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  • A Torre de Bias
    Iniciado por Medooo
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Nas proximidades da Fuseta existem ruínas de diversas torres ou fortalezas, cuja fundação é de uma pasmosa antiguidade.
A poente daquela povoação, sobre uma cumeada que domina os esteiros de Tavira para Faro, encontra-se uma torre redonda, com um diâmetro de dez metros e pouco mais de altura, sem sinais ou quaisquer vestígios de escada por onde se possa subir ao parapeito. A distância de dois quilómetros a noroeste encontra-se outra torre, chamada da Alfaia; a igual distância para oeste existe a torre denominada de Bias [na fotografia] e quase a cinco quilómetros fica a torre de Aires.
Várias lendas corriam em tempo, respeitantes às torres, mas quase esquecidas, o das quais apenas existem hoje alguns fados isolados. Os habitantes da Fuseta, na sua grande maioria, operários do mar, vivem mais tempo neste do que em terra, e por isso têm deixado esquecer as tradições da sua freguesia. Algumas recordações que ainda conservam têm elas sido alimentadas pelos próprios marroquinos com quem mantêm muitas relações comerciais. Em Marrocos fala-se muito das mouras que aqui ficaram encantadas e as lendas ali são aquecidas por uma imaginação exaltada, própria do clima. Tem certa graça a afirmação dos mouros, que atribuem a sua pobreza de hoje a terem ficado os seus tesouros escondidos na nossa província sob a guarda das mouras encantadas!



Lembram-se ainda de alguns sítios da freguesia de Pechão, onde possuíram, dizem eles, as mais belas propriedades, cujos nomes conservam desde aqueles tempos. É muito vulgar ouvir-se dos seus lábios os seguintes versos:

Três belas tem o Portugal
Bela Mandil, Bela Salema
E a mais bela das três
É a nossa Bela-Curral.

No intuito de apurar as tradições que correm na freguesia de Pechão, relativamente ás mencionadas propriedades, escrevi ao muito reverendo pároco, que pastoreia aquela freguesia, pedindo as devidas informações. Respondeu-me imediatamente (distinguindo-se daqueles seus colegas que nem ao menos acusaram as minhas cartas) e na sua resposta, delicada e atenciosa, informou-me de que na sua freguesia não correm lendas algumas respeitantes ao assunto da minha carta, mas que, não muito distante da sede da mesma freguesia, existia uma grande furna, que se dizia ter sido aberta pelos mouros, dirigindo-se subterraneamente até o mar, a muitos quilómetros de distância.

Com relação a uma das torres mencionadas enviou-me um amigo ilustre uma lenda.

Havia no tempo dos mouros na torre de Bias uma formosa moura que aliava à sua formosura e riqueza um coração diamantino. Uma das suas principais virtudes e que refulge entre as mais era a caridade.

O pai da virtuosa moura, se não era propriamente um rico avarento, não via com muito bons olhos as avultadas esmolas em dinheiro, que ela distribuía aos pobres, e por isso só lhe consentia as oferendas em frutos. É certo que a virtuosa filha em coisa alguma desobedecia às ordens paternas, mas Alá fazia constantemente a partida de transformar os frutos em dinheiro. Indignava-se o pai contra a desobediência da filha, teimava esta em nunca se afastar das suas ordens. Em um dia espreitou o pai e viu que sua filha tinha razão.

Não diz a lenda qual foi o procedimento do velho mouro.

Parece que esta lenda, aplicada pelos nossos cronistas à santa esposa do nosso rei D. Diniz alude talvez a alguma moura que na torre tivesse existido e a quem se lhe atribuísse o exercício de caridade. É sabido que muitas vezes os mouros copiaram dos cristãos os modelos das suas virtudes.                                     

Parece que o sitio onde se acha a torre de Bias foi sede de uma grande povoação, pois que têem sido ali encontradas muitas sepulturas, em cujo interior aparecem uma pedra à cabeceira, outra aos pés e duas de cada lado.

De que tempo datam tais sepulturas?

Não se sabe.


