Um cemitério de estrelas

Não é nada de especial mas escrevi-o de coração e espero que gostem   



O telemóvel tocou e uma mensagem encontrava-se na caixa de entrada por ler:
"De: Nuno
Está tudo bem? Desde de hoje de manhã que ainda não te vi. Onde estás?
Responde-me estou preocupado"

Após esfregar os dedos gelados rapidamente digitou "Sim está tudo bem, estou no trabalho ". Durante uns segundos olhou para o visor e pensou para si "Como odeio ter que te mentir..." e premiu o botão de enviar desligando o telemóvel de seguida e colocando-o no bolso.
Juntou as mãos e aproximou-as da boca impelindo ar quente entre estas na esperança de enganar por momentos o frio à sua volta.
Deixara as luvas em casas, como sempre....

Olhou para as suas mãos arroxeadas do frio e coloco-as nos bolsos e olhando à sua volta começou a andar em direção ao topo da rua.
Alguns passos depois o telemóvel tocou de novo e fazendo-o paralisar e soltar um suspiro enquanto baixava a cabeça em direção ao chão.  Pegou no telemóvel mas algo o fez parar antes mesmo de ver a mensagem. "Não....não o faças". Cerrou o punho apertando o telemóvel entre os dedos e sentiu os olhos afundarem-se em lágrimas. " Não o faças....já sabes que vais perder a coragem". Colocou o telemóvel no bolso e retomou o caminho enquanto limpava a cara com as mangas do casaco.

Chegando ao topo da rua olhou para trás e observou a ribeira no seu fundo que refletia o brilho da lua cheia que impunha no céu negro sobre a cidade. Respirou fundo e olhou para cima para o céu.
"É impressionante como algo tão triste possa ser tão belo ao mesmo tempo...o céu é nada mais nada menos que um cemitério de estrelas..."
Dirigiu-se à parede de uma casa velha e encostou-se lá apreciando a vista daquela bela cidade envolvida na noite. "Vou ter saudades" pensou enquanto um pequeno sorriso surgiu entre seus lábios.

Lentamente escorregou pela parede até estar sentado no velho passeio...Havia qualquer coisa naquele sítio que o fazia sentir em casa. Desde de novo que novo que adorava deambular pelas ruas velhas e escuras daquela linda cidade, adorava sentir aquela solidão que emanava dos edíficios abandonados e das ruas povoadas pelas memórias. Saia da escola e percorria aquelas ruas estreitas e sombrias perdidas entre os prédios velhos e altos, tantas vezes que chegava atrasado ao jantar por se esquecer do tempo naquele lugar. Sentava-se naqueles passeios e limitava-se a ficar em silênciao a observar aquela melancolia à sua volta. Se alguma vez tivera medo? Não, nunca, nunca a sua vida permitira tal coisa.

Perdeu-se naqueles pedaços do seu passado...

"Se os meu pais soubessem por onde eu andava", pensou...."A minha mãe matava-me se soubesse que eu andava por aqui sozinho", um sorriso feliz percorreu-lhe a face e de seguida as lágrimas afogaram-no.

"Dava tudo para ter esses dias de volta, joelhos esfolados são mas fáceis de curar que corações partidos e almas desfeitas...."

"Deixem-me voltar atrás....deixem-me voltar por favor!!!", o seu coração gritava-lhe estas palavras ensurdecedoramente.
"Deixem-me voltar!!!" gritou com todos os seus pulmões. As lágrimas tornaram-se mais pesadas como se cada uma delas mata-se pouco a pouco o que restava daquela pobre alma. "Deixem-me voltar...."

Lentamente tentou-se levantar apoiando-se na parede. Aquelas imagens passaram-lhe pela cabeça novamente e toda a força que o mantinha de pé pareceu ter se esgotado e todo o seu corpo caiu em cima dos seus joelhos naquele passeio abandonado. Levou as mãos gélidas à cara numa prece por misericórdia, numa prece por força para continuar.

No maior dos esforços ergueu-se dolorosamente e apoiado na parede seguiu o resto do caminho numa dor agoniante.
Chegado ao seu destino chegou-se perto das grades e olhou as luzes que rasgavam a escuridão da noite. Fechou os olhos e respirou fundo. Retirou o telemóvel e leu a mensagem:

"De:Nuno
Ainda bem que está tudo bem
Vais demorar? Quer demores ou não eu fico a tua espera
E já agora agasalha-te está mesmo muito frio, e para variar esqueces-te das luvas, não é?
Até já"

Não faltou muito até que o seu coração se parti-se completamente ao ler aquelas palavras...

Com os dedos a tremer escreveu devagar....

"Desculpa, desculpa meu Anjo...Não esperes por mim
Eu hoje vou te cumprir a minha promessa, vou tentar ver as estrelas outra vez
Mas tens cumprir a tua promessa também
Sê feliz como mereces e usa essas asas que tens nas costas, meu Anjo
Eu amo-te e por favor não chores porque eu nunca mais te vou poder limpar as lágrimas...

Eu amo-te, lembra-te sempre disso, porque até agora foi a única coisa de que nunca me quis esquecer.

Amo-te, meu Anjo"

Enviou a mensagem e pousou o telemóvel no chão em conjunto com um envelope com uma simples foto lá dentro.

Agarrou as grades e subiu-as, olhou à volta uma última vez. Limpou a cara, fechou os olhos, respirou fundo.

"Deixem-me voltar..." susurrou e sem pensar soltou-se.

😢😢

Triste, mas belo ao mesmo tempo..

Maravilhoso, simplesmente maravilhoso! Amei!

 Muito Obrigada

Muito Obrigada

viraste mulher? desculpe se soou rude, na internet não se pode botar tom de brincadeira... não sei se temos intimidade suficiente para corrigir erros de português mas cá estou

viraste mulher? desculpe se soou rude, na internet não se pode botar tom de brincadeira... não sei se temos intimidade suficiente para corrigir erros de português mas cá estou

spokman já tinha saudades de ler os teus comentários, lol... viraste mulher??? heheh essa teve graça... o cody tem a energia masculina e feminina nas mesmas proporções (isto é equilibradas) e por isso por vezes responde a feminina e, outras vezes a masculina mas é sempre ele!!

É culpa do corretor automático!!!!

ele é 50 50? gostei

Mau!!!!!

 

O fim é triste ...

Há tanta beleza na tristeza... adorei, parabéns Cody!

Obrigado às duas

Muito bem escrito. Parabéns! Alma de poeta.