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  • O que assusta em Portugal ?!
    Iniciado por kirax
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Olá.

Quando vemos filmes de terror e, por exemplo, comparamos o estilo de terror Americano com o Japonês, vemos que existem grandes diferenças nos temas que são escolhidos.
Enquanto o primeiro parece seguir mais uma onda de Serial Killers, o segundo já utiliza o mundo espiritual como tema principal.
A minha pergunta é se alguém sabe qual o tema que define o terror Português ?
Eu sei que esta pode parecer uma pergunta um pouco estranha, porque como sabemos, é muito raro ver algo português deste estilo.
Agradeço a vossa ajuda.

-Obrigado.

 Acho que aqui em portugal , ha "medos" e lendas ,cada localidade tem a sua quase de certeza,se formos buscar aquela historia que a avozinha conta ,e tentar fazer em cinema uma curta metragem a portuguesa temos argumentos para ter algo tradicional ,acho que ja houve ideias para fazer isso mas nao passou disso mesmo.
De norte a sul ,em especial na provincia tens muita coisa acredita.
Como a costureirinha por exemplo....

Terror Português???

Não conheço nenhum! todas as tentativas que conheço foram pessimamente conseguidas!
Somos um povo que vive da saudade e da critica, para aprendermos terror ainda teremos de aprender a ver o que realmente somos e nos assusta!


Posso dar uma dica... Governo !!! :D :D :D
Homem!... Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.»

Obrigado pela informação vrika.
Pesquisei um pouco sobre A Lenda da Costureirinha, e o que encontrei é muito interessante.
Obrigado.

Edhelar acho que tens razão.
O Governo dava um bom filme de terror.   :laugh:

A justiça ( ou falta dela ) em Portugal é o que realmente me assusta.
O resto, talvez pequenas lendas e mitos que poderiam ser explorados.

Somos um país pacato. O terror aqui é só o que nos é infligido por quem tem o poder.

Acho que o nosso terror, tirando os nossos políticos, é mesmo mais espiritual. Somos como os japoneses. O filme "Coisa Ruim" até tá bem conseguido.
Serial killers, é uma questão de tentarmos.

Sim, o filme "Coisa Ruim" foi uma autentica surpresa. Adoro filmes de terror, especialmente do Japão, China, Tailândia, Coreia.... São "grandes" nos filmes de terror. E a Espanha também é claro.
Os Americanos só fazem remakes mal feitos..... mas até que gostei do "The Ring" e "The Grudge".... até ver os originais, lá está  ;)

Fenrir
Deviam fazer um documentário sobre o Fradinho da Mão Furada, ou da Bruxa de Évora. :)

Os Portugas não gostam de Filmes de Terror! e quando há não são divulgados.

Já pus a hipotese de ser Realizadora de Filmes, "quando crescer" e talvez faça um filme de terror, mas...

???
Morri e é o meu fantasma que está gerir esta conta.

#9
Há três boas histórias reais que podem ser transformadas em filme:

- Estripador de Lisboa

A primeira vítima foi Maria Valentina, de 22 anos, conhecida como "Tina", que foi encontrada na manhã do dia 31 de Julho de 1992, atrás do barracão, num pinhal perto da Póvoa de Santo Adrião. Ela levou golpes de faca entre o tórax e a barriga, foi estrangulada, esventrada, cortada e teve os órgãos internos removidos: coração, partes do fígado, intestinos e a vagina, deitada num banho de sangue.

A segunda vítima foi Maria Fernanda, de 24 anos, também encontrada atrás de um barracão, perto da Estação Entre Campos, de manhã cedo, em 2 de Janeiro de 1993, por trabalhadores das obras da ponte ferroviária, também atrás de um barracão, desta vez no barracão do estaleiro das obras da dita ponte (na época, a ponte ferroviária Entrecampos estava em construção). Foi também estrangulada, esventrada, cortada e teve os mesmos órgãos internos removidos da primeira vítima  (coração, partes do fígado, intestinos e a vagina), mas desta vez, teve os seios removidos.

A terceira e última vítima foi Maria João, de 27 anos, encontrada em 15 de Março de 1993, a cem metros do local da primeira vítima, na Póvoa de Santo Adrião. Tal como as vítimas anteriores, ela foi estrangulada, esventrada, cortada, os mesmos órgãos internos removidos da segunda vítima (coração, partes do fígado, intestinos, vagina) e os seios, mas desta vez, quase todos os órgãos foram removidos, incluindo o pulmão inteiro da vítima.

