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  • Dr.Sousa Martins
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tonyBaptista
 DR. SOUSA MARTINS

José Tomás de Sousa Martins
(Alhandra, 7 de Março de 1843- Agosto de 1897)

Médico e Santo




Dr. Sousa Martins de seu nome de baptismo José Tomás de Sousa Martins, nasceu em Alhandra a 7 de Março de 1843, vindo a falecer em Agosto de 1897.

Desde cedo sua vida não foi fácil, e bastante jovem foi viver para Lisboa. Empregou-se como marçano na Farmácia Ultramarina, propriedade de um tio seu, sita na Rua de S. Paulo, em Lisboa, e que ainda hoje existe. Tornou-se exímio manipulador de produtos naturais e de praticante de farmácia chegou a farmacêutico. Após o curso de Farmácia, tirou o de Medicina, e em poucos anos tornou-se uma das figuras mais marcantes do século XIX.

Foi professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa. Grande professor, tanto pelo seu saber, quanto pelo lado humano que transmitia, pelos seus alunos era muito estimado e mesmo venerado. A estes ensinou que: "Quando entrardes de noite num hospital e ouvirdes algum doente gemer, aproximai-vos do seu leito, vede o que precisa o pobre enfermo e, se não tiverdes mais nada para lhe dar, dai-lhe um sorriso." Mesmo depois da sua morte, as suas lições, coligidas, eram referência obrigatória.

Foi um dos médicos mais prestigiados de Portugal, tendo ficado famoso pela sua luta contra a tuberculose.

Cientista prestigiado, desfrutou de projecção internacional pelo estudo da tuberculose e das doenças nervosas.

Afirmou-se "progressista e 'maçon'".

Solteiro, dedicou-se à medicina, física, química, botânica, zoologia, cirurgia, literatura, poesia, filosofia, história e oratória.

Defendeu a construção de sanatórios, afirmando que a zona da serra da Estrela era propícia ao tratamento da tuberculose. Por isso, o primeiro sanatório construído nas Penhas da Saúde, por iniciativa de Alfredo César Henriques se chamou Sanatório Sousa Martins.

A luta contra a tuberculose expunha-o à doença, nos contactos diários e directos com os doentes terminais. Detinha-se junto deles, a amenizar-lhes o medo. Muitos morreram de mãos entre as suas, alguns viram-lhe auras estranhas sobre os cabelos.

O Dr. Sousa Martins foi atacado pela tuberculose. Alguns dizem que querendo evitar o seu próprio sofrimento, suicidou-se em 1897. Outros dizem que faleceu de morte natural, tendo como prova disso a sua certidão de óbito. Os seus restos mortais repousam no cemitério de Alhandra.

Ao tomar conhecimento da morte do Dr. Sousa Martins o rei D. Carlos disse: "Ao deixar o mundo, chorou-o toda a terra que o conheceu. Foi uma perda irreparável, uma perda nacional, apagando-se com ele a maior luz do meu reino".

Acerca do Dr. Sousa Martins, o prémio nobel Egas Moniz disse: "Notável professor que deixou, atrás de si, um nome aureolado de prelector admirável, de clínico, de orador consagrado, sempre alerta nas justas da Sociedade das Ciências Médicas."

O escritor Guerra Junqueiro definiu-o como um "Eminente homem que radiou amor, encanto, esperança, alegria e generosidade. Foi amigo, carinhoso e dedicado dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou. O seu coração perdoou. A sua boca ensinou. Honrou a medicina portuguesa e todos os que nele procuraram cura para os seus males".

Reputado médico e cientista, Sousa Martins chegou a todas as camadas da sociedade. Após a sua morte, tanto o meio académico, quanto a população tornou-o numa figura muito venerada. Tendo sido construído o Museu Sousa Martins na sua terra natal.

Dr. Sousa Martins não é apenas um nome de médico. Muitos o consideram um santo e dizem que opera milagres. Amigo dos pobres, desamparados e doentes, o Dr. Sousa Martins deu origem a um extraordinário culto em Portugal.

Em Lisboa ou na Guarda, as suas estátuas são visitadas diariamente por devotos que ali depositam flores, objectos em cera e velas. A ele são pedidas graças, a ele são pedidas inúmeras  intervenções divinas. No Dr. Sousa Martins são depositadas as esperanças dos que sofrem.




neptuno
sou devoto do irmão Sousa Martins, vou habitualmente a alhandra ao seu local de repouso, local esse onde até costumo fazer evp´s.

um grande homem enquanto andou na terra, um grande guia enquanto Ser espiritual.

Não podia deixar de comentar e sem palavras prestar uma grande homenagem a esse grande Espírito de Luz




Graças a Deus!!!!!!                           

coldwater
#3
Para evitar confusões, esclareço que o Dr. Sousa Martins não está ligado ao Espiritismo, nem o culto popular à volta desta simpática figura. Entenda-se se faz favor que não estou a apoucar o ilustre médico. Esta chamada de atenção é para delimitar os conceitos, e para que os visitantes novatos destas coisas não sejam induzidos em erro.

colwater



Mensagem alterada devido à utilização de abreviaturas e linguagem de chat/SMS.


neptuno
coldwater, esclarece lá o que é que queres dizer, é que não entendi bem.

coldwater
#5
O que eu quis dizer é que o Dr. Sousa Martins não tem nada a ver com Espiritismo, e que ao ser incluido na secção "Espiritismo" isso pode induzir as pessoas em erro. O ilustre clínico e excelente ser humano jamais se interessou pela filosofia espírita, pelo menos que se saiba.

Já deparei com livros com títulos e descrições que associam Sousa Martins ao Espiritismo. Já ouvi pessoas dizerem que o culto popular à volta de Sousa Martins é um "culto do Espiritismo", e outras imprecisões. Já ouvi dizer que os espíritas "adoram" Sousa Martins (adorar no sentido de adoração a Deus), e outras completas imprecisões factuais.

Então, obviamente sem retirar valor à figura em questão, apontei um facto: Sousa Martins nada tem a ver com Espiritismo, nem tão pouco a devoção popular à sua pessoa. Nem são próprios do Espiritismo velas, placas, promessas, flores, oferendas ou qualquer tipo de prática exterior ritualizada.

Parece-me sempre de interesse clarificar as informações, de modo a que se evite confusões, pois se começamos a pôr as coisas todas no mesmo saco, às tantas já não se sabe de que se está a falar.

Um outro aspecto que vem a talhe de foice é o facto bem conhecido de que centenas de médiuns-comerciantes por este Portugal fora capitalizam sobre a popularidade deste clínico, assegurando, cada um deles, ter como "guia às ordens" o Dr. Sousa Martins. Como se alguém que em vida se pautou pela nobreza de carácter andasse agora no Além a mando de charlatães terrenos, a receitar velinhas e defumadouros a troco de dinheiro, explorando despudoradamente o sofrimentioo alheio.

O Espiritismo, que deplora a charlatanaria e o comércio com a mediunidade e o sagrado, não pode deixar de assinalar  o facto, até para que não lhe sejam atribuidas ligações a tais práticas.

Espero então ter... clarificado. Se não consegui, paciência.

coldwater

TinaSol
Citação de: coldwater em 01 março, 2012, 11:36
O que eu quis dizer é que o Dr. Sousa Martins não tem nada a ver com Espiritismo, e que ao ser incluido na secção "Espiritismo" isso pode induzir as pessoas em erro. O ilustre clínico e excelente ser humano jamais se interessou pela filosofia espírita, pelo menos que se saiba.

Nunca pesquisei acerca do Dr. Sousa Martins, mas tinha em ideia que estava ligado ao espiritismo, pelo menos segundo informação de algumas pessoas que conheço, que inclusive têm daqueles flyers pequeninos e lhe fazem orações. Pensava que ajudava muitos as pessoas porque era médico e tinha um dom.

coldwater
#7
Olá Tina,

Obrigado pelo seu feedback. Pelas razões que indiquei acima (entre outras) existe essa ideia errada. Embora respeitemos todas as opiniões, o facto é que nem o distinto médico Sousa Martins esteve ligado ao Espiritismo, nem no Espiritismo se adoptam quaisquer práticas exteriores, como as que caracterizam o culto popular (e muito respeitável) a essa grande  figura da nossa História.

No Espiritismo só se presta culto a Deus. Só Deus é objecto de adoração no Espiritismo, mas uma adoração interior, sem qualquer tipo de rituais. No Espiritismo não há santos, sacerdotes, imagens, altares, defumadouros, velas, bebidas alcoólicas, pirâmides, cristais, cantarolas, vestes especiais, paramentos, rituais, sacramentos, dogmas inquestionáveis, hierarquias, profissionalismo, milagres, promessas, fórmulas sacramentais, gestos sacramentais, danças,  estátuas ou estatuetas, conceitos como o de sobrenatural, magias, crenças em figuras míticas como o diabo, etc., etc..

O Espiritismo é cultura, e os centros espíritas são centros culturais, apenas e só. O Espiritismo é um movimento cristão, filantrópico, filosófico e rigorosamente voluntário, não se aceitando nem se cobrando dinheiro, favores, prendas ou sequer compromissos de qualquer espécie.

Note-se que ao declararmos estes princípios, tal não significa que se discorde, se despreze ou se combata outras opiniões e conceitos. Pelo contrário, não consideramos que ninguém seja dono da Verdade. Cada um deve adoptar a filosofia de vida que mais satisfaça a sua consciência, e possivelmente Deus atenderá à pureza das intenções de cada um, e não ao "emblema" que leve na lapela.

Grato,

coldwater

TinaSol
#8
Coldwater, estou mais uma vez confusa, porque segundo me apercebi até aqui (e devo dizer que também não pesquisei, é uma ideia resultante de conversas/opiniões), há quem considere  e há quem não considere o espiritismo uma religião, outros não o consideram mas associam-no imediatamente, porque a religião cuida do espírito, alma ou ser/essência de cada qual, depende do ponto de vista da pessoa. E se presta culto a Deus não quer dizer que seja essencialmente um movimentos cristão, uma vez que todas as reiligiões têm um só Deus?
Olha que não estou a colocar os teus conhecimentos em causa, estou é a ver se organizo as minhas ideias.



Mensagem alterada devido à utilização de abreviaturas e linguagem de chat/SMS.


coldwater
#9
Exactamente. O Espiritismo tem como princípios a) a existência de Deus, b) a imortalidade da alma, c) a reencarnação, d) a comunicabilidade dos Espíritos e e) a pluralidade dos mundos habitados. Ora se o Espiritismo acredita em Deus, se tem em Jesus o seu modelo e guia, se acredita na imortaildade da alma, não há dúvida que tem muito em comum com as religiões. Pode até dizer-se que em sentido filosófico é uma religião. Mas como não tem todo o aspecto exterior, as hierarquias e o profissionalismo, e a crença dogmática das religiões, não o é.

É uma doutrina filosófica de consequências morais que respeita o primado da Ciência. É fé raciocinada, não fundada em dogmas inquestionáveis e na interpretação de livros considerados sagrados por parte de uma classe sacerdotal. É uma filosofia dinâmica, pois está permanentemente aberta a ser enriquecida e corrigida pelas descobertas científicas.

A filosofia espírita está contida nas 5 obras básicas, que vieram do mundo espiritual através de diversos médiuns (mais de mil grupos espalhados pelo mundo) e foram coligidas, comentadas e publicadas por Allan Kardec, pedagogo francês, a partir de 1857. É fácil e gratuito aceder às mesmas através de qualquer site espírita.

coldwater

Post-Scriptum: É apenas uma curiosidade histórica, sem importância doutrinária, mas o Brasil é a excepção a este conceito. Durante a ditadura militar brasileira, todas as filosofias e religiões que não a católica foram proibidas. O Espiritismo, que tinha muitos adeptos nas classes cultas, fez naturalmente o seu protesto, e foi-lhe permitido continuar legal desde que se registasse oficialmente como religião. Assim teve que ser. E ainda hoje é conhecido no Brasil como religião, também por causa da assistência social em bairros pobres de cidades como a Bahia. Os pobres viam chegar os espíritas e naturalmente não estavam a par da nuance legal.

Por essa mesma altura, as religiões afro-brasileiras, sempre fortemente perseguidas pelo fundamentalismo dogmático, tiveram que sobreviver, e valeram-se de uma manobra brilhante: registaram os seus terriros com o nome de "centro espírita". E fizeram muito bem, pois só assim se viram livres de maiores perseguições. Existe esse laço de amizade entre espíritas e umbandistas e candomblecistas. Embora não sejam a mesma doutrina, há essa estima mútua.

Já em Portugal, na sequência da assinatura da Concordata com o Vaticano, o regime de Salazar mandou fechar os centros espíritas e perseguiu fortemente os seus adeptos, que chegaram a ser presos. A sede e os bens da Federação Espírita Portuguesa ainda não foram devolvidos. Ainda ontem escrevemos acerca disso no Blog de Espiritismo.

Em Espanha foi pior. O regime de Franco chegou a fuzilar espíritas. O 'crime'? Não professarem a religião oficial do Estado e ajudarem os pobres.

Nos países anglo-saxónicos existe uma religião chamada Modern Spiritualism, que é por vezes traduzida de forma truncada como Espiritismo. O Moderno Espiritualismo apareceu na sequência dos fenómenos de Hydesville, com as Irmãs Fox.

Não há problema algum em 'colocares os meus conhecimentos em causa' :) Os meus conhecimentos são poucos, apenas tento falar com objectividade, quando alguém pergunta, do pouco que sei sobre Espiritismo, que é a filosofia do meu coração, sem qualquer desrespeito pelas outras Ideias.

O Espiritismo pede de facto algum estudo. Ler as obras básicas, fazer o curso básico, e acima de tudo, nada aceitar sem julgar, de forma crítica e racional. As religiões, de uma forma geral apelam ao lado emotivo, à conversão pelo arrebatamento mísitico, pelo "mistério da fé", etc.. O Espiritismo é uma das Ideias que propõe a fé raciocinada, o livre pensamento, a liberdade de consciência.

Votos de paz e harmonia.

neptuno
Citação de: coldwater em 01 março, 2012, 11:36
O que eu quis dizer é que o Dr. Sousa Martins não tem nada a ver com Espiritismo, e que ao ser incluido na secção "Espiritismo" isso pode induzir as pessoas em erro. O ilustre clínico e excelente ser humano jamais se interessou pela filosofia espírita, pelo menos que se saiba.

Já deparei com livros com títulos e descrições que associam Sousa Martins ao Espiritismo. Já ouvi pessoas dizerem que o culto popular à volta de Sousa Martins é um "culto do Espiritismo", e outras imprecisões. Já ouvi dizer que os espíritas "adoram" Sousa Martins (adorar no sentido de adoração a Deus), e outras completas imprecisões factuais.

Então, obviamente sem retirar valor à figura em questão, apontei um facto: Sousa Martins nada tem a ver com Espiritismo, nem tão pouco a devoção popular à sua pessoa. Nem são próprios do Espiritismo velas, placas, promessas, flores, oferendas ou qualquer tipo de prática exterior ritualizada.

Parece-me sempre de interesse clarificar as informações, de modo a que se evite confusões, pois se começamos a pôr as coisas todas no mesmo saco, às tantas já não se sabe de que se está a falar.

Um outro aspecto que vem a talhe de foice é o facto bem conhecido de que centenas de médiuns-comerciantes por este Portugal fora capitalizam sobre a popularidade deste clínico, assegurando, cada um deles, ter como "guia às ordens" o Dr. Sousa Martins. Como se alguém que em vida se pautou pela nobreza de carácter andasse agora no Além a mando de charlatães terrenos, a receitar velinhas e defumadouros a troco de dinheiro, explorando despudoradamente o sofrimentioo alheio.

O Espiritismo, que deplora a charlatanaria e o comércio com a mediunidade e o sagrado, não pode deixar de assinalar  o facto, até para que não lhe sejam atribuidas ligações a tais práticas.

Espero então ter... clarificado. Se não consegui, paciência.

coldwater


negativo, o Dr. Sousa Martins foi uma pessoa que se interessou bastante pelo espiritismo:

"O Dr. Sousa Martins foi um adepto do Espiritismo e muitos dos seguidores dessa crença atribuiem-lhe curas milagrosas por intermédio das suas comunicações mediúnicas.[2] A 7 de Março e a 18 de Agosto de cada ano, aniversários do seu nascimento e morte, milhares de devotos visitam e rezam sobre o seu túmulo."

fonte: wikipedia

para alem desta fonte, os livros de Cunha Simões tem uma detalhada e extensa biografia deste Grande Homem onde está claramente identificado o seu interesse pelo espiritismo.

mais ainda:

"O passado elucida-nos plenamente. Numerosos personagens, muito distintos, no princípio do século XX, foram espíritas confessos: médicos (Dr. Martins Velho, Dr. Sousa Martins, Dr. Joaquim Freire, Drª. Amélia Cardia), militares (General Passaláqua, Coronel Faure da Rosa), etc.. "

fonte: http://cec.planetaclix.pt/mediunidade.htm

o Dr. Sousa Martins é um dos principais guias para todos aqueles que se encontram doentes ou desorientados na vida, da mesma forma que foi um ilustre e grande ser humano, é agora um espirito de luz que continua a ajudar todos aqueles que de forma sincera e honesta lhe pedem apoio, obvio que existem muitos charlatões que usam o nome do Dr. Sousa Martins para sacarem dinheiro aos incautos.

coldwater
#11
Olá neptuno,

Nem a wikipédia nem as referidas obras são fiáveis.

A wikipédia é um lugar onde qualquer pessoa escreve qualquer coisa sem cuidar se é verdade ou não, e essas obras que refere são de muito má qualidade . "Que se saiba", escrevi eu, Sousa Martins não esteve ligado ao Espiritismo nem se lhe conhecem ligações a filosofia espiritualista nem inclinações nesta área. Quando escrevi acima "Já deparei com livros com títulos e descrições que associam Sousa Martins ao Espiritismo" era precisamente a esse autor que me referia.

Após muitos anos de estudo da História do Espiritismo em Portugal jamais encontrei um único historiador que confirmasse essa ligação. Pessoalmente ficaria honrado, mas não é por ser adepto do Espiritismo que vou querer "puxar" S.M. à força para o meu "clube".

Independentemente de Sousa Martins ter conhecido ou ter-se interessado por esta filosofia quando esteve entre nós cá na Terra, o culto popular à sua figura, com todo o folclore associado, nada tem a ver com a Doutrina Espírita ou Espiritismo, que não faz cultos de pessoas, que não tem ritualística de espécie nenhuma e cuja adoração é interior e unicamente a Deus.

Repito: com todo o respeito pela figura, pelo culto e por quem o pratica.

