ONU: barco de migrantes vira ao largo da Líbia, 57 mortos presumidos

Cairo

Um barco que transportava migrantes africanos virou na segunda-feira ao largo da costa da Líbia, deixando, pelo menos, 57 pessoas presumivelmente mortas, disse um funcionário das Nações Unidas. Foi o último desastre no Mar Mediterrâneo envolvendo migrantes em busca de uma vida melhor na Europa.

O navio deixou a cidade costeira ocidental de Khums no domingo, disse Safa Msehli, porta-voz da Organização Internacional para as Migrações.

Msehli disse haver pelo menos 75 migrantes a bordo, incluindo mulheres e crianças. Entre os 57 presumíveis afogados encontravam-se 20 mulheres e duas crianças.

Dezoito dos migrantes foram resgatados e devolvidos à costa por pescadores e pela guarda costeira da Líbia.

Os sobreviventes, vindos da Nigéria, Gana e Gâmbia, relataram que o navio parara devido a um problema no motor, tendo depois virado devido ao mau tempo, disse Msehli.

O naufrágio de segunda-feira foi o segundo desastre marítimo em menos de uma semana ao largo da costa líbia, envolvendo migrantes em rumo à Europa.

Há um pico nas travessias e tentativas de travessia a partir da Líbia nos últimos meses. A Amnistia Internacional afirmou que, nos primeiros seis meses deste ano, mais de 7.000 pessoas foram intercetadas no mar foram forçadas a regressar aos campos de detenção na Líbia.

Um relatório da agência de migração, no início deste mês, refere que o número de migrantes e refugiados que morreram enquanto tentavam chegar à Europa em travessias marítimas perigosas mais do que duplicou até agora este ano, em comparação com os primeiros seis meses de 2020.

O relatório refere que pelo menos 1.146 pessoas pereceram entre janeiro e junho, sendo a rota do Mediterrâneo Central entre a Líbia e a Itália a mais mortífera, reclamando 741 vidas.

O naufrágio mais mortífero até agora este ano ocorreu a 22 de abril ao largo da Líbia, quando 130 pessoas morreram afogadas apesar de os vários pedidos de socorro emitidos pelo navio.

A Líbia emergiu como o ponto dominante de fuga para migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e no Médio Oriente. O país rico em petróleo mergulhou no caos após uma revolta apoiada pela OTAN que derrubou e matou Moammar Gadhafi, um autocrata de longa data, em 2011.

Grupos de direitos e funcionários das agências das Nações Unidas que trabalham com migrantes e refugiados citam há anos testemunhos de sobreviventes sobre abusos sistemáticos em campos de detenção na Líbia. Estes incluem trabalhos forçados, espancamentos, violações e tortura. O abuso acompanha frequentemente os esforços para extorquir dinheiro às famílias antes de os migrantes serem autorizados a deixar a Líbia nos barcos dos traficantes.

No início deste mês, as autoridades marítimas líbias reconheceram que uma das suas embarcações da guarda costeira disparara tiros de aviso contra um barco de migrantes que perseguia no Mediterrâneo. Disseram ser um esforço aparente para impedir a travessia da embarcação para a Europa e pôr em perigo a vida dos migrantes a bordo.


Magdy, Samy, UN: Migrant boat capsizes off Libya, 57 thought deadUN: Migrant boat capsizes off Libya, 57 thought dead, Traduzido por S. Pedro, Associated Press, 2021

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