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  • Roswell: Queda de Ovni?
    Iniciado por brunojge
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Lembro-me de estar na frente da TV com os meus pais e ver as imagens de um documentário que falava sobre alguns corpos de extraterrestres que foram recuperados da queda de um disco voador. Não me lembro quantos anos tinha, 12 ou 13 anos, era 1995, mas as imagens de extraterrestres deitados em marquesas e autopsiados por médicos vestidos com trajes espaciais ficaram na minha memória. Isso impressionou-me e fez-me pensar.



Na época, não fixei o nome, Roswell, mas acabei interessando-me, pois foi transmitido com a estreia dos Ficheiros Secretos.

Depois de alguns anos, o assunto voltou à tona com novas teorias sobre o acidente, e os relatórios e imagens divulgados pelo Pentágono vieram ajudar a mexer com esse assunto. Antes de prosseguir, sou um daqueles que não acredita que o acidente de Roswell foi com ÓVNIS. Acredito na teoria com os aviões de teste envolvidos em uma colisão com um balão meteorológico, o que resultou na liberação de informação do balão e na ação rápida da RAAF para esconder o avião. Porquê? Porque se investigarmos as ocorrências de 7 e 8 de julho de 1947 até os dias atuais, descobriremos que há mais informações especulativas e fatos não comprovados do que informações de qualidade para avançar na crença de um acidente de ÓVNI. Devemos lembrar que os EUA estavam em Guerra Fria com a URSS e por isso havia uma corrida tecnológica e bélica devido aos rumores de uma 3ª Guerra Mundial.

Vamos começar pelo princípio, em 7 de junho, quando o ÓVNI caiu. Podemos ler em relatórios oficiais que os destroços foram encontrados, mas em nenhum momento lemos que um estrondo foi ouvido, nem foi visto nada no céu que indicasse a queda de um objeto voador não identificado. A pessoa que encontrou os destroços trabalhava no rancho onde foi encontrado, portanto, se fosse uma nave espacial, deveria testemunhar som ou luzes que a levassem ao local. Isso não aconteceu, porque se tratou de um acaso. Depois temos o caso da primeira comunicação da RAAF, na qual afirmavam tratar-se de um ÓVNI. Pois bem, quando foi feita essa comunicação, os militares ainda não tinham chegado ao local para averiguar os destroços, pelo que foi uma notícia sensacionalista a promover o incidente e a venda de jornais no local. Se houvesse um comunicado que envolvesse a palavra ÓVNI, poderia ser uma referência à forma como o incidente foi divulgado à RAAF. Só depois que os militares chegaram ao local e analisaram os destroços é que foi informado oficialmente que se tratava de um balão meteorológico.

No meio, há histórias de conversas off the record que alguns dos militares envolvidos alegaram ser Óvnis, mas como não há confirmação de tais conversas, não podemos afirmar que elas ocorreram, nem considerá-las.

O único registo conhecido é de um polícia que esteve envolvido no processo, o ex-tenente-coronel Marcel, que falou num documentário sobre o assunto, intitulado UFOs Are Real?. Não assisti ao documentário, mas pelo que li em alguns textos online, há uma seleção de frases do ex-militar para enfatizar a crença, como as seguintes:

Citação"Eles queriam alguns comentários meus, mas não tinha liberdade para o fazer. Então, tudo que podia fazer era manter a minha boca fechada. O general Ramey foi quem falou - disse aos jornais, quero dizer, ao jornalista, o que era e esqueça. Não passa de um balão de observação meteorológica. Claro, nós sabíamos diferente."

Descontextualizada, esta frase pode dar força à conspiração do governo sobre o incidente. Mas se retirarmos os extraterrestres da linha de raciocínio, não há nada que indique que se referia a um acidente de ÓVNI. Observamos que ele esclarece que não estava autorizado a falar e que havia um superior para tratar do assunto da comunicação. A comunicação foi feita a um jornalista, pelo que a história que se seguiria partiria de como ele teria interpretado a comunicação (pelo que sabemos interpretou como deveria ter sido, a queda de um balão e que se tratava de ser esquecido). A questão dos dois saberem as coisas de maneira diferente remonta a uma ocultação de informações classificadas, não propriamente a uma nave extraterrestre.

No entanto, deixaram de fora declarações como esta, da fotografia em que o ex-militar Marcel segurava materiais dos destroços:

Citação", esse material parece folha de alumínio e madeira de balsa, mas a semelhança acaba aí.... Eles tiraram uma foto minha no chão a segurar alguns dos detritos metálicos menos interessantes.... As coisas naquela foto eram pedaços das coisas reais que encontramos. Não foi uma foto encenada."

