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  • Para quem quer mais um cheirinho do livro, de uma parte aleatória
    Iniciado por Templa
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(....Os tempos fazem-se, hoje, com outra assinatura.
A Quinta da Capela, essa, foi a primeira a sucumbir à hecatombe iniciada com o desaparecimento de Miguel. Sabe-se lá porquê, apesar de não ser a primeira a dar guarida a espectros de assombração, as pedras que mantinham a casa de pé,  rapidamente rolaram no chão como castelo de cartas a que um sopro de vento maquiavélico roubara o equilíbrio. Nem o monumento religioso contíguo à casa e que estivera na origem da sua toponímia resistira. Pereceu rapidamente às mãos de aventureiros que, numa pilhagem desenfreada, esperavam encontrar o pote do tesouro familiar supostamente aí enterrado. Dizia-se que um membro mais empreendedor o confiara à terra, talvez convicto de que, à semelhança do que acontece com a galinha de ovos de ouro,  a terra viesse a chocar as moedas como se fossem pintos. Mas, ao menos por aquelas bandas, os ovos prometiam sair todos gorados a quem tentasse encontrar tal riqueza.
Havia ainda um outro palacete. Era a morada de Leopoldina, depois de casada. Lá viviam também Pedro e o patriarca da família, viúvo. A mulher falecera-lhe  pouco depois de o filho mais novo ter nascido. Contudo, essa senhorial casa veio a ser vendida na década de trinta. Foi o palco da morte. E já em poder dos novos proprietários, segundo rezam as bocas do mundo, lá veio a ser encontrado o famigerado tesouro. Constituído por moedas antigas e valiosas jóias, acabou por beneficiar as pessoas que o compraram. Os novos donos da mansão, cujas paredes eram sustentadas pelos ombros diáfanos de misteriosos protectores, ficaram de tal forma influentes que,  mais tarde, até impediram  os herdeiros de Pedro de romoverem o do brasão. Embora os fantasmas não se passeassem na casa a olho nu, pelo menos um, o de Miguel, num quarto das águas furtadas, local para onde Júlio o atraiu até à morte, deixou a sua marca de vivo, que guardava ciosamente depois de morto. Quando o antigo moço de estrebaria o atacou à falsa fé com um punhal, o sangue que lhe escorria do peito, com a mão e como se fosse um carimbo, gravou-o na parede a que se agarrou, enquanto sentia o estertor da morte.
Pouco depois do assassínio, a cal branca, à medida que o tempo passava, ía escurecendo,  e aí apareciam uns dedos, numa espécie de impressão digital arrepiante. Sobretudo para as criadas que dormiam nesse aposento. A estranha pintura incutia-lhes um medo aterrador, mesmo sem saberem do fatídico evento, o que certamente as teria levado a recusar o  quarto.
A parede foi resistindo às sucessivas demãos de cal, até que os proprietários resolveram demoli-la. E, graças à mão da alma penada vítima da luxúria de uma irmã desnaturada, ficaram ricos.
A pedra de armas lá continua até hoje no frontispício, menos ruborizada de vergonha do que outrora.
Penso: o nosso imaginário fica sempre fascinado por tudo o que é transcendente. Nunca vi a parede, duvido da história, mas pugno para que seja real.....)
Templa - Membro nº 708

"o nosso imaginário fica sempre fascinado por tudo o que é transcendente"
mesmo verdade,querida Templa ;)


adorei ;)

Citação de: Nita em 13 julho, 2011, 17:04
"o nosso imaginário fica sempre fascinado por tudo o que é transcendente"
mesmo verdade,querida Templa ;)


adorei ;)

Ai querida Nita, tenho mesmo de me ver livro aqui de umas questiúnculas para me dedicar seriamente ao livro. Os vossos estímulos só me ajudam

Obrigada
Templa - Membro nº 708