Segundo o médico-legista José Sombreireiro, da época dos crimes, o perfil do Estripador encaixa num solitário, sem relações com as vítimas e acima de qualquer suspeita. Sem erros, o estripador nunca foi apanhado e os crimes deste criminoso podem ser considerados crimes perfeitos.

Segundo José Sombreireiro, elas estavam vivas quando foram esventradas, apenas inconscientes devido a fortes pancadas na cabeça, praticadas pelo estripador, que arrancou o coração, fígado e pulmões demorou-se junto delas, mas nem assim deixou vestígios.5 Mantinha os rostos das vítimas intactos e nunca limpou o sangue. Os três crimes foram cometidos de noite (provavelmente na madrugada, o que explica a ausência de testemunhas).

Em Março de 1993, dois agentes do Federal Bureau of Investigation (FBI) estiveram em Lisboa, após o terceiro homicídio. Traziam fotos e relatórios sobre crimes idênticos de New Bedford (cidade localizada no Estado de Massachusetts, nos Estados Unidos) em 1988. onde existe a maior comunidade portuguesa dos EUA ao PJ. O FBI relacionou os crimes do estripador com mortes semelhantes naquela cidade americana, pois ele poderia ter sido assassino em série activo naquela cidade. Para o FBI, a teoria é ele seja membro da comunidade portuguesa de New Bedford, que tinha deixado a cidade e o país para Portugal, onde voltou ao trabalho depois de chegar ao país nativo. Alguns dias depois, a PJ prendeu um suspeito, mas foi logo solto por falta de provas. Mas em Portugal, os corpos das vítimas foram brutalmente mutilados e isso não aconteceu em New Bedford (pois só foram encontrados meses depois), pois os dois agentes do FBI retornaram aos EUA, sem que nenhuma ligação dos crimes de 1988 jamais foram confirmados10 e a identidade do assassino nos Estados Unidos permanece desconhecido.

Entre 1993 a 1997, houve também quatro crimes semelhantes em quatro países europeus, Holanda, República Checa, Dinamarca e Bélgica. As autoridades europeias suspeitam que serial killer de Lisboa pode ter se tornado motorista de camião de longo curso. Isto permanece como especulação, pois nenhum dos assassinatos dos quatro países europeus foram resolvidos.

Fonte: Wikipédia

- Luísa de Jesus

Foi a última mulher executada em Portugal em 1 de Julho de 1772, em Coimbra. Foi executada aos 22 anos de idade por ter assassinado 33 expostos, ou seja, bebés abandonados, que ela ia buscar à "roda" de Coimbra, umas vezes usando o seu nome verdadeiro outras vezes usando um nome falso, apenas com o intuito de se apoderar do enxoval da criança e embolsar os 600 réis que eram dados cada vez que se ia buscar uma criança. A ré só confessou a autoria de 28 homicídios. Foi "atenazada" (mortificada, insultada) pelas ruas de Lisboa tendo em seguida sido garroteada e queimada em execução pública.

Fonte: Wikipédia

- Diogo Alves

Espanhol nascido em Santa Gertrudes, bispado de Lugo. Veio viver para Lisboa ainda novo, tendo ficado conhecido como o assassino do Aqueduto das Águas Livres já que de 1836 a 1839 perpetrou nesse local vários crimes hediondos, muitos deles (pensa-se) instigado pela sua companheira Gertrudes Maria, de alcunha "a Parreirinha". Foi por fim apanhado pelas autoridades em 1840, na sequência do assassinato da família de um médico cuja casa assaltara e, por isso, sentenciado à forca.

A história de Diogo Alves, cuja sentença de morte foi aplicada a 19 de fevereiro em 1841, intrigou os cientistas da então Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Estes, após o enforcamento do homicida, na tentativa de compreender a origem da sua perfídia, deceparam e estudaram a cabeça de Diogo Alves. Esta encontra-se, ainda hoje, conservada num recipiente de vidro, onde uma solução de formol lhe tem perpetuado a imagem de homem com ar tranquilo - bem contrária ao do que realmente foi. Os cientistas nunca terão conseguido explicar o que o levou a adquirir uma chave falsa do Aqueduto das Águas Livres, onde se escondia, para assaltar as pessoas que passavam, atirando-as de seguida do aqueduto, com 65 m de altura. Na altura, chegou a pensar-se numa onda de suicídios inexplicáveis, e foram precisas muitas mortes - só numa família registaram-se quatro vítimas - para que se descobrisse que era tudo obra de um criminoso: Diogo Alves.

