discípulos e por aí diante. Uma iniciação à laia ocultista digamos. Nasce a doutrina, difundem-se «os milagres» falaciosos, espalha-se como um vírus, supera o autor ainda em vida . Nasce a lenda, intocável , defendida por um exército de correlegionários. Posteriormente, alimenta-se a «verdade» sem nunca questionar os fundamentos da obra, a pessoa por detrás dela. Temos uma religião, portanto.

Posto isto, temos duas lendas: Sigmund Freud e Allan Kardec, e dois mitos: psicanálise e espiritismo, pois nenhum destes submetido ao método cientifico produz resultados capazes de se elevar à condição de postulado.


Bom discutir estas duas personagens é como discutir o paradoxo da irracionalidade.
Talvez seja necessário perceber que a minha "defesa" de Freud é dirigida apenas algumas de suas ideias e que essas ideias encontram-se no limite conceitual.

Muito do que é considerado como irracional não está sujeito a paradoxo. Muitos podem sustentar que é irracional escalar o Monte Evereste sem oxigénio (ou mesmo com ele), devido aos perigos, ao desconforto e às poucas recompensas obtidas diante do sucesso. Mas não há dificuldade em explicar essa tentativa se ela for feita por alguém que juntou todos os fatos que pode, considerou todos os seus desejos, ambições e atitudes e agiu de acordo com o seu conhecimento e seus valores. Talvez seja de algum modo irracional acreditar em astrologia, discos voadores, bruxas, mas tais crenças podem ter explicações plausíveis se forem baseadas naquilo que seus defensores assumem como evidência. O tipo de irracionalidade que causa problema conceitual não é a falha de outra pessoa em acreditar ou sentir ou fazer o que ela considera razoável, mas sim a falha, dentro de uma mesma pessoa, de coerência e consistência no padrão das crenças, atitudes, emoções, intenções e ações. Exemplos são a crença naquilo que desejamos ser verdadeiro, o agir contrariamente ao nosso melhor juízo, a autodissimulação, o acreditar em algo reconhecidamente contrário ao peso da evidência.

Perante a irracionalidade de Freud e como costumo dizer «todos temos umas gavetas no cérebro» os seus seguidores concluíram que
Primeiro, a mente contém um certo número de estruturas semi-independentes, que são caracterizadas por atributos mentais como pensamentos, desejos, memórias.

Segundo, partes da mente são, em importantes aspectos, como seres humanos, não apenas porque elas possuem (ou consistem de) crenças, desejos, ansiedades, e outros traços psicológicos, mas sim porque tais factores podem combinar, como na acção intencional, de modo a produzir eventos subsequentes na mente ou fora dela.

Terceiro, algumas das disposições, atitudes e eventos que caracterizaram as várias subestruturas da mente devem ser considerados segundo o modelo das disposições e forças físicas quando estas afectam ou são afectadas por outras subestruturas da mente.
Repara não defendo literalmente Freud como rei e senhor da verdade até porque ele cometeu muitas lacunas, e sim uma iniciação de uma obra do inconsciente do cérebro humano, que mais tarde abriu portas às milhares de investigações realizadas pelo homem. ;)
Não estou a defender em absoluto e imparcialidade da psicanálise nem a psicologia em si,mas de facto e queiras admitir ou não ela é uma ferramenta útil para alguns casos com anorexia e bulimia entre outros.
;)

Para terminar  ONFRAY quer apagar o nome de um dos fundadores da cultura européia. Seus ataques surgem numa sociedade que não quer mais falar do homem  trágico,  do indivíduo   lutando contra  sua angústia, sua culpabilidade,seus desejos, seus conflitos''.
Freud era médico, adepto de um positivismo puro e duro, voltado para a neurologia e as ciências naturais, mas ele descobriu que a razão é solapada por forças obscuras que se encontram dentro dela, pelo inconsciente e os afetos. E que a pretensão a governar o humano pela racionalidade leva  a um beco sem saída.

Freud inventou um método onde o saber não vem do especialista: é o próprio doente que possui um saber que o terapeuta vai ajudar a decifrar. A psicanálise faz parte desta herança  que defende a ideia de que a humanidade do homem não se situa somente na razão.
A psiquiatria do comportamento e da biologia  deixou de se interessar pelo  sofrimento do sujeito, ela descobre as anomalias do comportamento. A questão não é de saber o que levou alguém a mergulhar na obsessão, na depressão, na loucura, mas como suprimir o sintoma o mais rápido possível. As patologias não mais se definem  em função do sofrimento do paciente, mas como disfuncionamentos neuro-cognitivos conduzindo a uma alteração comportamental .

