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  • Pedindo esmola para enterrar o ex-patrão
    Iniciado por misticopt28
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Chico levantara-se cedo e, ao sair, de charrete, para a Fazenda, encontra-se no caminho com o Flaviano, que lhe diz:
- Sabe quem morreu?
- Não!...
O Juca, seu ex-patrão. Morreu na miséria, Chico, sem ter o que comer...
- Coitado! E Chico tira do bolso um lenço e enxuga os olhos.
- A que horas é o enterro?
Creio que vão enterrá-lo a qualquer hora, como indigente, no Caixão da Prefeitura, isto é, no rabecão...
Chico medita, emocionado, e pede:
- Flaviano, faça-me um favor: vá à casa onde ele desencarnou e peça para esperarem um pouco. Vou ver se lhe arranjo um caixão, mesmo barato.
Flaviano despede-se e parte.
Chico desce da charrete. Manda um recado para seu Chefe.
Recorda seu ex-patrão, figura humilde de bom servidor, que tanto bem lhe fizera. E ali mesmo, no caminho, envia uma prece a Jesus:
"Senhor, trata-se de meu ex-patrão, a quem tanto devo; que me socorreu nos momentos mais angustiosos; que me deu emprego com o qual socorri toda a família; que tanto sofreu por minha causa.
Que eu lhe pague, em parte, a gratidão que lhe devo. Ajude-me, Senhor".
E, tirando o chapéu da cabeça e virando-o de copa para baixo, à guiza de sacola, foi bater de porta em porta, pedindo uma esmola para comprar um caixão para enterrar o extinto amigo.
Daí a pouco, toda Pedro Leopoldo sabia do sucedido e estava perplexa se não comovida com o ato de Chico.
Seu pai soube e veio ao seu encontro, tentando demovê-lo daquele peditório...
- Não, meu pai, não posso deixar de pagar tão grande dívida a quem tanto colaborou connosco.
Um pobre cego, muito conhecido em Pedro Leopoldo, é inteirado da nobre acção do Chico, a quem estima.
Esbarra-se com ele:
- Por que tanta pressa Chico?
- Meu Nêgo, estou pedindo esmolas para enterrar meu ex-patrão.
- Seu Juca!? Já soube. Coitado, tão bom! Espere aí, então, Chico. Tenho aqui algum dinheiro que me deram de esmola ontem e hoje.
E despejou no chapéu do Chico tudo o que havia arrecadado até ali...
Chico olhou-lhe os olhos mortos e sem luz. Viu-os cheios de lágrimas.
Comoveu-se mais.
- Obrigado, meu Nêgo! Que Jesus lhe pague o sacrifício.
Comprou com o dinheiro esmolado o caixão.
Providenciou o enterro. Acompanhou-o até o cemitério.
E já tarde, regressou à casa.
Tinha vivido um grande dia.
Sentou-se à entrada da porta.
Lá dentro, os irmãos e o pai, observavam-no comovidos.
Em prece muda, agradece a Jesus.
Emmanuel lhe aparece e sorri. O sorriso de seu bondoso Guia lhe diz tudo.
Chico o entende.
Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de si um testemunho de humildade,de gratidão e de amor ao Divino Mestre.


extraído do livro "Lindos Casos de Chico Xavier" - Ramiro Gama - Ed. Lake - 4ª ed.
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

Generosidade não tem preço... muito lindo. :)

Gesto bonito. Sem a mínima dúvida!

Este caso, no entanto, levanta outra questão. Espero fazer-me compreender...

O juca vivia e morreu na miséria. Andou-se de porta em porta, numa Vila marcada pela pobreza, a pedir um contributo a quem pouco ou nada tinha para comprar um caixão para o Juca? Ele precisava de um caixão? Porquê? Por causa da tradição?

Para que a sua despedida terrena tivesse um mínimo de dignidade? Perante quem, os outros? Se não tivesse um caixão essa despedida era menos digna?

Esse dinheiro do peditório não poderia ser empregue num acto mais útil aos vivos, por exemplo?

Fica a pergunta: Porque é que o Juca precisava de um caixão?

Malik, boa questão. Sim, penso que tem a ver com a dignidade, que, em muitas sociedades, culturas e tradições, tem a ver com o caixão e até com a forma com que o defunto se apresenta. É uma questão cultural que traz alguma paz a quem parte e a quem fica também.

Aliás, vi essa questão a ser posta em prática há muito pouco tempo. Um filho, após falecimento da mãe, quando foi levantar o corpo do hospital considerou que a sra. não estava "apresentável". Voltou a vesti-la, calçou-a, arranjou-lhe o cabelo e colocou-a dentro do caixão. Não concordei que ele tivesse que fazer isso, mas o certo é que ele não se sentiria bem se não o fizesse.
Quem sabe se o espírito da mãe não ficou feliz por ver a preocupação e carinho do filho a tratar dela na morte, como tratou em vida...

Citação de: cepticooucrente em 23 março, 2016, 10:42
É uma questão cultural que traz alguma paz a quem parte...

