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  • Mulher e Deusa
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josecurado
Mulher e Deusa



1. O culto da Deusa-Mater



Seria interessante conhecer como é que a mulher veio à existência.

Como não existem certezas, limitar-me-ei a especular.

Aliás, não sabemos em definitivo como é que o homem em geral apareceu neste planeta.

A ciência divulgou que o chamado homem de "Neanderthal" não é o antepassado do homem moderno. Esta conclusão foi obtida a partir do estudo do material genético dum esqueleto encontrado perto da cidade alemã de Dusseldorf. Esta espécie ter-se-á extinguido com a chegada da última glaciação.

O homem actual, afirmam os sábios, descende directamente do Cro-Mgnon.

Mas, qual é a origem do homem de Cro-Magnon?

Mistério!!!

De uma forma resumida, tudo o que se sabe é que esta espécie de hominídeo parece ter emigrado do Oeste Asiático onde os seus antepassados viveram há cerca de 45.000 anos. Estavam, provavelmente, mais bem adaptados à mudança do clima provocada pela glaciação que se aproximava e o seu crescimento demográfico era mais rápido. Isto não é uma explicação mas somente uma hipótese da proveniência geográfica e uma característica reprodutora. E como apareceu ele lá, algures no Oeste Asiático?

Quando chegou à Europa, o homem de Cro-Magnon introduziu uma cultura nova e evoluída, a que os arqueólogos chamaram Paleolítico Superior. Estes homens usavam, pela primeira vez, materiais difíceis de trabalhar como o marfim, chifres de veado e osso; executou, como se conhecem agora, os primeiros trabalhos de arte a partir de pinturas nas cavernas e pequenas esculturas. Estes homens, bem como os seus contemporâneos não europeus, fizeram uma série de invenções: instrumentos musicais, lâmpadas a óleo e, mais tarde, o arco e a flecha.

Entretanto, o homem de Cro-Magnon não trouxe somente tecnologia e arte. Ele trouxe, simultaneamente, um culto muito peculiar: o Culto das DEUSAS-MÃES. Eles consideravam suas MÃES, ou, genericamente, as FÊMEAS HUMANAS como DIVINAS ou DEUSAS e a elas se submetiam e dedicavam adoração.

É, pois, sobre este tema do Culto da Deusa-Mater que vos quero falar.

A antropologia nunca explicou satisfatoriamente o primitivo culto da Magna-Mater nem como este fenómeno de carácter religioso se originou. Os sábios modernos evitam falar sobre este incomodativo assunto, talvez devido a resquícios de uma antiquíssima guerra dos sexos que não desaparecem e que ferem o sistema patriarcal, mais recente e ainda em vigor.

Quem eram essas Deusas-Mães que tutelavam os sistemas matriarcais em que as fêmeas detinham o poder social, económico e religioso, sendo os machos marginalizados, praticamente sem poderes administrativos e rebaixados quase ao nível dos animais selváticos que caçavam?

As mais antigas Deusas-Mães são detectadas na mitologia suméria cuja história narra que tudo começou quando a realeza divina desceu dos céus pela primeira vez e se instalou na Suméria. Os sumérios, na sua escrita cuneiforme lavrada em placas de argila, legaram-nos algumas listas de reis divinos que surpreendem pelos seus incrivelmente longos reinados. Uma destas listas, gravada em pedra, afirma que os primeiros DEZ reis reinaram na Suméria durante 456.000 anos! É uma cronologia impossível, gritam os historiadores, só atribuível a algum erro ou à inconsciência dos escribas sumérios os quais não tinham qualquer noção do tempo nem da cronologia histórica. Estas listas nem sequer são mencionadas nos compêndios de História Universal dado que são consideradas pura fantasia sobre deuses inventados pelos sumérios.

Todavia, os sumérios escreveram sobre os deuses e também sobre as DEUSAS. E o mais perturbante é que estas deusas desceram à terra para aqui parirem os deuses. Estes deuses eram imortais e detinham o direito divino.

Paralelamente, o mito também se refere aos seres mortais e sem direitos divinos.

Terá surgido algum subproduto desta génese divina?

Terá sido a partir desse subproduto, ou seja, o macho hominídeo Cro-Magnon, que formou Deus o homem, durante o acto criativo, e o colocou no Jardim do Éden? Se assim foi, as deusas ficaram do lado de fora, e com elas o sistema matriarcal.

O homem achava-se solitário no Jardim, mas Deus percebeu que isto não era bom.

Que se terá passado, então, no Jardim do Éden? Uma operação cirúrgica com anestesia geral seguida de um acto milagroso sobre a costela de Adão da qual Deus fez a mulher? Nada disso...

