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  • O Luto
    Iniciado por anokidas
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anokidas
Olá boa noite a todos,sou nova e não sei se este tópico já foi referido mas queria abordar um tema que se chama o Luto.
  Ao longo dos tempos a humanidade foi moldando o luto e as suas várias fases consoante as suas mentalidades.
No entanto a superstição acerca do luto era deveras intrigante.Numa das pesquisas que fiz acerca do luto ( e desculpem mas não sei a fonte) :(, encontrei estes mitos e lendas acerca do luto e gostaria de perguntar o que sentem em relação ao luto e o que mudou entre gerações.
  Reza a lenda que antigamente quando alguém morria tinha que se tapar todos os espelhos da casa para que o morto não ficasse confuso e pensar que estava vivo.
Os antigos metiam uma moeda na boca do falecido para pagar a  ponte directa para o céu (como se fossem portagens) :laugh:
Ninguém podia comer fritos em casa durante um mês.
As conversas sobre o falecido eram evitadas.Hoje em dia o branco passou a ser sinal de luto e o luto passou a ser desmitificado para ser intimo e pessoal.O que fez a humanidade pensar assim se continua a haver crenças sobre o espiritismo e o paranormal?

;)

#1
Acho que com o passar dos anos, a própria cultura sofre modificações, e algumas tradições perdem-se, ou são substituídas por outras novas, também as pessoas deixam de dar importância a certas questões, pois têm novos interesses, esses rituais sofrem alterações de tempos em tempos tal como de lugar para lugar. É sabido que rituais fúnebres já vêem de tempos pré-históricos...

Mas penso que sempre haverá rituais fúnebres pelo menos enquanto houver um pingo de humanidade.., é algo normal para os seres humanos já que possuem sentimentos e inteligência, e assim, a morte será sempre algo incompreensível ( a nível intelectual) e doloroso (a nível sentimental) para os humanos pois, geralmente, há sempre uma conexão sentimental e partilha de experiências (em vida) entre o defunto e as pessoas que praticam o luto(disse geralmente pois também há quem o faça apenas para inglês ver, porque é tradição e seria, social e culturalmente, uma vergonha se não o fizessem... :-X), e aquando da partida de um ente querido, a única coisa que fica são as memórias, e o facto de sabermos que são só memórias, e que não vamos mais falar, nem ver, nem interagir mais com essa pessoa, e também o facto de não termos uma certeza de "onde a pessoa está, para onde foi afinal", traduz-se num certo abalo psicológico. Na psicologia, dão muita importância ao luto. Acho que este não deve ser evitado e deve durar o tempo suficiente para que a pessoa ultrapasse a crise, com aceitação da mesma. Desde que não se perdure nesse acto, assim já só faz mal...
"É sinal de uma mente educada, ser capaz de entreter uma ideia sem necessariamente aceitá-la."-Aristoteles

#2

Não há dúvida existem tradições que se perdem com o tempo e outras vão sofrendo mutações.
Quando a minha avó era viva ela fazia questão de ir a todos os funerais no lugar onde vivíamos, (as pessoas conheciam-se todas) e antes de fecharem a urna ela punha sempre umas moedas no caixão.
Quando ela estava muito doente incumbiu uma amiga de lhe fazer o mesmo, pois nós gozávamos um bocado com a situação e ela não confiou em nós para cumprirmos a tradição.

anokidas
Realmente eu noto uma grande diferença entre a geração da minha mãe e a minha,por exemplo a minha mãe e os os meus tios vestem preto durante um ano,e eu nem preto consigo vestir,ou seja vestir o preto vai reforçar mais a  ideia de estar a sofrer...

Inominado
Citação de: anokidas em 22 agosto, 2012, 01:06
As conversas sobre o falecido eram evitadas.Hoje em dia o branco passou a ser sinal de luto e o luto passou a ser desmitificado para ser intimo e pessoal.O que fez a humanidade pensar assim se continua a haver crenças sobre o espiritismo e o paranormal?

Na perspectiva do Espiritismo, que é aquilo que conheço melhor, não há rituais ou vestes que demonstrem o luto ou que ajudem o espirito recém desencarnado a seguir o seu caminho. Daí que qualquer pessoa, que tenha estudado o Espiritismo e procure seguir o roteiro proposto por este, não pratique qualquer luto visível.

A morte de um familiar ou amigo é sempre um momento de tristeza e como tal, mesmo o Espirita irá sofrer, irá sentir a falta da pessoa que lhe era chegada.

A grande diferença é que um Espirita sabe que a vida não termina com a morte, muito pelo contrário, a morte é o princípio de uma nova fase da vida, é o momento no qual regressamos para a nossa verdadeira casa, para a nossa verdadeira realidade. O Espirita vê a morte como uma passagem e tem a certeza que mais tarde irá reencontrar o amigo ou familiar. A morte não é um adeus, a morte é um ate já.