Será?

Citação de: cepticooucrente em 23 março, 2016, 10:42
... e a quem fica também.

Descargo de consciência. Consciência do dever cumprido.



Exactamente. Mais emocional do que espiritual. Penso eu de que. :P

#6
Citação de: Malik_ em 23 março, 2016, 10:25
Gesto bonito. Sem a mínima dúvida!

Este caso, no entanto, levanta outra questão. Espero fazer-me compreender...

O juca vivia e morreu na miséria. Andou-se de porta em porta, numa Vila marcada pela pobreza, a pedir um contributo a quem pouco ou nada tinha para comprar um caixão para o Juca? Ele precisava de um caixão? Porquê? Por causa da tradição?

Para que a sua despedida terrena tivesse um mínimo de dignidade? Perante quem, os outros? Se não tivesse um caixão essa despedida era menos digna?

Esse dinheiro do peditório não poderia ser empregue num acto mais útil aos vivos, por exemplo?

Fica a pergunta: Porque é que o Juca precisava de um caixão?

Se não tivesse o caixão seria enterrado como indigente, embrulhado num lençol e metido dentro de uma caixa.
Como tinha sido um ex-patrao de Chico Xavier, nos momentos mais difíceis foi ele ao dar trabalho ao Chico que ele ajudou seu pai e seus irmãos, pagando as contas e metendo comer na mesa.
Chico como é todo bondade e generosidade ao próximo quis que ajudar aquele que um dia o ajudou. Retribuir um favor.
Não tenho conhecimento de ninguém tão bom e tão generoso que tenha passado na Terra, a não ser Jesus.

CitaçãoEmmanuel lhe aparece e sorri. O sorriso de seu bondoso Guia lhe diz tudo.
Chico o entende.
Ganhara o dia, pagara uma dívida e dera de si um testemunho de humildade,de gratidão e de amor ao Divino Mestre.

Isto explica bem o acto que Chico Xavier teve para como seu Ex-Patrão
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

Citação de: Malik_ em 23 março, 2016, 10:25

Se não tivesse um caixão essa despedida era menos digna?


Citação de: misticopt28 em 23 março, 2016, 16:48
Se não tivesse o caixão seria enterrado como indigente, embrulhado num lençol e metido dentro de uma caixa.

E era menos digno?

Citação de: Malik_ em 23 março, 2016, 17:23
E era menos digno?

Não, não era porque o corpo nada vale, mas ele quis retribuir o favor por ele em outros tempos o ter ajudado.
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

Citação de: cepticooucrente em 23 março, 2016, 10:42
Quem sabe se o espírito da mãe não ficou feliz por ver a preocupação e carinho do filho a tratar dela na morte, como tratou em vida...
E se fosse ao contrário? O filho não se preocupou com a preparação da mãe e até desprezou toda a situação. Corresponderia a um pensamento e acção negativos.

O dar o caixão ou um funeral "digno" é uma das formas que nós temos de homenagear o falecido, de demonstrar apreço e de descargo de consciência, além de que o espírito pode ficar satisfeito/contente pelo gesto.
A falta de tudo isto não retira dignidade, pois o ritual de funeral que seguimos é cultural e somos nós que definimos o que é digno e o que não é digno. O corpo é uma casca :)

Citação de: onetruth em 24 março, 2016, 01:40
E se fosse ao contrário? O filho não se preocupou com a preparação da mãe e até desprezou toda a situação. Corresponderia a um pensamento e acção negativos.

O dar o caixão ou um funeral "digno" é uma das formas que nós temos de homenagear o falecido, de demonstrar apreço e de descargo de consciência, além de que o espírito pode ficar satisfeito/contente pelo gesto.
A falta de tudo isto não retira dignidade, pois o ritual de funeral que seguimos é cultural e somos nós que definimos o que é digno e o que não é digno. O corpo é uma casca :)

Completamente de acordo. :)

Citação de: onetruth em 24 março, 2016, 01:40
E se fosse ao contrário? O filho não se preocupou com a preparação da mãe e até desprezou toda a situação. Corresponderia a um pensamento e acção negativos.

O dar o caixão ou um funeral "digno" é uma das formas que nós temos de homenagear o falecido, de demonstrar apreço e de descargo de consciência, além de que o espírito pode ficar satisfeito/contente pelo gesto.
A falta de tudo isto não retira dignidade, pois o ritual de funeral que seguimos é cultural e somos nós que definimos o que é digno e o que não é digno. O corpo é uma casca :)

E diria que o caixão é mais uma tradição do que outra coisa. As pessoas é que querem lá saber se é digno ou não, sendo uma prática reiterada, tornou-se uma coisa normal, como se fosse obrigatória.

Um acto final de gratidão.... Bonito texto  ;)

Citação de: Amunet em 24 março, 2016, 09:51
E diria que o caixão é mais uma tradição do que outra coisa. As pessoas é que querem lá saber se é digno ou não, sendo uma prática reiterada, tornou-se uma coisa normal, como se fosse obrigatória.
Também concordo.