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Assuntos Generalistas => Assuntos Místicos Generalistas => Tópico começado por: Fingarfan em 30 abril, 2017, 01:12

Título: Meditação ou outra coisa?
Mensagem de: Fingarfan em 30 abril, 2017, 01:12
A meditação é uma prática que, através de um conjunto de técnicas, busca treinar a focalização da atenção. Sua origem é muito antiga, remontando às tradições orientais, especialmente a yoga e o budismo, mas o termo também se refere a práticas adotadas por algumas religiões, como o cristianismo, o judaísmo, o islamismo, o taoísmo e o xamanismo, entre outras.

A palavra meditar tem origem no latim mederi, que significa "tratar, curar, dar atenção médica a". O termo em páli utilizado para referir-se a meditação é bhavana, que significa 'cultivo
- Fonte, Wikipédia.


O conceito de meditação é um velho conhecido nosso. Aconselhada por muitos, tem-se tornado uma ferramenta cada vez mais comum para acalmar a mente em situações stressantes e para potenciar o bem estar e a concentração. No entanto não é isenta de críticas e muitos apontam-lhe falhas. Nalgumas dessas falhas podemos encontrar a vulnerabilidade face a entidades externas por exemplo.

No entanto os benefícios são gerais e aceites por muitos. Acalma os batimentos cardíacos, ajuda a desenvolver técnicas de controlo de respiração e de presença no momento.

Entre os vários tipos de meditação encontramos grandes variedades. Temos meditações para entrarmos em comunhão com Deus e com o sagrado. Meditações tibetanas ou índias para transmitir paz interior. Entre uma miríade quase infinita de exemplos.

Agora, outro aspecto que acrescento vindo da minha experiência própria. Perdoem-me os moderadores mas este termo vou apresentá-lo em inglês porque não tem nenhuma tradução exata para português. Mas se for caso disso, podemos lhe chamar "naturalidade".

Ora, o termo é o de Flow. Isto, para quem ainda não está familiarizado é aquilo que os atletas sentem quando estão no auge do seu potencial. É este, a meu ver, o ponto alto da capacidade humana. Este estado, criado por situações de adrenalina, extase ou até auto-induzido, é capaz de nos fazer moldar o mundo. A realidade desfaz-se e os limites do possível deformam-se. É este estado que define a experiência de quem se entrega totalmente ao momento e vive no instante. É uma aproximação infinitesimal, por assim dizer, à equação da fonte.

É com vista a este estado, que eu incluo na caixa semântica da palavra meditação, que "medito" através do movimento ou através da procura de consciência plena do que estou a fazer no instante. A imagem matemática mental que formulei disto é como um cálculo por aproximação a uma área, infinitésima, que concentra toda a informação - ou então, a origem do referencial definido pelo número de variáveis igual ao numero de dimensões onde nos encontramos. Mas isto pouco relevo tem para a história, é apenas a tentativa de interligar conhecimentos matemáticos com este tema por pura curiosidade.

A questão que agora coloco é, poderá este estado de flow - "naturalidade" - ser considerado meditação? Estará ele sujeito às mesmas críticas ou apresenta-se como uma solução diferente? Agir no momento presente, estar consciente dele e ser intuitivo nas respostas dadas pelo nosso organismo ao meio envolvente, a todos os níveis. Isto envolve desligar a perceção controlada da mente, mas deixá-la aberta a processar todos os estímulos e agir conforme esses estímulos.

Poderá essa vulnerabilidade acrescida, aliada duma capacidade exacerbada para resolver problemas, apresentar a solução per se para resolver a questão da proteção e da necessidade de barreiras?

Fica a questão.
Título: Re:Meditação ou outra coisa?
Mensagem de: F.Leite em 30 abril, 2017, 01:28
     O estado mental que relata e que é provocado pelo flow nada mais é que o estado mental proporcionado por uma droga que é usada por alguns indígenas do Chile.

     Ora se uma droga consegue provocar ligações entre neurónios que conduzem a esse estado, que é um estado ilusório, quem garante que quem pratica o flow não faz o mesmo (alterar ligações entre neurónios) pela força de vontade?

     O que julga ser um estado mental, pode mais não ser que um sonhar acordado por estar a religar neurónios. Ser portanto uma ilusão.
Título: Re:Meditação ou outra coisa?
Mensagem de: Fingarfan em 30 abril, 2017, 01:35
Citação de: F.Leite em 30 abril, 2017, 01:28
     O estado mental que relata e que é provocado pelo flow nada mais é que o estado mental proporcionado por uma droga que é usada por alguns indígenas do Chile.

     Ora se uma droga consegue provocar ligações entre neurónios que conduzem a esse estado, que é um estado ilusório, quem garante que quem pratica o flow não faz o mesmo (alterar ligações entre neurónios) pela força de vontade?

     O que julga ser um estado mental, pode mais não ser que um sonhar acordado por estar a religar neurónios. Ser portanto uma ilusão.

Sim, tem essa ligação com as drogas usadas pelos indígenas. No entanto o sonhar acordado poderá também não ser nada mais do que aquilo que achamos que é real. Está tudo no prisma com o qual olhamos. E assim poderíamos continuar e nenhuma resposta seria alcançada.

A conclusão a que chego com isto é que, seja qual for o estado ilusório ou verdadeiro onde habito, é onde pertenço nesse instante. Pensar doutra forma é destruir toda a minha experiência em qualquer um desses estados. A dúvida fará a sua quota na experiência humana mas a aceitação também outra parte.

E aceitação envolve o reconhecimento de todos os estímulos existentes. E o reconhecimento desses estímulos existentes leva a uma consciência do momento atual. Isso não envolve o desligar desta "realidade", se assim o quisermos chamar. Aliás, pela lógica, envolve uma maior aproximação com os estímulos proporcionados por essa realidade.

Penso que esteja a interpretar as minhas palavras sobre o estado de flow num sentido de alucinação, o que não é de todo o que estou a propor. O que estou a propor envolve, pelo contrário, uma aproximação mais forte com o momento consciente.
Título: Re:Meditação ou outra coisa?
Mensagem de: Cassandra em 30 abril, 2017, 12:59
Compreendo perfeitamente o que dizes. Eu também não sei bem se o que faço é meditação, mas para simplificar é isso que lhe chamo.

Se fico a pensar nesta questão durante muito tempo, lembro-me de Buda e dos seus estados meditativos.
Buda meditava e procurava respostas, mas a meditação dele não consistia em "não pensar em anda" ou em "fazer um lugar especial para descansar a mente", que são as associações actuais que se fazem à meditação.
A meditação de Buda era activa, sendo aparentemente uma actividade passiva, desligava-se do mundo para se libertar das ilusões e amarras e foi nesse estado que compreendeu qual era a verdadeira natureza do mundo.

Tendo em vista o exemplo de Buda, respondo à tua questão: sim, é meditação.

Não encontro fraquezas na meditação, apesar de reconhecer a existência de influências. Elas fazem parte do mundo e não é possível fintá-las. Evitar meditar por causa delas? Porquê? Elas vêm de qualquer modo.

O que faço enquanto medito tem mudado, não segue nenhum guião. É algo que neste momento me é tão fundamental como água ou respirar.
Os seus efeitos têm sido mais do que positivos, é através dela que tenho aprendido a lidar com uma série de coisas, incluíndo as ditas influências.

"Tratar, curar, dar atenção médica a" - é isto para mim a meditação, curar, até num sentido mais abrangente que apenas a cura pessoal.