Abraço,

coldwater

O que aqui tenho apresentado sobre Espiritismo restringe-se a FACTOS e pode ser facilmente cotejado por exemplo em obras como História do Movimento Espírita Português, Grandes vultos do Movimento Espírita Português ou Fernando de Lacerda, o médium português, da autoria de Manuela de Vasconcelos. Essas obras, naturalmente citam as fontes, e quem quiser pode conferir.

A sanha de ódio anti-espírita de alguns comentadores deste fórum não lhes dá o direiro de apodarem os espíritas portugueses de "caluniadores" e "fraudulentos", como se verifica no post anterior. Se lhe reconhecesse algum valor moral e intelectual, poderia contar com um processo judicial. Assim, limito-me apontar os FACTOS, para esclarecimento dos incautos que eventualmente possam embarcar nessa contra-informação.

Segue igualmente cópia desta mensagem para a moderação do fórum. Lembro: a calúnia e o insulto podem originar procedimento judicial.

coldwater

A quem tenha dificuldade em conseguir as referidas obras (ver meu post anterior), aconselho a visita ao site da Federação Espírita Portuguesa e à secção "Da História do Espiritismo em Portugal" do Blog de Espiritismo. Sites como o do Centro Espírita Caridade por Amor, do Porto, entre muitos outros, também se referem ao que exponho. É um facto histórico, amplamente documentado pelas publicações da época e por muita gente ainda viva, que as actividades espíritas em Portugal foram perseguidas e proibidas pelo regime de Salazar. A assinatura da Concordata, com o Vaticano, teve como efeito a referida perseguição, no Continente e nas ex-Colónias. O brasileiro Divaldo Franco foi um dos palestrantes perseguidos pela PIDE em Portugal. Em Espanha o regime Franquista chegou a fuzilar espíritas, apenas porque o eram, por mero delito de opinião. Alegações que contrariam os FACTOS históricos, absolutamente infundadas e inconsequentes, não merecem consideração alguma. Dispenso-me de comentar mais absurdos debitados por pessoas declaradamente movidas pelo ódio ao Espiritismo. Lembro que a calúnia, a difamação e o insulto podem ter consequências legais.

coldwater

- 10 Anos Heróicos



Nos Estatutos da Federação Espírita Portuguesa, ficaram consagrados como meios a empregar para atingir as finalidades de união, estudo e cultura moral:

- "Cursos de ciências psíquicas, metapsíquicas, para psíquicas e paleotécnicas".

- "Bibliotecas, museus e laboratórios de investigações metapsíquicas e espiritistas.

- "Publicações de cultura moral e social, e uma revista, órgão oficial da Federação".


- Organização e regulamentação de "grupos experimentais, para desenvolvimento das diversas mediunidades e das faculdades metapsíquicas latentes dos seus associados, que assim o desejarem".

- Cooperação com todos os empreendimentos humanitários que pugnassem por causas como por exemplo o combate à pena de morte, ao alcoolismo, as guerras, aos maus tratos aos animais.


Deste elenco de fins e de meios se pode avaliar da nobreza dos valores que orientaram estes pioneiros. É ainda António Joaquim Freire, que na sua obra "Da evolução do Espiritismo", edição da F.E.P., a par com o relato de muitos obstáculos e canseiras, afirma:

"A opinião pública do nosso País acabou por compreender que o Espiritismo, no seu duplo significado - científico e cristão - é a nova Ciência da alma humana, numa moderna orientação positiva, animado da nobre e progressiva missão de regenerar e espiritualizar a Humanidade por novos métodos e processos que, embora radiquem no sentimento humano, têm de florir e frutificar na sua inteligência, conduta e acção. É um luminoso e radiante Mundo, contendo novos Mundos, que se abrem para todos aqueles que queiram estudar e meditar sobre os complexos problemas da existência e do Destino à luz do Espiritismo."

Foram anos de expansão da Doutrina Espírita e dos novos horizontes que ela desvenda, os que decorreram de 1925 a 1935. Foi intensa a divulgação por meio de palestras, folhetos e folhas soltas. Vicejaram as revistas espíritas, sendo que a "Revista de Espiritismo" e o "Mensageiro Espírita" eram publicadas pela própria Federação, e passavam as fronteiras de Portugal Continental, Insular e Ultramarino, suscitando interesse em países como Espanha e Brasil.

Nomes consagrados mundialmente, e adeptos do Espiritismo, passaram a publicar artigos no órgão oficial da FEP, contando-se entre estes Oliver Lodge, Conan-Doyle, Ernesto Bozzano, André Ripert, Henri Azam, Andry-Burgeois, Quintin Lopez, Jacinto Benavente e Ernest W. Oaten.

Livros espíritas publicados nessa época, também foram muitos, assinados por nomes como Maria O'Neill, Amélia Cardia, Viriato Zeferino Passaláqua, Arnaldo Costa cabral de Quadros, Alberto Zagalo Fernandes, João Antunes, Souza Couto, Francisco Alves, Fernando da Cruz Ferreira, J. J. da Costa Braga, José de Oliveira Rebordão, Maria Veleda, José Pereira de Lima.

Nas revistas espíritas da época, os colaboradores são em número incontável...

Embora não seja importante para o Espiritismo os títulos académicos e a cultura de cada um, é interessante verificar-se que o movimento espírita português desta época reunia intelectos brilhantes, e pessoas que, embora detendo cargos de grande exposição pública, não abdicavam das suas convicções espíritas.

Os esforços de divulgação, no Espiritismo, apresentam sempre a dificuldade acrescida de este ser uma movimento cultural totalmente voluntário. Ou seja: os espíritas têm as suas profissões e dedicam-se gratuitamente à prática e divulgação do Espiritismo. Por isso, todas as palestras, escritos, cursos e demais actividades, são fruto do labor dos espíritas nas suas horas vagas, e os custos saem dos seus bolsos.

- A Perseguição ao Espiritismo em Portugal



«O edifício do Cinema Rex, na hoje degradada zona lisboeta do Intendente, foi sede da Federação Espírita Portuguesa, fundada em 1925. Ficava ao lado do Real Coliseu onde depois abriu a garagem Auto Lis, junto ao belo chafariz do Desterro. Quando a Ditadura Nacional se transformou, por obra e graça do referendo de 1933, em Estado Novo, a Federação seria perseguida pelo regime e, em 1939, a sede passou a ser um cinema – o Rex. A propriedade do edifício continuou a ser da Federação Espírita, mas a exploração foi atribuída a um particular, o senhor Eduardo Ferreira, um «industrial», como o classificam os documentos, que procedeu às obras de adaptação e construiu um belo cinema com capacidade para 478 espectadores. (...)».

in Aventar


O Governo de Portugal, então em processo de aproximação ao Vaticano, que culminaria com a assinatura da célebre Concordata de 1940, não desejava para outras correntes de pensamento as mesmas liberdades e direitos que concedia à Igreja de Roma, nomeadamente nestes dois pontos do supracitado documento:

«Artigo 3.°

A Igreja Católica em Portugal pode organizar-se livremente de harmonia com as normas do Direito Canónico, e constituir por essa forma associações ou organizações a que o Estado reconhece personalidade jurídica.
O reconhecimento por parte do Estado da personalidade jurídica das associações, corporações ou institutos religiosos, canonicamente erectos, resulta da simples participação escrita à Autoridade competente feita pelo Bispo da diocese, onde tiverem a sua sede, ou por seu legítimo representante.
Em caso de modificação ou de extinção, proceder-se-á do mesmo modo que para a constituição, e com os mesmos efeitos .

Artigo 4.°

As associações ou organizações a que se refere o artigo anterior, podem adquirir bens e dispor deles nos mesmos termos por que o podem fazer, segundo a legislação vigente, as outras pessoas morais perpétuas, e administram-se livremente sob a vigilância e fiscalização da competente Autoridade eclesiástica. Se porém, além de fins religiosos, se propuserem também fins de assistência e beneficência em cumprimento de deveres estatutários ou de encargos que onerem heranças, legados ou doações, ficam, na parte respectiva, sujeitas ao regime instituído pelo direito português para estas associações ou corporações, que se tornará efectivo através do Ordinário competente e que nunca poderá ser mais gravoso do que o regime estabelecido para as pessoas jurídicas da mesma natureza.»



Assim sendo, a Federação Espírita Portuguesa foi ilegalizada, os seus bens confiscados, e os espíritas passaram a ser perseguidos pelo regime e acossados pela P.I.D.E., a polícia política do regime autoritário de António de Oliveira Salazar.

Em 1974, um Golpe de Estado propôs-se devolver a Liberdade e a Democracia a Portugal. Instituições políticas, religiosas e filosóficas anteriormente perseguidas passaram a ter direito de existir. No entanto, os bens da Federação Espírita Portuguesa, e a sua sede (adquiridos com as quotizações dos sócios e dádivas generosas, como as de Firmino da Assunção Teixeira), passados 35 anos (!) continuam por devolver. Os espíritas portugueses esperam pelo seu 25 de Abril...

- O Lobo e o Cordeiro



«- Era uma vez um cordeirinho que estava a beber água num regato cristalino. Um lobo mau se aproximou e perguntou: Por que turvas a água que eu bebo? O cordeirinho replicou: Não pode ser... eu bebo abaixo...O lobo voltou: Então é seu irmão, seu pai, seu avô...e eu tenho que me vingar. E o devorou porque os violentos não respeitam os inocentes.»

Popular

A proibição do Espiritismo em Portugal teve uma história muito semelhante à da fábula do lobo e do cordeiro. Acontecesse o que acontecesse, a Federação Espírita Portuguesa nada poderia ter feito para aplacar as intenções do representante dos interesses do Vaticano no Governo Português, o Ministro do Interior, Alfredo dos Santos. O pretexto, que na altura serviu, como teria servido qualquer outro, foi a criação de um laboratório de pesquisas parapsicológicas, a cargo do Dr. Ramiro da Fonseca e do Dr. Aguiar.