Uma característica do Espirita é orar por quem já faleceu, pois muitas vezes a morte é conturbada, o espírito que morreu não tem consciência desse facto, e os pensamentos positivos gerados durante a oração actuam no espirito recém desencarnado, recompondo as energias perdidas nos momentos de angústia e de desespero.

Eu quando falo em Espirita falo naquela pessoa que estudou a Filosofia Espirita ou Espiritismo e que segue os seus pressupostos. Infelizmente há muitas pessoas que se dizem espiritas mas que continuam a recomendar defumadouros para "escorraçarem" espíritos, o que revela falta de estudo e compreensão da doutrina... Por isso, não basta dizer-se que se é, é preciso agir como tal. Pessoalmente, sou aprendiz de espirita, estudo a doutrina, mas seguir os seus pressupostos é complicado e, por vezes, vacilo.

As tradições modificaram muito ao longo dos anos. No tempo dos meus avós, por exemplo, viúva nunca abandona o luto.
Quando eu nasci a minha avó já era viúva e eu nunca a vi com roupa de cor, sempre preto e às vezes um cinzento, mas cores nunca.
Aos funerais ia praticamente a comunidade toda, e sempre que morria um vizinho não podíamos ligar a televisão, era considerado um sinal de desrespeito. ::

anokidas
Sim e antigamente a viuva pagava a meia dúzia de mulheres para irem chorar no dia do enterro.

#7
O luto é um aspecto não só inerente ao ser humano.
Por exemplo, certas espécies (elefantes e macacos, dos que sei) fazem luto pelos seus entes queridos.

O "tapar todos os espelhos da casa" é algo mais anglófono (Reino Unido, EUA, etc...) e também algo muito incutido pela religião judaica.
A moeda na boca ou em ambos os olhos servia para pagar a Caronte (o barqueiro do inferno) para levar o defunto para a outra margem.
Este mito, advém dos gregos e passou para os romanos mais tardiamente.
O branco é a cor do luto nos países asiáticos, em especial, no Japão.

"O que fez a humanidade pensar assim se continua a haver crenças sobre o espiritismo e o paranormal?".--> Isso é a eterna questão entre a lógica, a fé e a razão.

Fica bem.
The only thing worse than being blind is having sight but no vision.

Um óptimo texto da faculdade de Ciências e Tecnologia que dá para que possamos reflectir:
O luto

O luto é uma experiência angustiante mas comum. Mais cedo ou mais tarde, a maioria de nós vai sofrer a perda de alguém próximo. No entanto, no nosso dia-a-dia falamos e pensamos muito pouco acerca da morte, talvez porque hoje em dia nos deparamos com ela com menos frequência do que os nossos avós. Para eles, a morte de um irmão ou irmã, amigo ou familiar era uma experiência comum nos seus primeiros anos de vida ou durante a sua adolescência. Para nós, estas perdas acontecem geralmente mais tarde na nossa vida. Talvez por isso não tenhamos a hipótese de aprender a lidar com o luto - como nos faz sentir, o que devemos fazer, o que é "normal" acontecer - e de o aceitar.

Neste pequeno texto informativo, vamos esclarecer algumas das características principais do luto, a forma como certas pessoas podem ficar presas a ele e a ajuda que poderão e deverão procurar.

O processo de luto dá-se sempre que há uma perda, mas principalmente depois da morte de alguém que amamos. Não se trata de um único sentimento, mas de um conjunto de sentimentos que necessitam de algum tempo para ser resolvidos e que não devem ser apressados. Apesar de sermos todos diferentes, a forma como experienciamos o luto é muito semelhante na maior parte de nós. Embora o luto se dê geralmente depois de perdermos alguém importante que conhecíamos há algum tempo, o mesmo poderá surgir noutras ocasiões, como por exemplo depois de um aborto, com o nascimento de um nado morto ou quando perdemos um filho muito precocemente.

Nas horas e dias seguintes à morte desse outro importante, a maioria das pessoas passa por uma fase de descrença, ficando totalmente "atordoadas", como se não pudessem acreditar no acontecido. Mesmo quando a morte era esperada, este sentimento pode surgir. Este sentimento de torpor ou dormência emocional pode ajudar a levar a cabo todas aqueles procedimentos burocráticos inerentes a este processo, mas pode tornar-se num problema se continuar a subsistir. Ver o corpo da pessoa falecida pode, para alguns, ser um modo importante de começar a ultrapassar tudo isto. Da mesma forma, para algumas pessoas, o velório e o enterro podem ser situações onde a realidade começa a ser encarada. Apesar de ser difícil lidar com estas situações, o facto é que elas constituem um modo de dizer adeus àqueles que amamos. Na altura, estes acontecimentos podem parecer demasiado dolorosos para que sejam vividos, mas o facto é que fugir aos mesmos pode levar a um arrependimento tardio.