D'Athaide Oliveira, Francisco Xavier – As Mouras Encantadas e os encantamentos no Algarve com algumas notas elucidativas – Tavira: Typographia Burocrática, 1898, p. 161-164.


Ora aí está um bom lugar para arquiologar

#2
Bom tópico. Há um lado místico esquecido por detrás dessas torres do litoral algarvio. Todo o litoral possuía um sistema de torres e fortalezas cuja origem poderia remontar ao tempo dos cúneos. Já agora, não esquecer o lado místico do Cerro de São Miguel, que teve um santuário.


Santuário dedicado a Zéfiro e São Miguel
O Monte Figo, também denominado cerro de São Miguel, é uma elevação com 410 m, situada no concelho de Olhão (Algarve), sensivelmente a meio caminho entre Faro e Tavira, a 8 km da costa.
Constituiu, juntamente com o vizinho cerro da Cabeça (Moncarapacho), o complexo de culto pré-cristão mais importante do Algarve Central e Oriental, ao longo da Proto-História e Antiguidade.
Santuário marítimo de montanha, farol diurno e oráculo meteorológico, foi provavelmente dedicado primitivamente pelos navegadores fenícios provavelmente a Baal Saphon, talvez ainda antes do século VIII a.C.
A interpretação grega posterior desta dedicação, talvez no século VI a.C., consagra-o ao vento Zéfiro divinizado.

O seu uso como santuário durante a Antiguidade Romana está comprovado por vestígios bem conservados (em 2003) de uma via que subia ao seu cume, com um troço inferior em calçada de lajeado canónico e um superior escavada na rocha, rematado por muros de suporte na face exterior. A extrapolação deste troço conservado liga o Monte à cidade romana de Balsa, localizada a 11 km, revelando tratar-se de um lugar de culto desta cidade.
Os aspectos primaveris do culto local, com uma provével origem pré-romana, sobreviveram até à actualidade com um notável arcaísmo nas celebrações populares do 1º de Maio.
É, porém, muito provável que a sua função de farol marítimo se tenha tornado predominante e que a via tenha servido para alimentar um facho de sinalização nocturna que aí terá existido. É esta memória ou tradição de farol, ainda hoje mantida entre os pescadores, que pode melhor justificar a sua dedicação posterior a São Miguel.
De facto, pensa-se que esta dedicação poderá ter ocorrido após o Séc. VI, por provável influência bizantina, e que se pode associar a conversão de farois-santuários dedicados a Lucifer/Phosphoros, divinização do planeta Vénus, entidade condutora dos mortos e dos marinheiros, portadora de luz no meio das trevas, que é prontamente assimilada sincreticamente às funções psicopompas do arcanjo São Miguel, protector e condutor das almas recém-falecidas.
Mantém-se assim ao longo dos séculos a funcionalidade religiosa de monte, dedicado a uma divindade protectora dos marinheiros durante as tempestades.
O cume do Cerro de São Miguel, apesar das destruições provocadas pela central de telecomunicações e respectivas antenas, apresenta ainda indícios de edificações no seu ponto mais elevado, provavelmente sítio da ermida original. Parte delas parecem ser, no entanto, muito mais antigas, com um formato circular em torno desse ponto mais elevado. Só uma intervenção arqueológica poderá no entanto esclarecer o assunto.
A Ora Maritima
A fonte primordial de informação sobre a sacralidade do lugar é a Ora Marítima, de Avieno, poema datado do século IV d.C., mas baseada numa obra muito anterior que descreve uma viagem de circum-navegação da Península Ibérica. Essa obra é datável do século VI a.C. e é comummente aceite que se baseie em fontes fenícias mais antigas.
Apesar do carácter poético da Ora MAritima, que a torna confusa e por vezes inoperante como roteiro geográfico, a sua descrição da zona não deixa margem a dúvidas. Ela refere-se ao Cabo de Santa Maria como o Cabo do Zéfiro e à Serra de Monte Figo dedicada ao vento, destacando-se o seu cume mais elevado com o nome da divindade (arcis summitas Zephyris uocata). A localização moderna é hoje aceite pela maioria dos autores e a descrição corresponde a uma imagem típica da zona vista do mar alto, da ria de Huelva ou da ilha do Farol, quando o continente fica com uma carapaça de nuvens sobre os cumes e o topo do Cerro de São Miguel oculto pela neblina.
Eis o que escreve Avieno[ii], na parte do texto relativa à costa algarvia:
222 Diz-se que desde aqui [do Promontório Sagrado/Cabo de São Vicente] até ao rio Ana [Guadiana] há um percurso de um só dia;
223 aqui está também a fronteira do povo dos Cinetas.
223 O território tartésico é contíguo a estes, e o rio Tartesso [Baetis/Guadalquivir] banha a região[iii].
225 Mais adiante apresenta-se um cabo consagrado ao Zéfiro; por isso o monte mais alto do maciço se chama Zéfiris.
227 Os seus picos elevam-se acima dos cumes. Uma enorme massa sobe pelo céu acima e uma névoa que a envolve quase sempre oculta a sua crista que chega até às nuvens.
231 Todo o território a partir daí é uma terra muito rica em erva;
232 o céu é sempre nebulosos para quem aí vive, o ar denso, a atmosfera menos transparente e o orvalho abundante de noite.
234 Nem o vento consegue penetrar, como seria habitual nem sopro algum do vento consegue clarear o cimo do céu; uma bruma obscura abate-se sobre as terras e o solo permanece húmido numa grande extensão.
238 Se alguém cruza, de barco, o maciço de Zéfiris e se dirige para o Mediterrâneo, é empurrado sem parar pelas rajadas do vento Favónio
É de um ponto de vista Oriental que se percebem melhor as descrições dos geógrafos antigos relativos ao Jugum Cuneus De facto, a visão do Monte a partir de Punta Umbria e Mazagon, em ambas as extremidades da ria de Huelva, confundem-no com um promontório elevado sobre o mar, na extremidade de uma cadeia montanhosa sobre a linha do horizonte. A esta distância, toda a campina de Faro, a Sul do monte, permanece já abaixo da linha do horizonte e a Serra algarvia surge como um imenso cabo terminado no Monte Figo.
Em Aiamonte, o Monte Figo serve tradicionalmente de indicador do estado do mar aos pescadores. Quando está perfeitamente visível a saída para o mar é considerada segura. Quando se encontra parcial ou totalmente enublado, surgindo então como uma ilha no meio do mar, é sinal de perigo, não devendo os barcos largar a barra.[iv]