Aguiar tinha-se doutorado com uma tese pioneira para Portugal, sobre Parapsicologia. A Federação, sempre dentro dos cânones da mais estrita legalidade e transparência, dirigiu ao Ministério da Educação Nacional um pedido de autorização para o estabelecimento do referido laboratório, pois que de pesquisa científica se tratava.

O pedido veio indeferido, alegando o Governo que os pesquisadores não possuíam competência para tais trabalhos. A F.E.P. solicitou então que fosse o Ministério a nomear gente mais qualificada. E a resposta foi o encerramento da Federação e a confiscação dos seus bens, desde a sede física aos livros da Biblioteca.

A F.E.P. naturalmente que recorreu desta decisão arbitrária, própria dos regimes autocráticos, mas sem êxito. É que, bem ao estilo da fábula do lobo e do cordeiro, a legislação fora mudada, e a F.E.P., à luz da nova legislação, deixava de ter personalidade jurídica, e consequentemente nem reclamar podia...

Os regimes políticos e as pessoas dadas ao pensamento único, nunca se deram bem com o Espiritismo. O Espiritismo defende intransigentemente a liberdade, todas as liberdades que não colidam com a liberdade alheia. Em Portugal as coisas não se extremaram como em Espanha, onde o regime de Franco mandou fuzilar espíritas pelo "crime" de... serem espíritas. Mas ainda hoje, em muitos países e sob governos das mais diversas cores políticas, o Espiritismo é proibido.

- O (Quase) Auto de Fé de Lisboa
Em vão a Federação Espírita Portuguesa constituiu advogado e reclamou junto das autoridades competentes, na sequência da proibição das suas actividades. O laboratório de pesquisas, que foi o pretexto achado pelo Governo para consumar a proibição, contava na sua direcção com dois médicos, licenciados em Medicina pelas Universidades de Coimbra e de Lisboa, e um licenciado em Ciências Histórico-Filosóficos, pela Universidade de Lisboa.

O Governo não cuidou de nomear ninguém mais "competente", nem promoveu a fiscalização da competência destes elementos, no sentido de provar que não tinham preparação, que não davam garantias de seriedade e que não obedeciam às condições mais elementares do método científico.

O currículo de Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior *, Ministro do Interior do Governo de Salazar, fala por si...

Após 1953, seguiram-se ainda dez anos de lutas judiciais, infrutíferas. Em 1962, Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior, não se dando ainda por satisfeito, decidiu que a F.E.P. não tinha existência legal, e mandou que fossem arrolados os seus bens e vendidos em hasta pública.

A Biblioteca da Federação, de valor cultural incalculável, esteve em vias de ser queimada. Em 1962, portanto, Lisboa esteve a um passo de ter assistir a mais um Auto de Fé, que só não foi consumado pela intervenção corajosa dos dirigentes espíritas.

Os livros da Federação foram encontrados mais tarde, na Biblioteca Nacional. A sede da Federação, transformada em Cinema, foi entregue à Casa Pia de Lisboa. Preferimos não comentar a brutalidade de todo este episódio e os aspectos sinistros que podem revestir a perseguição religiosa.



* Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior
Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior (1908 — 1990) foi um político português do séc. XX. Nasceu em Viseu a 2 de Dezembro de 1908, sendo filho de Alfredo Rodrigues dos Santos e de D. Guiomar de Almeida Rosa. Formou-se em Medicina e Cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Foi médico do Hospital de Gouveia e director do posto médico da Caixa de Previdência dos Lanifícios de Gouveia. Veio contudo a abandonar as funções de médico para se dedicar à política.
Em 1933 foi eleito presidente do Centro Académico de Democracia Cristã, cuja revista dirigiu (1933-1934) e onde se revelou um grande defensor do Estado Novo.
Foi presidente da Câmara Municipal de Gouveia (1946-1959), subdelegado regional da Mocidade Portuguesa em Gouveia, presidente da Comissão Distrital da Guarda da União Nacional (1952), deputado da Nação pelo distrito da Guarda (1957-1960), governador civil do distrito da Guarda (1960-1961) e Ministro do Interior (1961-1968), tendo sido responsável pelas ondas de repressão sobre o movimento estudantil de 1962, e as manifestações operárias de 1 de Maio desse mesmo ano.
Foi condecorado como oficial da Ordem de Cristo. A sua actuação no Ministério do Interior ficou marcada pelo notório reforço da acção repressiva do regime.
Era irmão do lente de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra João Rodrigues de Almeida Santos (1906-1975).


b]- "Novidades" de Ontem e de Hoje... [/b]



O endurecimento do regime autoritário de Salazar restringiu todo o tipo de liberdades em Portugal. A pouco e pouco, não apenas o Espiritismo, mas outras ideias filosóficas, bem como as religiosas e políticas, foram sendo progressivamente caladas, e os seus partidários vigiados e perseguidos.

A lendária ignorância dos elementos da polícia política do regime, P.I.D.E. (Polícia Internacional de Defesa do Estado), levava, por exemplo, a que incomodassem proprietários de livros sobre o compositor Bach, supondo que se tratava de algo relacionado com a Fé Bahà'i...

O encerramento da F.E.P. não aconteceu de um dia para o outro. Inflamados pelo clima de pensamento único que então vigorava, algumas pessoas ignorantes e preconceituosas, apressavam-se a atacar o que desconheciam... mas que reconheciam ser diferente da religião oficial do regime.

A Rádio Renascença, em Abril de 1952, deu o mote, afirmando numa das suas emissões a partir da cidade do Porto, que nos trabalhos experimentais do Espiritismo compareciam apenas os "demónios", os "anjos caídos" da Teologia católica. Aos espíritas, classificou como "exaltados".

Como sempre acontece neste tipo de ataques, à Teologia das religiões que crêem nos "demónios", vêm colar-se as depoimentos de cunho "científico" Foi o caso de Egas Moniz (na imagem), o médico português que ganhou o Prémio Nobel, um fiel adepto do regime de Salazar, de cujas opiniões se serviu o jornal católico "Novidades", para publicar o artigo "O Espiritismo Concorre Para a Expansão da Loucura".

Egas Moniz foi um médico ultra conservador, partidário de "tratamentos" por choques eléctricos, defensor das lobotomias, e teórico de que todos os comportamentos diferentes do ideal do Estado Novo eram doenças.

O mês de Abril de 1953 foi de investida cerrada contra o Espiritismo. O artigo que usa a opinião de Egas Moniz é uma antologia de caciquismo feroz e de má-fé.

Começa o articulista C. Maia (o protagonista principal da campanha do jornal "Novidades"), por afirmar que a Doutrina Espírita é uma criação da maçonaria e que Allan Kardec pertenceu à Maçonaria. Duas puras mentiras, que, de entrada, servem para o autor "arrumar" o Espiritismo 'como doutrina e como "religião"', nas suas palavras.

Pelas aspas colocadas na "religião" se verifica logo onde estava o problema: o temor de alguma beliscadura na religião oficial...

Depois, o articulista passa à segunda parte do seu panfleto: "arrumar" o Espiritismo como ciência. Melhor dito, passa a negar a possibilidade das comunicações com o Além, catalogando-as todas como fraude. Todo o teor do artigo, no que à parte científica do Espiritismo diz respeito, é de uma ignorância e má-fé confrangedoras.

O combate aos fenómenos espíritas pelos sistemas da negação e da fraude (já analisados por Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns"), é tudo quanto se pode extrair do lamentável artigo, que apresenta a "confissão" das Irmãs Fox em relação aos fenómenos mediúnicos como "prova inequívoca" de que os fenómenos espíritas não existem...

Nada de novo, portanto, do sector materialista-religioso que se opõe ao Espiritismo. Nos dias de hoje, à falta de melhor, continua-se a brandir a "confissão" das Irmãs Fox, obtida entre ameaças e subornos da hierarquia católica norte-americana, esquecendo a retractação pública que ocorreu no ano seguinte, esquecendo os milhares de testemunhas dos fenómenos obtidos pela mediunidade das Irmãs Fox, e esquecendo todos os testemunhos e os estudos provenientes das mais diversas fontes.

C. Maia considera, por breves instantes, a possibilidade de ser o Diabo o autor da fenomenologia mediúnica - uma explicação assaz sensata e "científica", aliás...

- Ditaduras



Vale a pena analisar-se mais um pouco o artigo de C. Maia, dado à estampa no jornal católico "Novidades", em Abril de 1953, ano de todos os ataques ao Espiritismo em Portugal. Não que tenha sido único ou que tenha sido especialmente acutilante. É apenas porque foge ao tom jocoso e grosseiro habitual, e ensaia uma postura de seriedade, escudado na opinião de Egas Moniz.


A obra "Ao lado da Medicina", de Egas Moniz, a páginas 21-23, trata de superstições e cataloga como superstição "o espiritismo", ou aquilo a que, por desconhecimento ou espírito de seita, decidiu que é o Espiritismo.

Egas Moniz avalia "a nova religião, se assim lhe podemos chamar" como contando no mundo "para cima de doze milhões de prosélitos". E acrescenta que "A Imprensa ocultista é numerosa; a propaganda é imensa. Em 1904, já existiam cento e trinta revistas e jornais diversos e o seu número não deve ter diminuído."
A preocupação de Moniz parece ser com os números que a seu ver ameaçavam a hegemonia das ideias que lhe eram caras... Factos, os tais factos que comprovariam que "o Espiritismo não gera uma psicose especial, mas concorre para a expansão da loucura", esses, não há.