A cabeça decepada encontra-se actualmente no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na sequência da formação de um gabinete de frenologia por José Lourenço da Luz Gomes, que permitiu a conservação do crânio de Diogo Alves juntamente com o de Matos Lobo (tendo sido um dos últimos sujeitos a quem foi aplicada a Pena de morte em Portugal, algo bastante significativo para a história judicial de Portugal) na antiga escola médico-cirúrgica. A cabeça de Diogo Alves constituiu um dos objectos mais significativos - e sem dúvida mais horríficos - da exposição Passagens. Cem Peças para o Museu de Medicina, que decorreu no Museu Nacional de Arte Antiga em 2005.

Fonte: Wikipédia

Com isto, pode-se criar bons filmes de terror. Para mim a do Estripador e a de Diogo Alves são as que têm mais "poder".
Ambas podem misturar terror e triller, mas cimentando mais o lado do terror (tipo slasher no caso do Estripador, e psicológico no caso do Diogo Alves).

Haja vontade!

ZéTubarão

Perseus
Citação de: lilisoft em 10 dezembro, 2011, 12:43
Os Portugas não gostam de Filmes de Terror! e quando há não são divulgados.

Já pus a hipotese de ser Realizadora de Filmes, "quando crescer" e talvez faça um filme de terror, mas...

???

Isso não é bem verdade. É certo que haverá quem não goste desse tipo de filmes em Portugal e em todo o mundo. Tal como a musica, nem todos gostam dos mesmos estilos de música, mas isso são gostos que há em todo o mundo. eheh
Normalmente os filmes que passam no cinema, são os que tiveram muito sucesso noutros países antes de estrear em Portugal. Fui ver o Hostel, o Saw, o The Grudge, entre outros no cinema... Mas é preciso ver no site Lusomundo em que cinemas estão disponíveis, porque nem todos disponibilizam os mesmos filmes.

Excelente tópico. Dá uma boa dissertação psicológica muito válida.

A meu ver, o terror que "funciona" mais por cá é o que não se vê, ou seja, a mera sugestão, como no "The Others" ou aquela web-series do "Fantasma da Estrada de Sintra".
As fobias também resultam, tendo em conta a quantidade de antipsicoticos e/ou antidepressivos que se vendem.
Um "Aracnofobia", por exemplo é sempre um sucesso.
No entanto, dependendo da faixa etária que falamos, o terror é sempre influenciado pela cultura (boatos e afins).
Assim sendo, nada como encontrar essa "pérola" do "tenho-um-amigo-de-um-amigo" a que aconteceu isso.
Noto que as coisas baseadas em factos veridicos (mesmo que não o sejam) têm muito impacto por cá.

The only thing worse than being blind is having sight but no vision.

Encontrei este artigo na net e, com algumas alterações, quero partilhar com todos. É mais uma história que podia dar um bom filme de terror!

O Mata-Sete, ou O assassino do Osso da Baleia. É assim que é conhecido Vítor Jorge!

