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  • Doze Dias
    Iniciado por Littlelight
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Queria ter imensas lembranças tuas, para poder sorrir ao recordar-me delas. Mas a vida não deixou...

As poucas coisas que sei sobre ti, não as sei por experiência própria. Tenho uma foto tua, de quando foste passear com os teus irmãos a Fátima. Eras novo, e deixa-me que te diga (e desculpa se te parecer um abuso de linguagem...), eras um gato! Devias fazer imenso sucesso entre as mulheres. Só sei que tu e a ruivinha ficaram juntos. Juntos a ponto de terem casado e terem tido nove filhos. É obra!

Imagino as dificuldades pelas quais passaram. A famosa bicicleta, já muito gasta, que te permitia ir à vila um pouco mais rápido, ainda a conheci, na casa velha. Sabes que eu tinha medo do quartinho onde guardavas as ferramentas? É verdade! E o janelo? Ainda hoje é famosa a fuga dos teus filhos mais velhos pelo janelo... Malandros... Mas eram tempos difíceis, muitas bocas para alimentar, pouco dinheiro e roupas modestas. E muita honestidade. Sempre ouvi dizer que fazias questão que os teus filhos fossem honestos onde quer que fossem. E são-no, isso garanto-te. São pessoas de garra, de certeza que terias orgulho neles.

Mas eu não te conheci. Partiste muito cedo, demasiado cedo. Não corri para os teus braços a rir, não me sentaste no teu colo a contar histórias de quando eras criança, não fizeste nenhum brinquedo para mim, não costuraste nenhum casaco para me proteger no inverno...

Sabes qual a distância que separa a tristeza da alegria? O luto do júbilo? A morte da vida?

Doze dias. Apenas doze dias. É essa a distância que separa a tua partida da minha chegada. Por que é que não esperaste mais um pouco? Por que é que te foste embora tão depressa, e tão novo? Por que é que eu não tive a oportunidade de te conhecer, avô?

Não te estou a culpar de nada; se partiste, foi porque tinhas que ir. Isto é a tristeza e as dúvidas a falarem mais alto. Custa-me que sejas o único avô que não conheci, aquele de quem não tenho memórias, só algumas poucas fotografias de um homem muito bonito. Estarás de novo por cá? Alguma vez saberei quem foste, de verdade?

Onde quer que estejas, espero que estejas em paz. Quem sabe um dia irei conhecer, já não o teu corpo, que repousa na nossa adorada aldeia, mas a tua alma... Até sempre, avô Zé!
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

Ainda não tinha lido mas não foram só dedos que escreveram..foi o coração que ditou. Tenho as lágrimas na face Littlelight...e por cada uma delas é uma memória que escorre...Obrigado pela partilha e como te compreendo. Tão bem que te compreendo...
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

Obrigada, Silknet. Um abraço para ti!
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

Que lindo texto littlelight! A mim aconteceu o mesmo, não doze dias mas dois meses.

Sabes, a partida do teu avô antes de nasceres serviu para possibilitar que te acompanhasse e protegesse logo desde o teu primeiro choro! :)

Bem hajas por esta linda partilha!

Obrigada, linda!! :)
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!