A questão dos deuses que criaram os homens, veiculada pelas mitologias antigas, nas quais se insere o relato do Génesis, é muito complexa e o seu estudo real vai-nos trazer alguns amargos de boca, especialmente a quem insiste em não se preparar para as surpreendentes revelações que se aproximam.

Essa lenda, extremamente difundida na forma de anedota, em que Eva é feita de uma costela de Adão, só serve para esconder, tanto dos néscios como dos malévolos, na perspectiva dos conhecimentos esotéricos, o terrível drama divino que foi a decadência de um certo número de deuses e deusas, provocada pelo seu supremo sacrifício ao decidirem confinar-se a este planeta para se reproduzirem.

Especialmente sacrificadas foram aquelas Deusas-Mães donde descendem os deuses, mas também os gentios, e destes, por sua vez, descendem os homens. Sacrifício incompreendido por nós, humanos, que, limitados pela nossa natural ignorância, só sabemos perpetuar no tempo o anedótico das tragédias.

Alguém disse:

"Deuses somos, mas disso nos esquecemos".

O pecado original, actualmente, consiste em ignorarmos por completo as nossas origens ao ponto de, na tese oficial, preferirmos admitir que descendemos de símios terrestres, segundo a teoria do evolucionismo natural. Isto é mais simples, mais tranquilizador, mais intelectual, até mesmo mais científico. Devemos agradecer à Ciência todo o seu empenho em nos manter esquecidos da amargura de sermos descendentes rejeitados dessa prole inferior a quem não foi concedido nenhum direito divino.

Porque ninguém é admitido no círculo dos deuses se não possuir o respectivo perfil.

Esta é que é a essência do pecado original que nenhuma religião ousa esclarecer.

E serão expulsos desse círculo todos os que deixam de honrar esse mesmo perfil.

Por isso, uma verdadeira divindade pode transformar-se numa falsa divindade.

Há muita gente néscia que acredita literalmente na história da costela, não sabendo discernir a anedota. Há muita gente malévola que se enche de gozo com a anedota, não sabendo discernir o seu significado.

Então, será que a mulher apareceu perante o homem em consequência do rebaixamento da deusa?

Historicamente, o homem acabou por descobrir a sua importância na reprodução da espécie e o mito fá-lo exclamar:

—     Ah! Esta agora... Ela é osso dos meus ossos e carne da minha carne.

E o culto da Deusa-Mater entrou em declínio.

Nos movimentos feministas actuais em nome da emancipação da mulher relativamente ao homem, a par de justíssimas lutas pela abolição definitiva e efectiva da sua discriminação nas sociedades patriarcais de todo o mundo, transparecem teorias doutrinárias e alusões ao passado que demonstram o saudosismo atávico que por vezes acorda no subconsciente da mulher. As suas memórias genéticas, recalcadas por um patriarcado vingativo e feroz, dão-nos a medida muito aproximada da amplitude do sistema ginocrático que vigorou entre 20.000 e 10.000 a.C. Daí para cá, ao longo da História, esses sentimentos vieram muitas vezes ao de cima e algumas mulheres influentes procuraram restabelecer o antigo matriarcado.

Os historiadores parecem desconhecer (ou esforçam-se por ignorar) qual a amplitude desse matriarcado. Pressentimos que era considerável. Desconhecem ainda mais: como é que foi estruturada a ginocracia posto que era religiosamente fundamentada em torno do culto da Grande Deusa-Mater perante a qual os machos se curvavam reverentes e temerosos. O condicionamento mental desses machos era tão grave que eles viam nas fêmeas a representação indiscutível do princípio feminino da divindade, ligado ao poder gerador e do qual estavam radicalmente banidos.

Muitas fêmeas endeusadas desempenhavam a função de sacerdotisas da Grande Deusa-Mater enquanto os machos eram os seus desprezíveis escravos.

Finalmente, em que condições psicológicas é que o homem formado por Deus foi introduzido no Jardim do Éden para aí se estafar no trabalho agrícola e ser responsável pela sua guarda?

É óbvio que só interessava que esses agricultores e guardadores, formados talvez por mutação genética, trabalhassem, produzindo alimento para os deuses conforme reza a mitologia suméria.

É óbvio que não interessava que eles tivessem conhecimento consciente do que quer que fosse para além do trabalho agrícola. Estavam proibidos de comer da "Árvore da Ciência do Bem e do Mal".

Até que ponto é que os Deuses Criadores, talvez estabelecendo um convénio com as deusas, foram responsáveis pela manutenção do matriarcado no seio das comunidades hominídeas a fim de obterem machos subservientes e trabalhadores?