Vítor Jorge, casado com Carminda, e pai de três filhos. Sandra, 14 anos; Anabela, 17 anos e Manuel de 10 anos. Na aldeia onde vive, Amieira, Vítor é respeitado, mas esconde a sua frustração por ser um simples contínuo do Banco Espírito Santo, da Marinha Grande. Acha que os colegas o rebaixam por exercer um posto inferior. Nutre um ódio especial pelo gerente do Banco, o qual pensa liquidar, assim como alguns colegas com os quais menos simpatiza.
Para desabafar os seus desânimos, Vítor confessa-se a um diário pessoal no qual escreve as suas mágoas acentuando esta revolta na vontade de matar pessoas. Sente-se revoltado contra a sociedade em geral, e em especial contra o comportamento das filhas e da esposa. A filha mais velha já namora e isto, para Vítor, é sinónimo de uma sociedade podre, onde os maus corrompem os bons. Sente-se também revoltado com a esposa, por esta lhe ter mentido quanto à sua virgindade. Não consegue perdoar-lhe o facto dela já não ser virgem quando casou com ele. Todos estes pormenores, insignificantes para nós, mas poderosos demais para um doente crónico como o Vítor, lhe vão atormentando o espírito ao ponto da revolta atingir também sua mãe, Maria da Piedade, a qual, o obrigava a dormir na mesma cama onde fazia amor com o companheiro. Desabafava então no seu diário: "Estou cansado de ocultar e fingir. Cansado de tanta infelicidade. Revolto-me contra tudo e contra todos. O ódio instalou-se no meu coração e substitui de forma implacável o já pouco amor nele existente. Como posso viver em paz quando desejo liquidar as pessoas da minha família?".
Consciente de que está doente, Vítor Jorge recorre a uma consulta médica, contando ao médico os seus tormentos e mesmo a vontade que lhe assalta o espírito em querer matar as pessoas à sua volta. O médico, incompetente para um caso destes, não sabe como lidar com a situação ao ponto de mandar distrair, propondo-lhe mesmo que arranje uma amante para usufruir das coisas boas da vida! Este conselho irá ser seguido mais tarde por Vítor. Amante essa que ele também mata!
Incapaz de acompanhar devidamente este doente, o médico não lhe serve de grande apoio senão agravar ainda mais o seu estado de espírito. Vítor sabe que está doente, e quer à viva força espantar, do seu interior, aquilo que a que chama "O Outro"! É este outro que o faz ter mudanças bruscas de personalidade, e que lhe diz que ele tem que matar! Pouco a pouco, Vítor vai perdendo as forças e apercebe-se que "O Outro", como ele lhe chama, o outro que vive dentro de si, possui mais capacidades do que ele próprio, Vítor Jorge. Assistimos aqui a uma luta feroz entre o gentil Vítor Jorge e o mau, "O Outro", que nasceu dentro de si.
Entretanto, assim como o médico lhe havia aconselhado, Vítor Jorge apaixona-se loucamente por Leonor, uma rapariga que conhece no decorrer de um baptizado, onde Vítor trabalha como fotógrafo, uma ocupação extra para ganhar mais dinheiro. Leonor está de casamento marcado com José Pacheco, um militar com namora há anos, mas o cavalheirismo de Vítor Jorge fá-la entra no jogo da sedução deixando aprofundar o sentimento de Vítor. Telefonam-se frequentemente e Vítor já pensa refazer sua vida com ela. Mas o sonho é de pouca duração, pois Leonor fá-lo compreender que nunca abdicará do seu previsto casamento para ficar com ele. Vítor sente-se revoltado e usado, aprofundando assim a sua vontade de matar. Este desgosto vai ser vitorioso para "O Outro" que vive dentro de si.
Leonor por sua vez sente-se culpabilizada por ter dado esperanças a Vítor. Para se desculpar, convida-o para vir à festa do seu aniversário. Por esta altura, "O Outro" já se apoderou de si, Vítor não é mais nada senão um monstro em fúria. Aceita o convite da amante, mas antes de partir coloca na mala do carro uma caçadeira e uma faca.
A festa vai-se desenrolar em Ilha, numa pequena casa perto do Osso da Baleia. Enquanto aguarda o dia fatal, Vítor confessa-se ao seu diário e conta como nasceu de sete meses e como foi criado pelos avós. Aos 8 anos vai então viver com a mãe para Lisboa, mas esta mantém uma relação tórrida com Manuel Fernandes, com quem faz amor na mesma cama onde dorme com ele. Os debates amorosos da mãe vão perseguir Vítor durante toda a sua vida!
Aos 15 anos, Vítor arranja trabalho numa mercearia, quer ter a sua própria independência. O padrasto ao tomar conhecimento da sua iniciativa dá-lhe um enxuto de porrada. A violência doméstica parece estar enraizada nesta família fazendo crescer no íntimo de Vítor a revolta e a desilusão da vida.
Aos 18 anos regressa a casa dos avós. Sente-se profundamente doente. Atravessa uma grave depressão ao ponto de se chamar um padre para lhe dar a extrema-unção. Recuperado, e com mais forças, decide de ir a Fátima a pé, agradecer aos pés da Nossa Senhora, por o ter salvo de uma morte eminente. Esta fé, fá-lo cruzar o olhar de Carminda, a mulher que dois mais tarde se tornaria sua esposa.
Na noite de núpcias Vítor entra em desespero ao aperceber-se que sua mulher não é mais virgem! Revolta-se por ela não lhe ter dito a verdade. Dentro de si, surge um ódio escondido, passando-lhe muitas vezes pela cabeça de a liquidar. Este sentimento vai crescendo ao longo dos anos sem que ninguém à sua volta se aperceba da sua doença mental.
Vítor está agora dentro da sua Renault 4L a caminho do aniversário da Leonor. Antes de partir escreveu no seu diário: "Vou tentar assassinar de forma brutal duas ou três raparigas e em seguida as minhas filhas".
Ao chegar à festa, Vítor conhece Luís, Maria do Céu e Isabel, amigos de Leonor e José Pacheco. A festa decorre normalmente, mas Vítor está ausente. "O Outro" atormenta-lhe o espírito! Está completamente dominado pelo monstro que vive em si, ficando completamente ausente, de olhar frio e distante.
José Pacheco, o namorado da Leonor, tem que se ir embora mais cedo, pois tem que apanhar o último comboio na estação da Guia, por forma a estar a horas no quartel onde cumpre serviço militar. Vítor oferece-se para o levar até lá, mas todo o grupo parece ter vontade de o acompanhar. Os seis encaixam-se na Renault 4L de Vítor a qual contém, no porta-bagagem, uma caçadeira e uma faca corta-mato. Os seis vão até à estação, mas ao chegarem apercebem-se que o comboio está atrasado e que a espera ainda é longa. Vítor sugere então um passeio à praia do Osso da Baleia que não fica muito longe da estação. Metem-se todos dentro do carro e vão até à praia. Quando chegam, os cinco amigos saem do carro e deitam-se na areia. Leonor e José Pacheco beijam-se apaixonadamente. Luís, Maria do Céu e Isabel um pouco tocados pelo álcool, divertem-se, rebolando na areia. Ninguém se lembra de Vítor. Ele é o único que não sai do carro. E quando sai é para matar. Vai à bagageira, tira a caçadeira e a faca. Mata primeiro José Pacheco a tiro e de seguida Leonor com um outro disparo. Aponta depois a arma ao outro grupo e aperta o gatilho mais duas vezes. Mas Luís, Maria do Céu e Isabel não morrem de imediato. Vítor persegue-os e bate-lhes com um barrote de madeira, primeiro, e depois acaba o trabalho com a faca de mato.
Verifica que mais nenhum está em vida e, de seguida, Vítor vai lavar as mãos ensanguentadas ao mar. Volta de seguida ao carro para escrever a última folha do seu diário. Arranca-a, vai até ao corpo da Leonor e coloca a folha no bolso do seu casaco. De seguida, pega no corpo da Leonor e da Isabel e atira-os ao mar. Os outros, deixa-os no local onde os matou. Volta depois ao carro e regressa a casa.