O monte mantém assim a memória funcional de um ponto de sinalização marítima – verdadeiro farol diurno – e, simultaneamente, de oráculo meteorológico para a navegação, reflectindo assim as características essenciais dos santuários-montanha fenícios originais.
Zéfiro
A associação do Monte Figo com uma dedicação fenícia original é uma hipótese conjectural baseada em três pontos :
A presença bem atestada de um assentamento fenício nas imediações, em Tavira (sécs. VIII a VI a.C.) e, talvez em Ossonoba.
O papel fundamental que o Monte desempanha no sistema tradicional de navegação entre o Mediterrâneo e o Atlântico (que será tema de um próximo post)
A descrição da Ora Maritima, que é compatível com uma interpretação grega do local do mito fenício da luta entre Baal (Saphon e Shamem) e Mat assim como a assimilação de Zéfiro (que representa o vento do Oeste, húmido e chuvoso no Algarve) a Saphon (que significa do Norte, em fenício, e que representa a Nortada húmida e chuvosa)[v]

Zéfiro e Flora. Detalhe de "O nascimento de Vénus", Botticelli (1485)

Zéfiro partilha com Baal / Hadad uma parte importante dos mitos de regeneração primaveril, em que o vento Oeste se associa fundamentalmente à sua influência benéfica e húmida de crescimento vegetativo no início da Primavera e no Outono após a estiagem[vi].
No mito de Baal o deus habita no Inferno (palácio de Mat) durante a estiagem seca e escaldante e ressuscita ciclicamente no Outono, com o regresso da humidade e com o auxilio da sua paredra Annat.

