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  • Levitação
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josecurado
LEVITAÇÃO



Por levitação entende-se a elevação e suspensão misteriosas no ar de pessoas e objectos sem a acção de agentes físicos, numa ruptura total com uma das mais universais leis a que estão sujeitos os corpos: a acção gravitacional.

Entre os fenómenos paranormais pouco habituais, a levitação sobressai como um dos mais espectaculares e também como um dos mais inverosímeis para quem nunca passou por tal experiência ou não a tenha observado.

Em todas as religiões, são famosos os relatos de levitação, nomeadamente, a levitação de Jesus sobre as águas do lago de Tiberíades, depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.

A levitação põe em causa as leis conhecidas da gravidade. Mas o que é a "gravidade"? Bem vistas as coisas, a ciência humana pouco conhece para além das leis dos seus efeitos. Continuam por explicar, de forma definitiva, as causas da gravidade, ou seja, como é que ela acontece.

Antigamente, os alquimistas concebiam o espaço como um imenso e imponderável "éter", conceito obscuro e esotérico que desapareceu com a alquimia pois não foi assumido pelos cientistas do século XX.

Em 1918, o judeu Albert Einstein formulou pela primeira vez a teoria das ondas gravitacionais, as quais serão duplamente polarizadas e se deslocam à velocidade da luz. Formulou também a teoria do "espaço curvo"; todavia, devido ao facto de conceber o espaço entre os corpos celestes como um vácuo absoluto, ele não conseguiu compreender o fenómeno das forças gravitacionais. Não obstante, criou a sua principal teoria: a famosa "teoria da relatividade", trave mestra das suas investigações. Fossem como fossem, as teorias de Einstein possibilitaram na prática a manipulação do átomo, nomeadamente, a desintegração do seu núcleo, produzindo a chamada "energia atómica".

Outros cientistas "pegaram" na teoria das ondas gravitacionais de Einstein com o intuito de compreender e explicar o problema da gravidade natural que se faz sentir em torno de qualquer porção de matéria, fazendo atrair os corpos entre si. Mas em vez de considerarem o espaço como um vácuo, eles admitem-no em sentido pleno, fluído e dinâmico. Assim, o espaço não é um vácuo (presentemente "vácuo" é um conceito apenas teórico) mas está cheio de milhões de partículas de matéria luminescente em permanente movimento. Além disso, o conceito do próprio espaço modificou-se, sendo agora encarado como algo que apresenta características elásticas, curvando-se ou deformando-se, apesar de não ser matéria no sentido em que está é compreendida, parecendo mais uma inexplicável energia estática imaterial sempre pronta a interactuar e a reagir sobre a matéria. Esta recente acepção do espaço fluído é como que o ressurgir do "éter" dos antigos alquimistas.

Estes novos conceitos do espaço levaram aos estrondosos avanços da tecnologia da rádio e da electrónica, pois proporcionaram uma melhor e mais real compreensão prática de muitos fenómenos ligados ao electromagnetismo que dantes não passavam de teorias. As telecomunicações beneficiaram grandemente com a nova concepção do espaço.

Finalmente, começou a ficar assente no mundo científico que o espaço é o grande e único transmissor da luz, do calor, das ondas de rádio e dos campos magnéticos. É um acumulador inesgotável e um transmissor permanente da energia dimanada da matéria. O espaço possui a maravilhosa faculdade de vibrar, numa manifestação de energia pura, e se deformar quando submetido à acção da matéria que ele mesmo envolve. A própria matéria é uma forma específica de energia. A vibração do espaço define-se, graficamente, em frequência de ondas que ocupam uma vastíssima gama no espectro electromagnético.

A vibração térmica (ondas térmicas) veiculada pelo espaço, é provocada por matéria em combustão e dá-nos a sensação de calor; a diminuição da potência destas vibrações são percebidas sob a sensação de frio; a ausência total delas corresponde à temperatura de zero absoluto; o aumento exagerado altera a estrutura da matéria a qual entra em estado de fusão.

Outra gama de frequências é percebida pelos nossos olhos e a elas chamamos luz; a ausência das frequências luminosas origina a escuridão.

Todas estas vibrações propagam-se no espaço à velocidade de cerca de 300.000 Km/s. Em representação gráfica, o comprimento de onda determina a frequência por segundo e a sua amplitude determina a potência.

Estamos literalmente embebidos no espaço vibratório. Aquilo a que chamamos gravidade ou força de atracção de um astro é a deformação do espaço que envolve o mesmo e é criada pelo próprio astro. Na verdade, o astro não "puxa", não "atrai", mas é o espaço deformado que "empurra", que "repele", em direcção ao astro qualquer massa de matéria que dele se aproxime. A gravidade universal é, pois, uma acção exercida directamente pelo espaço e trata-se de uma deformação natural criada pela matéria, sendo esta uma forma especial de energia, essencialmente vibratória, organizada a partir das partículas atómicas.

