Eraserhead (1977)

No Paraíso tudo é bom.

Numa cidade tipicamente industrial, cinza, barulhenta e constantemente em trabalho vive Henry Spencer (Jack Nance, actor que foi assassinado em 1996) num prédio que parece abandonado. A sua única diversão é ouvir os ensinamentos de uma mulher no rádio que fala sobre felicidade no paraíso. A sua antiga namorada, Mary X (Charlotte Stewart), aparece grávida, e a família da garota diz que a criança é de Henry, mas o bebé nasce uma aberração e Mary abandona-o com Henry, que passa a cuidar sozinho da "criatura".

É a primeira longa-metragem da carreira do realizador e foi todo filmado em preto e branco levando quase cinco anos para ser concluído, graças à falta de dinheiro para finalizar. O filme é típico do cineasta e muitos elementos que viriam a registar sua marca estão presentes, a exemplo de um humano deformado, a escuridão, o sonho e a esquisitice habitual.

Lynch também faz a sua alegoria que desmonta as femme fatales de Alfred Hitchcock e Brian De Palma, sempre loiras e frias, no cinema lynchiano as morenas são as perigosas e tentadoras (as amantes), enquanto as loiras são as puras, as "assexuadas". Em Eraserhead o protagonista sente-se atraído pela vizinha prostituta morena, enquanto a sua ex-namorada é a loira. Para David Lynch, os seus filmes são obras para serem interpretadas por cada espectador, levando em conta os seus sentimentos e as suas experiências, o mistério faz parte da vida.

Eraserhead (1977) trailer

Isto é mais uma experiência do que apenas visualização de um filme, em que cada um interpreta-o segundo a bagagem que tem. Já para não falar que serviu de inspiração para o grande The Shinning.