Essa história ficou esquecida até a década de 1980, quando voltou a borbulhar com livros, documentários e notícias. Desde então, a maioria dos casos que surgem são teorias da conspiração que não fazem o menor sentido e não se conectam com os fatos ou são desmascaradas. Foi a partir dessa época que as pessoas começaram a falar sobre os corpos encontrados nos destroços. Até então, nunca houve menção a qualquer tipo de corpo encontrado no local do acidente. Mas, porque foi que as pessoas começaram a falar sobre corpos extraterrestres encontrados nos destroços?

Nas décadas de 1960 e 1970 houve alguns eventos que podem ter influenciado. Um desses casos é o de Barney Hill e seu problema recorrente de pesadelos. Ele procurou a ajuda de um psiquiatra para entender por que tinha pesadelos e uma cura. Um ano depois de iniciar o tratamento, assistiu a um programa da ABC em que mostravam extraterrestres com olhos grandes. Na sessão seguinte, 12 dias depois, ele teve uma sessão de hipnose na qual relata encontros com extraterrestres com olhos grandes, escuros e de cor cinza. O caso foi estudado e percebeu-se que com o tratamento ele sofreu uma síndrome de falsa memória. Esse tipo de síndrome leva o cérebro a associar algo visto ou lido como memórias para esconder um tipo de trauma. Algo muito recorrente em militares que passaram por experiências traumáticas e que se acredita serem sofridas por muitas das testemunhas de avistamentos de Óvnis.

Este caso inspirou um filme transmitido pela ABC, com James Earl Jones, apresentando extraterrestres pequenos, cinzentos e de olhos grandes em 20 de fevereiro de 1975. Mais tarde, em 1977, estreou o filme Contactos Imediatos do 3º Grau, de Spielberg.

Todos esses eventos influenciaram a maneira como as pessoas abordavam a questão dos discos voadores naquela época. Portanto, não seria surpreendente se uma pessoa com mais convicção em crenças olhasse para o incidente de Roswell e começasse a dissertar sobre o assunto novamente, usando testemunhas que nunca estiveram envolvidas e apenas ouviram falar. Isso fez com que muitas notícias falsas fossem espalhadas sobre o incidente.

Esse foi um dos casos que aconteceu com o programa Unsolved Mysteries. Um agente funerário, Glenn Dennis, contactou o programa para dizer que na época ele foi contactado pela Base Aérea de Roswell e foi questionado sobre a preservação de cadáveres em caixões hermeticamente fechados. Além disso, ele alegou ter conhecido uma enfermeira que estava envolvida nas autópsias dos corpos dos extraterrestres. O problema da história de Dennis é que ela não bate com as outras histórias sobre o incidente e ele nunca revelou o nome da enfermeira, nem permitiu uma forma de contacto anónimo para que ela corroborasse sua versão dos fatos.

Com esse circo da imprensa vieram livros e mais livros. O Incidente de Roswell de Charles Berlitz e William Moore, já renomados por livros escritos sobre o Triângulo das Bermudas e a Experiência Filadélfia, onde através de uma série de pesquisas descrevem os eventos ocorridos em 1947. Em livro afirmam que as fotos de militares que coletam entulho da casa de uma das testemunhas são falsas e que os materiais foram substituídos. Mas, como lemos acima, Marcel afirma que as fotos são verdadeiras e que foi isso que foi recolhido no local.

Para encerrar o assunto, a RAAF emitiu dois comunicados sobre o assunto. A primeira, em 1994, na qual explicava que o balão meteorológico fazia parte do projeto Mogul, cujo objetivo era captar as ondas sonoras dos testes nucleares soviéticos. A segunda, em 1997, na qual explica que foram feitos testes em vários projetos com manequins antropomórficos e que alguns militares sofreram acidentes e traumas, criando falsas memórias de alguns testes.

Este segundo relatório foi emitido após aquele documentário que vi quando criança em 1995 por Ray Santilli, um cinegrafista de Londres. Mais tarde, percebeu-se que o que era transmitido pela televisão era uma reconstrução de imagens. Apesar disso, ele afirmou que foram feitos a partir de imagens originais, só que foram destruídas. O relatório também serviu para desmascarar o livro do ex-tenente-coronel Corso, que publicou um livro autobiográfico sobre suas memórias de Roswell. O problema era que sua versão dos fatos soava mais como a história de O Exterminador Implacável 2, que estreou anos antes do livro.

