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  • A última noite de Pedro
    Iniciado por Edhelar
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Pedro vivia a vida no seu limite!!! Os seus olhos castanhos profundos de cachorrinho e os seus cabelos pretos sempre lhe conquistaram o coração de todos. Hoje sentia-se esquisito. Seu corpo recusava-se a mexer.
- Ainda são os vestígios da ressaca de ontem! Já não abusava assim á muito tempo. – E a luta para tentar mexer, abrir os olhos continuava.
Algo aconteceu!!!
Pedro de repente toma consciência que não consegue mexer nada. Seus olhos vêm, mas não os consegue abrir! Quer gritar, mas o ar fica preso na garganta!
Deitado, sente-se mexer! As luzes brilham na sua frente...uma...duas ... Três... passam lentamente, enquanto os sons se dispersam surdos por todos os lados. Conversas percorrem de todos os lados e nenhuma faz sentido.
Corpos que atravessam corpos!!!! Figuras tristes e sombrias que permanecem silenciosas, outras que permanecem chamando mas que ninguém vê!
- São tão esquisitas! - Pensou.
Os seus olhos perdem-se então num rosto, uma imagem perdida na multidão. Uma pequena menina de tranças e vestido branco rendado. As suas sardas e rosto vermelhinho destoavam e o seu brilho era especial. Ela sorria para Pedro, mas uma sombra cruzou e ele perdeu-a. Quer da vista, quer do pensamento. Veio o negro, um negro profundo...sem tempo, sem memória...
Quando voltou a si, Pedro sentiu-se diferente! O seu corpo sentia a seda de algo que o rodeava...e o corpo continuava sem obedecer!!! Algo o apertava. Mas o quê?
Um ruído chamou a sua atenção...click ...e as "portas" abriram. Então Pedro ouviu nitidamente os soluços e as vozes que gritavam as mágoas que percorriam a sala. Ele lembrava aquele sítio!!! Aqueles 3 anjos de trompetas!!! Era a capela da aldeia...a mesma onde meses antes velara o corpo de seu pai.
Na sua frente começaram a aparecer rostos estranhos...os fatos pretos...
-Mas que se passa aqui!!! -Tentava gritar, sem que mais nenhum ar se deslocasse.
-Marta!!! – A rapariga que mais amava apareceu acompanhada do irmão. Mal conseguia estar de pé. Os seus olhos estavam baços e desfiavam um rio de lágrimas. Não aguentou olhar para lá.
Saiu aos ombros do irmão! Pedro viu a afastar-se lentamente enquanto o desespero o invadia por completo. Ele gritava com toda a sua alma e desespero mas nada o parecia ouvir!!! O Sol atingiu então com força toda a sua cara.
- Levanta-te!!! Senta-te!!! Deixa-te disso!
Pedro ouviu aquilo e não percebeu.
- Quem falou isso? Onde estas? – Gritou Pedro.
- Eu! Levanta-te!
- Como? Se não me consigo mexer?
- Ora pensa em pôr-te em pé! É fácil!
Pedro obedeceu e quando deu conta estava de fronte para ela. Ela sorria e saltava pela capela, numa dança surda que apenas ela parecia ouvir.
Ai, ele lembrou-se.
- Tu és a menina do hospital? Sim és tu! – Ao que ela parou, olhou e limitou-se a sorrir.
- O que aconteceu? Que se passa?
- Diz-me tu? Que se passa?
- Parece um funeral! Não percebo! Nada faz sentido!
- Olha para o caixão!
Pedro olhou e viu o seu rosto inchado. Nalgumas zonas ainda se notavam os hematomas do embate. Era ele que se encontrava naquele caixão! Mas como se ele estava ali...e o corpo acolá! Como???
- Lembras-te da última noite! - Replicou a menina – Tiveste um acidente e bateste contra um camião. Estavas mais uma vez bêbado e eu não consegui fazer nada desta vez para te ajudar.
- E quando me ajudas-te? – Disse sarcasticamente Pedro
- Lembras-te daquele dia em que bateste naquela árvore! Naquele em que o carro não desenvolvia. Eu prendi a caixa para não dar velocidade. Ou aquele em que foste parado pela policia na curva a seguir á discoteca. Eu conduzi-os para te impedirem de te matares. Mas não o podia fazer sempre.
Nisto entrou a Mãe! Os seus gritos congelaram a sua alma e as lágrimas batiam como se cada bocado da sua lama fosse um grito de dor.
- Que fiz eu...
Homem!... Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.»

Muito bom. Parabéns. Continua a escrever.

Beijinho.

Templa
Templa - Membro nº 708

#2
Woow....como é possível?
Eu chamo-me Pedro, a minha namorada chama-se Marta e o meu maior medo é morrer numa acidente de carro....
para não dizer que acertas-te na cor do cabelo e dos olhos.

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem