Indignação sobre a censura...

Meus amores

é o que temos no momento presente, infelizmente.

Hoje na universidade sénior onde dou aulas, e onde o tema da censura foi debatido não sobre o meu caso porque não tinham conhecimento dele, fiquei espantada com a mentalidade ali existente...

Ou seja:

Nós somos mais velhos, temos experiência, temos cultura, já vivemos várias fases e temos o direito de dizer o que nos vem à cabeça, pois foi para isso que houve o 25 de Abril, temos direito à liberdade e fazer uso dela.

Agora esses escritores modernos deviam ser todos "mortos", não dão uma para a caixa, não sabem escrever, só escrevem baboseiras que não interessam a ninguém. (fim de citação).

Como seria de esperar, aguentei até saltar a tampinha, levantei-me e saí da sala sem um único piu.
Vieram atrás de mim cheios de perguntas, se me estava a sentir mal, se havia algum problema, bla bla bla.

Voltei atrás e comecei a falar, a dizer quem era, o que se passara e se sendo eu uma escritora moderna, "nova" em relação a eles, não poderia estar ali, pois devia estar morta ou a ser assassinada, porque a ver deles eu não daria uma para a caixa, não sei escrever, e só digo baboseiras, por isso não necessitavam de mim, já sabiam tudo e eu não teria nada de nada para os ensinar.

Fez-se um silêncio total.

Até que alguém me perguntou se eu sabia o que era viver antes do 25 Abril, com ar de gozo, armado em espertinho

ora se eu nasci em 1966 é obvio que mesmo sendo criança nessa altura passei por esse momento da história e ainda por cima morava quase colada ao quartel dos comandos na Amadora.

falei então do meu caso, não dei aula que devia, mas depois de hora e meia, tinha os meus alunos, os alunos de outras duas professoras a cumprimentarem-me,  pedirem desculpa pelas palavras anteriores e que não faziam ideia que tal tratamento a que eu fora sujeita ainda existia nos dias de hoje.
Agradeci, como pessoa boa educada que sou e perguntei se não viam os noticiàrios diáriamente, o que sofrem jornalistas e investigadores, poetas e escritores e tanta outra gente aqui dentro deste cantinho semeado à beira mar.

Cheguei à conclusão do seguinte:
Tem gente que quando não se conseguem igualar ou mesmo ultrapassar  os outros, não se juntam a eles, apenas destroem por todos os meios o trabalho que os outros fazem e que eles nunca tiveram coragem de fazer.

Enfim, ontem fiquei arreliada, indignada e revoltada, mas hoje dá-me vontade de rir, de olhá-los de cima a baixo e abanar a cabeça sem lhes dizer uma única palavra, virando-lhes as costas e seguir o meu caminho ignorando-os por completo.

Nunca me calarei! Se bem que poderei até usar o silêncio como arma e grito perante as investidas que tentem fazer novamente daqui para a frente.


Margarida

Compreendo perfeitamente que te sintas injustiçada por tudo o que aconteceu. Não posso dizer que faço ideia do que isso seja, nunca senti isso na pele. Se bem que não me admira nada que ainda exista censura, apesar de muita gente continuar virar a cara e a dizer que não, o facto é que ela existe e está mais presente do que se pensa.
Posso dizer que comecei a notar isso quando se deu um caso de, não só censura, como também intimidação, perto de mim.
Muita gente se calhar não se lembra, mas há cerca de uns 2 anos (mais ou menos, não tenho a certeza), José Sócrates deslocou-se à Covilhã, mais propriamente para visitar a Escola Secundária Frei Heitor Pinto (sua antiga escola, e minha antiga escola também ). Ora o que me indignou e me abriu os olhos para a existência de censura foi o que se passou no dia anterior a esta visita. A pedido de alguém do governo, a polícia judiciária deslocou-se a sede da associação de professores da zona centro para os avisar de que não seria toleradas manifestações em frente à escola quando lá estivesse o primeiro ministro. Bem as manifestações foram feitas à mesma, desconheço se houve consequências para os participantes, mas isto abriu-me os olhos. E exemplos como estes há muitos.
Entristece-me que se deixem passar impunes casos como estes, e que o povo continue a cometer os mesmo erros e a andar sempre no mesmo caminho qual ovelhas num rebanho (por alguma razão o primeiro ministro é o mesmo)

Olá meu lindo

uma das coisas que me preocupa, é o facto de ser tudo camuflado, quando se instala a bronca as noticias os jornais e telejornais rebentam como foguetes em dia de romaria.

Mas depois do mesmo modo que começam sem que nem porque acabam quase abruptamente, assim como os tribunais alastram os processo, alastram de tal modo que se chega ao ponto de finais de prazos para resolução sem que houvesse qualquer solução, condenação ou suspensão de funções dos arguidos.

Mais saem vitoriosos, e ainda vingam noutras funções capazes de lhes garantir fortunas enquanto o povo se esfalfa a trabalhar para sustentar esses mesmos parasitas.

No fundo acabámos com a monarquia, mas olha que esta republica e esta democracia deixam muito a desejar, claro que depois tudo se reflecte em todas as áreas inclusive nas letras e por muito que se clame pela liberdade de expressão, as vozes incómodas tem de ser caladas, de qualquer forma.

Não digo que seja já, mas ainda acredito em tempos mais luminosos.

Margarida

Não digo que seja já, mas ainda acredito em tempos mais luminosos.

Claro que sim, há sempre a esperança, é a única coisa que não nos podem tirar.
Enquanto houver esperança há de haver sempre quem tenha vontade e força para mudar o que está errado

Por isso esperneio tanto e não gostam de mim.... eheheheheheheh

O que vem a ser isto? Censura em pleno ano de 2010?

Que raio de gente vem a ser esta? Que gentinha de me*da é esta, que se acha mais que os outros?

Que raio de gente é esta? Será isto que queremos dos nossos irmãos escritores? Estupidez e censura?

É por estas e por outras que se diz que o mundo dos escritores é uma máfia! Pois bem, meus caros! Não, não somos mafiosos! Há é algumas pessoínhas que não merecem sequer o chão que pisam que fazem destas coisas!

Margarida, como escritor falhado, mas escritor, que sou, apoio-te incondicionalmente! Ponho a internet a publicar esta história! É inadmissível, ~treta~!

oi margarida:), podes contar com todo meu apoio:), em pleno 2010, seclo 21, ainda existe tanta tristeza, nao falo em sofrimento fisico, mas psicologico, das pessoas censuradas, que desejam se exprimir e nao podem, porque certos caramelos com cara de.....etc, é melhor n dizer, nao aceitam, ou nao gostam, abraço, e força, tamos contigo:)

Meus amores

Infelizmente ontem fiquei sem net e tive de chamar um técnico por isso só agora posso responder.

Danoninho, não esqueço o que fizeste ontem, fiquei comovida com o teu carinho.

Luis, obrigado meu lindo a vossa opinião e todos os votos de confiança que me têm transmitido tem sido muito importante para mim.

Confesso que hoje estou nervosa, é hoje a inauguração da Tertúlia da  minha associação e receio que apareçam por lá esses senhores/as para provocar alguma coisa.

Depois conto como foi...

Jinhos para todos

fazes muito bem em não te calares,Guidinha!!!!sim senhora,granda mulher de armas!!!

nao tem que agradecer:) estamos ao seu dispor:)

Espero que tenha corrido tudo bem hoje

Quando a razão está do nosso lado, não há motivo para sermos calados! Além disso, o tempo da censura já lá vai, não podemos permitir que nos retirem a liberdade..

Força Margarida, estamos contigo!

Bjs

Tia Margarida, estou a espera para saber cmo correu

Meus queridos,

Só cheguei agora, enfim, correu com pouca gente, mas sem sobressaltos.

E o mais importante, quem esteve presente apoiou-me a 100%

Margarida

O papel do professor é conduzir aos alunos ao saber, colocar a dúvida, fazê-los pensar e reflectir sobre as coisas, fazer com que tenham uma aprendizagem correcta e trabalhada.

De facto o que se passou é algo que por vezes não se pode controlar, mas ainda bem que tudo já voltou a normalizar.

Moon

Minha linda não sei se normalizou, mas pelo menos hoje sobrevivi.

No entanto, há algo que não podemos esquecer, a censura anda por aí, este meu caso não é único!

Sempre que encontrar casos dessa natureza, divulgarei aqui...

Jinhos

Margarida