O espaço também pode ser deformado artificialmente. O princípio rudimentar do electromagnetismo enuncia-se da seguinte forma: uma corrente eléctrica que percorre um fio condutor deforma o espaço circundante ao fio, criando um campo electromagnético com uma polaridade bem definida ao longo de todo o fio. Este princípio, convenientemente utilizado, possibilita a construção das bobinas electromagnéticas, as quais têm a propriedade de deformar o espaço interior, o núcleo, num sentido bem definido chamado polaridade magnética, cuja frequência fundamental está em sintonia com a estrutura atómica dum pedaço de ferro macio introduzido no núcleo, obrigando-o a deslocar-se no sentido da polaridade. Aqui está a tecnologia de funcionamento dos electroímanes e dos motores eléctricos. Porém, esta tecnologia, relativamente rudimentar e grosseira, está abissalmente longe das verdadeiras tecnologias de manipulação do espaço em que são criadas gravidades universais artificiais muito semelhantes à gravidade natural. Entretanto, a ciência tecnológica humana já está caminhando para lá...

Pressentimos, agora, que a gravidade natural, sendo uma das leis mais características do espaço, pode ser contrariada e vencida por intermédio de tecnologias que respeitam e tiram partido dessas mesmas leis universais. Isto pressupõe a construção de máquinas e equipamentos correspondentes. Contudo, os investigadores da levitação colocam este fenómeno no âmbito da parapsicologia em que a mente humana poderá, eventualmente, desenvolver poderes insuspeitados que actuam directamente na gravidade natural.

Em 1948, Thouless e Wisner inventaram o termo PSI (da penúltima letra do alfabeto grego). PSI indica genericamente a faculdade da qual derivam os fenómenos paranormais. As faculdades PSI dividem-se em dois grandes grupos:

1 - O grupo cognitivo ou "Percepção Extra-Sensorial" (PES), em que o conhecimento de coisas externas ao indivíduo é obtido sem o uso dos canais dos sentidos. É o conhecimento dito intuitivo-paranormal, classificado com o código PSI-GAMA.

2 - O grupo cinético ou "Psycho-Kynesis" (PK), em que ocorre a influência ou acção directa da mente sobre a matéria, classificada com o código PSI-KAPA.

A levitação pertence, portanto, ao grupo dos fenómenos mentais PSI-KAPA. Entretanto, as teorias estruturadas pela Parapsicologia ainda não obtiveram comprovação pragmática e reconhecida ao nível científico, sendo apenas consideradas hipóteses de explicações. Os processos mentais através dos quais se atinge o conhecimento paranormal ou se efectua a acção mental directa sobre a matéria, neste caso a levitação, permanecem na área do misterioso e do inexplicável, inapreensíveis pela ciência clássica humana. É assunto que se remete para certos "esoterismos" em que só os "iniciados" terão dele conhecimento teórico e prático. Acredita-se mais do que se sabe.

A levitação enfrenta, pois, uma numerosa hoste de cépticos, só ultrapassada em número pelos crentes de boa vontade. Com efeito, têm sido descobertos muitos logros, ilusões e patranhas. A maior parte dos relatos de levitações provêm dos mitos e de sonhos atávicos.

Apesar de tudo, existem casos reais, bem documentados, que foram submetidos a investigações sérias e exaustivas. Os poucos estudiosos que, pela primeira vez, decidiram ocupar-se de um facto tão raro, controverso, muito discutido e também muito improvável como a levitação, quiseram antes de mais detectar os casos, avaliar a sua autenticidade, descrevê-los e compará-los. A fase seguinte diz respeito à pesquisa das causas, começando pelas circunstâncias que acompanham habitualmente o fenómeno e que são suas concomitantes mais próximas ou que lhe estão ligadas mais intimamente.

Há uma série de observações sobre os aspectos exteriores da levitação. São as circunstâncias visíveis que dizem respeito aos aspectos fisiológicos da levitação, idade, sexo, estado de saúde do sujeito, etc. A levitação está principalmente ligada ao transe e ao êxtase. Ocorrem a perda dos sentidos, redução da consciência, atenuação de certas funções físicas e mentais, sonolência ou sono invencível, tremores, gritos, enfraquecimento do pulso, abrandamento da respiração, rigidez cataléptica e anestesia difusa.

A idade, o sexo e o estado de saúde são factores negligenciáveis. Quanto aos movimentos do corpo, durante a levitação, são descritas a descolagem e a aterragem bem como todas as evoluções possíveis. O corpo pode elevar-se de pé, deitado, sentado ou ajoelhado. No ar, pode deslocar-se obliquamente ou mudar de lugar instantaneamente. Pode elevar-se poucos centímetros (é o caso mais frequente) ou alguns metros. Pode cobrir pequenas ou grandes distâncias. A elevação pode durar poucos instantes ou alguns minutos. Volta-se ao solo de várias maneiras: descendo com a regularidade mecânica de um elevador ou de repente, mas sem nunca provocar qualquer dano. Não se pode escolher o local de aterragem; aconteceu a místicos e santos voltarem a si em cima de uma árvore ou no cimo de uma igreja e terem depois muita dificuldade em conseguir descer ou terem de ser transportados para baixo.