Há a citação do psiquiatra Lévy-Valinsi, que chamou ao Espiritismo a "ante-câmara da loucura". E do austríaco Donath, que o classificou de "superstição vergonhosa para o nosso tempo, pois embrutece o povo e é perigosa para a saúde".

Egas Moniz, na mesma linha da acusação cega e infundada, não se coíbe ainda, de afirmar que "São os débeis mentais, os degenerados, os psicacténicos, os indivíduos de limitada instrução e grande sugestionabilidade que formam a corte dos adeptos mais fervorosos. Sem essa acção prejudicial, todos esses indivíduos poderiam estacionar na vida social, com relativa normalidade. Diz George Dumas que entre os doentes mentais, por ele observados, de tipo paranóide e de delírio de influência, sessenta por cento tinham praticado o espiritismo. Sinistra superstição em que a fraude e - o que é pior - actos delituosos se praticam, segundo informa Goriou, que frequentou esses meios.

A estratégia, já então nada inovadora, foi a de catalogar como "espiritismo" tudo o que tivesse, de perto ou de longe, a ver com mediunismo. Ou seja, onde se falasse de comunicações com o Além, reais ou meras fraudes, o carimbo de "espiritismo" passava a ser aplicado pelas autoridades e pela Imprensa afecta ao regime e ao seu pensamento único, totalitário.

Assim, não admira que a exploração comercial da mediunidade, quantas vezes a par com a superstição mais ingénua e a trafulhice mais desbragada, passasse a ser contada no rol dos males do "espiritismo".

Os obsidiados, que, hoje como ontem, enchem os hospícios, caso tivessem apresentado indícios de fenómenos mediúnicos, eram, como hoje são, igualmente postos no rol dos "espíritas".

Ontem como hoje, não falta quem, ao ver um médium espontâneo a cair na rua, a contorcer-se e a falar com outra voz que não a sua, logo sentencie que se trata de "espiritismo"... nessa ordem de ideias, assimilando tudo o que é charlatanaria mística e mediunidade descontrolada à designação genérica de "espiritismo", tudo é espiritismo, nada é espiritismo, e toda essa argumentação de nada vale, por ser absurda, por ser indigna de pessoas que se tenham na conta de intelectualmente honestas, e que, por professarem uma determinada religião, deveriam ser as primeiras a respeitar quem, como eles, professa a crença que mais lhe fala ao coração.

Não era menos médica que Egas Moniz, Amélia Cardia, uma das primeiras mulheres médicas portuguesas. E era espírita. Não eram menos médicos os que se propuseram iniciar o laboratório de pesquisas metapsíquicas, que serviram de pretexto à ofensiva final contra a Federação Espírita Portuguesa.
Não eram menos sérios, nem menos cultos, nem menos dotados de senso, todos os espíritas que deram corpo à F.E.P., que geriam as suas publicações, que promoviam o seu estudo e a sua divulgação. Mas os detractores do que julgam ser o Espiritismo sempre descobrem que no cérebro dos mais eminentes cidadãos, sob todos os pontos de vista impecáveis, jaz, meio escondido, um ponto fraco e impressionável que os torna ingénuos como crianças perante o "embuste espírita".

Não era menos médico nem menos Nobel da Medicina, Charles Richet, que, não sendo espírita, estudou a mediunidade e concluiu pela sua veracidade inquestionável, no seu "Tratado de Metapsíquica".

Não era menos médico o médico e espírita francês Gustave Gelley, que, na mesma época, lograva conclusões opostas às de Moniz. Porque era espírita? Não. Porque estudava sem preconceito. Sobretudo porque estudava.

O Espiritismo, filosofia, moral e ciência de observação, pode caracterizar-se genericamente, como "vivência do Evangelho de Jesus", nas palavras de Francisco Cândido Xavier.

Não só não forma loucos, como forma homens melhores, que se esforçam por ultrapassar imperfeições e se aproximarem cada vez mais da moral pregada pelo sublime Nazareno.

A prática mediúnica no Espiritismo, a mediunidade com Jesus, não só não forma loucos como forma pessoas equilibradas. Segundo estudos médicos sistemáticos, divulgados no Jornal de Espiritismo, edição da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, os médiuns espíritas gozam, em média, de mais saúde metal que a média da população.

O próprio Jesus de Nazaré, que expulsava os maus Espíritos e dialogava com os bons, à luz da ciência destas luminárias prevenidas da Medicina, como Egas Moniz, seria decerto considerado um louco ou um endemoinhado. É que há 2 mil anos, Jesus foi executado sumariamente sob essas mesmas acusações.

A campanha do "Novidades", que fez publicar artigos jocosos e boçais, associando o nome do Espiritismo aos desmandos que davam na real gana dos articulistas, revestiu-se de aspectos persecutórios de quem sabia a luta desigual. Do lado espírita, Manuel Caetano de Sousa, na "Revista de Metapsicologia", respondia com educação e com seriedade. O "Novidades" batia nas teclas da mistificação, do delírio, da crendice, da bruxaria, num estilo de fazer inveja aos tão injustiçados carroceiros, que os havia e há bem mais educados. E sobretudo dotados de senso-comum, pois é um vivo contra senso um jornal de orientação religiosa negar à partida, com os argumentos monolíticos dos materialistas, um dos mais belos atributos com que Deus dotou o ser humano: a possibilidade de sentir o pulsar do mundo espiritual, o reino dos Céus de que Jesus falava, e de testemunhar as comunicações daqueles a que os antigos chamavam os Anjos, e que são os Bons Espíritos, as almas dos homens que viveram na Terra.


A Terra, essa, como dizia Galileu, continua a girar, indiferente aos decretos papais que a mandam estar quietinha...


- O Inverno Português



Quem viveu o anterior regime sabe bem do clima de restrição de todas as liberdades, que imperava no nosso País. A assinatura da Concordata, entre Portugal e o Vaticano, não resultou num poder total da Igreja Católica sobre o País, como sucedeu com o ultramontanismo espanhol. No entanto, e bem à portuguesa, logravam-se resultados idênticos com os nossos "brandos costumes".

O Decreto nº 32 171, publicado no Diário do Governo a 29 de Julho de 1942 é bem o exemplo de um modo de fazer as coisas, mais diplomático e "limpo". Reza assim o Artigo 15ª:

«Todos os indivíduos que com o nome de magnetizadores, ocultistas, videntes, quiromantes, naturistas, fisioterapeutas ou semelhantes empreguem práticas, medicações ou quaisquer processos com os quais se procurem sugestionar doentes, e, de um modo geral, todos os charlatãis que usem de processos análogos com os quais procurem sugestionar doentes, serão condenados na pena a que se refere o artº 20º.»

Artº 20º, que determina:

«Pela forma indicada no artº anterior será encerrado o consultório médico, seja qual for a sua designação ou modalidade, que funcione sem que seja dirigido por médico ou médicos sem condições de exercer a profissão, de harmonia com o presente diploma.»


No mesmo saco da charlatanaria, que o Decreto não define, eram metidos naturistas e fisioterapeutas, especialidades da área da Saúde (sem que fossem enunciados que habilitação deveriam ter para se moverem dentro da legalidade) a par com quiromantes (praticantes do que se pode chamar uma arte divinatória, creia-se ou não nela), a par com ocultistas (um conceito elástico, mas que no seu significado original cabe no campo da filosofia), mais os magnetizadores, cuja especialidade acabaria por entrar na ciência oficial com o nome de hipnose...

Este tipo de generalizações busca confundir a opinião pública, manchar actividades que podem ser honestas ao colocar-lhes indistintamente o rótulo de charlatanaria, e dar às autoridades um poder arbitrário, ao ficar a cargo do polícia de plantão "aplicar" a lei segundo as suas mais ou menos acanhadas noções...

No Estado Novo eram mal vistos os praticantes de yoga, os naturistas, os espíritas, os protestantes, os que se interessavam por política e por filosofia, e, no geral, todos os que gostavam de saber mais e pensar pelas suas cabeças. A vigilância social, também chamada má-língua, era implacável para quem não se movesse nos estereótipos do homem marialva, dado ao futebol de bancada (eventualmente aos fados e às toiradas), e à mulher orgulhosamente ignorante, a quem ficava mal (caso não fosse da "alta sociedade"), ler mais que as fotonovelas "Simplesmente Maria"...

Charles Richet, Prémio Nobel da Fisiologia/Medicina em 1913, foi o criador da Metapsíquica. Em 1953, as actividades espíritas em Portugal foram proibidas, a pretexto da criação, pela Federação Espírita Portuguesa, do "Laboratório de Pesquisas Metapsíquicas Professor Charles Richet". Em 1969, conforme recorte de Imprensa que reproduzimos, discutia-se em Portugal se as mulheres tinham ou não o direito de usar calças. E se o Inverno Português é rigoroso...

- Subtilezas



No cenário social e político do Estado Novo, é muito bem possível que não tivesse havido mesmo lugar para a actividade espírita às claras, por muita diplomacia que se tivesse usado. A polícia política do regime temia todos os ajuntamentos em que se trocasse ideias. Ao contrário do caso brasileiro, em que a craveira intelectual e social dos dirigentes espíritas poupou o movimento à perseguição, a ditadura portuguesa temia o pensamento livre sob todas as formas, e por isso apressou-se a criar um estratagema para se ver livre do incómodo do Espiritismo, vivência cristã em espírito e em verdade, sempre pugnando pela igualdade de todos os seres humanos, em dignidade, direitos e deveres.

