Mão Gélida

Esta passagem que vos vou contar, aconteceu realmente comigo, quando eu tinha uns 5 anos de idade. Já há uns anitos. Nessa altura, os meus pais tinham ido visitar o meu avô paterno, tendo passado o fim-de-semana em casa dele, mais concretamente numa dependência no pateo, com uma cama de casal e uma cama mais pequena, que nós usávamos nessas ocasiões.
Era uma casa de aldeia. Essa dependência (quarto exterior), tinha uma porta e uma janela viradas para o poente, para o pateo. A porta ficava do lado esquerdo e ao abrir víamos logo a cama dos meus pais, com a parte da cabeceira encostada à parede norte e o seu lado direito encostado à parede nascente. A sul, ou seja, aos pés da cama dos meus pais, ficava a minha cama. Esta estava com a sua parte da cabeceira junto à parede nascente, e a sua parte direita encostada à parede sul. Havia um espaço entre a minha cama e a dos meus pais. Deitado na minha cama, eu olhava directamente para a janela, a qual se encontrava nesse enfiamento. Estava luar. Não muita claridade, mas a suficiente para se ver perfeitamente o interior do quarto.
A certa altura do meu sono, acordei com vontade de fazer "xixi". Os meus pais tinham, para esse efeito, um pequeno bacio debaixo da cama deles, já que não cabia debaixo da minha pequena cama. Levantei-me, olhei para os meus pais, que dormiam profundamente, tirei o bacio debaixo da cama deles, e com algum pudor, virei-me de costas para eles e de joelhos, com as pernas debaixo da sua cama, de frente para a porta, comecei a fazer "xixi". Estava nisto, quando sinto uma mão segurar-me o tornozelo, em toda a sua extensão. Uma mão fria. Pensei tratar-se do meu pai, que ficava na parte exterior da cama, mas ao olhar embaraçado para ele, vi que ressonava, virado para a parede. Raciocinei rapidamente que tal mão não podia ser a dele, pois como estava não me podia tocar, e mesmo se pudesse não conseguia colocá-la tão fundo debaixo da cama para o fazer. Fiquei intrigado e foi uma daquelas coisas que nunca mais me esqueci. Há coisas tão insólitas na nossa vida que as guardamos eternamente. Esta foi uma delas.
Nunca mais liguei a isto, nem na altura, dada a tenra idade, associei a qualquer fenómeno de fantasmas, ou algo paranormal. Nem nisso pensava.
Curiosamente, há 3 anos, numa conversa banal com a minha mãe, resolvi contra-lhe, pela 1ª vez, este facto e ela, muito estática, olhou para mim com um ar espantado e disse-me: "Isso também te aconteceu a ti?".
Fiquei a saber que, nesse quarto, também isso aconteceu várias vezes à minha mãe. Já não ao meu pai. Uma mão gélida que a agarrava no pulso ou numa perna.
Por causa disso, desde que tal me aconteceu, algo mudou em mim. Por exemplo, nunca mais consegui dormir com uma perna ou braço para fora duma cama.

chegaste a saber se na casa do teu avô teria morrido alguém antes desses fenomenos?

A minha avó tinha falecido antes de eu nascer, e viveu naquela casa, mas não naquela dependência. E só me aconteceu naquele dia e nunca mais. À minha mãe aconteceu várias vezes e só ali, naquele quarto. Mas, é como disse, nunca falei nisso e nunca relacionei com nada de paranormal. Só fiquei com medo de pôr mãos e pés de fora da cama.

com certeza alguém morreu lá, não necessariamente naquele quarto, mas pode ter sido alguém proximo de voçes, como a tua avó.

e o que achas que essa mão gélida significava...era uma agressão,ou mais como um carinho?

Foi um toque firme, mas sem magoar. Percebia-se perfeitamente o contacto dos dedos. Depois deixou de apertar quando olhei para trás. Nada vi.

Foi um toque firme, mas sem magoar. Percebia-se perfeitamente o contacto dos dedos. Depois deixou de apertar quando olhei para trás. Nada vi.

fiquei intrigada pelo facto de que ao teu pai não ter acontecido também...seria normal que se fosse a tua avó,quisesse tocar no filho também...

Achas que a tua avó não se dava bem com a tua mãe? Em todo o caso pode lá estar outro espírito, conheces algum caso de um familiar que não se desse bem com tua mãe e que tenha morrido?

Se calhar já agarrou-se ao teu pai, só que ele não se confessou...

e bem possivel que o teu pai não tenha confessado.. as pessoas mais cepticas, quando lhes acontece esse tipo de coisas, têm dificuldade em confessar..

Olá Arph, eu também tenho dificuldades em dormir com um braço ou perna fora da cama pois desde os meus tempos de criança até á adolescência ouvia uma respiração ao meu lado durante a noite (lado de fora da cama). Imagino assim, o que sentiste naquela noite.

Bem até fiquei arrepiadito ao ler estas tuas linhas. 1º, os detalhes tempo/espaço que contas são bastante profundos para ser inventado. 2º Não sei que idade tens agora mas certamente esse acontecimento foi bastante marcante para ainda conseguires te lembrar de todos os pormenores. 3º, os arrepios que senti foi tambem porque me fizeste lembrar do que aconteceu comigo tinha eu mais ou menos a mesma idade

Que mania ao cepticismo...Nunca ninguém viu o outro lado, não há certezas de nada... 

eu antes era muito ceptica.. até que ouvi o meu falecido avô a falar-me ao ouvido 

eu antes era muito ceptica.. até que ouvi o meu falecido avô a falar-me ao ouvido 

A minha mãe depois do meu avô morrer também o ouvia a murmurar-lhe ao ouvido baixinho quase como se sussurrasse...passado uns tempinhos passou...nunca percebeu o que dizia

Se calhar como ela ultrapassou tudo, já não ficou lá mais a consola-a... 

sim, eu apenas o ouvi enquanto não me mentalizei da morte dele.. acho que o que me dizia era "descansa". e quando descansei, deixei de o ouvir..

Ex3m, gostava de ler o que se passou contigo. Conta lá esse episódio da tua meninice.
Tenho mais algumas coisas insólitas que se passaram comigo e pode ser que aqui as conte.

sim, eu apenas o ouvi enquanto não me mentalizei da morte dele.. acho que o que me dizia era "descansa". e quando descansei, deixei de o ouvir..

acredito que sim