Zéfiro tem porém um carácter mais específico e parcial de divindade fertilizadora vegetal, animal e humana, ilustrada pelos três mitos de violação homo e heterossexual a ele associados (De Jacinto, Flora e Íris). O seu papel na fertilização pecuária manifesta-se numa célebre notícia sobre a existência duma raça de cavalos particularmente veloz na Lusitânia por as éguas serem fecundadas pela brisa do Favónio.
O Vento Zéfiro/Favónio está também ligado ao calendário sazonal agrícola romano, de oito estações formadas pela combinação dos eixos solstíciais e equinociais solares com os eixos das meias-estações ("cross-quarters") correspondentes ao calendário arcaico prevalente na Europa Ocidental, de grande simbolismo religioso.
A época em que o Vento começa a soprar (c. 6 de Maio) define o início do Verão agrícola, que se prolonga até ao Solstício de Junho (Plínio, História Natural, XVIII) e a data corresponde às calendas de Maio, cuja celebração se conhece no mundo celta gaélico-britónico com o nome de Beltane e hoje no Algarve como dia de Maio.
A sua função marítima como vento do Oeste é igualmente importante, sendo a Ora Maritima absolutamente explícita a esse respeito: quem (proveniente do Atlântico) chegar ao monte de Zéfiro, será empurrado daí em diante pelo seu vento até penetrar no Mediterrâneo. É de realçar também a função de sinal de navegação do cerro, característica comum de todos os acidentes costeiros realçados pelos fenícios e cuja funcionalidade se manteve até hoje, permanecendo o cerro o sinal mais conspícuo do Algarve para a navegação costeira[vii].
No entanto, apesar do seu carácter essencialmente benéfico outras fontes assinalam as terríveis borrascas do Oeste e a necessidade de aplacar o vento, realçando o seu carácter mais primitivo de divindade celeste telúrica[viii]. Existem também referências à sua função de divindade propiciadora da pesca.
Outro aspecto importante da sua natureza é a sua origem mítica subterrânea, fundamento das suas posteriores funções psicopompas, já referidas: os ventos são elementos primitivos ligados à terra e libertam-se para os céus e voltam a ela através de grutas e buracos especiais. Grande parte dos cultos eólicos – para além de cumes de montanhas inacessíveis a não iniciados – estabelecia-se em santuários com poços tapados[ix] para impedir a libertação da fúria incontrolável dos ventos. O conteúdo mais frequente dos cultos consistia, pelo que se conhece, em sacrifícios de animais no mar e junto dos citados poços. É curiosa a notícia de se sacrificarem ovelhas brancas para invocar bom vento e ovelhas negras para aplacar o mau vento, associando os animais ao carácter das nuvens
  • . Este carácter imediato e imaterial pode justificar a ausência de epigrafia do período romano associada ao culto de Zéfiro, baseando-se o nosso conhecimento sobretudo em notícias literárias de autores greco-romanos e numa abundante iconografia.
    O santuário na época romana
    Para além da referida calçada até ao cume e da ligação viária com Balsa, não se conhecem evidências específicas sobre o uso e as características do culto no Monte durante a época romana.
    Podem-se estabelecer diversas conjecturas, compatíveis quer com a dedicação anterior a Zéfiro, quer com a dedicação posterior a São Miguel:
    · Culto romano-helenístico do Vento nas suas facetas marítima e agro-primaveril, articulando uma tradição indígena anterior com a ideologia religosa dos colonos imigrantes balsenses. Esta hipótese é a que melhor se ajusta às tradições etnográficas sobreviventes , centradas no dia 1 de Maio.
    ·Rededicação a Júpiter, considerando os aspectos telúrico e montanhoso do culto anterior a Zéfiro. Esta hipótese, sem fundamentação evidencial, corresponderia a uma romanização clássica mais provável do santuário de montanha.
    ·Rededicação a Lucifer/Phosphoros, já referida, considerando a existência provável de um farol nocturno no cume, de apoio à navegação. Esta hipótese poderia explicar a supremacia dos temas luminosos no culto marítimo cristão posterior.

