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  • Eterno retorno
    Iniciado por Gens
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A maioria das religiões aceita a reencarnação, contudo dentro das religiões há muitas facções e seitas que negam esta realidade.

A teoria aceite pela maioria é que vamos reencarnado era após era, como se o tempo fosse linear. Andamos por cá no tempo dos druidas, depois no Império Romano, a seguir na Idade Média, e por aí fora, até aos dias de hoje. Mas será assim?

Segundo uma teoria muito antiga recolhida em grupos religiosos isolados, sufis e cristão, do Antigo Império Otomano ou da Pérsia, poderá existir sim um eterno retorno. Ou seja, podemos voltar a nascer no mesmo local, na mesma família, e a nossa vida poderá repetir-se uma e outra vez até que possamos aprender determinadas lições. E o mais certo é que voltemos a cometer sempre os mesmos erros, vida após vida. Esta teoria explicaria os deja vus e premonições que muitas pessoas experimentam, ou determinados sonhos. Encontrei esta teoria num livro que não se encontra em língua portuguesa, mas de alguém sério.

O que acham disto?
C'est dans l'air.

Pessoalmente, essa teoria levanta desde logo três problemas.

Primeiro, esse eterno retorno é uma teoria totalmente centrada num Eu, esquecendo que o Eu não vive sozinho. Digamos que eu estou a experimentar esse retorno porque há uma lição que preciso de aprender e na vida anterior não cheguei lá. Pelo que dizes, estou com esta família, com estes pais, com esta vida, por causa disso. Mas então e os meus pais? E as aprendizagens deles? Se o caminho é individual como é que se conjuga todos estes caminhos individuais de maneira a que, apesar de irmos a ritmos diferentes, seja possível ficarmos "presos" uns aos outros sabe-se lá por quanto tempo, até que toda a gente tenha aprendido as lições que deve? Aqueles que levam mais tempo a aprender não iriam prejudicar a evolução dos outros a quem estão "presos" nesses laços familiares?

Segundo, repetir a mesma vida, no mesmo local, com as mesmas pessoas, esperando que após várias tentativas finalmente o espírito aprenda, não me faz grande sentido. Como diz a velha frase não tem nexo fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. Qualquer bom professor e qualquer bom sistema de ensino deve ser capaz de diversificar os métodos de forma a que todos os alunos sejam capazes de aprender - porque como se sabe, cada pessoa é diferente, tem o seu tempo de aprendizagem e a sua forma particular de apreender os ensinamentos.

Terceiro, o tempo não pára. Mesmo que eu nasça no mesmo local, família e tenho um certo tipo de vida, as condições sociais e ambientais de 2018 e as de 1918 (ou de 1118...) não são as mesmas. Como nos ensinam as velhas tradições orientais, basta mudar um dos constituintes para que o todo já não seja igual. Portanto, essa questão da "igualdade de circunstâncias" fica logo comprometida.


Parece-me provável que haja repetição do mesmo tipo de vida - até porque eu vejo o caminho como uma espiral - mas não vejo que seja necessário o mesmo local ou os mesmo pais ou família. Parece-me provável que se vá encontrando os mesmos espíritos de vida para vida, mas penso que essas ditas lições podem ser aprendidas de várias formas, com espíritos/pessoas diferentes.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)