No Decreto citado, dizia-se que "todo o consultório médico, seja qual for a sua designação ou modalidade, que funcione sem que seja dirigido por médico ou médicos sem condições de exercer a profissão", seria encerrado.

É claro que um laboratório de pesquisas metapsíquicas não é um consultório médico. No entanto, para salvaguardar possíveis impedimentos legais, o referido laboratório contava com dois médicos, dois pesquisadores em Metapsíquica, na sua direcção. Não foram estes considerados aptos, sem que o Governo tenha explicado porquê, recordamos. Sendo pedido que fossem nomeados pelo Governo médicos "mais capazes", a "afronta" foi punida com o encerramento da Federação e a perseguição aos espíritas, que durou até 1974.

Para além do património confiscado arbitrariamente, os danos morais ao movimento espírita foram enormes. O estigma de se ser metido no mesmo saco da charlatanaria persiste até hoje.


Já no primeiro Congresso Espírita Português, uma das principais preocupações dos espíritas portugueses era o esclarecimento do público sobre os oportunistas sem escrúpulos que então atingiam números estrondosos em Portugal, aproveitando-se do padecimento alheio para espoliarem os seus incautos clientes. E já então a esse tipo de tratantes servia à maravilha acrescentarem à lista dos seus supostos dons o de serem "espíritas", querendo com isto dizer que comunicavam com os Espíritos.

Escusado será dizer durante anos os médiuns comerciantes (habitualmente muito ignorantes, mas astutos e oportunistas) continuaram a usurpar um nome em voga, o de "espíritas", para embelezarem os seus currículos.

De tal forma que ainda hoje é frequente os próprios meios de comunicação (televisões, rádios, jornais), sempre sedentos de espectáculos aberrantes, apresentarem como "espíritas" as mais estouvadas criaturas...

Para que conste, aqui vai uma definição "wikipédica" da famosa Metapsíquica:

«Metapsíquica - definida pelo criador Charles Robert Richet professor da Sorbonne e cientista - "(...)ciência que tem por objecto a produção de fenómenos, mecânicos ou psicológicos, devidos a forças que parece serem inteligentes ou a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana".[1]

Richet, estudando a mediunidade dividiu a Metapsíquica em dois grupos: "Metapsíquica Subjectiva" e "Metapsíquica Objetiva", classificando-os com base na sua divisão em Mediunidade de Efeitos Físicos e Mediunidade de Efeitos Psíquicos, compreendendo a primeira os telecinésicos; e a segunda, os criptestésicos.[2]

A Metapsíquica foi a precursora da Parapsicologia.»


A Metapsíquica, tal como a Parapsicologia, que lhe sucedeu, estudava os fenómenos paranormais, já abordados por Allan Kardec de forma sistemática em O Livro dos Médiuns, de 1861.

A abordagem espírita é sempre tríplice: filosofia, moral e científica. Já a Metapsíquica, como a Parapsicologia, estudam os fenómenos sem lhes extraírem outras ilações que não as científicas.

E é por isso que o Espiritismo é uma doutrina peculiar. Porque não separa Religião e Ciência, que no pensamento corrente se excluem mutuamente.

Uma das questões levantadas pelos detractores, na altura do "cerco" ao Espiritismo em Portugal, era a de que o Espiritismo,não sendo religião, não podia ter existência legal. Por outro lado, sendo religião, não podia ocupar-se de Ciência.

Mero jogo de palavras, mera retórica jesuítica. O Espiritismo, por se ocupar das coisas de Deus, e por preconizar um roteiro moral condizente, é, filosoficamente, uma religião. Não o é formalmente, na medida em que não tem nada do que é típico das religiões, como sejam o sacerdócio, os rituais, os sacramentos, a idolatria ou os dogmas inquestionáveis.

Como ciência, o Espiritismo não é uma ciência na acepção académica do termo. É o que se chama uma ciência de observação, ou seja, é comparável à actividade do astrónomo ou do ornitologista amadores, que observam corpos celestes ou aves. Tratando-se de amadores, as observações destes entusiastas não deixam de ser verdadeiras. O mesmo faz o Espiritismo, que, não tem lugar para o profissionalismo (não há espíritas profissionais e muito menos cientistas espíritas profissionais). Contudo, as observações e estudos efectuados pelo Espiritismo, não são seu domínio exclusivo. A pesquisa científica é livre, e o Espiritismo só pode congratular-se, quando cientistas, sejam eles espíritas ou não espíritas (como Charles Richet, na imagem), corroboram as assertivas da nossa doutrina.

Ora, se não passa pela cabeça de ninguém proibir os amadores de espreitarem as aves pelos binóculos ou as estrelas pelos telescópios, por daí não advir mal para a Sociedade e por se tratar de Cultura, também não passa pela cabeça de ninguém proibir as pesquisas feitas no âmbito das actividades espíritas.

Com acrescida razão, não passa pela cabeça de ninguém honesto proibir o Espiritismo por, na sua opinião, ser uma religião "menor"...

Mas - subtileza das subtilezas - o Espiritismo, sendo a única religião que se curva ao veredicto da Ciência e que não a coloca em plano inferior nem como departamento menor da Verdade, o Espiritismo foi e é perseguido porque, na opinião de alguns, a fonte da Doutrina não é fiável...

É que se algumas hierarquias religiosas aceitarem que as vozes dos Céu podem falar aos homens, a sua condição de intermediários que se crêem na posse de procuração do Altíssimo, fica de certa forma diminuída. É, portanto, uma questão de desemprego...

- O Período das "Catacumbas"



Quando Jesus de Nazaré esteve na Terra, arrastou multidões com a sua Boa Nova. Era acompanhado por gente de todas as classes sociais, níveis de instrução, nacionalidades e religiões. Jesus anunciou claramente não ter vindo para destruir a Lei. Referia-se à Lei de Moisés, ao Decálogo, os Dez Mandamentos sobre os quais estava fundada a religião Judaica. Tão pouco Jesus manifestou alguma vez a intenção de revogar fosse o que fosse na religião vigente ou em qualquer religião. O Evangelho (a Boa Nova) de Jesus, dizia respeito a todas as pessoas, fossem elas de que religião fossem.

Ao período de entusiasmo sobrevieram em breve as intrigas e as conspirações, que viam em Jesus - um homem de paz e de união - a semente de possíveis agitações sociais e perigo para a organização religiosa vigente. A execução de Jesus foi uma dessas tristes jornadas em que a estupidez humana cobra as vítimas mais puras.

Com o Espiritismo, no nosso País, as coisas tiveram uma evolução idêntica. O Espiritismo não veio ameaçar nenhuma religião. Não veio tentar arrebanhar adeptos de nenhuma religião. Não veio provocar quaisquer conflitos ou hostilizar fosse quem fosse. A proposta espírita, porque cristã, é de aproximação entre os Homens e de glória a Deus.

No entanto, os que temem o livre-pensamento e sentem ameaçadas, sem razão, as suas "capelinhas", quando o movimento atingiu maior visibilidade, apressaram-se a silenciá-lo. Havia cidades portuguesas que possuíam jornais espíritas diários, versando Doutrina Espírita, sem intuitos políticos ou proselitistas. Floresciam as publicações, as conferências, a fraternidade extensiva a todos, fossem eles espíritas ou não. O Espiritismo em Portugal apresentava uma vitalidade rara no panorama mundial.

Com a proibição oficial das actividades espíritas não se silenciou totalmente o Espiritismo em Portugal. Três associações mantiveram actividades de assistência social. Algumas conferências públicas iam tendo lugar. Mas sob o movimento pairava o estigma de tudo o que é proibido. De 1953 a 1974, ser-se espírita passou a ser considerado "subversivo".

Portugal deixou por exemplo de poder receber livremente expositores espíritas estrangeiros. Divaldo Franco (na imagem), o brilhante médium e conferencista brasileiro, foi dos que "sobrevoavam" corajosamente a proibição, e nunca deixou de visitar Portugal e as suas Colónias. Ficaram célebres entre os espíritas da altura as jornadas gloriosas em que Divaldo, em cima de um atrelado de tractor, à luz da Lua, fazia as suas palestras, que muitas vezes acabavam abruptamente com o aviso da aproximação da polícia política e a consequente debandada dos espíritas pela serras e pelos pinhais.

Foi uma época que também teve semelhanças com a perseguição aos Judeus declarada pelos Reis Católicos, de Espanha, e pelo Rei D. Manuel I, em 1496. Se ainda hoje, em regiões portuguesas como a Beira Interior, os adeptos do Judaísmo ainda se reúnem, com certa precaução, ainda que já não justificada, é fácil de imaginar o ferrete que ainda marca o Espiritismo em terras lusas...

Foi um tempo que ficou conhecido como das "catacumbas", pelo paralelismo com os Primeiros Cristãos, perseguidos quer pelos Judeus, quer pelos Romanos, obrigados a refugiarem-se em grutas, sem terem cometido qualquer delito ou representarem qualquer ameaça, a não ser para a ignorância, a intolerância e o Mal em geral...

O tempo das "catacumbas", em Portugal, teve consequências para o movimento espírita nacional. O isolamento dos espíritas em pequenos grupos clandestinos, familiares, fez com que se perdesse muita da qualidade que só se consegue com o intercâmbio, o convívio, a aprendizagem constante em clima aberto.

