Serenidade

Vivemos tempos urgentes, mas finalmente aceitei que não tenho pressa.

Sinto falta dos livros com centenas de páginas, das conversas demoradas nas mesas com muitas cadeiras, das gargalhadas calorosas, das noites estreladas e de um silêncio sem temor.

Dizem que demoro muito a responder, reconheço! Durante algum tempo, talvez demasiado, senti-me culpada. A tal pressa em corresponder às demandas que nem eram minhas, hoje isso faz-me questionar que tempo é este em que vivemos.

Definitivamente, prefiro os olhos calorosos de quem sabe encontrar respostas para além de mensagens criptografadas por robos que nunca vimos.

Em tempos líquidos, apego-me à constante do respirar consciente, do amor demorado, do café a arrefecer enquanto a casualidade se prolonga. Sim, eu fico com as percepções, talvez, lentas, preenchidas de uma conclusão que não é absoluta, mas aberta às infinitas transformações.

Entretanto, se a tua pressa é urgência de um aceno imediato, entrego o meu sorriso de meia lua que se forma...e, sem culpa, relaxo a necessidade de me agarrar às realidades que não me atravessam.