Depois desta fase de "torpor", poderá surgir um período de grande agitação, ansiedade e ânsia pelo que foi perdido. Surge o sentimento de querer encontrar essa pessoa seja de que maneira for, mesmo que tal seja impossível. Por isto, a pessoa começa a não conseguir relaxar ou concentrar-se e o sono pode ser perturbado. Os sonhos que surgem nesta altura podem ser muito confusos e algumas pessoas chegam mesmo a "ver" quem perderam, na rua, em casa e em todo e qualquer lado que os faça lembrar a primeira. Com muita frequência, a pessoa em luto sente-se muito zangada e revoltada - contra médicos e enfermeiros que não conseguiram impedir a morte que agora lhe pesa, contra os amigos e familiares que nunca deram o seu máximo ou mesmo contra a pessoa que perdeu e assim a deixou.

Outro sentimento comum é o sentimento de culpa. Nesta altura, começam a pensar em tudo aquilo que podiam ter feito ou dito e que já não tem retorno ou mesmo naquilo que podiam ter feito para impedir essa morte. Naturalmente que a morte é geralmente um acontecimento que está para além do controlo seja de quem for e a pessoa em luto deve ser recordada disto mesmo. A culpa também pode surgir depois de se sentir alívio pela morte de alguém que nos era muito querido mas que sabíamos estar a sofrer. Este sentimento é normal, compreensível e muito comum.

O estado de agitação referido atrás é geralmente mais forte nas duas semanas que se seguem à morte do ente querido, mas segue-se rapidamente de períodos de grande tristeza e depressão, retiro e silêncio. Esta mudança súbita de emoções pode deixar amigos e familiares confusos, mas faz parte do processo natural de luto.

Apesar da agitação começar a cessar, os períodos de depressão tornam-se mais frequentes e atingem o seu máximo passadas quatro a seis semanas do sucedido. Crises de choro e angústia intensa podem surgir a qualquer momento, sendo habitualmente despoletadas por pessoas, sítios ou acontecimentos que fazem lembrar quem se perdeu. Algumas pessoas podem não conseguir perceber estas crises ou ficar sem saber o que fazer quando isto sucede. Poderá haver uma tendência da parte da pessoa em luto para evitar as outras pessoas mas isto pode trazer problemas futuros e, por isso, será melhor que volte à sua "vida normal" o mais rapidamente possível. Durante este período, pode parecer estranho aos outros que a pessoa em luto passe muito tempo sentada, sem fazer nada, mas o facto é que ela estará a pensar em quem perdeu, recordando constantemente os bons e os maus períodos que passaram juntos. Esta é uma fase silenciosa mas essencial à resolução do luto.

À medida que o tempo passa, a angústia intensa resultante do luto começa a desaparecer. A depressão atenua-se e será possível finalmente começar a pensar noutros assuntos e até em projectos para o futuro. No entanto, o sentimento de perda nunca desaparecerá por completo. Depois de algum tempo, deve ser possível sentir-se de novo "completo", apesar de faltar sempre uma parte de si que nunca será substituída.




Isa Mar
Boa tarde,
não leve a mal mas para uma Faculdade de Ciências e Tecnologia, estava à espera de outra coisa, demasiado limitado.
Por exemplo existem já estudos que comparam o luto da morte com o término de algumas relações importantes, e em que de certa forma também há o luto a fazer.

"Embora o luto se dê geralmente depois de perdermos alguém importante que conhecíamos há algum tempo, o mesmo poderá surgir noutras ocasiões, como por exemplo depois de um aborto, com o nascimento de um nado morto ou quando perdemos um filho muito precocemente."

Mais importante ainda: o luto não tem a ver com o facto de conhecermos alguém há muito tempo, mas com a relação, proximidade, ou laços afectivos que nos unem a com a pessoa.


Incertus
ola a todos,

O ser humano vai moldando "as situações" de acordo com a cultura e a área geográfica em que se encontra.

Por exemplo os "velorios". Esta "tradição" começou na idade média pelo facto de algumas pessoas "acordarem" durante o funeral, porque na realidade nao estavam mortos mas em estado comatoso.

para evitar enterrarem pessoas vivas, começaram a aguardar "uns dias" após a morte de forma a garantir que a pessoa estava mesmo morta, sendo enterrada apenas quando o corpo começava a decompor-se.

A partir deste ponto "nasceram" inumeras tradições, desde salas mortuarias onde os corpos eram depositados até a confirmação efectiva da morte até situações em que se deixava um "tubo" desde o caixao (enterrado) até a superficie, por onde passava um fio que estava preso a uma campainha. Neste caso, seria destacado "alguem" para aguardar alguns dias junto da campa de forma a ouvir a campainha, caso o morto "acorda-se" dentro do caixao.

da mesma forma, o luto tambem sofreu modificações. por exemplo a expressão "estar de luto" é relativamente nova. Antigamente a expressão usada era "estar de nojo" ou "estar com nojo".

cumprimentos