Quando em 1974 se reconquistaram as liberdades democráticas, o movimento espírita encontrava-se paralisado pela longa inacção. Os antigos impulsionadores estavam avançados na idade. Os que mantiveram grupos familiares, habituados ao isolamento e sem capacidade de mobilização. Foi altamente meritória a actividade de todos os que se esforçaram por reactivar os grupos espíritas, por reconstruir a Federação, e por voltar a divulgar a Doutrina.

A reorganização foi lenta. Muitos núcleos espíritas tardaram a abrir portas ao público. E muitos dos que o fizeram continuaram a praticar um Espiritismo a que se habituaram durante os longos anos da proibição, pouco dado ao estudo e com laivos místicos pouco condizentes com a verdadeira essência da Doutrina. Alguns centros ditos espíritas mais se assemelhavam a centros mediúnicos, em que o fenómeno tinha toda a prioridade e o estudo era relegado para segundo plano. Não é raro ainda hoje encontrarem-se espíritas que nunca leram as obras básicas, por as suas leituras terem sido orientados essencialmente para descrições romanceadas do mundo espiritual.

- Visita de Um Amigo



No ano de 1977, já a explosiva situação política do pós 25 de Brasil se encontrava estabilizada, visitava Portugal o Presidente da Federação Espírita Brasileira, Francisco Thiesen (na imagem).

No dia 14 de Maio desse ano, o presidente da F.E.P., em discurso na sede da Federação Espírita Portuguesa, afirmava:

(...) "Portugal espírita tem sofrido muito, mas vai sofrer mais, não pararão aí as dores, as angústias, estamos bem informados disso. É preciso que os espíritas portugueses entendam que ninguém, e mormente no Espiritismo, ninguém pode prescindir da necessidade do testemunho, e os espíritas portugueses são daqueles que no passado muito receberam do Alto. Quando aqui viemos, fomos advertidos de que os espíritas portugueses haviam estudado muito. Dedicaram os seus estudos à pesquisa, procuraram ocupar o tempo que lhes faltava para a livre manifestação do pensamento, a fim de burilar a inteligência no convívio amoroso dos livros. Pois nem, meus amigos, é um património extraordinário, este adquirido por todos vós, mas um património que o Senhor reclama, porque a Ele realmente pertence, e Ele o reclama numa movimentação intensa, numa movimentação intensiva para beneficiar todos aqueles nossos irmãos que não tiveram o mesmo ensejo, a mesma oportunidade de enriquecimento do seu espírito, do seu coração." (...)

Francisco Thiesen percorria o País, acompanhado por Divaldo Franco e por Maria Raquel Duarte Santos (primeira Presidente da F.E.P. após o 25 de Abril). Deixava palavras de alento e apelo ao trabalho espírita, e também avisos quanto a possíveis desvios doutrinários. É o caso destas, proferidas em Outubro de 1977, na Associação Espírita de Lagos:


(...) "É preciso, no entanto, que no movimento espírita em que ora nos engajamos, não seja permitido que nele penetrem doutrinas exóticas ou filosofias que não são pertinentes ao nosso movimento. Devemos respeitar todas as filosofias e todas as religiões, mas nós espíritas, devemos fazer apenas Espiritismo. Não importa para nós espíritas, que outras doutrinas possam eventualmente ser consideradas mais importantes. Se estamos convencidos de que a Doutrina Espírita é para nós a melhor, não há razão para que façamos misturas, estabelecendo confusões e dividindo o nosso próprio movimento. Não é razoável, não é coerente. Não podemos servir a Deus e a Mamon." (...)

E continuamos a a citar, da obra "Movimento Espírita Português", de Manuela Vasconcelos:

(...) "É preciso, pois, que no Espiritismo não percamos de vista os objectivos e os meios válidos. O número de profitentes não nos preocupa, esse problema é de Deus, é de Jesus que é o Governador da Terra. São problemas da Alta Cúpula da Espiritualidade Superior. As nossas responsabilidades são num campo mais restrito e obedecendo aos propósitos do Criador" (...)

O alerta para os perigos do personalismo, também não faltou nesse discurso:

(...) "É preciso que dentro de tudo isto, cada espírita faça a sua parte. O importante não é que cada espírita seja um dirigente, o que importa é que cada um, no Espiritismo, contribua valiosamente para que o empreendimento atinja os seus fins" (...)
A visita do Presidente da F.E.B., em périplo pelo Portugal espírita, foi uma fonte de úteis observações e conselhos, da parte de quem, vindo de fora, e pelas suas reconhecidas qualidades, estava em óptima posição para o fazer.

Com efeito, não é da natureza do Espiritismo o fazer adeptos, mas sim o "colocar a candeia sobre o alqueire". Ao contrário das religiões salvacionistas, o Espiritismo não considera que Deus tenha religião, ou esteja particularmente interessado que a espécie humana terrena faça o seu percurso espiritual dentro desta ou daquela organização religiosa ou filosófica.

O Espiritismo considera que as crenças de cada um são património inviolável, e que não só é possível, como é exigível, que as diferentes crenças convivam em paz, fraternidade e igualdade de direitos e deveres.

O Espiritismo não se considera possuidor de nenhum tipo de mandato divino em condições de exclusividade, para representar Deus na Terra. A religião do Espiritismo é a religião natural, a ligação interior a Deus, pela Razão e pela Fé, ou seja, pela fé raciocinada. O Espiritismo não tem, por isso, chefes, nem sacerdotes, nem admite a profissionalização.

Para os espíritas, um cargo de dirigismo é uma missão como qualquer outra. Não há pessoas mais e menos "importantes" no Espiritismo. Há os que pelo seu esforço já galgaram mais caminho na evolução espiritual, e que por isso servem de exemplo, sem que se deixem afectar pela vaidade. Aliás, como na Terra se desconhecem os méritos espirituais de cada um, o culto da personalidade não cabe, de todo, neste movimento.

A verdadeira humildade não consiste também em modéstias descabidas. Cada espírita deve abraçar as tarefas que lhes caibam, e para as quais seja talhado e tenha gosto, com a mesma entrega, sejam elas de mais ou menos visibilidade. Só Deus sabe o valor dos nossos esforços, e as vãs glórias terrenas não entram, decerto, nas Suas contas...

- Divulgando o Espiritismo



No périplo de Francisco Thiesen, Presidente da Federação Espírita Brasileira, por Portugal, a que fizemos referência no post anterior desta série, ocorreu um episódio engraçado, quando, em conferência proferida no Auditório da Biblioteca Nacional de Lisboa, um jornalista da Imprensa nacional, perguntou "se esse senhor Allan Kardec já tinha falecido há muito tempo".

De então para cá, não se pode dizer que a situação de desconhecimento da sociedade portuguesa em relação ao Espiritismo seja exactamente a mesma. No entanto, subsiste ainda muita incompreensão, que por vezes gera má vontade.

Não foi há muitos anos, por exemplo, que causou alarme entre a vizinhança a colocação de um recipiente destinado a receber pilhas usadas, à porta de uma associação espírita. Possivelmente ainda convencidos que o Espiritismo consiste em contactar os mortos à volta de mesas de pé-de-galo, os vizinhos da associação em questão ficaram temerosos dos efeitos do misterioso "aparelho", que desconheciam...

A par com episódios verdadeiramente cómicos como este, tem-se verificado por vezes a sabotagem do funcionamento de associações espíritas, como sejam as queixas injustificada de "barulho", que já motivaram mudanças de instalações, para que ninguém tenha "razões de queixa".

Os espíritas levam estes acontecimentos com bonomia, cientes que estão de que se devem ao preconceito e ao temor do desconhecido. A visibilidade pública nos órgãos de comunicação tem feito com que actualmente este tipo de atritos já seja raro. Mas é sobretudo a conduta dos espíritas assumidos, no dia-a-dia, que tem vindo a dissipar incompreensões. Não pretendem os espíritas ser exemplos de virtude ou possuir mais luzes que os outros, mas é inegável que fazem sincero esforço de melhoria íntima, e assim, acabam por conquistar muitos que se crêem inimigos do Espiritismo.

Talvez não erremos muito se dissermos que, para a maioria dos portugueses, o Espiritismo é uma filosofia mal conhecida e diferente, mas é-lhe reconhecida seriedade. Mesmo que muitas pessoas, quando necessitam do aconselhamento de um centro espírita, não vão ao da sua cidade, com receio de represálias sociais ou profissionais. Só um movimento de rigoroso e exclusivo voluntariado consegue lograr este tipo de prestígio, pois onde não há perspectiva de lucros, dificilmente alguém consegue ser suficientemente malicioso para descortinar maus propósitos.

Para os espíritas, como dissemos, não há tarefas menores. É tão importante quem limpa e prepara a sala de conferências, como quem sobe ao estrado para as proferir (e muitas vezes é a mesma pessoa que desempenha ambas as tarefas). A divulgação do Espiritismo serve propósitos de serviço à Sociedade.

O II Congresso Espírita Mundial, organizado pela Federação Espírita Portuguesa, nos dias 30 de Setembro, 1,2 e 3 de Outubro de 1998, no Centro de Congressos da Feira Internacional de Lisboa - FIL, marcou uma fase de arranque de uma maior exposição da Doutrina em Portugal. Deveu-se muito ao entusiasmo de João Xavier de Almeida, então presidente da F.E.P., a organização desse Congresso em Portugal, que viria a decorrer em ambiente de muita alegria, e que trouxe nomes conhecidos do movimento espírita mundial.