Fonte: Graça Vicente

Depois dirigiu-se para casa, na Amieira, atraindo a mulher e uma filha para um pinhal, onde as matou à facada.
Ao massacre escaparam a filha mais nova e um filho de Vítor Jorge, tendo a rapariga, já ferida, suplicado ao pai que não a matasse. Este, cansado e emocionalmente desgastado, deixou-a fugir.
Vítor Jorge não se entregou às autoridades e andou fugido durante dias, mas foi detido a 5 de Março, no concelho de Porto de Mós.
O autor confesso do múltiplo homicídio tinha então 38 anos e começou em Novembro desse mesmo ano a ser julgado, por um tribunal de júri, que o condenou, em cúmulo jurídico, a 20 anos de prisão, que era a pena máxima prevista no Código Penal.
O julgamento ficou marcado pelo confronto de teses sobre a personalidade do arguido, com o catedrático e psiquiatra Eduardo Cortesão, já falecido, a defender que Vítor Jorge era «um doente mental grave» e, logo, inimputável, e os médicos do Centro de Saúde Mental de Leiria, que examinaram Vítor Jorge após a sua detenção, a garantirem que nada foi detectado no sentido da sua inimputabilidade.
O advogado oficioso do homicida, Mário Ferreira, chegou a defender em tribunal o internamento psiquiátrico de Vítor Jorge.
Recluso exemplar nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e, depois, em Coimbra, onde viria a ajudar à missa como sacristão, Vítor Jorge acabou por ser libertado após 14 anos de prisão, beneficiando das amnistias aprovadas durante o seu cativeiro.
A sua libertação, em Outubro de 2005, voltou a chocar o país, desta vez pela alegada brandura das leis penais portuguesas, mas o facto de o 'assassino da Marinha Grande' ou o 'mata sete' como ficou conhecido ter ido viver com familiares para Inglaterra, sossegou os espíritos mais inquietos entre a população da Amieira, que chegou a temer o regresso de Vítor Jorge.
Em Inglaterra, onde vive, Vítor Jorge, de 63 anos, terá protagonizado várias tentativas de suicídio, deixando os familiares apreensivos, mas são escassas as notícias sobre o dia-a-dia do homicida português no Reino Unido.

Fonte: sol.sapo.pt