Foi preciso haver dissensão entre os deuses (as tais guerras entre os deuses que nos contam as mitologias) para que o homem macho começasse a ver o seu destino alterado. Subitamente, tornou-se imperioso fazer com que os homens, vivendo em solidão e trabalhando no Jardim, compreendessem que as fêmeas da sua espécie não eram deusas inacessíveis mas sim "adjutoras que estivessem como diante deles".



2. A paternidade é um reflexo adquirido



Os achados arqueológicos sugerem que os primeiros humanos, surgidos na esteira da evolução, não estabeleciam a relação entre o coito e o parto, ignorando, portanto, a intervenção do macho na procriação. Os machos assumiam uma atitude ambígua face às fêmeas, aparentemente mais fracas em força física mas capazes de produzirem misteriosamente a vida, donde um profundo respeito, uma grande veneração e, ao mesmo tempo, um certo terror diante dos poderes incompreensíveis, considerados mágicos e divinos. É muito provável que a humanidade primitiva tenha considerado a divindade, fosse ela qual fosse, como de natureza feminina, sendo a mulher a sua representante incontestável. O indivíduo macho foi considerado estéril durante muito tempo e mesmo inútil, só servindo para as actividades da caça e da guerra, conquistando território para a tribo a que pertencia.

Regressando ao mito, eis como o gozo da anedota da costela de Adão começa a dar lugar ao amargo de boca:

É um facto comprovado que nos machos humanos a noção de paternidade provém de um reflexo adquirido enquanto nas fêmeas humanas a maternidade é um instinto congénito. Mesmo hoje, sabendo o efeito do seu esperma, qual é o homem que se importa ou toma providências relativamente a um possível descendente ao frequentar uma prostituta ou quando tem uma aventura amorosa, extraconjugal ou não, com uma mulher que nunca mais verá no resto da vida? O instinto sexual do macho humano só o obriga a procurar o gozo e logo desaparece na consumação da cópula.

Ele continua sempre pronto a demitir-se das suas responsabilidades de pai logo que as regras matrimoniais impostas pela sociedade ou motivações de fidelidade à companheira abrandem ou possibilitem brechas de escape.

Com a mulher raramente é assim. Ao dar à luz, o seu instinto maternal obriga-a imediatamente a proteger e a alimentar aquele pequenino ser. Porque ela sabe que é seu filho, por ter saído do seu corpo, independentemente das circunstâncias em que foi gerado e, em muitos casos, sem saber quem é o pai. É comum acontecer, ainda nos nossos dias, por exemplo, moças serem violadas e abandonadas pela soldadesca invasora, tudo isto num contexto de sociedade patriarcal que não protege mães solteiras.

Fica, assim, esclarecido qual foi o exacto papel da mulher e, por conseguinte, o papel outorgado à Deusa-Mãe, antes de Deus ter criado o homem, macho e fêmea, à sua imagem.

Portanto, o matriarcado, no contexto histórico em que vigorou, foi um sistema social, económico e religioso, indispensável para a sobrevivência da espécie humana. Mas acabou por atingir as suas próprias limitações.

Foi necessário romper com esse sistema desequilibrado e instituir o matrimónio através do qual o macho humano adquire a consciência da sua paternidade e se vê obrigado a compartilhar com a mãe a responsabilidade de uma prole, desde que tal instituição lhe dê garantias de que é sua. Daí a palavra matrimónio, relativa à matriz feminina.

"Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher e serão ambos uma carne".

Neste versículo reside toda a essência do matrimónio divinamente instituído, único processo equilibrado capaz de conferir à espécie humana, ao longo das gerações, a matriz familiar para uma grande elevação espiritual.

Infelizmente, o sistema matrimonial foi sujeito a um duro revés.

O patriarcado, outro sistema desequilibrado, foi instituído mais tarde, mas por outros motivos que poderemos analisar noutra altura.

Diremos apenas que o sistema patriarcal, ainda hoje em pleno vigor por vastas regiões do globo terrestre, resultou de um novo rebaixamento da antiga deusa. Desta vez, de "adjutora que estava como diante dele" passou à condição de propriedade de um senhor, ao nível dos servos e servas, bois e jumentos, e outras coisas, conforme se lê no décimo mandamento.



3. A persistência do culto da Deusa-Mater



Apesar de tudo, o culto da Deusa-Mater nunca desapareceu. Apenas mudou de forma e se tornou marginal.

A sua componente sexual era uma arma temível. De tal maneira era poderosa a sua sedução que os Hebreus, na dita Terra Prometida, sucumbiam perante o seu domínio, fazendo de Iavé um Deus ciumento e castigador que acusava o seu povo de se deixar envolver pela prostituição de Istar (ou Astarote), a Grande Deusa primitiva da Babilónia.