No ano seguinte, nascia a Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, cujo historial constante no respectivo site, passamos a transcrever:

"Em Julho de 1999, cerca de vinte pessoas estudiosas da doutrina espírita juntaram-se num sábado de tarde na cidade de Caldas da Rainha. Nessa reunião, foi apresentado um projecto de trabalho a que se deu o nome Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal. Nessa altura, todos os presentes perceberam que se tratava de um projecto de trabalho baseado no seguinte conceito: juntar espíritas que profissionalmente se ligassem a áreas, no seu dia-a-dia, de interesse técnico para a divulgação do espiritismo. Por exemplo, havia professores, juristas, gente da imprensa, da internet, gente do marketing, das belas-artes, etc. Ora, a ideia foi juntar pessoas com formação técnica para produzir produtos e serviços de melhor qualidade, sem descurar os seus conhecimentos espíritas".

Assim, quando alguma associação ou a federação pedissem uma tarefa, ela poderia ser elaborada da melhor maneira.

Mas a ADEP não precisaria que lhe pedissem colaboração. Por si própria, já se propunha desde então desenvolver actividades, tais como elaboração de curso básico de espiritismo, criação de um boletim informativo, envio de comunicados noticiosos por e-mail, e as demais actividades que a ADEP desenvolve desde então.

Ficou programado nessa reunião realizar-se uma outra para conversão da ADEP em associação com personalidade jurídica em Novembro desse mesmo ano. Daí para cá, tem-se trabalhado muito."



Na imagem: aspecto do 2º Congresso Mundial, organizado pela F.E.P., em Lisboa, no ano de 1998.


E assim ficam aqui apresentados alguns passos do historial do movimento espírita português, FACTOS apurados mediante pesquisa séria e não "acho que". Estão sobejamente documentados nas obras da historiadora Manuela de Vasconcelos e podem ser cotejados com as publicações e documentos oficiais de cada época, disponíveis para consulta pública, bem como pelo testemunho dos protagonistas directos.

Indivíduos movidos pelo ódio ao Espiritismo aportaram a este fórum negando a perseguição ao movimento espírita português e apodando-o de "caluniador" e "fraudulento" por ter naturalmente "inventado" a referida perseguição. Se bem que certas vozes não cheguem ao Céu, aqui fica reposta a verdade histórica e incontestável dos FACTOS. E fica também o meu convite aos referidos indivíduos a apresentarem as suas acusações em Tribunal, caso desejem. O meu dossier está devidamente preparado. Se pretenderem apresentar a sua pretensão na Justiça, que o façam. Ao não o fazerem reconhecem a nula seriedade das suas alegações e insultos.

coldwater




Não é permitida a colocação de mensagens seguidas no mesmo tópico, em vez disso deve editar-se a anterior. Ver também Regras Gerais do Fórum, alínea 20. Obrigado.




...amigo Coldwater

...o meu sincero pedido de desculpas se o ofendi...não foi intencional

...de facto o meu aparte sobre as experiências de materialização  resultou de uma conversa "de pé de orelha" e sobre a qual não devo importunar a pessoa com a qual fui interlocutor. Se me for ensinado e autorizado a editar o meu post retirarei com respeito essa parte, embora continue julgando que a mesma não tem influência no contexto.

...resta-me perguntar a quem souber explicar, porque o mesmo foi publicado em 1995 na Revista Espírita da Federação Espirita Portuguesa e no Jornal Espirita quer se publica em Viseu, sob a direcção do ex.Presidente da Federação espirita Portuguesa, Sr. Arnaldo Costeira,  porque razão a Federação Espirita Portuguesa mudou de nome para Laboratório...qualquer coisa...e foi ilegalizado ao mesmo tempo que o Laboratório qualquer-coisa no Porto.

...na Revista de Espiritismo do 1º trimestre de 1995, pág.9, consta:cito"...em 23 de Julho de 1957 surge a ordem de despejo da FEP.Em 27 de Junho de 1962, há um despacho do ministro do interior onde se nega a "existência legal" da FEP".

...Sem utilizar a ameaça o amigo Coldwater podia ter feito um pouco mais...e como eu não pretendo fazer carreira ou ficar na história do Espíritismo em Portugal, vou a partir deste momento cancelar a minha participação neste fórum assim como providenciar a minha não participação em outro onde se faça presente o amigo Coldwater...

...o amigo ganhou...aceite as minhas desculpas, assim como ao Exmo.moderador deste Fórum pelo incómodo...


...Paulino

coldwater
#13
Breve nota: Reservo-me o direito participar num fórum respeitando o meu semelhante. Reciprocamente, assiste-me o direito de convidar quem profira acusações graves a fazer prova das mesmas nas instâncias legais.



Após este maçador preâmbulo, passemos a uma opinião, que aqui deixo, a propósito do Dr. Sousa Martins, que dá o título a este tópico. Friso que se trata de uma opinião, ainda que baseada No Evangelho de Jesus e na Codificação Espírita. Mas poderia perfeitamente ser uma opinião sem essas referências, pois na essência o que quero dizer é que não vejo o Dr. Sousa Martins, um verdadeiro Médico dos Pobres, associar-se, após a sua morte a negociatas.

Quando do seu cativeiro no Egipto, o povo Hebreu adquiriu alguns hábitos locais. A consulta de intermediários entre este mundo e o Além era prática corrente, e aproveitada por negociantes sem escrúpulos, que faziam fortuna à custa da dependência psicológica que criavam nas pessoas.

O comércio da Espiritualidade foi condenado por Moisés, e aparece referido no Antigo Testamento, no famoso Deuterónimo, 18.

Jesus terá tido a profissão de canteiro. O Apóstolo Paulo fabricava tendas. Não consta que Jesus ou os seus Apóstolos tivessem alguma vez sido pagos.

Pode ler-se em Actos dos Apóstolos, cap. 18, vv 3 a 6, acerca do Apóstolo Paulo:

E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.
E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos.
E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedónia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios.


Não encontramos, na Bíblia, qualquer motivo para crer que Jesus pudesse de alguma forma ser favorável ao pagamento das actividades de cariz espiritual. Atente-se, por exemplo, nas suas palavras no Evangelho Segundo Marcos, cap. 12, vv 38 a 40:

E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças, e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes, que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.

Os Actos dos Apóstolos são uma magnífica colecção de textos, nos quais se relata a vida das primeiras comunidades cristãs, que se reuniam para conviver, estudar e ajudarem-se mutuamente, e não para realizar quaisquer rituais ou gizar qualquer organização temporalmente poderosa e hierarquizada. Os sacerdotes, os templos e os rituais foram uma aculturação, uma progressiva cópia dos costumes Pagãos e Hebreus.

E qual a posição do Espiritismo acerca do pagamento de serviços de ordem espiritual?

Não porque a Bíblia o diz, mas porque a Razão o reclama, o Espiritismo não aprova qualquer tipo de comércio que envolva Deus, a Espiritualidade, o sentido de religiosidade, na acepção mais nobre da palavra.

Conquanto respeitemos todas as formas de pensar, e todas as convicções sinceras, não faz sentido para o Espiritismo que alguém pague a outrem para orar em seu nome, por exemplo. Entendemos que Deus não precisará de intermediários.

Parece-nos bem que os profitentes das diferentes religiões paguem aos respectivos sacerdotes, mas não nos parece bem que os sacerdotes cobrem para rezar por alguém, para realizarem cerimónias religiosas ou administrarem sacramentos. Será que Deus não concede as suas bênçãos a quem não as pode pagar? Será, a nosso ver, fazer uma fraquíssima ideia de Deus...

Então, seja o Dr. Sousa Martins, seja qualquer outro venerando nome, consideramos que tem algo de acintoso atribuir-se-lhe a colaboração em negócios post-mortem. Mil e um médiuns-comerciantes garantem ter o Dr. Sousa Martins às ordens... para quem puder pagar os seus supostas serviços. Pessoalmente não acredito que haja qualquer Espírito evoluído e bondoso que se preste a práticas supersticiosas/ mágicas. Suponho que se o Dr. Sousa Martins estiver do lado de Lá encarregado pelo Altíssimo de ajudar quem por cá perambula, não lhe faltará trabalho intuindo o médico dedicado, o enfermeiro esforçado, o xamã/bush-doctor que leva a Medicina possível a paragens onde os cuidados de Saúde escasseiam, a mulher ou o homem "de virtude" que "endireitam o bucho" aos meninos e "consertam o lombo" a quem se "escangalhou" nas duras lidas da vida.

Lembro ainda, se me permitem, que não conheço fontes credíveis que comprovem qualquer ligação do Dr. Sousa Martins ao Espiritismo. Se alguém as tiver, bem gostava de saber. Algum artigo de jornal, algum documento que comprove a filiação do ilustre clínico numa associação espírita, alguma profissão de fé testemunhada por pessoas credíveis, enfim, alguma coisa.


Na imagem: ilustração da célebre cena em que Jesus corre com os vendilhões do Templo. Dá a ideia de que o Mestre não queria misturas entre negócio e Espiritualidade...

Bem, desde já dou os parabéns à sua pesquisa coldwater, mas acho que meteu medo ali ao nosso caro membro sem qualquer necessidade. Isto é um fórum que é utilizado para debater ideias e muitas vezes, tal com o senhor fez, é necessário recorrer a pesquisas para apresentar factos, mas ninguém quer ofender ninguém. Por vezes as pessoas têm ideias diferentes e não deve ficar ofendido por isso. Agradeço desde já ter exposto a sua pesquisa aqui no fórum.  :)

Outra situação, não é permitido colocar mensagens seguidas no fórum, pode sempre editar a anterior acrescentando aquilo que quiser.  ;)

Obrigado
ILYM