Nada disso serviu para resolver a verdade sobre o incidente. Teorias e conspirações continuaram a ser faladas e novas surgiram. Em 2011, Annie Jacobsen escreveu um livro, Area 51: An Uncensored History of America's Top Secret Military Base, no qual alega que o governo soviético contratou Joseph Mengele, o anjo da morte nazi, para produzir pilotos infantis de aparência grotesca para ocupar naves pilotadas remotamente e colidirem com os EUA, causando nova histeria como a da Guerra dos Mundos, de 1938. No entanto, algumas das fontes no livro não foram verificadas e houve discrepâncias cronológicas. Entre 2017 e 2020, o The Guardian publicou a notícia de que alguns slides coda chrome mostravam um extraterrestre morto. No entanto, descobriu-se que eram imagens de uma criança nativa americana mumificada encontrada em 1896 e em exibição no Museu Arqueológico de Mesa Verde, Colorado.

Tampouco as reivindicações dos presidentes americanos ajudaram a colocar pano frio na questão, como no caso de Ronald Reagan com seu discurso na ONU em 1987. Obama e Donald Trump foram outros dos presidentes que fizeram comentários que deixaram a pulga atrás da orelha.

O que é certo é que grande parte das informações que correm na internet sobre o incidente de Roswell são geradas por outras fontes que não têm credibilidade alguma e que buscam apenas chamar a atenção para algo onde não existe. Há pouca informação de qualidade e é a única que pode dar uma ideia do que pode ter acontecido nos dias 7 e 8 de junho de 1947.

Isso não quer dizer que os militares estão corretos e os que acreditam em ÓVNIS estão errados. Só quero dizer que nada que aponta para um incidente com um disco voador em Roswell. Mesmo testemunhas, que lidaram de perto com o evento, não afirmam que foi um disco voador acidentado. O que eles afirmam é que era algo que não conseguiam identificar.

Além disso, as testemunhas acreditavam mais em uma ameaça soviética do que extraterrestre.

A grande questão sobre o incidente, e tudo envolvendo extraterrestres e ÓVNIS, é que muitas pessoas precisam que tudo seja verdade. Pode ser verdade, mas não vale tudo para fazer as pessoas acreditarem que existe. A ciência dá os primeiros passos na descoberta de vida extraterrestre celular em materiais espaciais e em Marte, e pode ser apenas uma questão de tempo até que formas de vida quase humanas sejam encontradas. Por enquanto, Roswell não passava de uma interpretação equivocada de fatos e testemunhas que levaram à criação de teorias sobre extraterrestres e discos voadores.
Enquanto te podes mexer, treina o corpo. Quando não te podes mexer, treina a mente.

O caso mencionado apenas adquiriu tamanha projecção por ter ocorrido nos EUA. E como sabemos, o espaço mediático internacional no Ocidente e América Latina é dominado pela cultura anglo-saxónica, em particular pelo que sai dos EUA.

Se quiserem ver casos a sério, bem documentados, com testemunhas credíveis, por vezes às centenas ou aos milhares, vejam os casos brasileiros: Varginha, noite oficial dos OVNIs e Operação Prato. Nestes casos, importa dizer que as ditas "provas", vídeos ou até corpos de seres foram levados para os EUA.
C'est dans l'air.

Isso não é aquilo do Et Bilu?
Enquanto te podes mexer, treina o corpo. Quando não te podes mexer, treina a mente.

"NIEMAND BLEIBT HIER"

Verdade, atualmente vivo no Brasil e os casos daqui são muito bem testemunhados. O problema é a mídia que sempre ridiculariza os casos com o propósito de esconder a verdade do povo. E o Brasil já sendo propicio a "zoeira", acaba por criar essas palhaçadas de ets bilus e sei lá o que mais. Um caso também muito bem documentado, por Carlos Alberto Machado, é o "Dossiê Chupacabras".   O documentário é filmado em 1997 e está completo no Youtube. Uma das coisas mais bizarras nesse fenómeno é que ocorreram apenas em países latinos, tanto Europeus como Americanos.

Citação de: Bigsmokejr em 13 março, 2023, 21:26
Verdade, atualmente vivo no Brasil e os casos daqui são muito bem testemunhados. O problema é a mídia que sempre ridiculariza os casos com o propósito de esconder a verdade do povo. E o Brasil já sendo propicio a "zoeira", acaba por criar essas palhaçadas de ets bilus e sei lá o que mais. Um caso também muito bem documentado, por Carlos Alberto Machado, é o "Dossiê Chupacabras".   O documentário é filmado em 1997 e está completo no Youtube. Uma das coisas mais bizarras nesse fenómeno é que ocorreram apenas em países latinos, tanto Europeus como Americanos.

E há também o fascinante incidente de Varginha...

http://www.youtube.com/watch?v=rdq4fki8vFI

"NIEMAND BLEIBT HIER"

Estou a acompanhar esse caso pelo podcast Hangar18, muito bom e bastante completo! Recomendo.

Vou seguir a sua irrecusável sugestão.
"NIEMAND BLEIBT HIER"