O discurso psicanalítico incomoda porque opõe-se à formatação  comportamental  e aos valores dominantes duma sociedade onde tudo deve ser previsível, programado, dirigido. Os ataques que visam a psicanálise mostram mais uma vez que ele está viva , mais atual e que  é  necessária para se  resistir a esta sociedade do espetáculo e da mercadoria.







Mephisto
Citação de: Azarenta em 08 janeiro, 2013, 21:33

Pois é querido Meph, eu assimilo aquilo que é óbvio, se não são conhecidos doentes que não tenham sido curados pelo Freud que conclusão poderemos chegar? ::) Além disso tenho uma opinião formada que o dito cujo era um tarado. Talvez depois de ler a obra poderei ter outra opinião, ou não, mas para já ficas com uma opinião simplificada à Azarenta ;)

Lendo a obra, ou ficas pior em termos de opinião, ou firmas concretamente a visão que tens.  ;)

Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 21:39
Lendo a obra, ou ficas pior em termos de opinião, ou firmas concretamente a visão que tens.  ;)

Então se percebi bem não errei muito  :D
"Don't become a monster in order to defeat a monster" - Bono Vox U2

Mephisto
#54
Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 21:36
Para terminar  ONFRAY quer apagar o nome de um dos fundadores da cultura européia. Seus ataques surgem numa sociedade que não quer mais falar do homem  trágico,  do indivíduo   lutando contra  sua angústia, sua culpabilidade,seus desejos, seus conflitos''.
Freud era médico *, adepto de um positivismo puro e duro, voltado para a neurologia e as ciências naturais, mas ele descobriu que a razão é solapada por forças obscuras que se encontram dentro dela, pelo inconsciente e os afetos. E que a pretensão a governar o humano pela racionalidade leva  a um beco sem saída.

Freud inventou um método onde o saber não vem do especialista: é o próprio doente que possui um saber que o terapeuta vai ajudar a decifrar. A psicanálise faz parte desta herança  que defende a ideia de que a humanidade do homem não se situa somente na razão.
A psiquiatria do comportamento e da biologia  deixou de se interessar pelo  sofrimento do sujeito, ela descobre as anomalias do comportamento. A questão não é de saber o que levou alguém a mergulhar na obsessão, na depressão, na loucura, mas como suprimir o sintoma o mais rápido possível. As patologias não mais se definem  em função do sofrimento do paciente, mas como disfuncionamentos neuro-cognitivos conduzindo a uma alteração comportamental .

O discurso psicanalítico incomoda porque opõe-se à formatação  comportamental  e aos valores dominantes duma sociedade onde tudo deve ser previsível, programado, dirigido. Os ataques que visam a psicanálise mostram mais uma vez que ele está viva , mais atual e que  é  necessária para se  resistir a esta sociedade do espetáculo e da mercadoria.

Anokidas, agora vais desculpar-me com justa causa: Eu adoro as tuas dissertações -criadas pela tua mente- quando as leio. Odeio, quando uma pessoa inteligente, tenta articular a sua dissertação/racionalização em função do pré-conceito formalizado pelas mentes instituídas nas «verdades humanistas». Falando de Onfray nos teus termos: O que leste ou sabes dele? O que leste e discerniste, não o que leste e defendes através daquilo que outros discerniram.

A sublinhado: Freud não inventou método coisa nenhuma. Freud não tem método -ponto final parágrafo.

As patologias neuro-cognitivas, cada vez mais, pela obra de António Damásio -para o grande público- se verificam verdadeiras. Estamos a falar -quando referimos António Damásio- de neurociência pura.

Freud é uma fraude cientifica. Uma falácia epistemológica. Anokidas, dá-me conceitos teus, por favor! Isso é que é importante e de sumo valor. Estás a defender conceitos instituídos que o autor derruba com uma perna às costas. Lê o livro e faz-me uma articulação entre aquilo que ele conclui e aquilo que tu concluis -nas mesma condições do autor, ou seja: uma análise única e exclusivamente tua, assente em documentos e literatura do objecto de estudo.  

