Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.508
Total de mensagens
369.625
Total de tópicos
26.967
  • Fábrica de sonhos
    Iniciado por Templa
    Lido 1.500 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
Nunca Tata, a primeira mulher do Planeta Terra, vendo Tulu e Zulu, os dois únicos homens que conhecia, a lutarem entre si para ganharem os favores dela para o acasalamento, julgou que estaria a contribuir para a instituição oficial do jogo.

O Jogo é assim. Uma fábrica de sonhos, com um prémio no fim para os vencedores, raramente mais do que um, quando se trata de jogos iguais ao disputado por Tulu e Zulu pelo amor de Tata. Nos outros também.

Foi por ser algo tão natural  que o jogo ganhou tantos adeptos. Sobretudo na raça humana. Cada um de nós tem o seu quê de jogador e, dispute-se um jogo,  de qualquer coisa, ainda que a feijões ou grão-de-bico, ninguém gosta de perder.

A mira do jogador é sempre o prémio maior. O primeiro, o mais difícil. Sobretudo se se tratar de jogos de fortuna e azar, quando, do lado de lá do apostador, estão milhares de criaturas a jogar contra um "eu" qualquer que, se não se julga especial, um eleito de Deus, sobretudo naquele dia, espera ser visto pela sorte, ele e só ele.

O jogo é assim. E um jogo como o Euromilhões  não passa de uma fábrica de sonhos. Sonhos de curta duração, com  um estranho começo. É logo no dia em que descobrimos que a tal vez em que deveríamos ser especiais para a sorte nos contemplar não passou de mais uma ilusão semanal. Mas, mesmo assim, é na desilusão, tantas vezes repetida, que nasce e renasce  o sonho,  quando, com fé irracional,  ou seja lá o que for, repetimos e repetimos para nós mesmos: " talvez para a semana..."

A seguir,  tudo é igual, mais uma e outra semana...

E eu faço o mesmo que a maioria: insisto!...

Ás vezes até filosofo com o assunto, perguntando-me o que é a sorte, enquanto respondo que talvez seja uma mera coincidência, ou, se não quiser ser tão linear, uma sucessão de coincidências que talvez vão para além do acaso...

Talvez cada um de nós tenha trazido, desde que nasceu, um livro de coincidências,  onde estejam todas as coisas importantes a nosso respeito, reveladas quiçá em hieróglifos ou hebraico! talvez em  aramaico, uma língua sobre a qual ultimamente tenho dito algumas coisas. Sobretudo disparates!

Depois, talvez seja só procurar as coincidências, com fé, até cada um de nós encontrar a sua série e a sua chave da felicidade.

E eu, pequena jogadora, num universo de pessoas com o mesmo desejo de ganhar, busco sistematicamente a minha série de coincidências... Sei lá!, talvez o dia do meu aniversário  faça parte dela, com outros números que não sei como agrupar,  dentro de 75 000 000 de probabilidades...

Nós,  por cá, fomos induzidos oficialmente para o jogo através de uma rainha. Foi Dona Leonor, não a Teles mas outra, mulher de D. João II. Dizem que era piedosa e amiga dos pobres, por ter instituído as misericórdias e a Lotaria Nacional, mas eu não acredito!... Não pode ser piedosa quem dá arsénico ao rei seu marido, D. João II, o Príncipe Perfeito que, lá com a amante de quem a rainha morria de ciúmes, deu um cabo um bocado dessa perfeição. Mas, enfim, na melhor nódoa se enrola o pano e a Dona Ana devia ser uma nódoa e tanto para D. João!...

As consequências disto tudo, da imperfeição e do arsénico, foi a morte do rei em Sines, chorada pelo povo, enquanto a rainha se jurava vingada da traição.

Não sei se é isto textual, o que dizem os documentos sobre a morte de D. João II em Sines, algures lá para a Torre do Tombo. Sobre o desenlace li no romance, A Esmeralda Partida, de Fernando Campos e, sobre o veneno, soube numa aula de História da Professora Dalila, que era doida por História e pelos pormenores sórdidos da História...Dizia que se aprendia melhor com eles.Acho que tinha razão. Deve ter,  porque ainda era nova e não deve ter  morrido e virado um fantasma contador de histórias,

Mas, quanto às misericórdias e à instituição da lotaria,  a Dona Leonor foi maquiavélica. De um dia para o outro, tornou-se numa benemérita que, não tendo dinheiro para fazer o bem ao próximo, teve a infeliz ideia de o sacar desta maneira. Psicóloga e astuta, como revela o arsénico, bastou-lhe pensar no jogo como a mais eficaz fábrica de sonhos para entornar o caldo daí para o futuro.

Contudo,  verdade verdadeira, a verdadeira culpa não deixa de ser da Tata, do Tulu e do Zulu...

E acabámos por não saber qual dois foi contemplado com Tata. Mas, também, para o caso, não importa.


Templa




Templa - Membro nº 708