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  • Papisa Joana
    Iniciado por Magda_Costa
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Ora bem cá estou eu a iniciar um novo tópico, desta vez para vos dar a conhecer uma personagem cuja a existência ainda hoje é questionada apesar de as evidências apontarem para que não passe de uma lenda, um conto que serviu de critica anti-papal...

De salientar, e daí coloca-la neste quadro, foi esta mulher que serviu de "inspiração" para a criação de uma das cartas de Tarot, a carta II dos Arcanos Maiores, a Papisa.

Deixo vos com um texto elucidativo do que terá sido a vida da única mulher que governou a igreja..

Da metade do século XIII até o XVI, era quase universalmente aceita a tradição segundo a qual houvera uma papisa – nem sempre chamada Joana. Ela teria vivido entre os séculos IX e XI. Tal história fornecia motivos de ataque ao papado e à Igreja romana lá pelo século XIX.

           " A história apareceu pela primeira vez entre 1240 e 1250, na "Crônica Universal de Metz", atribuída ao dominicano João de Mailly, segundo a qual ao Papa Vítor III (+ 1087) teria sucedido no pontificado uma mulher muito capaz que, disfarçada de homem, havia trabalhado na Cúria como escrivã e fora promovida a cardeal. Ela teria sido descoberta quando, a cavalo, deu à luz um menino. Como punição, teria sido ignominiosamente amarrada à cauda de um cavalo, puxada pelas ruas da cidade e apedrejada até à morte. O dominicano Estêvão de Boubon (+ 1262) e o franciscano de Erfurt que escreveu o Chronion minor (por volta de 1265), dão-nos uma vasta gama de informações sobre as vicissitudes da papisa, o primeiro colocando-a em cerca de 1100 e o segundo, pelo ano 915.

            A narração, todavia, recebeu sua versão definitiva e uma vasta difusão graças às últimas edições da popularíssima e influente Crônica dos papas e imperadores, do dominicano polonês Martinho de Troppau (+ 1297). Segundo ele, a Leão IV (+ 855) sucedeu um certo João Anglico, que governou dois anos, sete meses e quatro dias. Ele, na verdade, seria uma mulher.

            Natural de Mogúncia, foi a Atenas vestida de homem, mas com seus amantes. Aí, teve uma brilhante carreira acadêmica e foi, enfim, enviada a Roma, onde suas aulas atraíam o público mais qualificado e a sua vida era tão edificante que ela foi, enfim, eleita papa. Mas, a sua impostura foi descoberta quando, enquanto o cavalo movia-se na procissão da Basílica de São Pedro à Basílica Laterenense, dera à luz um menino numa ruela entre o Coliseu e São Clemente. Morreu ali mesmo e foi sepultada também ali. Por causa do episódio tão vergonhoso, desde então, os papas evitaram passar por aquele caminho. Enquanto Martinho dá à papisa o nome do Joana, outras fontes chamam-na Inês, Gilberta ou dizem que não se sabe o seu nome.

            Esta história, às vezes, enfeitada com detalhes fantasiosos, foi aceita sem objeções por séculos seguidos nos ambientes católicos. Foi acolhida como verdadeira por humanistas como Petrarca (+ 1374) e Boccaccio (+ 1375) e influenciou várias pinturas. Joana figura entre os bustos dos pontífices que lá pelo ano de 1400 foram postos na catedral de Sena. Críticos do papado (como João Hus, no Concílio de Constança, em 1415) usaram a história da papisa sem serem contestados. Um escritor apaixonado, Mário Equícola de Alvito ( + 1525) chegou a afirmar que a Providência permitiu tal fato para mostrar a igualdade entre o homem e a mulher.

            A suspeita dos católicos em relação a esta história tornou-se sempre mais forte a partir da metade do século XVI. Mas, foi um protestante francês, David Blondel (1590-1655), quem a demoliu definitivamente em alguns estudos publicados em Amsterdã em 1647 e 1657.

            Hoje, a lenda não precisa nem mesmo de uma contestação rigorosa, não só porque não há nenhum indício de documento sobre o acontecimento na época em que teria acontecido o fato da papisa, como também porque os fatos relatados nos períodos em que a papisa teria existido, tornam essa história totalmente impossível!

           "A origem da lenda, em todo caso, nunca foi esclarecida de modo satisfatório. O seu núcleo parece ser uma antiga história popular romana inspirada por uma série de circunstâncias que os maliciosos tinham como suspeitas. Por exemplo: o fato de as procissões papais evitarem deliberadamente certas ruas (provavelmente pela estreiteza delas); ou, então, o achado, numa dessas ruas, de uma estátua misteriosa que se pensava tratar-se de uma mulher que amamentava seu filho; ou, ainda, o achado de uma misteriosa inscrição que poderia servir de sustento para a lenda; ou, enfim, a opinião popular de que o papa, após a eleição, era submetido a uma prova para atestar sua identidade masculina. É também provável que a lenda tenha sido influenciada pela recordação do peso nocivo que algumas mulheres sem escrúpulos tiveram sobre o papado no século X.  "


Fonte: domhenrique.com

Recentemente saiu um filme que fala sobre a vida desta personagem. :)

http://www.youtube.com/watch?v=n_-ePLqLNcU#ws

Magda_Costa
"só se desilude, quem se ilude"

que mulher corajosa!é pena terem-lhe dado tanto sofrimento aquando da sua morte... :-[

Acabei de ver o filme e achei muito bom, um bocado extenso mas aconselho a que o vejam.
Ah e no final fica levantada a tal dúvida: será que se trata de uma lenda ou Joana existiu de facto, tendo sido todos os vestígios de sua existência apagados, erradicados, escondidos em algum local onde ninguém sabe....apenas porque ela foi uma afronta para a igreja católica por ser uma mulher a ocupar o cargo máximo da religião..
Fica no ar a dúvida!
"só se desilude, quem se ilude"