* de formação académica e nada mais. Nada na psicanálise obedece ao método e rigor cientifico/médico.

#55
Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 22:05

A sublinhado: Freud não inventou método coisa nenhuma. Freud não tem método -ponto final parágrafo.

As patologias neuro-cognitivas, cada vez mais, pela obra de António Damásio -para o grande público- se verificam verdadeiras. Estamos a falar -quando referimos António Damásio- de neurociência pura.

Freud é uma fraude cientifica. Uma falácia epistemológica. Anokidas, dá-me conceitos teus, por favor! Isso é que é importante e de sumo valor. Estás a defender conceitos instituídos que o autor derruba com uma perna às costas. Lê o livro e faz-me uma articulação entre aquilo que ele conclui e aquilo que tu concluis -nas mesma condições do autor-, ou seja: uma análise única e exclusivamente tua, assente em documentos e literatura do objecto de estudo.

Referiste bem. E em relação ao António Damásio adoro as obras dele  ;)
"Don't become a monster in order to defeat a monster" - Bono Vox U2

anokidas
Mephisto porque carga de agua não poderei falar mal de Onfrey >:( se ele está a deitar por terra alguém que mudou o mundo ou pelo menos fez acreditar nas suas teorias para seguir a profissão?
Sim estando em desvantagem para contigo e porque ainda não li o livro e o pouco que sei de Onfrey in «wikipedia» terei que admitir que tens razão quanto a debater-me com alguns pontos de vista de outros autores,mas que de uma forma geral não fogem muito à opinião que defendo neste tema. Nesta matéria estás em vantagem em relação a mim.
O que defendo do Freud,  sejam as ideias permissivas  que teve  ou não o que importa é que mudou alguma coisa sem ter que deitar por terra pensamentos filósofos, investigações médicos e cientificas.Apenas foi um homem que lutou pela sua crença e pelas suas ideias.
Mas tudo bem falta-me ler o livro  ;)

Mephisto
#57
Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 22:48
Mephisto porque carga de agua não poderei falar mal de Onfrey >:( se ele está a deitar por terra alguém que mudou o mundo ou pelo menos fez acreditar nas suas teorias para seguir a profissão?

Anokidas, lamento que penses, desde já, que estava a tentar condicionar o teu raciocínio por falta de leres uma obra ou outra mas, sinceramente, diz-me: que razões tens para puxar algo que não é teu, nem tampouco da tua cabeça, quando o que se pretende é discutir a obra com conhecimento de causa?

Estás a falar em função daquilo que te incutiram na universidade, ou em função de ti própria, perante as tuas crenças?

Diz-me lá abertamente: Já leste as obras de Freud?

anokidas
#58
Citação de: Mephisto em 08 janeiro, 2013, 22:56

Estás a falar em função daquilo que te incutiram na universidade, ou em função de ti própria, perante as tuas crenças?

Diz-me lá abertamente: Já leste as obras de Freud?


Estou a falar em função das duas e está a fazer-me cocegas como tu costumas dizer ;D

Não li todas mas li muitas delas o suficiente para ficar com a ideia do que engloba ser educadora de criancinhas que conseguem «virar a mente do ser humano mais inteligente ao cimo da terra»,não só por atitudes como por acções e sentimentos que demonstram diariamente o que Freud defendeu.

Para quem preferir ver o filme deixo aqui um video sobre a vida de Freud  :)
http://youtu.be/jSBPNlHSO_Y

Mephisto
Citação de: anokidas em 08 janeiro, 2013, 23:04
Estou a falar em função das duas e está a fazer-me cocegas como tu costumas dizer ;D

Não li todas mas li muitas delas o suficiente para ficar com a ideia do que engloba ser educadora de criancinhas que conseguem «virar a mente do ser humano mais inteligente ao cimo da terra»,não só por atitudes como por acções e sentimentos que demonstram diariamente o que Freud defendeu.

Eu sei que é nessa perspectiva que avalias... As crianças são produto do nosso meio, e não resultado concreto das nossa convicções.  ;) As crianças de hoje não conseguem virar a mente do ser humano mais inteligente ao cimo da terra! Simplesmente conseguem, questionar os mais básicos preceitos humanos, sem preconceitos.  ;)