    São Miguel. Luca Giordano (1634-1705)

    É, porém, impossível de determinar eventuais relações entre o culto do Monte e o culto de dedicação marítima e curativa coevo baseado na Fonte Santa (Luz de Tavira) que deu muito posteriormente origem aos cultos marianos da Senhora da Luz e do Livramento e de Santa Luzia. A presença do tema da "luz" associada à salvação dos navegantes pode ter como uma das suas origens a memória da existência de um farol sagrado ou ser apenas devida a uma associação ancestral entre a protecção dos nascituros e a protecção dos navegantes, associada a uma outra divindade, feminina, curativa, luminosa, regente dos partos, da fertilidade pesqueira e da salvação dos mareantes.
    Conjectura etimológica
    A homofonia notável entre MONS ZEPHYRUS e Monte Figo permite colocar a seguinte hipótese de derivação etimológica entre ambos os topónimos:
    MONS ZEPHYRUM > *MONCĔFĪR
  • > *MONTE FĪR
  • > Monte Figo
    O topónimo actual terá sido formado já no domínio português, por analogia popular entre MONCĔ e MONTE e derivação de FĪRO para FIGO, potenciada por uma eventual associação do perfil montanhoso com a forma do fruto.
    A designação actual de Serra do Monte Figo, que se estende ao maciço calcário entre Loulé e este monte, corresponde curiosamente à designação Zephyridos arcem utilizada por Avieno para designar precisamente a mesma cadeia montanhosa .
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    Um texto mais completo e uma resenha bibliográfica podem ser vistos em http://www.arqueotavira.com/Sao-Bras/SBA-Texto.pdf
    NOTAS
    BLÁZQUÉZ, 1991a p.67; AVIENO, 1994 (Mangas e Plácido) p. 83; ALVAR, 1996 p.258 (como hipótese)
    [ii] Tradução a partir da versão bilingue latino-castelhana da Testimonia Hispaniae Antiqua, Vol 1, Madrid 1991. A numeração dos versos é a da versão latina
    [iii] O poema descreve os troços da costa, no sentido directo (inverso dos ponteiros do relógio) da costa Ibérica, definindo primeiro os limites inicial e final de cada troço e depois voltando atrás, procedendo então a uma enumeração mais detalhada dos acidentes costeiros entre os referidos limites.
    [iv] Informação confirmada localmente
    [v] A posição do cerro de São Miguel, a Norte de quem navega, assim como a sua proximidade da costa, poderia permitir uma fácil assimilação ao monte Saphon original (que significa do Norte, como já referimos), que corresponde ao actual monte Keldag na Turquia, antigo KASIOS em grego e CASIUS em latim, situado a 30 km a Norte de Ugarit e a 4 km da costa. Este monte corresponde ao sítio mais chuvoso da costa levantina, com 143 litros de média anual, possuindo um clima nebuloso e húmido, compatível com a descrição de Avieno, devido à sua altitude de 1780 metros, mais de quatro vezes a do cerro de São Miguel (com os seus modestos mas impressionantes 410 metros)
    [vi]Funcionalidade religiosa particularmente bem adaptada às incertezas e ao carácter extremado dos anos agrícolas do Algarve, em que a irregularidade da chuva e do vento marca decisivamente o mundo rural, facto registado lapidarmente pelo provérbio "O Outono, ou seca as fontes, ou leva as pontes".
    [vii]LOPES, 1841 pp.29-30 assinala a sua particular relevância na navegação paralela à costa, referindo o rumo desde o Atlântico, em que o Cerro de São Miguel se constitui como ponto de orientação após dez milhas a Leste da ponta de Sagres (aproximadamente desde o meridiano da praia de Nª Senhora da Luz, o que poderia estar na origem primitiva deste topónimo).
    [viii]Este vento é designado pelos pescadores algarvios como "mar de fundo" e associa-se a tempestades que trazem para a costa do Algarve vagas que ultrapassam a dezena de metros de altura.
    [ix]Designados em grego por bothroi.
C'est dans l'air.

bem.... mais resumido nem podia  estar :o