Esta guerra entre o chamado povo de Deus e a Deusa-Mãe nunca foi ganha. Até o grande rei Salomão sucumbiu ao seu fascínio. Quase todos os reis de Israel, desde Saúl a Zedequias, dobraram a espinha diante desta deusa.



4. A reabilitação da mulher para o objectivo espiritual



Maria Madalena seria uma grande sacerdotisa da Deusa-Mãe.

Jesus o Cristo, sendo sumo-sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, mudou a estratégia de combate à deusa e estabeleceu, com a sacerdotisa Maria Madalena, um acordo nos mesmos termos em que havia sido instituído no tempo de Adão e Eva.

O matrimónio volta a ser proposto, mas, desta vez, não por rebaixamento da deusa, mas sim por enaltecimento da mulher, praticamente reduzida a escrava do homem no tempo de Jesus.

Não mais matriarcado nem mais patriarcado.

Assim, na mensagem do Cristo, a mulher é restabelecida ao mesmo nível do homem.

Este convénio constituiu parte fundamental da igreja fundada por Lázaro.

O processo messiânico fez desdobrar a Igreja Fundamental em várias:

A Igreja patriarcal de Pedro e Tiago o menor permaneceu em Jerusalém.

A Igreja patriarcal de Paulo é estabelecida em Roma.

A Igreja patriarcal de Tiago o Maior é estabelecida na Hispânia.

A Igreja matrimonial de Lázaro (também designada por Igreja do Espírito, da Luz ou da Verdade) entra no sul de França e estabelece um eixo França / Ilhas britânicas. A este eixo estará ligada a misteriosa lenda do Santo Graal onde a mulher ocupa lugar relevante na acção espiritual. São muito significativas as histórias em torno do Noivo e da Noiva, evocando as alegorias em torno do casamento misterioso entre o Cristo e a sua Igreja.

José (também chamado Alfeu e Cleophas), o esposo de Maria a Virgem, e que reaparece na Crucificação como José de Arimateia, era um Carpinteiro, designação que pode ser apenas simbólica. Os carpinteiros faziam parte do grupo dos construtores. Eles construíam estruturas em madeira onde fixavam os andaimes formados por pranchas e era sobre estas que os pedreiros erguiam as pedras talhadas, edificando os templos. Mas o trabalho dos carpinteiros não terminava aqui: depois de pronto o edifício, este tinha de ser interiormente adornado e guarnecido de mobiliário. Tudo isto dá lugar a um complexo simbolismo da construção espiritual.

Esta Igreja de Lázaro tem permanecido oculta e (no meu entender) está por detrás da organização da antiga Maçonaria Operativa, herdeira dos Templários, assim como também tinha estado por detrás dessa Ordem.

Nesta ordem de ideias, a construção espiritual dos seres pensantes obedece a um plano divino e desenvolve-se através de um processo que lhe é próprio.



5. O papel da mulher na Espiritualidade



Chegados a este ponto da nossa especulação, eu creio que já podemos começar a vislumbrar qual é o papel da mulher na Espiritualidade.

Os paraísos celestes também têm de ser construídos. E só lá entram os Eleitos.

Será o período da sublimação sexual na câmara nupcial, indispensável à elevação dos Eleitos, em que a mulher assumirá, de pleno direito, o seu papel na construção do edifício espiritual.

Os Eleitos serão chamados ao paraíso em grau de igualdade entre homens e mulheres.

O Mestre disse:

"Os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, na ressurreição, quando ressuscitarem dos mortos, nem hão-de casar, nem se darão em casamento; porque já não podem mais morrer; pois serão iguais aos anjos de Deus que estão nos céus e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição". (Mat 22: 30. Mar 12: 25. Luc 20: 36).

A deusa que é a mulher, nunca se deixou vencer e será com o adjutório dela que o homem chegará à divindade. Então se cumprirá aquele desígnio de Deus: "Far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele".

Vou terminar dizendo um poema, adaptado, de Agrippa d'Aubigné (Estâncias, XIII):



Ao clarão violento da tua face divina,

Não passando de um mortal, a tua celeste beldade

Fez-me provocar a morte, a morte e a ruína,

Para de novo reencontrar a imortalidade.



O teu fogo divino queimou minha essência mortal,

O teu rosto celeste me fascinou e me arrebatou aos céus;

A tua alma era divina e a minha ficou igual:

Ó Deusa, tu me colocaste ao lado dos outros deuses.



A minha boca ousou tocar a tua boca rósea

Para colher, sem a morte, a imortal beldade;

Eu vivi de néctar, embebi-me de ambrósia,

Saboreando o mais doce da divindade.