A levitação pode também ser acompanhada de outros fenómenos paranormais, com especial incidência dos luminosos e dos que influem no espaço envolvente do levitado. O corpo transforma-se no centro de um redemoinho que arrasta tudo consigo. Há, pois, uma força que transborda o corpo, atingindo cadeiras, cobertores, outras pessoas, etc. Fala-se, por isso, de uma "zona de influência" da levitação.

O fenómeno tem, nos médiuns e nos santos, as mesmas características. É semelhante em vários indivíduos, na medida em que a elevação se faz em todas as posições, vai de poucos centímetros a alguns metros, tendo uma zona de influência.

A levitação não se verifica em quaisquer condições e circunstâncias, mas sim num contexto adequado, conforme o que é exigido por sensibilidades especiais. O ambiente corresponde a um local de retiro e concentração espiritual, como a gruta, o cume do monte, a cela ou a igreja, onde o silêncio, a obscuridade, ou outras condições que evitem toda a espécie de perturbação, permitem, provavelmente, o ingresso no indistinto, no indeterminado e, simultaneamente, uma captação de energias vitais. O transe, ainda que ligeiro, é condição indispensável.

É, pois, razoável pensar que em todos os levitados seja posto a funcionar o mesmo mecanismo, esteja implicada a mesma força e que, embora sejam diversas as motivações individuais, a levitação, no fundamental, tenha a mesma percepção para todos.

Fica por responder a pergunta crucial: que género de energia entra em jogo na levitação? Em parapsicologia, impõe-se a suposição, pelo menos funcional, da existência de uma energia para compreender uma quantidade de fenómenos de outro modo inexplicáveis. Por exemplo, recorreu-se à electricidade para explicar a levitação, aquele que é o maior e o mais espectacular dos fenómenos psicocinéticos: uma tentativa de resolver um facto semifísico e semipsíquico através de uma grande energia da Natureza.

A electrização de um corpo não altera, muito provavelmente, a sua relação de força com o ambiente externo ao ponto de o fazer elevar e "flutuar" no ar. Mas a electricidade, como é evidenciado em todas as experiências de psicocinese, acompanha fielmente este fenómeno. Por exemplo, as auréolas e todos os fenómenos luminosos e térmicos que foram notados no decurso das experiências são, seguramente, outros tantos efeitos devidos à transformação da energia eléctrica em energia luminosa e térmica.

Resta saber qual é o papel, se principal ou secundário, da energia eléctrica neste fenómeno paranormal. Disso se tem ocupado a electrofisiologia, com diversos estudos. A psicocinese seria devida a "um campo biogravitacional, ou seja, a um qualquer efeito especial semelhante à gravidade revelada pelos organismos vivos". Imaginemos que isto queria dizer que, ao criar-se um "campo" do género apresentado como hipótese, a nova lei que regula as relações de força entre organismos e outros corpos deixa de coincidir com a da gravidade mas tem a mesma função reguladora das acções energéticas recíprocas.

Não é novidade que as relações entre os seres, quer tenham ou não peso, sejam de natureza energética e que esta energia seja susceptível de contínuas conversões. A questão está em saber se há uma energia primária que se transforma em electricidade, luz, calor, movimento, etc., e se na levitação actua uma força externa ou interna.

A levitação processa-se como se o levitado fosse elevado para cima, sem abalo, lentamente, não por uma força que actue como alavanca, tendo o seu fulcro fora da pessoa do médium, mas num estado de imponderabilidade interior total como é costume a imaginação sonhadora pensá-la. Se a levitação fosse o efeito de um deslocamento exógeno, deveria ter as características dum empurrão para cima.

É frustrante constatar que os levitados, afinal as peças mais importantes a consultar nesta investigação, nada sabem dizer quanto à fenomenologia de que são protagonistas; nem este fenómeno depende das suas vontades conscientes.

Quanto à Parapsicologia, é igualmente frustrante constatar que os parapsicólogos ainda não explicaram satisfatoriamente os fenómenos paranormais que intervêm na levitação. Este problema continua a ser formulado com a pergunta: se a levitação parapsicológica será uma ideia ou um facto ou se será a síntese de ambos. Por outras palavras, como é que a mente do levitado consegue transformar a ideia da levitação num facto?

O paradigma maior da levitação é aquela que foi efectuada por Jesus o Cristo sobre as águas do lago de Tiberíades.

Ou será a levitação o resultado duma super tecnologia desconhecida?



J. Curado

As teorias são várias e todas elas não conseguem responder a quem já sofreu o fenómeno da levitação. Penso que ela acontece quase inconscientemente, ou seja, sem que aquele que levita tenha feito algo para que isso aconteça. Quando acontece pela primeira vez, o sentimento de quem sofre a levitação é de incredulidade e de medo.