Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.512
Total de mensagens
369.629
Total de tópicos
26.968
  • uma partida de xadrez do outro mundo
    Iniciado por MissB
    Lido 3.072 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
MissB
Uma crítica comum aos fenômenos psi se dá pelo fato de que grande parte dos mais impressionantes deles ocorreu entre o final do século XIX e meados do século XX. Alguns críticos então generalizam dizendo que os primeiros investigadores psíquicos usaram métodos de pesquisa que hoje ou são ultrapassados, como o exemplo de estudos simples-cego que não excluíam a leitura fria, ou uso de experiências não isentas de "gaps" em seus protocolos contra o ardil de falsos psíquicos, conseqüentemente hoje tais fenômenos não mais são vistos. O leitor a par da pesquisa psíquica saberá imediatamente que tal fato consiste numa maldosa falácia, uma vez que grandes gênios dessa época como Frederic Myers e Oliver Lodge, e lumiares como William James e Charles Richet, participaram ativamente das pesquisas e usaram de recursos suficientes para rejeitar a dúvida de fraudes ou falhas que pudessem comprometer a constatação de alguns efeitos anômalos. Stevenson (1990) e Rogo (1986) atribuem a redução na observação de tais fenômenos à maior ênfase aos estudos em ambiente controlado (laboratórios e centros de pesquisa), sendo a investigação de campo relegada ao segundo plano. Felizmente, fenômenos macros ainda podem ser vistos e acompanhados. Como exemplo, cito os casos de crianças que afirmam lembrar de vidas anteriores, investigação de comunicadores "Drop-in"(Gauld, 1966-1972, quando personalidades inesperadas aparecem através do médium) e o caso que será descrito a seguir.

No ano de 1985, o Dr. Wolfgang Eisenbass, PhD, acompanhava de perto a mediunidade de Robert Rollans. Como desafio, ele entregou ao médium uma lista de grãos-mestres enxadristas para uma partida mediúnica. O desafiante seria Viktor Korchnoi, russo, 3º no ranking mundial. A partida ocorreria sob o intermédio de Eisenbass, uma vez que Korchnoi tinha uma agenda cheia de compromissos, irreconciliável com a erraticidade dos transes de Rollans. Rollans supostamente havia conseguido contatar um obscuro grão-mestre de xadrez, o húngaro Geza Maróczy, falecido em 1951, 34 anos antes da partida. Maróczy então foi o comunicador do caso.

A disputa durou 7 anos e 8 meses, sendo que os movimentos de Maróczy eram obtidos pela escrita automática de Rollans. Logo após o início, Eisenbass surpreendeu o médium pedindo informações ostensivas de sua veracidade. O comunicador ofereceu vasta informação através da escrita automática. Como consultores, foram procurados o senhor Lazlo Sebastyen, húngaro, historiador do xadrez e praticante do esporte; bem como alguns parentes vivos de Geza Maróczy. Não foi revelado a eles o motivo da pesquisa. Korchnoi também não conhecia o médium, e sequer havia travado contato com ele.

No transcorrer da partida, vários detalhes intrigantes foram percebidos. Rollans jogou de forma muito similar a um estilo antiquado de xadrez, mas que era comum na época em que Maróczy era vivo. O estilo era bastante similar. Korchnoi declarou que o oponente, apesar dos movimentos "antiquados", jogava muito bem. As informações biográficas obtidas foram classificadas entre graus de complexidade, sendo que as mais difíceis seriam aquelas de cunho pessoal, onde somente familiares e/ou pesquisadores profundamente inteirados teriam acesso. As informações em geral atingiram 87,9% de acerto. As mais obscuras delas chegaram a 93,9% de sucesso. Vale ressaltar que só foram consideradas as informações que puderam ser confirmadas, sendo que, quando não havia confirmação, não necessariamente havia erro. Ao todo foram 38 páginas de informações sobre a vida de Maróczy. Um achado bastante curioso foi acerca da ortografia do nome do antigo adversário italiano chamado "Romi", sendo que o comunicador o corrigiu, afirmando que o nome correto era "Romih"*. Após vastas consultas, encontrou-se apenas o nome Romi, mas em uma súmula de uma partida em 1930, foi encontrado o nome "Romih".

O caso é demasiado rico para ser esgotado aqui, mas é notavelmente um achado dentro da Parapsicologia. Embora seja bastante forte, ele não é inatacável. Para assumir sua legitimidade, teríamos que aceitar a idoneidade de Eisenbass e Rollans O próprio Eisenbass, por exemplo, afirmou que o ponto fraco de seu achado foi a ausência de um Hodgson, em alusão a Richard Hodgson, pesquisador psíquico cético que investigou implacavelmente a Sra. Leonora Piper. Devido ao fato da partida durar mais de 7 anos, pode-se supor que Rollans pesquisou sobre a biografia de Maróczy e consultou outros grãos-mestres de xadrez. Contudo, não bastaria jogar xadrez em nível de grão-mestre, mas também conhecer a fundo a história do xadrez entre o início do século passado e as décadas de 20 e 30, para jogar a lá maniere de Maróczy. Dever-se-ia também conhecer detalhes da vida de Maróczy que somente familiares teriam acesso, informações que pra Eisenbass foram de grande dificuldade de confirmação.

A percepção extra-sensorial (PES) sobre alvos falecidos é considerada forte evidência de fenômeno paranormal e, para alguns, sugestiva de sobrevivência, uma vez que sugere, dentre outras interpretações, que, caso o médium seja na maior parte do tempo um receptor, na outra extremidade do processo de comunicação pode estar a mente ainda ativa de um falecido. Para que se admita a possibilidade de que algum componente da personalidade sobreviva, tanto as memórias como traços da psique de uma mente desencarnada devem se manifestar. Além disso, a aquisição de habilidades e de aptidões, resultantes da prática contínua e aperfeiçoamento de alguma atividade, como o xadrez, nunca foram observadas por nenhuma forma de PES fora de um contexto transcendental (Gauld, 1986; Ducasse, 2006), o que implica na parcimônia de uma explicação sobrevivencialista.

De qualquer forma, temos em mão, no mínimo, algo de pouco paralelo nos anais da Parapsicologia e isso nos faz pensar o quão frutífero seria se os pesquisadores retornassem às pesquisas de campo de estudos qualitativos.


Fonte:http://parapsi.blogspot.com/2008/08/o-fantstico-caso-marczyrollans-uma.html



Sendo eu jogador de xadrez federado este post tem particular interesse para mim  ;)
Já tinha ouvido falar neste jogo, e acredito sinceramente que seja de facto verídico o contacto com o xadrezista falecido.
Já agora, o título "grão-mestre", em Portugal chama-se Grande Mestre, havendo apenas na história 3 jogadores portugueses a alcançar este título, sendo que apenas 2 estão ainda no activo.
O possível faz-se, o impossível demora mais um bocado.