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Ponho os olhos em mim, como se olhasse um estranho,

E choro de me ver tão outro, tão mudado...

Sem desvendar a causa, o íntimo cuidado

Que sofro do meu mal — o mal de que provenho.



Já não sou aquele Eu do tempo que é passado,

Pastor das ilusões perdi o meu rebanho,

Não sei do meu amor, saúde não na tenho,

E a vida sem saúde é um sofrer dobrado.



A minh'alma rasgou-ma o trágico Desgosto

Nas silvas do abandono, à hora do sol-posto,

Quando o azul começa a diluir-se em astros...



E à beira do caminho, até lá muito longe,

Como um mendigo só, como um sombrio monge,

Anda o meu coração em busca dos seus rastros...


José Duro

in Antologia de Poetas Alentejanos

Bom. Actual ou é poema de juventude?
Abraço

Templa
Templa - Membro nº 708


José Duro.
Nome completo    José António Duro
Nascimento    22 de Outubro de 1875
Portalegre
Morte    18 de janeiro de 1899 (23 anos)
Lisboa
Nacionalidade     Portugal
Progenitores    Mãe: Maria da Assunção Cardoso
Pai: José António Duro
Ocupação    poeta
Movimento estético    Decadentismo
Principais trabalhos    Flores, Fel
Influências    Baudelaire, António Nobre, simbolistas de Coimbra, Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Cesário Verde

José António Duro (Portalegre, 22 de Outubro de 1875 — Lisboa, 18 de janeiro de 1899), mais conhecido como José Duro, foi um poeta decadentista português.

Era filho de mãe solteira, a operária de lanifícios Maria da Assunção Cardoso, e do industrial José António Duro. O seu poema mais precoce, um soneto intitulado A Morte, escrito em Portalegre em 1895, revela já o temperamento melancólico, pessimista e mórbido do seu autor, que é ainda mais marcado na seu livro mais conhecido, Fel, escrito em 1898, quando a tuberculose de que sofria há muito e que provavelmente teve muita influência no seu carácter sombrio, anunciava a sua morte certa e eminente, que veio a acontecer apenas alguns dias depois da publicação.

Em 1896 publicou em Portalegre um folheto de versos que entitulou Flores. Enquanto aluno da Escola Politécnica de Lisboa, frequentou tertúlias onde desenvolveu o seu interesse pela literatura, nacional e estrangeira, sofrendo forte influência de diversos autores, como Baudelaire, António Nobre e outros jovens simbolistas de Coimbra, bem como de Antero de Quental, Guerra Junqueiro e Cesário Verde. A prostituição, a morte, a tuberculose e o desespero são os temas mais recorrentes da sua poesia, por muitos considerada a concretização mais negativista das correntes estéticas decadentistas em Portugal.
"    Fel é uma espécie de diário poético dos últimos dias de José Duro. O poema Doente, que encerra o livro, é uma longa confissão de amargura e desespero de um jovem que sabe já que a morte está muito próxima.    "
     
— Ademar Santos

In, Wikipédia.